Caso Chandler-parte 1 "Se Michael não tivesse saído de casa aquele dia..."


Se Michael não tivesse saído de casa aquele dia...




Alguém consegue imaginar o maior astro do mundo chutando o pneu de um carro quebrado no meio de uma rua movimentada como a Wilshire Boulevard?



Isso ocorreu em um dia de março de 1992, um dia que jamais deveria ter existido.



Michael Jackson dirigia seu Jipe pela Wilshire Boulevard, em Beverly Hills, quando o motor fundiu. Nervoso, sem praticamente nenhum conhecimento de mecânica, ele chamou o “911” para pedir socorro, mas eles informaram que aquela situação não configurava uma emergência e o aconselhou a pedir um reboque.



Agitado, ele ficou andando de um lado para outro, chutando o pneu, enquanto tentava pensar no que fazer. Foi assim que a esposa de Mel Green o viu. Green era um empregado da locadora de automóveis Rent-a-Wreck, que ficava a uma milha de distância dali.



Sua esposa ligou dizendo: “Você não acreditaria se eu dissesse quem está no meio da rua chutando o pneu do carro. Michael Jackson! Se eu fosse você viria pra cá para tentar descobrir o que está acontecendo.”



A empresa de aluguel de carros onde Green trabalhava pertencia a Dave Schwartz, um homem de setenta anos, casado com June Chandler. Isso mesmo, Dave Schwartz era o padrasto de Jordan Chandler. Terrível coincidência, não?



Depois de que foi informado pela esposa de que MJ estava no meio da rua com um carro quebrado, Mel Green foi socorrê-lo. Enquanto isso, Dave Schwartz ligou para June para pedir a ela que levasse Jordan, filho do primeiro casamento dela com Evan Chandler, e Lilly, filha dela com Schwartz, para a loja, pois eles teriam uma grande surpresa. Jordan estava com 12 anos e Lilly 6.

June chegou à Rent-a-Reck antes que Green retornasse levando Michael consigo. Ela estava com a filha, mas não com Jordan, que somente chegou depois, conforme ela veio a testemunhar no julgamento de MJ em 2005, onde afirmou que o cantor concordou em esperar cinco minutos a mais, para que Jordan o conhecesse.

Não seria a primeira vez que June Chandler entrava em contato com Michael, mas a primeira que chegou a falar diretamente com ele.

Em 1983, depois que MJ foi queimado durante a gravação do comercial para Pepsi, June escreveu uma carta em nome de Jordan e enviou ao hospital onde MJ estava internado, no envelope colocou uma foto do menino e o número do telefone de sua casa, além de afirmar que o garoto, de apenas três anos, era um grande fã.

MJ ligou para agradecer a atenção, como fez com todos os outros fãs e indicou Jordan para um teste de um comercial. Ele fez, mas não passou.

Em 198989, durante a Bad Tour, o empresário de MJ entrou em contato com June Chandler e ofereceu ingressos gratuitos para um show. Ela aceitou, esperando conhecer MJ nos bastidores, mas não aconteceu.

Jordan teve a oportunidade de ver Michael em um restaurante, certa vez, mas não teve coragem de ir até ele.

Portanto, aquele dia em maio de 1992, era a grande chance da família.

Segundo Mel Green e a esposa, o casal, June e Dave, bombardearam Michael Jackson com declarações do tipo: “Ele é seu maior fã”, na opinião da esposa de Green, era como se “Michael sentisse que devia algo ao menino.”

Conforme June Chandler testemunhou em 2005, o encontro não durou muito mais que dez minutos. Tempo no qual ela não apenas disse a Michael o quanto Jordan o adorava, mas novamente entregou a ele o número do telefone dizendo: “Você deveria ligar para o Jordie, porque vocês têm muito em comum e podem se tornar grandes amigos.”

Segundo o psiquiatra Matis Abrams, que foi quem fez a denúncia contra MJ ao Departamento de Serviço para Crianças e a Família de Los Angeles, Jordan lhe disse que, o padrasto, quando foi escolher o carro com Michael disse ao cantor que não havia necessidade de pagar, desde que ele prometesse ligar para o garoto. Ao ser questionado sobre o motivo de Dave fazer isso, Jordan teria respondido que, “Ele sabia o quanto eu era fã de Michael.”

June Chandler, em seu testemunho no julgamento de Michael, voltaria a afirmar que Jordan era um grande fã de MJ. Segure-se a transcrição:

Sneddon: Agora, deixe-me voltar no tempo. Antes desta reunião que aconteceu na empresa de seu marido em 1992. Você sabe se Jordan manifestou alguma admiração pelo Sr. Jackson?
June Chandler: Ah, e muito, sim.
Sneddon: Como é que ele mostrava essa admiração?
Mesereau: Objeção. Boatos.
Sneddon: Eu não pedi uma declaração. Excelência, eu pedi uma exposição.
Juiz: Tudo bem. Ele não está pedindo nada que foi dito. Você entendeu a pergunta?
June Chandler: Será que você repetir a pergunta, por favor?
Sneddon: Sim. Como foi que seu filho Jordan, demonstrou admiração pelo Senhor Jackson, antes daquele encontro na empresa de David Schwartz?
June Chandler: Ele tinha uma jaqueta brilhante, que ele costuma usar para ir às festas. Ele tinha uma luva branca como a de Michael Jackson e dançava por aí como Michael Jackson.
Sneddon: E tudo isso foi antes de ele conhecer o Sr. Jackson?
June Chandler: Antes de ele conhecer Michael Jackson, sim.



Uma semana depois de ter conhecido Jordan Chandler, Michael ligou para ele e passaram a conversar sobre suas vidas e o que gostavam de fazer para se divertir. Jordan disse que gostava de vídeo games, então Michael o convidou para seu apartamento em Century City, Califórnia. Michael tinha uma enorme coleção de jogos eletrônicos lá. Mas Jordan não pode ir, pois precisava estudar para provas escolares. Na semana que se seguiu, os dois continuaram se falando e se tornaram amigos.

No dia 27 de junho de 1992, Michael Jackson deu início a Turnê Dangerous. Embora a produção dos megaconcertos exigisse muito da energia de Michael, que comandava absolutamente tudo, da iluminação à venda de ingressos, o cantor continuou se falando com Jordan por telefone durante os nove meses em que excursionou pelo mundo.

Jordan não era a primeira criança a quem Michael dedicava sua atenção. Por toda a vida ele esteve cercado de crianças, como o ator Emmanuel Lewis, a filha de Quincy Jones, Kidada, entre outras.

“Um de meus passatempos prediletos é estar com crianças, conversar com elas. As crianças sabem muitos segredos e é difícil convencê-las a contar. Crianças são incríveis. Meus momentos mais criativos sempre acontecem quando eu estou com crianças. Quando estou com elas, a música vem tão fácil como o ato de respirar. Quando estou cansado ou entediado as crianças me dão vida.” Contou Michael, em uma de suas entrevistas.

Durante a Turnê Dangerous, Michael teve a companhia de dois amigos, Brett Barnes, um garoto australiano de onze anos a quem Michael ajudou na carreira artística (Brett veio a se tornar coreógrafo de artistas como Britney Spears) e o Príncipe Albert Von Thurn und Taxis, de nove anos, filho da Princesa Glória Von Thurn und Taxis, da Bavária.

As pessoas que trabalhavam com ele durante a Turnê, estavam acostumadas a ter crianças com eles e ninguém, desde os motoristas aos músicos, jamais testemunharam um ato impróprio do cantor em relação a seus amiguinhos.

Michael voltou aos Estados Unidos em dezembro, a tempo de encontrar Neverland decorada para o Natal, o que foi uma gentileza de Elizabeth Taylor, e ligou para Jordan para contar que Liz havia deixado a casa maravilhosamente enfeitada e que gostaria que estivesse lá para ver.

Mas com uma agenda cheia de compromissos em janeiro, dentre eles as apresentações no NAACP (Associação para o Progresso das Pessoas de Cor) o baile de gala do presidente Clinton, o American Music Awards, o Superbol, dentre outros eventos, Michael não teve tempo para os novos amigos.

Sua lendária entrevista à Oprah Winfrey foi transmitida para o mundo todo no dia 10 de fevereiro de 1993. E no dia seguinte, ele ligou para os Chandler convidando-os para passar o fim de semana em Neverland.

Naqueles três dias, June e as crianças se divertiram como nunca, desfrutando do parque de diversões, da piscina e no cinema, onde viram filmes inéditos emprestados a Michael por estúdios com a Woner Bross. Eles também foram a uma loja de brinquedos cerca de uma hora de distancia, fechada para que Michael pudesse fazer compras com seus amigos.

A amizade entre Michael Jackson e a família se desenvolveu rapidamente. Tornando-se frequentes as visitas à Neverland e ao apartamento em Century City e, além disso, Michael frequentava a casa de June Chandler.

O que Michael mais gostava em Jordan era o senso de humor do menino, que caçoava do cantor pela maneira como ele se vestia, que dirigia, e seu ar desajeitado.

Michael gostava de ser tratado como uma pessoa comum. Gostava da forma natural como Jordan agia com ele. Além disso, Jordan Chandler era um garoto inteligente e extremamente criativo, o que agradava Michael, também. Ele acreditava que Jordan teria futuro como produtor de cinema.

Enfim, os dois se entendiam perfeitamente bem, e tinham muita coisa em comum. Não é estranho que se tornasse grandes amigos, a não ser pela diferença de idade. Mas se deixarmos o preconceito de lado, isso não era um ponto tão relevante.

