Conspiracy, Capítulo 26 " Ebony And Ivory"
“Ebony And Ivory”
Na presença do júri, quando a promotoria estava perto de finalizar o caso, houve uma audiência sobre a admissão de uma evidência que pertencia à acusação de conspiração. Gordon Auchincloss pediu para submeter certos e-mails, apreendido durante a busca, que revelava comunicação do “time de administradores de crises” de Jackson, e-mails que faziam específicas referencias à família Arvizo. A promotoria queria mostrar “o pânico que existia naquele momento”.
Os documentos que a promotoria de Santa Bárbara submeteu era a tentativa deles de reunir evidências circunstanciais. A controvérsia deles era que Michael Jackson era a pessoa quem queria arrefecer a imprensa negativa, que era Jackson, ele mesmo, que era o mentor da criminosa conspiração. Os promotores sentiam que havia evidências circunstanciais bastante para mostrar que a conspiração estava sendo liderada pelo pop star. Para apoiar a acusação deles, os promotores introduziram o contrato da FOX como evidência, mostrando quanto dinheiro Jackson e “os não indiciados co-conspiradores” dele receberiam por lançar o documentário refutação de Jackson.
O fato de que Jackson não estava diretamente ligado a nenhum daqueles e-mails e que o pop star nem poderia ser ligado a nenhuma gravação telefônica dos conspiradores dele, nunca foi abordado pela promotoria. Mas isso surgiu mais tarde, quando Tom Mesereau apontou que Michael Jackson não tinha celular, que não havia meio de saber exatamente com quem o senhor Jackson tinha falado alguma vez. Que Jackson não podia ser ligado a nenhuma das comunicações, de qualquer forma, causou uma impressão indelével no júri.
“A defesa tem tentado, através da introdução de evidencia, através do interrogatório de testemunhas, mostrar que o senhor Jackson era uma parte que desconhecia esta conspiração”, Auchincloss arguiu. “assim, em alguns aspectos (eles) parecem admitir que haja alguma coisa nefasta acontecendo, mas, não envolvendo o senhor Jackson.”
Auchincloss disse ao tribunal que os “associados” de Jackson, como os co-conspiradores não indiciados (especialmente Marc Shaffel, Ronald Konitzer e Dieter Weisner) mostrava que Jackson estava, na verdade, ligado à conspiração. O contrato de 3 milhões com a FOX era relevante, Auchincloss disse, porque isso mostrava o motivo financeiro por parte dos vários co-conspiradores, de continuarem o relacionamento deles com Michael Jackson. Havia um segundo acordo com a FOX. Estabelecendo que outro documentário refutação da FOX produziria 4 milhões de dólares em receita para Jackson e o time de “administradores de crises” dele.
“Tudo isto é sobre dinheiro”, disse Auchincloss. “Nós não duvidamos disso dentre os conspiradores. Eles estão interessados em ganho financeiro. Mas o ganho financeiro que eles estão procurando vem do sucesso do senhor Jackson, não do fracasso dele.”
“(Item) 406 é o contrato para o vídeo refutação da FOX. Há bastantes testemunhos sobre o montante de dinheiro que seria feito com este empreendimento”, Auchincloss disse. “Este (documento) é corroborado por testemunho. Isso mostra que o vídeo era um empreendimento por dinheiro, que o senhor Jackson teria lucro pessoal com esse vídeo, assim como os co-conspiradores.”
A promotoria queria mostrar, circunstancialmente, que Marc Shaffel estava no controle de fazer o vídeo refutação, que Shaffel esperava ganhar 600 mil dólares, a parte dele nos 3 milhões. Auchincloss, com sucesso, introduziu como evidência o contrato para o vídeo refutação da FOX. Assim como a prova do desembolso de caixa para o alegado pagamento dos membros co-conspiradores de Jackson, pagos pela companhia de Jackson. Neverland Valley Entertainment.
A estratégia da promotoria era mostrar que havia uma “consciência de culpa” entre Jackson e o pessoal dele “e conhecimento do propósito criminosos desta conspiração.”
Mas não havia nem um documento sequer que mostrasse que Jackson estava ciente de alguma “estratégia” em relação ao vídeo refutação da FOX. Não havia evidência direta, nenhuma documentação, que mostrasse que Jackson sabia qualquer coisa sobre as intenções das pessoas que estavam lidando com a “administração da crise” dele. Claro, havia evidência de que Jackson pagou as pessoas que criaram o filme de refutação, mas isso não significava que Michael Jackson sabia alguma coisa sobre o plano de conspiração.
