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Michael Jackson Sob Julgamento Novamente - Parte 2


Michael Jackson Sob Julgamento Novamente




Escrito por Barbara Kaufmann
Traduzido por Daniela Ferreira


O Julgamento de Conrad Murray por homicídio culposo, previsivelmente tornou-se um julgamento sobre  Michael Jackson, em vez do médico dele, porque o uso de Propofol era incomum e o paciente era famoso. No tribunal, a exibição das garrafas de medicamentos foi um grande drama e a mídia aproveitou e correu para publicar sobre o “vício de Michael Jackson”.

É perfeitamente razoável que o rosto de Michael Jackson fosse tratado e remodelado, ele ganhava a vida no palco.

Esse mesmo médico também ofereceu a hipótese de que o uso noturno de Propofol foi responsável pela má condição dos pulmões de Jackson,  enquanto  era bem conhecido por pessoas próximas, que Michael Jackson tinha uma Deficiência Sintetase Triptofano, que é uma doença pulmonar caracterizada pela falta de proteína para lubrificação. Fãs de Michael Jackson poderiam ter esclarecido qualquer uma dessas cabeças falantes, mas na verdade eles nem checam, não fazem perguntas aos fãs. Se você quiser saber algo sobre um figura do esporte ou  da cultura pop, pergunte  aos fãs, que sabem tudo sobre eles.

Um olhar mais atento sobre as datas, o número de comprimidos prescritos, medidos  em relação ao número de ingeridos,  o número deixado e o espaço de tempo que as pílulas estiveram no quarto, provam não que Jackson era um viciado, mas que ele era, na verdade, tolerante aos medicamentos que lhe foram prescritos. Mas isso não é sexy; e tudo isso é sobre sexy e ganhar  telespectadores  para um julgamento que estava previsto para ser “maior que o caso do julgamento de Anthony Casey”. Só que não era. Histeria cansativa, talvez? Tivemos o suficiente?

Especialistas no HLN pareciam empurrar o  rótulo de “viciado”, porque isso era do interesse deles para promover livros e carreiras.  “Michael Jackson” tem promovido muitos livros e carreiras, involuntariamente, pois as pessoas associam o nome dele ao propósito delas próprias. O HLN não foi exceção.

Um médico especialista em dependência saltou sobre o nome “viciado” apesar de as informações conflitantes entre o vício, rótulos de frascos e uso; apesar de que os registros médicos que foram admitidos como evidência não estarem assinados e serem confusos. Registros questionáveis ​​do médico foram autorizados no tribunal, mas o médico não foi; e ele não foi capaz de explicar o  tratamento  de Jackson, com procedimentos faciais para reconstruir o rosto dele. Jackson tinha Vitiligo e Lúpus Eritematoso Discoide. A mesma doença que deixou o  cantor Seal, com cicatrizes faciais.

Para ser justa com os especialistas, a cobertura poderia ter sido muito pior e  os fãs poderiam ter sido retratados em uma luz muito mais pobre ou mais escura. Infelizmente a orla de elementos fanáticos receberam destaques e isso inclui os teóricos da conspiração que creditam que Jackson está vivo e escondido. E, na maior parte, os fãs se comportaram bem, exceto por uma briga ocasional.

Os mainstream fãs de Jackson que recebem menos atenção do que a orla falante, são articulados, pensativos, brilhantes; e  interessados ​​em justiça e vingança. Muitos são profissionais que contribuem para a sociedade, pagam seus impostos e criam filhos nos subúrbios e cidades. Eles têm uma história interessante para contar à sociedade, que ninguém nunca quer ouvir. O que eles têm a dizer é chocante.