O produtor Sam Martin disse, em uma de suas entrevistas, que Michael era um sujeito desconfiado, sempre com as “antenas” ligadas, pois as pessoas estavam sempre tentando tirar algo dele. Sam Martin afirmou que só via Michael tranquilo, quando ele estava na companhia de crianças.

Michael Jackson não mantinha uma estreita amizade apenas com a família de Jordan Chandler. Ele também tinha como seus convidados frequentes os Culkins, os Barnes, os Robsons, os Cascios e outros. E não apenas as crianças, mas também os pais eram convidados para sua casa. Como testemunhou os empregados de Neverland, os pais sempre estavam por perto e sempre havia muitas pessoas em volta da garotada.

A família Cascio talvez tenha sido a mais próxima a Michael, uma amizade que durou até o fim da vida do astro.

O pai, Dominic Cascio, era gerente do hotel Helmsey em Nova Iorque, onde Michael esteve hospedado. Durante uma conversa no escritório de Dominic, Michael viu a foto das crianças e pediu para conhecê-los. Dominic o apresentou aos filhos, Frank, com três anos e Ed, apenas um bebê. Anos depois nasceria a filha do casal, Marie Nicole e Aldo Cascio.

Os Cascios mantinham uma estreita amizade com Michael, frequentando a casa do cantor e também o recebendo na deles. As crianças cresceram perto do artista e, conforme disseram em entrevista à Ophra Winfrey, em outubro de 2010, Michael jamais se comportara mal com eles. Oprah, que perece não saber nada sobre Michael, anunciou os Cascios como uma família que mantinha uma amizade secreta com o astro. Mas isso não é verdade, é só mais uma amostra de como a mídia distorce os fatos. Pois Michael foi visto na companhia dos Cascios em inúmeras viagens. E deram entrevistas em sua defesa em 1993 e em 2005.

Dominic e Conie Cascio, os pais, contaram à Ophra que nunca tiveram a menor dúvida quanto à inocência de Michael. Eles disseram, ainda, que precisaram explicar aos filhos o que estava acontecendo em 1993 porque eles erm jovens de mais para compreender.





Frank Cascio se tornou um dos mais importantes assessores de Michael Jackson e Ed é um dos compositores e produtores do primeiro álbum póstumos do artista.

Foram os três, Frank, Ed, e Nicole, que vieram com Michael ao Brasil, quando ele gravou o clipe para música They Don’t Care About Us.

O relacionamento de Michael com Jordan Chandler e sua família não era diferente, nem mais especial do que o relacionamento entre o astro e todas as outras famílias que já foram mencionadas.

Como fazia com qualquer criança que entrava para seu circulo de amizades, Michael deu a Jordan e a sua irmã alguns presente. E também à mãe deles, por quem ele tinha sincero apreço.

Os presentes não eram uma forma de seduzir ou comprar o afeto, mas uma forma de demonstrar carinho. Michael presenteava seus amigos não importando quão rico eles fossem. Ao contrário do que se insinua na imprensa, ele não vivia na companhia de crianças desprivilegiadas, para se aproveitar da condição de pobreza delas. Michael gostava de crianças, simplesmente. Sem distinção de classe, raça idade ou sexo. Apenas crianças.

Para alguns, pode parecer estranho que um homem adulto aprecie a companhia de meninos e meninas, mas não é difícil compreender Michael, quando você o coloca dentro do contexto de sua própria infância, diz Mary Fisher em seu artigo intitulado “Was Michael Jackson Framed”, de 1995.

Tendo começado a vida artística aos cinco anos, Michael Jackson foi forçado a abrir mão de uma infância normal, em troca de muito trabalho, vivendo cercado por adultos, que exigiam dele nada menos que a perfeição. A começar pelo pai, Joseph Jackson, um homem inegavelmente rude e violento, que ao descobrir o talento dos filhos, sobretudo o extraordinário talento do pequeno Michael, passou a guiar os meninos como um empresário tirano, esquecendo-se de seu papel de pai.

Não é estranho que um homem, embora adulto, goste da companhia de crianças, quando ele mesmo aprecia as distrações e brincadeiras próprias desta fase. Se colocado de lado o preconceito, o que se vê é um homem de alma alegre, pura e infantil, que não queria ficar preso a convenções; que não pensava que por ter 30, 40 ou 50 anos, não poderia mais subir em árvores, ou fazer guerras de balões de água.

Os adultos envolvidos não se opunham de forma alguma ao relacionamento entre Michael e as crianças, ao contrário. E por quê? Seria absurdo julgarmos que todos estivessem cegos ou fascinados pela fortuna do cantor, a ponto de ignorar atos impróprios por parte dele em relação aos seus filhos. Portanto, só se pode concluir que os pais não se opunham, porque confiavam em Michael. E confiavam porque podiam.

Joy Robson, em seu depoimento no julgamento de Michael, em 2005, disse que confiava no cantor com seus filhos absolutamente. Pois Michael não era uma pessoa comum “ele é um menino puro. Conhecê-lo é amá-lo e confiar nele”, afirmou ela. Joy Robson não era a única a pensar assim.

June Chandler gostava muito de Michael. “Ele era o homem mais gentil que ela conheceu”, disse um amigo de Chandler.

“Não há nem uma gota de maldade nele.” June Chandler disse sobre Michael Jackson.

Tudo ia bem entre Michael e os novos amigos, até que o pai biológico do menino, Evan Chandler, começasse a interferir.

Evan Robert Charmatz nasceu no Bronx em 1954. Mudou-se para West Palm Beach em 1973, para exercer a profissão de dentista e mudou seu nome para Chandler por considerar que Charmatz soava muito judaico. Conforme contou um colega.

Ele seguiu os passos do pai e irmãos e se tornara um dentista, mas detestava essa profissão. “Ele sempre quis ser um escritor”, disse um amigo.

Com o sonho de se tornar um roteirista Evan Chandler se mudou para Los Angeles nos anos setenta. Estava casado com June Wong com quem teve Jordan.

A carreira de dentista de Evan nem sempre foi estável. Em 1978 quando trabalhava em uma clínica de baixa renda de L.A., a Crenshaw Family Dental Center, ele fez restaurações em dezesseis dentes de um paciente durante uma única consulta.

O Conselho de Examinadores Odontológicos considerou-o ineficiente e ignorante em sua profissão. Sua licença foi revogada. Porém, a revogação foi suspensa e o Conselho decidiu afastá-lo por noventa dias e o colocou sob observação por dois anos e meio.

Arrasado Chandler foi para Nova Iorque. Escreveu um roteiro de cinema, mas não conseguiu vendê-lo.

Ele retornou a Los Angeles com a esposa meses depois e voltou a trabalhar como dentista. Em 1980, quando Jordan nasceu, o casamento do casal estava chegando ao fim.

“Uma das razões para June deixar Evan foi seu temperamento.” Diz um amigo da família. O divórcio ocorreu em 1985. A custódia de Jordan foi concedida integralmente a June e uma pensão alimentícia de 500 dólares por mês foi fixada em benefício da criança. Mas conforme documentos, Evan, até 1993, quando surgiu o escândalo contra Michael Jackson, devia 68 mil dólares a ex-esposa. Dívida que ela acabou perdoando.

Em 1991, um ano antes de conhecer Jackson, Chandler teve outro problema em sua profissão. Uma modelo o processou por negligência odontológica, depois que Evan restaurou alguns dos dentes dela.

Em sua defesa, Evan alegou que a mulher tinha assinado um documento em que reconhecia os riscos envolvidos. Mas quando o advogado dela, desconfiando da autenticidade de tal documento exigiu que fosse apresentado o original, Chandler disse que a maleta onde se encontrava tinha sido roubada do porta-malas de seu Jaguar.

“Isso é como dizer ‘O cachorro comeu meu dever de casa’”, disse Edwin Zinman, o advogado da modelo.

Apesar dos percalços, Evan tinha uma profissão bem sucedida em Beverly Hills.

A primeira chance no cinema ocorreu em 1992 quando Jordan teve a ideia de fazer uma paródia sobre Robin Hood, que acabou sendo rodado e recebeu o título de “Robin Hood, Men in Tigths” (Homens em Calças Justas).

Embora retratado pela mídia como um pai corajoso lutando por seu filho, Evan Chandler, na verdade, era um pai ausente, que fazia promessas que jamais cumpria ao menino, como a de comprar um computador para que escrevessem roteiros juntos.

Ele tinha se casado de novo, com uma advogada, e com ela teve outros dois filhos, além de ter de cuidar de um consultório que o mantinha ocupado. Portanto, não lhe sobrava tempo para Jordan, pelo menos, ele não lhe dedicava esse tempo. A verdade é que Evan somente se interessou pelo filho, quando soube amigo de quem ele tinha se tornado.

Mesmo sendo ausente, Evan não gostou da presença de outro homem que estava se tornando tão importante e influente na vida de seu filho. Ele logo passou a demonstrar ciúme. Quando Michael deu a Jordan um computador, ele ficou furioso, pois disse que queria fazer isso ele mesmo. O computador então ficou no apartamento de Michael e Jordan só podia usá-lo quando ia até lá.

O primeiro encontro entre Evan e Michael ocorreu na casa da ex-esposa daquele, no final de junho de 1993.