Quanto mais a promotoria empurrava a acusação de conspiração contra Jackson, mais ridículo o time de Sneddon parecia. Eles não podiam ver, mas os observadores no tribunal estavam balançando a cabeça deles, sobre as alegações que estavam sendo feitas pela promotoria de Santa Bárbara. Tom Sneddon e o time dele estavam muito presos a minúcias, eles estavam perdendo o mais importante.
A acusação de conspiração fazia a promotoria parecer desesperada.
Antes de Mesereau iniciar o caso principal da defesa, o co-conselheiro dele, Robert Sanger, fez um argumento que todas as acusações contra Jackson deveriam ser desprezadas.
Fora da presença do júri, Sanger apontou que a falsidade no testemunho de Janet, Star e Davellin Arvizo e disse ao tribunal que o problema era as “deliberadamente falsas” afirmações dos Arvizos, incluindo aquelas do acusador, Gavin.
Referindo-se ao testemunho de Gavin, Sanger afirmou que o acusador fez deliberadamente falsas declarações sobre as datas dos alegados incidentes, citando o testemunho de Gavin para o Grande Júri. Onde Gavin Arvizo alegou que o primeiro “incidente” sexual ocorreu por volta de sete de fevereiro de 2004.
Sanger argumentou que, quando os Arvizos descobriram que eles estavam em uma gravação com Brad Miller no início de fevereiro, elogiando Jackson ao máximo, Gavin mudou as datas dos alegados incidentes, alegando que a “lembrança” dele do primeiro incidente sexual ocorreu no fim da estadia dele em Neverland, em algum momento em março de 2003.
“Uma das coisas que os Arvizos fizeram foi, eles decidiram mudar as datas”, Sanger disse ao tribunal. “Eles mudaram as datas para apontar que isso aconteceu no final da estadia deles (em Neverland). Eles trocaram as datas. Isto é deliberadamente falso.”
Sanger insistiu que Gavin Arvizo estava fabricando o testemunho dele. O advogado de defesa providenciou específicos exemplos onde parecia claro que o garoto mentiu no banco de testemunhas, que Gavin estava produzindo as coisas na medida em que falava.
“Ele está mentindo”, Sanger insistiu. “Isso é tudo.”
Mas o juiz Melville não viu motivo para rejeitar. Melville requereu que o júri fosse trazido para dentro e pediu a defesa para chamar a primeira testemunha deles.
Ao contrário de outros advogados criminalistas de grande-perfil, sem ser extravagante, sem ser “Hollywood”, Mesereau usava um estilo que abandonava a maioria das práticas de julgamento, referindo-se à promotoria como “o governo” e se apresentando para cada testemunha com estas palavras:
“Olá. Meu nome é Tom Mesereau e eu falo por Michael Jackson.”
Isso foi brilhante.
Mesereau começou o caso da defesa com um jovem de vinte e dois anos, que tinha sido amigo de Michael, Wade Robson, que começou a ensinar dança na idade de doze anos, que começou a coreografar vídeos de música na idade de quatorze anos. Wade Robson tinha se tornado bem sucedido. O jovem era conhecido na indústria musical e era um dos coreógrafos pessoais de Britney Spears.
Sob interrogatório da defesa, o júri soube que Robson conheceu Michael Jackson quando ele tinha cinco anos de idade. Naquela época, 1987, Robson vivia na Austrália e tinha entrado em um concurso de dança que Jackson realizou durante a turnê “Bad”. Robson disse que ele venceu o concurso e o prêmio era conhecer Michael nos bastidores. Robson testemunhou que o pop star ficou impressionado com e estilo de dança dele e disse ao júri que Jackson o levou para o palco aquela noite, feliz por ter o artista de cinco anos com ele.
Dois anos mais tarde, Wade Robson e a mãe dele procuraram Jackson, esperando que Jackson ajudasse a carreira de Wade. Eles encontraram Jackson no estúdio de gravação na Califórnia e mostraram ao pop star alguns videotapes das últimas rotinas de dança de Wade.