O julgamento, ao que parece foi todo sobre Michael Jackson, apesar dos namoricos de Murray ser tão bem conhecidos (sete filhos com seis mulheres),  a metodologia dele, mesmo na clínica dele, pareceu imprudente para outros médicos e alguém  arriscou: “A única coisa mais perigosa que Murray poderia ter feito era empurrar  Jackson de um avião sem paraquedas.” “E que médico envia um estoque de medicamentos para uma residência privada? Qual o médico que usando uma droga perigosa não tem o equipamento de emergência adequado, necessário para  a segurança e para a ressuscitação, quando ele é o único lá, no caso de algo acontecer com o paciente?”.

Os rótulos dos medicamentos  exigem isso  como protocolos. Uma  simples bomba  reguladora que poderia ter salvado a vida de Jackson, regulando o fluxo de Propofol de acordo com o peso e as orientações de dosagem, teria custado 1.500 dólares de um salário mensal cem vezes maior.  Murray era dono de uma clínica, se ele podia comprar Propofol em massa, ele podia comprar equipamentos médicos que teriam salvado a vida de Jackson.

Sim, era o julgamento de Michael Jackson porque mais uma vez, Jackson foi levado a julgamento, mesmo  após a morte. E é irônico que a peça mais convincente de evidências não veio do Ministério Público ou da defesa, mas do próprio Michael Jackson.

Jackson, a quem uma enfermeira anestesista disse soar como se ele estivesse  sob a influência do Propofol,  sem câmeras filmadoras, nenhuma mídia presenciando, foi claro sobre a motivação, a intenção e os planos futuros dele, mesmo nesse estado sedado. Ele disse:

“Elvis não fez. Os Beatles não fizeram. Quando as pessoas deixarem meu show, eu quero que eles digam 'Eu nunca vi nada parecido em minha vida. Vai. Vai. Eu nunca vi nada parecido com isso. Vai.. é incrível. Ele é o maior artista do mundo.’ Estou ganhando esse dinheiro...um milhão de crianças, um hospital infantil, o maior do mundo. Hospital Infantil de Michael Jackson. Vai ter uma sala de cinema, sala de jogos. As crianças estão deprimidas ...nos hospitais, não há nenhuma sala de jogos, cinema. Eles  estão doentes porque estão deprimidos, a mente deles os estão deprimindo. Eu quero dar isso a eles. Eu me preocupo com os anjos. Deus quer que eu faça isso. Deus quer que eu faça isso. Eu vou fazê-lo, Conrad. Não têm esperança suficiente; não mais esperança. Essa é a próxima geração que vai salvar o nosso planeta começando com...bem falar sobre isso. Estados Unidos, Europa, Praga, meus bebês. Eles andam por aí com nenhuma mãe. Elas os abandonaram, elas se foram... uma degradação psicológica ...isso. Eles se aproximam de mim... por favor, leve-me com você. Eu quero fazer isso por eles. Eu vou fazer isso por eles. Isso será lembrado mais que minhas performances. Minhas performances vai estar lá em cima ajudando minhas crianças  e sempre será meu sonho. Eu as amo. Eu as amo, porque eu não tive uma infância. Eu não tinha infância. Eu sinto a dor delas. Eu sinto dor delas, eu posso entender isso. 'Heal the World', 'We are the World’ , ‘Will You Be There?’  ‘The Lost Children’. Estas são as canções que eu escrevi porque eu sofro, você sabe, eu sofro.”

Um hospital infantil ou  centro de cura era o sonho de Michael Jackson. E esta não é a primeira vez que o assunto  tratamento médico e cura de crianças surgiu no legado de Michael Jackson. Quando a declaração atrapalhada de Jackson foi relatada pela primeira vez, Jane Velez Mitchell, da HLN declarou no ar, que esta gravação de Jackson prova o que os fãs de Michael Jackson têm dito o tempo todo: que Michael foi mal interpretado e descaracterizado e o rancho Neverland foi deturpado para o público. Ela chamou a conversa de vingança para Michael Jackson. Ela só disse isso uma vez, pois assim que, no mesmo dia, pessoas que fazem dinheiro com as “obras biográficas de sucesso delas”  castigaram-na no twitter,  ela ficou em silêncio.