Em 22 de maio de 1993, Michael compareceu ao aniversário de cinco anos de Nikki, filho mais novo de Evan, deixando os convidados de queixo caído, pela surpreendente surpresa. Os amigos de Evan comentavam entre si, incrédulos. “Ele é amigo de Michael Jackson?!”. Naquela noite Michael dormiu na casa de Evan Chandler, no quarto com Nikki e Jordan. Os garotos dividiram um beliche, enquanto Michael dormiu em um saco de dormir. Evan contou que, depois que os três assistiram a Peter Pan, ele entrou no quarto para desligar os aparelhos e colocá-los para dormir.

Evan sempre afirmou que jamais viu Michael fazer qualquer coisa inapropriada com seus filhos.

Evan se gabava da amizade com o cantor para seus amigos e sócios e até passou a incentivar a convivência do artista com o menino.

Leia aqui o que diz uma cliente de Evan, Carrie Fisher, sobre o fato:



Chandler podia implicar quando era deixado de fora, mas sempre gostava quando Michael se hospedava em sua casa. Quando Michael ficou com eles em maio de 1993, Evan lhe sugeriu que construísse um anexo a casa para que pudesse ficar lá sempre que fosse a Los Angeles. Esse pedido de Evan foi confirmado por June no julgamento de Michael. Essa proposta foi levada a sério, a ponto de consultarem o departamento de zoneamento urbano. Quando soube que a ampliação não poderia ser feita, Evan pediu a Michael simplesmente que lhe comprasse uma casa maior.

Ainda no mês de maio, Jordan, sua mãe e Lilly, viajaram com Michael para Mônaco para participarem do WMA (uma premiação de música) “Evan começou a ficar enciumado e se sentiu deixado de lado.” Disse Freeman, advogado de June Chandler naquela época.

Mary Fischer, jornalista da GQ, escreveu um artigo intitulado “Was Michael Jackson Framed” (Michael Jackson foi vítima de conspiração?) (colocar link para o artigo original). Ela relata nesse artigo que “Quando retornaram de Mônaco, Jackson e o menino ficaram novamente com Evan para uma visita de cinco dias, na  qual dividiam o mesmo quarto. Michael dormia no chão, em um saco de dormir, Jordan e Nikki dividiam uma beliche. Evan afirmou que sempre que os via juntos na cama, estavam vestidos. Evan Chandler nunca alegou ter testemunhado algo de errado.”

Apesar disso, Evan não demorou a começar expor seu desconforto com o relacionamento entre Michael e Jordan, chegando a mencioná-lo a alguns amigos. Um deles, Carrie Fishier conhecia o médico de Michael, Arnold Klein e ligou para Klein para perguntar se havia algo de errado naquele envolvimento. Klein, respondeu-lhe imediatamente que Michael era uma criança grande, muito doce e generoso e absolutamente correto. Não havia nada com que se preocupar. Aliás, disse Klein, afastar os dois seria um grande erro.

Alguns amigos de Evan, como Mark Torbiner, no entanto, continuou a expor suas opiniões preconceituosas, dizendo a ele que não era comum uma amizade entre um adulto e um adolescente. E que não estava certo dividirem o mesmo quarto. Torbiner, no entanto, não é uma pessoa de caráter ilibado.

Leia sobre Torbiner aqui:



Evan ficou cada vez mais instável e passou a tomar atitudes que afastavam Jackson, June e até o padrasto do garoto, Dave Schwartz, que até então era amigável com ele.

Mas se Evan nunca viu nada, de onde vieram as desconfianças?

Elas não vieram de lugar algum.

Quando Michael voltou de Mônaco, em maio de 1993, com June Jordan e Lilly, O tabloide The National Enquaire publicou uma foto deles na capa dizendo “Michael Jackson adotou uma nova família” e insinuou que Michael e June estavam tendo um romance. Claro que isso chateou Evan e Dave.

Por ciúme, certamente, Dave pediu a June que se afastasse de Michael. Ele pensava que o cantor estava levando embora sua família. Mas June disse que não se afastaria, pois gostava de Michael. Embora chateado com a forma como o tabloide retratou a situação, Dave Schwartz não se antagonizou com o cantor, pelo contrário. O ciúme logo passou e ele voltou a se entender bem com a mulher e Michael.

Evan Chandler, por outro lado, tomava atitudes dúbias. Ele alegou que suas suspeitas já tinham começado por essa época e como relatado acima, ele manifestou-as a amigos como Carrier Fishier. Sendo assim, por que razão Evan convidou Michael para ficar em sua casa logo que ele voltou de Mônaco, se ele tinha suspeitas de que o filho estava sendo molestado pelo astro?

E mais: por que Evan sugeriu que Michael ampliasse a casa para que pudesse ficar lá com eles, sempre que fosse a Los Angeles, com mais conforto? E quando soube que não poderia ser construído o anexo que sugeriu, pediu a Michael que lhe comprasse uma casa maior? Essa é a atitude de quem suspeita que o filho esteja sofrendo abuso sexual? Trazer o agressor para mais perto? Seria uma atitude lógica?

Só se pode concluir que nunca houve suspeita alguma. Evan apenas preparava terreno para seu plano, quando falava sobre essas “suspeitas” com seus amigos. O que realmente o incomodava era ser deixado de lado. E ele demonstrou isso em uma conversa com o padrasto de Jordan, gravada por Dave, no dia 9 de julho de 1993.

Eu tinha uma boa comunicação com Michael. Eu o admirava e respeitava. Não há razão para ele deixar de me ligar. Nós tivemos uma conversa e eu disse a ele o que eu gostaria que deixasse de acontecer nessa amizade, eu disse a ele o que eu quero. Não entendo porque ele não retorna minhas ligações.”

O que levou às acusações de abuso sexual infantil, então?

É preciso analisar bem os fatos para responder a essa pergunta.

Evan Chandler era um homem violento, diagnosticado como bipolar, ele estava sob tratamento para essa doença. Mas nem sempre o seguia à risca.

O jornalista J. Randy Taraborrelli, que escreveu a biografia não autorizada de Michael “A Magia e a Loucura”, admitiu ter usado o próprio Evan Chandler como fonte e ter se encontrado às escondidas com ele por diversas vezes durante o escândalo de acusação de abuso sexual envolvendo Michael.

Em seu blog, Taraborrelli escreveu:


"Eu encontrei com ele várias vezes na década de 1990. Eu tive muitos encontros secretos com Evan Chandler, tentando chegar ao fundo do que estava acontecendo. Eu era muito jovem, inesperiente e desejava que tivesse meu atual nível de conhecimento para aplicar na época. Tenho histórias sobre aquele cara que nunca cheguei a publicar. Ele era tão inconsistente quando elas vieram. Ele estava tão determinado a conseguir meu apoio, eu achava que ele era um pouco assustador. Se você ler o meu livro, terá ideia de como eu me sentia, me sinto, sobre ele. Quando saiu, ele me ligou gritando por eu não ter simplesmente comprado sua história 100%. Na verdade, ele me ameaçou, e eu pensei... amigo, ok, agora eu sei quem você realmente é. Eu desejva que tudo tivesse acontecido diferente. Para ser honesto, eu gostaria que MJ nunca tivesse feito acordo, e eu disse a Michael isso, diversas vezes. Mas... ele sentia que tinha de salvar sua vida, e eu entendi isso também. Ele realmente estava mal. No entanto, eu gostaria que tivesse ido a julgamento, para que pudéssemos ter provas concretas apresentadas em um tribunal de justiça - como o absurdo caso Arvizo - onde realmente foram capazes de atravessar isso e chegar a algumas decisões concretas. Tudo parece tão inútil agora, porém, não é? E uma vergonha."





Taraborelli, em sua edição de 2010 da biografia não autorizada de Michael, também escreve que Evan Chandler o ligou depois que sua edição de 2003 foi publicada e disse: "Você me deve. Se algum dia eu te vir de novo, não vai ser bom para você. É melhor você se esconder porque eu estou indo atrás de você".



Segundo os documentos judiciais arquivados em 2006, (nos quais constam que Jordan Chandler processou seu pai e obteve uma ordem de restrição permanente contra ele) Evan Chandler bateu em seu filho por trás com um peso de 1 quilo, o que significa que não houve chance de defesa. Em seguida o acertou nos olhos e tentou sufucá-lo. A data do incidente é mais do que interessante. Agosto de 2005.

Michael Jackson foi absolvido de todas as acusações feitas pelos Arvisos em 13 de junho de 2005. Mas a mídia, que foi negativamente criticada pela ccobertura tabloidiana antiética, antiprofissional e tendenciosa continuou a mentir sobre o cantor e não deu atenção ao ocorrido.

Evan estaria irado porque Jordan decidiu não depor contra Michael Jackson?

Se Jordan tivesse defendido MJ, Evan poderia ter enfrentado acusações de extorsão. Mas se ele tivesse ido ao tribunal para reiterar as acusações feitas em 1993, poderia ter sido muito ruin para Michael. Mas ele se recusou a testemunhar e disse que se o promotor Sneddon insistisse nisso, encontraia uma forma legal de se livrar.

Se Jordan tivesse decidido depor contra Michael, a defesa possuia testemunhas que contraditariam suas alegaçãos. Colegas de escola e faculdade, a quem Jordan disse diversas vezes que tinha acusado Michael por que seu pai o obrigara, conforme contou Tom Mesereau, advogado de Michael, em um seminário na universidade de Harvard, onde o caso MJ foi discutido.


Mas Jordan não foi encontardo pelos promotores. Ele fez as malas e saiu dos Estados Unidos antes que Tom Sneddon, promotor responsável pelo caso, conseguisse um meio legal de colocá-lo no banco de testemunhas.