Wade testemunhou que, em 1989, ele e Michael se tornaram amigos. Wade se lembrou que ele e toda a família dele foram visitar Michael em Neverland quando ele estava com sete anos. Robson disse que depois da visita inicial, ele manteve contato com Jackson por telefone e contou ao júri que em 1991, ele se mudou da Austrália para Los Angeles, onde ele viveu com a irmã dele, Chantel e a mãe dele, Joy.
“Quantas vezes você pensa que você ficou em Neverland?” Mesereau perguntou.
“Deve ter sido umas vinte vezes, algo assim. Cerca de vinte vezes” Robson disse.
“E você ficou lá em vários períodos de tempo?”
“Sim. E a maioria das vezes era como um fim de semana, você sabe. Sesta-feira, sábado, domingo.”
“Qual foi o maior tempo que você pensa que ficou em Neverland”, Mesereau perguntou.
“Você sabe, eu diria de uma semana a uma semana e meia”, Robson testemunhou.
“Você considera Michael Jackson seu amigo?”
“Sim.”
“Você está ciente das alegações neste caso, você não está?”
“Sim.”
“E você está ciente de que, enquanto você está sentado aqui hoje, que há alegações de que o senhor Jackson molestou você?
“Sim.”
“Senhor Robson, Michael alguma vez molestou você naquela época?” Mesereau perguntou.
“Absolutamente não”, Robson respondeu.
“Senhor Robson, Michael Jackson alguma vez o tocou de maneira sexual?”
“Nunca. Não.”
“Senhor Robson, o senhor Jackson alguma vez tocou inapropriadamente alguma parte do sue corpo, em algum momento?”
A resposta foi não.
Wade Robson disse ao júri que ele ficou no quarto de Michael em inúmeras ocasiões, dizendo que ele e Michael assistiram a filmes, jogariam videogames e teriam uma guerra de travesseiros, de vez em quando. Quanto a tomar banhos com Michael, Robson disse que isso nunca aconteceu. Robson disse que ele esteve na Jacuzzi com Michael, testemunhando que ambos, ele e o pop star, vestiam roupas de banho, que nada inapropriado jamais aconteceu na Jacuzzi ou em qualquer outro lugar.
É claro, quando foi a fez deles, os promotores insistiam no fato de que Wade Robson admitiu dormir no mesmo quarto com Michael na época que ele tinha sete anos. No interrogatório da promotoria, o promotor assistente, Ron Zonen, tentou insinuar que Robson tinha razões para proteger o pop star, lembrando ao júri que Jackson tinha ajudado Wade Robson com a carreira dele, apontando que Jackson tinha colocado o garoto em alguns vídeos musicais, entre eles, “Black and White.”
“Houve uma época que você, na verdade, ficou em Neverland por muitas semanas de uma vez?” Zone perguntou.
“Não que eu possa me lembrar”, Robson disse. “Como eu disse, uma semana a uma semana e meia. Talvez duas semanas, mas eu não me lembro nada mais que isso.”
“Houve períodos de tempo, quando você estava em Neverland e trabalhando com o senhor Jackson em rotinas de danças?” Zonen queria saber.
“Não. Eu quero dizer, nós faríamos bagunça e dançaríamos no estúdio um pouco, de vez em quando”, Robson disse a ele.
“Houve algum ocasião quando você estava na pista de dança com o senhor Jackson e ele estava mostrando a você uma rotina e ele agarrou sua virilha de maneira similar como ele agarraria a própria virilha, enquanto fazia esta apresentação?”
“Não. Isto não é verdade.”
“Você não se lembra disso?” Zonen pressionou.
“Não.”
“Isto não aconteceu?”
“Não.”
Zonen estava tentando colocar palavras na boca do jovem, mas Wade Robson não teria nenhum delas. O interrogatório ficou feio e Zonen repetidamente perguntou se alguma coisa inapropriada já tinha acontecido entre Wade e Michael, mas a resposta foi sempre um enfático “não”.
Para os observadores no tribunal, parecia que Ron Zonen estava tentando confundir a testemunha e alguns dos jurados estavam começando a parecer aborrecidos.
“Eu estou dizendo a você, nada jamais aconteceu”, Robson testemunhou.
“Senhor Robson, quando o senhor estava dormindo, o senhor não saberia o que tinha acontecido, particularmente quando você tinha sete anos de idade, você saberia?” Zonen satirizou.
“Eu penso que alguma coisa assim teriam me acordado.”
Quando Robson disse aquelas palavras, algumas pessoas no júri encolheram os ombros delas, olhando umas para outras com expressões curiosas.
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