Conrad Murray não é a primeira nem a última pessoa a ficar a par do sonho de Michael Jackson para as crianças. Em um artigo da jornalista italiana, Silvia Bizio, Anjelica Huston que contracenou com Jackson no filme Captain EO, para a Disney, acidentalmente, encontrou Michael Jackson, cerca de um mês antes de ele morrer. Eles se abraçaram, agacharam-se em um quarto juntos e se prenderam na vida um do outro.

Huston lembrou-se de Michael como sendo terno e frágil, com problemas para reunir a ira suficiente para realizar o papel dele em  Captain EO, com a tripulação da espaçonave  que canta "Estamos aqui para mudar o mundo." Ela disse que era como se a raiva não vivesse no DNA dele. Ele precisava dela ali, com o traje e zombando das formas delas para trazer para fora o caráter vilão dela. Huston disse que ele parecia ainda mais frágil emocionalmente, especialmente, durante o  breve encontro deles. Ela colocou os braços ao redor dele, ela diz:

"Nós conversamos sobre como ele se sentiu humilhado pela acusação de abuso sexual e sobre a tristeza pela perda de Neverland, onde viveu muitos anos, eu me lembro das palavras dele: ‘Eles arruinaram meu sonho, eu tive esse sonho, talvez infantil e tolo, um lugar concebido para celebrar a inocência da  infância que eu nunca tive, e eles tomaram isso de mim. Eu amo crianças, eu nunca poderia fazer  mal a elas. Passei toda a minha vida amando-as e tentando fazer coisas boas para elas. A calúnia de prejudicar uma criança... que quebra meu coração é uma dor insuportável, essas acusações são injustas e terríveis... ’  Quando ele disse essas coisas, ele começou a chorar. Eu o segurei em  meus braços... Ele era tão magro e frágil.”

Jackson contou a  ela que estava se preparando para os concertos, em Londres. Ela lembra:

“Ele estava ensaiando duro porque ele não teria ‘mais nenhuma esperança de ser amado de novo’. Ele queria ser levado de volta para o coração do público após o linchamento público que ele sofreu, com o que um júri de iguais concordou. Houston continua: “Ele era magro e pálido, eu podia sentir  muita dor nele pelo passado e muita ansiedade e incerteza pelo  futuro.”

Quando perguntada por Bizio, “O que você acha que realmente matou Michael Jackson?” Anjelica Huston não hesitou: “Michael tinha um coração partido. Por  isso, ele morreu. A verdade é que eles partiram o coração dele.”


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Um dos Mais Vergonhosos Episódios na História do Jornalismo

O Texto que se segue é um artigo escrito pelo jornalista, Charles Thompson, em 13 de junho de 2010, com algumas notas minhas.




Hoje fazem cinco anos que doze jurados, por unanimidade, absolveram Michael Jackson de várias acusações de abuso sexual infantil, conspiração e fornecer álcool a um menor. É difícil saber como a história vai se lembrar do julgamento de Michael Jackson. Talvez como o epítome da obsessão de celebridades ocidentais. Talvez como um linchamento do século 21. Pessoalmente, eu acho que vai ser lembrado como um dos episódios mais vergonhosos da história jornalística.

Não é, até você se encontre escavando os arquivos de jornais e reassistindo todas as horas de cobertura televisiva, aí você realmente compreende a magnitude das falhas da mídia. Era de toda a indústria. Sem dúvida, houve alguns repórteres e até mesmo certas publicações e emissoras de TV que favoreceram abertamente a acusação, mas muitas das deficiências dos meios de comunicação foram institucionais. Em uma mídia obcecada com soundbites, como você reduz  oito horas de depoimento em duas frases e eles permanecem precisos? Em uma era de notícias circulantes e “ blogagens” instantâneas, como você resisti à tentação de correr para fora da sala do tribunal, na primeira oportunidade,  para dar fursos de notícias das últimas alegações obscenas, mesmo que isso signifique perder uma fatia do depoimento do dia?
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