Jordan não quis depor contra o homem a quem acusara de tê-lo molestado. E por que não? Ele não estaria perdendo a chance, e pela segunda vez, de colocar na prisão um criminoso? Ou ele não tinha coragem de repetir mentiras diante de um tribunal?

Jordan não depôs em 1993, o advogado Larry Feldman fez tudo para evitar isso. Lógico que ele não iria cometer o erro de ir menir sobre Michael em 2005, tampouco poderia dizer a verdade e se comprometer ou comprometer o pai. Mas Evan, provavaelmente, pensava que ele podia e devia, ter ido ao tribunal para fazer falsas acusações contra Michael de novo.

Não se pode compreender Evan Chanlder. Controle emocional e racionalidade não parecem ter feito parte do caráter dele. Não supreende que ele tenha se matato com um tiro na cabeça em 2009. Poucos meses depois da morte de Michael Jackson.

Mas June Chnadler esteve no tribunal, ela testemunhou, mas nada do que disse prejudicou Michael. Ela não tinha nada a dizer, realmente. Muito pelo contrário. Em determinado momento, ela chegou a afirma que nunca se sentiu desconfortável por Michael Jackson estar perto do filho dela.

Ela também afirmou que a primeira vez que Jordan dormiu no quarto de Michael foi em Neverland, a pedido do menino que, segundo ela, insistiu dizendo: “Tem outras crianças aqui que ficam no quarto dele, por que eu não posso?” Ela deu permissão e nunca houve motivo para não fazê-lo.

Michael Jackson tinha genuíno carinho por June, pelo menos no início, mas nunca se sentiu bem perto de Evan Chandler, ele nunca sentiu que o pai de Jordan fosse sincero. Em uma briga entre pai e filho, Jordan disse a Evan que Michael sabia que ele, Evan, apenas fingia gostar dele.

Uma das razões para Evan não ser sincero era que, apesar de ser um pai ausente, ele sentia ciúme do relacionamento entre Michael e Jordan. O menino se afeiçoou ao cantor e com ele se entendia muito melhor, pois Michael, apesar de ser um astro multimilionário com uma agenda lotada de compromissos, dedicava-lhe muito mais atenção.

Não é difícil entender por que uma criança se relacionava tão bem com Michael Jackson. Ele não era apenas um artista extraordinário, original, extremamente criativo e cativante, ele tinha o espírito infantil. Gostava de brincar, gostava das mesmas coisas que as crianças gostam, ele as compreendiam e elas o compreendiam muito bem.

Em entrevista a Larry King, em 2000, Lisa Presley, então divorciada de Michael, respondeu à pergunta de Larry sobre o envolvimento de Michael com crianças: “Ele é uma criança e outras crianças percebem isso.” “Ele realmente tem uma conexão com crianças, com bebês.

Não são poucas as pessoas que descrevem Michael como uma criança. Como um homem com alma de criança, um coração infantil no corpo de um adulto. Nem todos viam isso de forma positiva e o descrevem não apenas como um menino, mas um menino mimado e difícil. Para alguns a recusa em crescer era um problema psicológico provocado pelos traumas de infância, ou simplesmente por não ter vivido a infância de forma plena, que deveria ser tratado.

Para outros, Michael simplesmente gostava demais da infância e dela não queria sair. Muitos consideravam o lado infantil de Michael o que ele tinha de mais adorável, como o advogado Johnny Cochran.

Apesar das divergências de opiniões sobre o que fez de Michael um homem-criança, o fato é que são muitas as pessoas que tinham esta percepção dele como um menino. O que não significa que ele tivesse a mente de uma criança. Longe disso. Michael Jackson era um homem extremamente inteligente, que comandava cada detalhe de sua carreira com muita competência. O que fazia de Jackson um menino, segundo aqueles que com ele conviveram de perto, era a sua capacidade de ser manter puro, com coração inocente e jovial. Veja algumas declarações nos vídeos abaixo:







As pessoas que conheciam Michael de perto e o descrevem como um adulto de coração infantil não são idiotas ou cegos adoradores. São pessoas inteligentes e nada ingênuas.  Em entrevista a Larry King, o empresário Donald Trump, amigo de longa data de Michael, afirmou que o cantor frequentava sua casa, onde passava tarde inteiras brincando com os filhos do empresário. Trump considerava ridículas as acusações de pedofilia contra Michael, pois segundo ele, Michael era uma criança, e afirmou ter certeza absoluta de que ele jamais cometera abuso contra qualquer criança.

Quincy Jones, que trabalhou com Jackson nos álbuns Off The Wall, Thriller e Bad, dedicou várias páginas de sua autobiografia ao cantor. Dentre outros pontos interessantes, Jones fala da amizade entre Michael e sua filha, Kidada. Na época em que o produtor e Michael começaram a trabalhar juntos, o astro tinha vinte anos de idade, a menina, oito. Segundo conta Quincy, Michael e Kidada passava as tardes inteiras brincando e quando era preciso tratar de trabalho o pai a pedia que lhe “emprestasse” Michael por alguns instantes. Kidada era tão ligada a Michael que chegou a efetuar noventa interurbanos para ele em um único mês. Para Quincy, Kidada e Michael se davam tão bem porque tinham a mesma alma pura e infantil.

Intrigante que a imprensa nunca tenha dado muita atenção à amizade entre Michael Jackson e crianças do sexo feminino, embora fossem muitas.

Keith Badgery, que foi motorista de Jackson durante a Dangerous Tour, escreveu o livro “Baby You Can Drive My Car” onde fala da experiência incrível de trabalhar para o cantor, por que desenvolveu um a sincera admiração. Em seu livro, Keith fala na amizade entre Michael com crianças, afirmando não ser verdade o que a imprensa dizia, de que Michael preferia a companhia de crianças, mas sim, que ele preferia a companhia de pessoas que ele conhecia desde que elas eram crianças e, portanto, podia confiar.

Durante uma viagem a Londres, relatada pelo cinegrafista que acompanhou Michael e Uri Geller em suas excursões, Michael esteve o tempo todo na companhia de uma jovem inglesa que se hospedou no mesmo hotel que ele. Dias depois, Macaulay Culkin se juntou ao grupo.Mas se buscarmos por reportagens daquela época, encontraremos fotos de Michael e Macaulay por toda parte, fazendo compras, se divertindo, mas não veremos a garota. E por que não?

Haveria algum interesse em convencer o público de que Michael era homossexual? Como se isso fosse um ponto negativo? Um argumento na tentativa de convencer o público de que ele era pedófilo? Como se homossexualismo e pedofilia andassem juntos?

Michael sempre afirmou que não era gay, e seus amigos reafirmam o que ele disse:


O fato é que Michael Jackson gostava de crianças, meninos ou meninas. Mas sua amizade com meninas não ganhava capas de revistas

A mesma manipulação dos fatos pode ser constatada quando a mídia mostra Michael na companhia de crianças, sem a presença dos pais, embora eles estivessem por perto. Como quando ele viajou na companhia dos Cascios para Europa. Michael foi fotografado com os garotos, mas o pai, Dominic, não aparece nas fotografias, embora estivesse lá com eles.

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Relato do Caso Arvizo


Verdades e Mentiras



Caso Arvizo



Antes de iniciarmos esta narrativa sobre o caso Arvizo é necessário falar um pouco sobre estas cinco pessoas que compõem a família Arvizo. Se bem que seria mais adequado dizer “a quadrilha Arvizo.”

Descendentes de mexicanos, os Arvizos são David, o pai, Janet, a mãe, Davellin, a filha mais velha, Gavin, o filho do meio e Star, o caçula.  Os pais de Janet Arvizo estão envolvidos no caso, mas pouco se sabe sobre o casal mexicano que, segundo Larry Feldman, mal falava inglês, coitadinhos.

David Arvizo, à época em que a família conheceu Michael Jackson, trabalhava como carregador para uma empresa atacadista e o pouco dinheiro que ganhava era o suficiente apenas para pagar um apartamento de cômodo único, numa área pobre de Los Angeles, onde a família vivia de forma desconfortável, sendo que os “quartos” eram divididos com lençóis.

A mãe, Janet, aparentemente não trabalhava, pelo menos, em todo o desenrolar dessa história, nunca se soube se ela alguma vez esteve empregada.

As crianças Arvizo eram aficionadas por comédia, razão pela qual se envolveram com o grupo de comédia Laugh Factory, que pertence ao comediante Jamie Masada. Masada desenvolve um projeto assistencial que entre outras coisas, leva crianças pobres para acampamentos, onde são ensinadas as técnicas de comédia e interpretação. Masada também procura colocar outras celebridades em contato com as famílias carentes, para que as ajudem.

Se pararmos para pensar, Masada, através de seu grupo de comédia tem colocado celebridades à mercê de pessoas em busca de dinheiro fácil. Ah, as boas intenções...

Não! Esqueçam o que eu disse. Não podemos culpar uma alma nobre pela podridão que existe naqueles a quem ela tenta ajudar, não é mesmo?

Uma das celebridades com quem os Arvizos tiveram a oportunidade de se relacionar foi o comediante George Lopez, que durante algumas semanas deu aulas de comédias aos três garotos Arvizo. George Lopez acabou se envolvendo muito mais do que pretendia com a família Arvizo, quando a mãe, Janet, ligou-lhe, em prantos, para dizer que Gavin tinha sido diagnosticado com um tipo desconhecido de câncer. Ele tinha acabado de deixar o acampamento de comédia.  Assim como George Lopez, muitas outras pessoas se comoveram com situação.

Os meninos Arvizo sabiam cativar quando queriam. De acordo com George Lopez, eles eram gentis, educados, “ótimas crianças”. Além de que conseguiam fazer piadas de suas próprias vidas miseráveis, o que encantava os comediantes que os estavam treinando naquela arte.

Não é de se espantar, portanto, que todos ficassem mortificados com a notícia de que o “adorável” garotinho Gavin estava com câncer.

Janet Arvizo também sabia conquistar. George Lopez fala sobre ela ser gentil e até mesmo deixar no Laugh Factory um presentinho para ele, em agradecimento por ter ensinado comédia aos filhos dela. O presente singelo era um chaveiro contendo uma semente de mostrada.

Gavin teve um tipo grave de câncer, que os médicos desconheciam e isso quase o levou à morte. Perdeu um rim, parte do baço, muitas células de defesa foram mortas em razão da violenta quimioterapia. O câncer também atingiu o pulmão e um tumor de sete quilos foi retirado do corpo dele.

Da forma como os Arvizos mentem, eu até poderia pensar que eles inventaram a doença. Mas não. Gavin realmente teve câncer. E não morreu por muito pouco. “Um milagre”, dizem.

Janet Arvizo disse não em uma única ocasião, que os médicos lhe disseram que Gavin estava morrendo, “Se o câncer não matá-lo, a quimioterapia vai matar”, ela citou um dos médicos em uma entrevista. Janet e a filha Davellin afirmavam que os médicos sugeriram que começassem a preparar o funeral, pois não havia mais o que fazer. Gavin estava recebendo doses adultas de quimioterapia, vomitava ácido, vomitava sangue, conforme disso o menino em entrevista.

Todos podem pensar que, uma doença tão terrível deixou a família devastada. E é natural que pensemos assim. Afinal, tratava-se de uma criança sendo devorada por uma doença implacável. Mas a verdade chocante é que o câncer de Gavin serviu (e eu sei que é horrível falar assim) para os propósitos da família Arvizo. Era hora de sair da miséria e o câncer de Gavin era o bilhete de embarque deles para uma nova vida.

Quando souberam que Gavin estava com câncer, aquelas celebridades que o conheciam, com Masada e Lopez, bem como outras, passaram a fazer doações para custear o tratamento do menino e também o visitavam no hospital e lhe davam presentes e atenção. De astros do esporte a atores de cinema, Gavin recebeu visitas de dúzias de famosos, que deixavam na “caixinha” dinheiro e presentes.

George Lopez afirmou que o pai, David Arvizo, sempre pedia dinheiro e Lopez deu a ele pequenas quantias que estava em sua carteira, inúmeras ocasiões. Não ficaram por aí, também foram organizados eventos beneficente para arrecadar dinheiro para custear o tratamento, sendo que, a pedido de David, George Lopez tomou a dianteira da organização de um acampamento que tinha como propósito arrecadar dinheiro para Gavin.

Mas Lopez percebeu que a fome de dinheiro da família Arvizo era insaciável. Não era o bem de Gavin que os motivava, mas a ganância. Lopez acabou se desentendo com David Arvizo que o estava perseguindo, cobrando a realização do evento, sempre querendo saber o quanto poderiam ganhar. Um dia, quando Lopez saia de um restaurante onde tinha se apresentado, David o abordou no estacionamento, os dois homens discutiram violentamente.  George Lopez decidiu cortar definitivamente o contato depois que David ligou para sua casa e insultou a esposa de Lopez, chamando-a “puta maldita”.

Porém, quando soube que Gavin tinha melhorado, Lopez voltou a se envolver com a família, convidando os Arvizos para visitar a casa dele e levou os três, David, Gavin e Star, para almoçar e fazer compras. Segundo o comediante, os meninos pediram tudo que viram pela frente, coisas caras e o pai nada fez quanto a isso. Não bastasse, a carteira de Gavin foi “esquecida” no topo de uma lareira na casa de Lopez, em um lugar onde ninguém tinha permissão de entrar. Lopez encontrou cinquenta dólares na carteira, ligou para Gavin e combinou de deixa-la no Laugh Factory e assim o fez. Mas quando David Arvizo foi resgatar a carteira do filho, alegou que havia 350 dólares na carteira e que Lopez tinha “perdido” US$ 300,00, de alguma forma. Jamie Masada deu a David os 300 dólares e isso irritou Lopez, que sabia muito bem que a alegação de David era uma mentira deslavada. Mas Masada disse que apenas não queria problemas com os Arvizos. Pelo que parece, Masada já havia percebido que a família era um problema.

Outra celebridade que foi contatada pelos Arvizo, o comediante Jay Leno, disse não gostar da forma como Gavin o abordou no telefone, endeusando-o como se ele fosse um super-herói. Leno considerou a fala de Gavin muito roteirizada. “Não parecia uma criança falando”, ele disse em seu testemunho no julgamento de Jackson. As ligações de Gavin foram tão insistentes que Leno pediu a uma colega de trabalho que desse um jeito de aquilo parar.

Cris Tucker também não escapou dessa. O ator se envolveu profundamente com a família Arvizo. Segundo ele, após a realização de um evento para arrecadar fundos para o tratamento de Gavin, o menino lhe ligou dizendo que não havia conseguido o bastante e Chris acabou por doar o dinheiro que precisavam. E não para por aí. Chris Tucker levou os Arvizos para fazer compras, os levou para lugares incríveis, os recebeu nos sets de filmagem e pagou hospedagens para eles em hotéis de luxo. Mas nunca algo feito por quem quer que fosse parecia suficiente.

Não apenas pessoas famosas, mas pessoas comuns doaram dinheiro para o tratamento de Gavin, campanhas foram organizadas por editores de jornais, por policias e todos que se comoveram com o sofrimento do pobre garotinho com câncer.

Mas o que eles não sabiam, é que a família nunca precisou de doações para pagar o tratamento, uma vez que o plano de saúde de David Arvizo o custeava inteiramente.

O que os Arvizos fazia com o dinheiro recebido em doação para pagar as infindáveis cirurgias de Gavin?

Pelo que contam alguns, o dinheiro foi gasto em aparelhos eletrônicos, tratamentos de beleza, roupas, etc. George Lopes disse em seu testemunho no julgamento de Michael, que o quarto de Gavin na casa da avó dele estava repleto de aparelhos eletrônicos caros, quando ele foi visita-lo, ao saber que ele tinha melhorado.

Janet Arvizo chegou a negociar a compra de um carro, mas desistiu da compra na última hora. Porém, ela torrou o dinheiro em outras coisas. Nunca no tratamento de Gavin, porém. Já que para isso havia o seguro.

Ah, mas eles eram tão pobres, coitadinhos. Eles estão aproveitando a oportunidade. Não é tão errado assim usar o dinheiro que as pessoas, tanto as celebridades milionárias, quanto as pessoas comuns, dão a eles para tentar curar o menino, em tratamento de beleza, aparelhos eletrônicos de ultima geração e roupas. Ou é?

Talvez fosse perdoável, se os deslizes da família Arvizo se restringissem a um “desvio” de verbas.

Em 2000, Gavin Arvizo foi pego furtando a loja JC Penny. Os seguranças da loja os abordaram quando os três, Janet, Gavin e Star estavam no estacionamento. Eles tentaram dizer que não era um furto, que apenas era uma brincadeira, pois Gavin gostava de pregar peças. Também disseram que eram modelos da loja e que tinham permissão para pegar as roupas. Mas não colou.

A polícia foi chamada e os pais, David, que não estava no estacionamento, e Janet foram levados para a delegacia, onde foram fichados, fotografados e prestaram depoimento. Na ocasião, os policiais perguntaram a Janet se ela precisava de um médico, ao que ela disse “Não. Estou muito bem.”

Contudo, dias depois, Janet Arvizo foi até um escritório de advocacia com fotografias onde aparecia coberta de hematomas e alegou ter sido agredida pelos seguranças da JC Penny, no estacionamento, no dia do incidente. Segundo ela, os seguranças vieram em sua direção desferindo palavrões contra ela e seus filhos, a derrubou no chão e a socou com uma algema, como se a tal algema fosse um “soco inglês”.

Um processo foi aberto contra a JC Penny de quem se pedia uma indenização de 2 milhões de dólares. Note-se, porém, que as fotografias tiradas de Janet na delegacia não mostram nem um sequer arranhão; e quando ela foi levada pela polícia, não havia nem mesmo um fio de cabelo fora do lugar.

Como uma pessoa golpeada por um homem usando uma algema em sua mão, como se fosse um “soco inglês” poderia apresentar uma aparência intacta em fotografias tiradas logo depois? Lembrem-se de que ela afirmou não precisar de um médico quando questionada pelos policiais (uma pergunta padrão). Mas dias depois ela aparece cheia de hematomas alegando ter sido socada pelos seguranças da loja na ocasião do incidente.

Algo está errado nesta história. Janet deveria estar completamente ensanguentada quando foi levada do estacionamento da JC Penny. Um golpe desferido com “um soco inglês” deveria ter deixado hematomas graves no rosto dela, quebrado dentes e sabe-se lá mais o quê. No entanto, ela estava linda e serena quando chegou à delegacia.

No curso do processo, foi questionado se a surra não teria sido dada pelo marido. Mas ela negou, afirmando que David era o melhor marido do mundo e jamais a agrediria. Anote bem isso, você vai precisar se lembrar mais tarde: Ela disse que David jamais a agrediria.



A história parecia sem pé nem cabeça, mas as crianças confirmaram tudo o que a mãe disse e ainda acrescentaram suas próprias ideias. Star disse, “Depois que ele saiu de cima de minha mãe eu fui até ela e coloquei o seio dela de volta no sutiã.” Gavin, que àquela altura estava recebendo tratamento quimioterápico, também confirmou a suposta agressão. E a JC Penny acabou fazendo um acordo com os Arvizos, pagando a Janet cerca de 150 mil dólares.

Mas há alguns pontos que merecem atenção:

1. A advogada de Janet naquele processo revelou mais tarde que no dia agendado para fazer o exame de corpo de delito, Janet Arvizo caiu no chão da clínica gritando que todos que lá estavam eram demônios e que queriam matá-la. Foi convidada a se retirar. Desconfiada a advogada disse a ela que não poderiam mentir sobe as agressões no que Janet disse: “Você vai fazer exatamente o que eu quero, porque meu primo é da máfia mexicana e ele sabe onde você mora.”

2. A mesma advogada também disse que Janet ficou enfurecida porque o delegado não permitiu que ela presenciasse os depoimentos dos filhos. Segundo a advogada, Janet disse “Eu estou tranquila quanto a Gavin, ele sabe o que dizer, mas Star pode se confundir.”

3. A advogada também revelou que Janet confidenciou a ela ter colocado os filhos em aulas de teatro para que eles fossem mais convincentes ao mentir.

4. No caso JC Penny os meninos testemunharam conforme um roteiro escrito por Janet e decorado por eles. O referido roteiro foi parar nas mãos do advogado de Michael e revelado no julgamento.

5. O psiquiatra contratado pela JC Penny diagnosticou Janet como esquizofrênica e disse que ela manipulava as crianças, totalmente.

6. Dois anos após o início do processo, do nada, sem nem mesmo avisar aos advogados, Janet Arvizo decidiu apresentar mais uma acusação contra a JC Penny, dessa vez, alegando que os seguranças acariciaram os seios e os genitais dela por 15 minutos, na frente das crianças. Mas não convenceu.



Mas ela conseguiu o que queria, recebeu o dinheiro da JC Penny e, adivinhem, depositou-o na conta bancária da mãe dela. Ela queria ajudar a mãe? Nada disso, ela precisava escondê-lo, pois ela pretendia receber ajuda governamental e assim foi.



Janet Arvizo se inscreveu no programa assistencial e passou a receber ajuda da cidade de Los Angeles, embora tivesse 150 mil dólares na conta bancária.



Mas ela parou de pedir doações, não é? Pelo menos isso? Não!!!



Mesmo após receber essa alta quantia da JC Penny e os benefícios do governo, Janet continuava a receber doações para pagar o tratamento de Gavin que na verdade era pago pelo seguro de saúde.



Um dia, dois policiais pegaram os meninos faltando aula e quando os abordaram, os dois começaram a chorar e disseram que estavam a caminho do hospital, pois a mãe tinha sido operada. Comovidos, os policiais ofereceram carona e no caminho Star e Gavin contaram que Gavin estava em tratamento contra o câncer e que tinha perdido um rim e que tinham tirado um tumor enorme dele.



Os meninos Arvizo aprenderam desde cedo que podiam conseguir dinheiro mentindo e a usar a condição de Gavin para comover as pessoas. Os policiais, então, organizaram uma campanha. Era Natal, e os Arvizos receberam desde peru a presentes caros. E tudo isso estando com os cofres cheios.



Não para por aí. A editora de um jornal local revelou que o jornal organizou uma campanha para ajudar Gavin e que Janet exigiu que o dinheiro doado fosse para conta dela, o que a editora considerou inapropriado. Ela também disse que o custo de uma cirurgia era de 1000 dólares, mas quando ela leu no jornal, estava 10 mil dólares. Ela pensou ter sio um erro, mas quando foi apurar, lhe informaram que o valor 10 mil dólares tinha sido o fornecido pela senhora Arvizo.



Uma senhora que doou um enorme peru de Natal disse que quase lhe bateram com aporta na cara. Os Arvizos não queriam peru, ora bolas, queriam dinheiro.

A cunhada de Janet afirma que, quando ela doou sangue a Gavin, Janet lhe ligou e disse: “Não preciso da porra do seu sangue, mas de seu dinheiro.”



É pouco? Então toma mais.



Janet Arvizo e os filhos forjaram um acidente em um supermercado e processaram o supermercado buscando uma alta indenização. Dessa vez, ela não levou. Quando se viu em situação constrangedora ela culpou o marido, afirmando que ele a espancava, espancava os filhos, espancava o cachorro, espancava até as sombras deles, o homem era um monstro!



Tá eu sei que você leu que ela disse que ele era o melhor homem do mundo e que jamais a agrediria. É isso mesmo, ela mudou o marido de anjo para demônio quando lhe foi conveniente. Interessante que ela só se livrou de David depois que recebeu o dinheiro da JC Penny, não?





Janet Arvizo se separou de David e ganhou uma ordem de restrição contra ele. David não podia chegar perto dela, dos filhos, nem do cachorro.



Depois de deixar David, ela passou a namorar o major Jay Jackson. Com quem veio a se casar. Pois é, que loucura, ela virou Janet Jackson. Com 150 mil da JC Penny, doações, o salário de Jay Jackson ela ainda recebia benefícios do governo!!!



Janet Arvizo continuaria a fazer campanhas pedindo dinheiro para o tratamento de Gavin mesmo depois da cura do câncer. Enquanto ela pedia dinheiro, chorando, em um programa de TV, Gavin fazia testes e físicos em uma base do exército, já completamente curado.



Mas a esta altura você deve estar se perguntando, e onde Michael Jackson entra nesta história toda. Bem, vamos voltar um pouco no tempo:



Quando Gavin estava com o pé na cova, ele fez uma lista de últimos desejos. E os desejos do moribundo era conhecer algumas celebridades entre elas, Jim Carrey, Adam Sandler e Michael Jackson. O terceiro da lista. Acontece que Michael, embora o homem mais famoso do mundo, mais ocupado e mais rico que os outros dois, era bem mais acessível.



Michael não visitou Gavin no hospital, pois estava viajando, mas ligou para o quarto dele e passaram a se falar frequentemente. Gavin afirmou ter o telefone pessoal de Michael e permissão para ligar a qualquer hora que quisesse. Michael sempre falava com ele, estivesse onde estivesse.



Michael queria ajudar Gavin e se empenhou nisso mais que qualquer outra pessoa. Ele disse a Gavin para imaginar que as células saudáveis estavam comendo as células doentes, como no jogo de Pacman, uma forma de dar ao menino uma visualização menos dramática da doença e encorajá-lo a lutar.



 Claro que a família foi convidada a ir a Neverland e assim fizeram. A primeira vez que lá estiveram, Michael os recebeu, mas não pôde ficar com eles muito tempo, pois estava ocupado. A família voltaria a Neverland inúmeras vezes, com ou sem a presença de Michael Jackson na propriedade. Em muitas ocasiões foram até lá na companhia de Chris Tucker, que acabou se tornando muito amigo de Michael em razão da ligação dos dois com a família Arvizo.



Os Arvizos eram tratados como reis em Neverland. Tinham liberdade para ir onde quiseram e ocupavam suítes de hóspedes normalmente ocupadas por Elisabeth Taylor e Marlon Brando. Claro que Michael Jackson também passou a doar dinheiro para o tratamento de Gavin, assim como deu um carro a eles, pagou viagens, hospedagens, alimentação, diversão e tudo mais que eles quisessem. Também organizou campanhas para doação de sangue, garantindo assim que Gavin nunca mais precisaria se preocupar com as transfusões.



Quando os médicos diziam que Gavin estava morrendo, Michael não aceitava. Ele falava “não, ele não vai morrer, tenham fé.” Janet Arvizo disse que Michael Jackson os tratava como eles jamais foram tratados, que ele era um pai para os filhos dela, que ele os ensinou o que era amor, dignidade e fé. E Gavin afirmou que a fé que Michael o ensinou a ter seria primordial para ele no pior momento e sua vida.



Milagrosamente Gavin foi curado. Eles atribuíram o milagre a um santo de homem Michael. Sim, eles disseram que foi graças a Michael que Gavin foi curado. Não porque ele doou dinheiro, pois esse dinheiro não foi empregado no tratamento, como deveria ter sido, mas porque a sua amizade deu ao menino a força que ele precisava.



E eu fui irônica ao dizer “santo” Michael, porque é muito irônico, que os Arvizos tenham retratado Michael como uma criatura doce, bondosa, generosa, um pai, uma pessoa incapaz de fazer mal e, pouco depois, o retratasse como a pessoa mais sórdida do mundo, capaz do mais vil dos crimes.



Mas o que levou a essa mudança dão radical?



Bem, não é tão difícil entender quando você recapitula o que já foi dito:



1.             Janet Arvizo foi diagnosticada como esquizofrênica;

2.             Ela age por interesse, é movida pela ganância. Veja como ela santificava o marido, mas não pensou duas fezes antes de se livrar dele, depois que recebeu a indenização da JC Penny. Não quero fazer a defesa de David Arvizo, longe disso. Mas eles eram mais que um casal, era uma dupla de golpistas, cumplices. Janet permaneceu com David mesmo com todas as surras enquanto ele serviu aos interesses dela. Depois, ela o acusou até mesmo de molestar a filha deles, quando ela tinha 4 anos de idade. (Perceba que acusações de abuso sexual era uma predileção dela.).

3.             Mentiras fazem parte da vida dos Arvizos, sempre fizeram. Eles viviam de golpes. Foram inúmeros. Contra a JC Penny, contra o supermercado, contra George Lopez. Michael Jackson foi apenas mais uma vítima.  O advogado da JC Penny chamou a acusação contra Michael de “O golpe, parte 2”.



O revoltante, é que muitas pessoas sabiam que os Arvizos causariam problemas a Michael e não o avisaram. George Lopez e Masada já tinha percebido que os Arvizos não eram confiáveis. Lopez afirmou no seu testemunho que os Arvizos ficaram enlouquecidos quando conheceram Michael Jackson, passando a esnobar as outras pessoas e sempre se gabando de ser amigos de Michael Jackson, frequentar Neverland e viajar com o astro.

Os Arvizos encontrara em Michael uma generosidade não vista em mais ninguém. Ele não só pagava diversas coisas de que precisavam, como mantinha as portas de sua casa sempre abertas para a família. E ainda dedicava tempo a eles. Levando-se em conta a agenda cheia que um astro como Michael tinha, isso era muito.

Um fato interessante aqui: Gavin reclamou em sua conversa com os detetives de Los Angeles e repetiu a mesma queixa, durante o testemunho em 2005, de que, certa vez, fora-lhe informado que Michael não estava na propriedade, mas ele veio a se esbarrar com o cantor. Gavin ficou muito magoado por Michael ter mandado dizer que não estava, pois queria brincar com ele. Ele não conseguia entender que Michael estava ocupado demais e apenas não quis chateá-los dizendo que estava em casa, mas não disponível. Gavin não foi capaz de perdoar a mentirinha de Michael. Isso é risível, levando-se em conta que mentira era algo familiar ao menino.

Mas o mais importante nesse incidente é que ele demonstra como Gavin, assim como o resto de sua família. Sempre queria mais, nunca ficavam satisfeitos. Não importava o quanto Michael Jackson tinha feito por eles. Eles queriam mais e mais. Queriam tudo.

Chegou a hora de ir embora e isso não era algo fácil. Ninguém quer sair da vida de um astro milionário. Mas Gavin estava curado e não havia razão para continuarem instalados em Neverland. Ainda mais que, àquela altura, todos já tinham percebido que havia algo de errado com os Arvizos. Os empregados os detestavam. Eles eram rudes, exigentes. Tratavam a criadagem como se eles fossem donos da casa. Pior. Tratavam os empregados de forma como Michael jamais tratou.

Segundo os empegados de Neverland, Michael era sempre gentil e respeitoso, assim como os filhos dele. Mas os Arvizos reclamavam do cardápio, davam ordens com agressividade e aprontavam muito.

Eles foram embora e Michael se afastou. Mas Gavin insistia em manter contato, sempre tentando descobrir o novo telefone de Michael. Michael lhe dava o novo número, mas em seguida mudava-o. Então Gavin lhe enviava cartas, onde implorava para voltar a Neverland e onde ele dizia ao astro que sentia a falta dele e que ele era como um pai. As cartas, por sinal, foram anexadas como provas ao processo criminal em 2005.

Mas talvez tudo tivesse terminado bem. Com Michael sentindo que tinha cumprido sua missão e ajudado Gavin, mesmo tendo percebido que a família tinha uma sede enorme por dinheiro. Talvez ele ficasse em paz com sua consciência e feliz porque o menino foi curado, embora a família fosse um bando de golpistas. E seria tudo.

Porém, o destino novamente tinha uma armadilha muito bem preparada para o cantor. E essa armadilha atende pelo nome de Martin Bashir.

O jornalista britânico, Martin Bashir, ficou famoso após realizar uma entrevista com a Princesa Diana, onde ela assumiu um relacionamento extraconjugal. Não vou me delongar na biografia de Bashir, você pode encontrar isso no Wikipédia, basta saber como ele chegou a Michael Jackson.

Bashir era amigo do sensitivo (leia entortador de garfos) Uri Geller. Geller por sua vez é mais um dos tantos “amigos” entre aspas de Michael Jackson. Michael confiava em Uri e ele o convenceu de que atender ao pedido de Bashir por uma entrevista seria ótimo. Bashir seduziu Michael com paciência, assim como uma ave fazendo a dança do acasalamento, exibindo sua bela plumagem. A bela plumagem de Bashir era a falsa admiração que ele fingia ter por Michael. Ele levou muito tempo bajulando o cantor, tentando convencê-lo de que faria um trabalho honesto, digno e benéfico a Michael. Bashir soube usar a vaidade de Michael para pegá-lo. Ele o elogiava ao oitavo céu e fingia compreendê-lo e apoiar suas ideias. Michael caiu feito um patinho.

É chocante a existência do documentário Living With Michael Jackson, se pararmos para pensar que ele foi feito com umas das pessoas mais reservadas que já existiu. Por que Michael Jackson, que se recusava a dar entrevistas, que detestava falar de sua vida pessoal, decidiu se abrir para um jornalista, um membro da classe que ele tanto desprezava; um representante da classe que o perseguia e humilhava a cada oportunidade?

Porque, infelizmente, Bashir é inteligente, astuto, malicioso e Michael, por outro lado, era ingênuo e vaidoso. Bashir prometeu fazer um documentário para mostrar ao mundo a grandiosidade de Michael não apenas como artista, mas como ser humano. Ele queria mais que tudo mostrar o homem generoso, humanitário, engajado em causas sociais e ambientais. O homem que doava fortunas para tratamento de pessoas com câncer, para custear estudos de jovens negros, para preservação ambiental. Um Michael Jackson que a mídia inescrupulosa (o próprio Bashir assim se referia aos colegas) fazia questão de esconder.

Michael concordou em fazer o documentário, mas, pior que isso, ele concordou em não participar da edição, tal era a confiança que Bashir conquistou. Michael também não queria dinheiro. O doc geraria milhões, mas o que lhe caberia seria doado a uma instituição de caridade na Inglaterra.

Michael Jackson abriu as portas de Neverland para Bashir, abriu seu coração, baixou a guarda e levou a mais covarde apunhalada nas costas que se poderia imaginar.

Antes de começar as entrevistas, Martin Bashir convenceu Michael de que o apoiava, prometendo conseguir uma reunião com Koffi Annan, presidente da ONU, para discutirem sobre um projeto para ajudar as crianças africanas. Bashir convenceu Michael de que apoiava o projeto dele de instituição de um Feriado Internacional das Crianças. E muito mais. Como uma rã incauta hipnotizada pelo chocalho da cascavel, Michael se atirou em direção às presas venenosas de Bashir e isso quase lhe custou a vida. Ou será que eu deveria retirar esse “quase”?

Bashir tinha um plano, isso está óbvio hoje. Ele fez o possível para ganhar a confiança de Michael Jackson, para ter acesso ao mundo dele, mas nunca teve a intenção de fazer um documentário positivo. Isso não venderia. O que ele queria era apanhar alguns deslizes, algumas situações que gerassem controvérsias, alguma declaração que causasse desconfiança, que pudesse ser mal interpretada, manipulada, deturpada. E ele fez o possível para chegar a esse objetivo.

Uma das medidas de Bashir foi pedir aos assessores de Michael que levassem crianças para Neverland, pois ele queria filmar Michael interagindo com as crianças, um grupo de pelo menos 50. Ele queria mostrar ao mundo como Michael Jackson se comportava com crianças. Claro, que Bashir deu a entender que queria colocar a questão em uma perspectiva positiva. Mas não foi o que ele fez, muito ao contrário.

Ele também pediu que o astro Macaulay Culkin estivesse presente em algum dos encontros em Neverland. Mas Macaulay não pôde comparecer. Graças a Deus! Eu nem quero imaginar o que Bashir poderia ter armado.

Ele pediu pra acompanhar Michael às compras e assim, ele pintou um retrato do astro como um sujeito pródigo, absolutamente sem limites, que torrava uma fortuna em poucos minutos, ao filmar Michael em um antiquário apontado peças de milhares de dólares e dizendo “Eu comprei este”, “Comprei aquele”, criando a equivocada ideia de que ele estava comprando sem nem mesmo questionar o preço. Mas na verdade, os artigos já tinham sido comprados dias antes, ele apenas estava mostrando o que estava reservado para ele. Além de que, não creio que os gastos de Michael mereça muita atenção. A ideia de que ele estava falido é absurda, mas isso é discussão para outro tópico, que não cabe aqui. O importante é que se frise é a intenção de Bashir em sempre colocar Michael em uma situação que provocaria um mau julgamento do telespectador. Fosse acerca do caráter de Michael, fosse da sanidade mental dele, ou de sua capacidade de julgamento.

Durante todo o documentário Martin Bashir faz questionamentos sobre o caráter de Michael e leva o telespectador a pensar em Michael como um louco que vive de forma perdulária, um pervertido recluso, que não tem capacidade mental para criar os filhos e que é perigoso para crianças.

Mas nas partes cortadas da entrevista, que viemos a conhecer graças ao doc apelidado de Take 2, mas com o nome verdadeiro de The Michael Jackson Interview: The Footage You Never Meant To See. E também graças às partes mostradas em julgamento, que Aphrodite Jones descreve no livro dela, Michael Jackson Conspiracy (http://theuntoldsideofthestorymj.blogspot.com/2012/01/conspiracy-capitulo-29-ask-me-how-i.html), Martin Bashir elogiava o comportamento de Michael, a bondade, a generosidade, a genialidade dele como cantor, dançarino e compositor e até mesmo disse que sentiu lágrimas nos olhos ao ver a forma tão natural com que Michael lidava com os filhos. Bashir diz a Michael que o mundo o julga mal porque não o conhece. Que as pessoas deveriam ir a Neverland ver como era. Que não era nada menos que espiritual.

No doc Living With Michael Jackson, os comentários de Bashir vão, absolutamente, em sentido contrário. Além de que as entrevistas foram cortadas e editadas de forma a mostrar Michael da pior forma possível.

O mais relevante em tudo isso, o cerne do problema: Bashir pediu para filmar uma criança que Michael tinha ajudado. E foi graças a esse pedido que os Arvizos voltaram à vida de Michael Jackson, dessa vez, para destruí-la.

Havia outra pessoa em Neverland, a quem Michael ajudou, disposto a dar entrevista, o homem conhecido como Dave Dave. Dave Rothenberg, que foi queimado pelo próprio pai e que tinha uma amizade profunda com Michael Jackson, que lhe deu apoio naquele momento terrível de sua vida. Mas Bashir não se interessou por Dave Dave. Afinal, ele já não era mais criança, e era é muito deformado em razão do crime horrendo do qual foi vítima.

Mas Gavin, já curado do câncer, era um galalau forte (não entendo por que a imprensa insiste em se referir a ele como pobre menino com câncer, como criancinha) e de boa aparência. Antes de entrevistar Gavin, Bashir conversou com os irmãos dele que repetiram a história de que a amizade de Michael curou Gavin, que os médicos disseram para preparem o funeral, mas Michael nunca desistiu e Gavin foi curado.

A entrevista com Gavin é o ponto mais crítico de todo o documentário.

Induzido por Bashir, que dava instruções de como queria que ele se portasse, Gavin deitou a cabeça no ombro de Michael e a pedido do jornalista, segurou as mãos do cantor. Bashir dizia querer mostrar como eles eram próximos, que tinham um amor fraterno entre eles. Janet Arvizo disse em sua entrevista, mais tarde, que Gavin segurou a mão de Michael como um filho segura a mão de um pai. E que ela gostaria de perguntar àqueles que eram pais, se eles não seguram as mãos de seus filhos.

Mas a cena não provocou esse tipo de concepção. Muito ao contrário.

As pessoas, em sua maioria, não viram com bons olhos a forma como Gavin estava agindo e logo passaram a questionar se aquele envolvimento era adequado. Principalmente porque Bashir, desde antes da entrevista, anunciou que ficou desconfortável e preocupado quando conheceu o “garotinho”. Também, desde o início Bashir vinha insinuando que Michael se comportava mal com crianças, dizendo que Neverland era um local perigoso para “crianças em situação desfavorável”. Embora ele tenha afirmado que nunca viu nada in apropriado acontecer.

Lembrem-se de que foi o próprio Bashir que pediu pela presença das crianças. É notável como o jornalista, absolutamente sem ética, agiu, desde o início, com o propósito de colocar Michael em situações desfavoráveis. Bashir manipulou Michael Jackson com facilidade, uma vez que tinha conquistado a confiança dele, por fingir que o entendia e respeitava.

Até mesmo para muitos fãs a cena não foi agradável. Afinal, estavam vendo aonde Bashir queria chegar. Era gritante a intenção do jornalista e os fãs de Michael que estavam vendo o documentário, pela primeira vez, começaram a sentir um frio no estômago. Era o prenúncio de que uma tempestade nos atingiria com toda a força violenta de que é capaz.

Gavin fez de tudo para mostrar seu afeto por Michael. Importante que se leve em conta que ele não via o cantor há algum tempo, que ele vinha pedindo permissão para voltar a Neverland e que o convite para ir até lá chegou de repente. Era a chance que ele tinha para mostrar a Michael que ele realmente estava sentindo sua falta, que ele era realmente como “um pai.”.

Gavin tratou de elogiar Michael, chamando-o de muito legal. E para provar como Michael era legal, ele disse a Bashir:

“Ele é tão legal! Eu pedi para dormir no quarto dele e ele deixou. Eu disse ‘Você pode ficar com a cama’, mas ele disse ‘Não você fica com a cama’, e eu falei, ‘Não, você fica, eu durmo no chão, mas ele disse ‘Se você me ama, você fica com a cama, eu durmo no chão. ’”

NO CHÃO! Preste bem atenção a isso. Michael não sugeriu que Gavin dormisse ao seu lado na cama. Ele cedeu a cama ao menino. Mas isso é convenientemente ignorado quando a imprensa relata o caso.

Também importante que se frise que eles não estavam sós. Também estavam lá o irmão de Gavin, Star, Frank Cascio e os filhos de Michael. Todos dormiram no quarto de Michael, que é do tamanho de um apartamento duplex.

Michael, então, confirmou que tinha permitido que Gavin dormisse no quarto dele, explicando que fez uma cama no chão com cobertores. Bashir questionou Michael dizendo, “Isso é adequado, Michael? Ele tem 13 anos, você tem 44.” Mas antes que Michael respondesse, Gavin disse que Michael não tinha 44 anos, mas 4, e abraçou o cantor de forma afetuosa. Em seguida Gavin disse a Bashir que não importava a idade que as pessoas diziam que você tem, mas o que havia em seu coração. Bashir continuou dizendo que não estava certo. Essa cena chega ao fim, mas Bashir continuou questionando o comportamento de Michael Jackson durante a narrativa. Insinuando que algo errado estava acontecendo. Em outra cena do doc, Bashir volta ao tema e pergunta a Michael se alguma vez ele dormiu na cama com Gavin, ao que Michael responde “não”.

Porém, Michael afirmou ter dormido com outras crianças e que isso não era errado, pois ele não era um psicopata. Bashir e Michael discutem sobre ser ou não adequado um adulto ter crianças em sua cama e Michael insiste que era pura a relação dele com crianças, que elas pediam para ficar no quarto dele e que ele permitia porque queria ser gentil. Michael se irrita por Bashir dizer que ele dormia com garotos, corrigindo-o ao esclarecer que ele permitia crianças em seu quarto, meninos e meninas, não apenas meninos. Essa cena foi uma das mais tensas de todo o doc, pois Bashir deixou Michael visivelmente chateado, pois do assunto dormir com crianças passou às surras e cirurgia plástica. Bashir ainda viria a mostrar o incidente em Berlim em que Michael mostra o bebê aos fãs, do balcão de seu quarto no hotel. Um erro que foi elevado à décima potência por se tratar de Michael Jackson.

Não serei hipócrita de dizer que considero correto o que Michael fez naquela ocasião, nem que foi algo banal. O que critico aqui é a forma como isso foi escandalizado. Mostrado ad nausean. Seria assim se tratasse de outra pessoa? Você já viu alguém criticar Steve Irvin por alimentar um crocodilo enquanto segurava o filho dele, de poucos meses, em uma das mãos? Você viu alguém chamar Irvin de louco e dizer que ele não tinha condições mentais de criar os filhos, como fizeram com Michael? Você, pelo menos, sabia que isso tinha acontecido? Aliás, você sabe quem é Steve Irvin, o caçador de crocodilos?

Eu aposto que sua resposta para todas essas perguntas é um redondo NÂO.

Mas voltemos aos Arvizos.

Depois que o documentário foi lançado, a imprensa ficou enlouquecida tentando conseguir uma entrevista com Michael e com a família Arvizo. Os telefones de Neverland não paravam de gritar. A família Arvizo foi perseguida por jornalistas em busca de uma história sensacionalista.

Enquanto isso, uma professora fez uma denúncia ao Departamento de Serviço à Criança e à Família de Santa Barbara, sobre uma suspeita de abuso sexual infantil. As assistentes sociais entrevistaram a família Arvizo e concluíram que NÃO HAVIA FUNDAMENTO PARA A DENÚNICA, pois a família negou qualquer mau comportamento por parte do artista, a quem consideravam um pai.



Veja o relatório das assistentes sociais aqui:


Com base nesse relatório o DSCF arquivou o caso e a promotoria de Santa Barbara fez o mesmo, com base no mesmo relatório.

Tentando conter os estragos que o documentário poderia causar em sua imagem, Michael contratou uma empresa de Relações Públicas, que traçou um plano de contenção de danos. Logo eles perceberam que havia filmagens suficientes para um documentário resposta, que veio a ser o Take 2. 

Antes que o doc citado fosse realizado, porém, a família Arvizo pediu proteção a Michael Jackson, afirmando estar cansada da perseguição dos jornalistas e também afirmaram que Gavin estava sendo provocado por colegas de escola.

Segundo revelou Chris Tucker no testemunho dele em 2005, os Arvizos o ligaram procurando por Michael, chorando e dizendo que não conseguiam localizá-lo. Michael estava em Miami. Chris fez de tudo para encontrar o astro, comovido com o desespero da família que o implorou para leva-los até Michael. Anote isso. OS ARVIZOS IMPLORARAM A CHRIS TUCKER QUE OS LEVASSEM ATÉ MICHAEL JACKSON. Tucker fretou um jato e os levou a Miami para se encontrar com Michael. Mas àquela altura, Chris já temia por Michael, pois tinha percebido que os Arvizos não eram boas pessoas. Algo que ele se recusou a ver durante muito tempo, pois tinha pena de Gavin. Mas Tucker tinha muitos motivos para desconfiar dos Arvizos e ele tentou alertar Michael.

Laia aqui a transcrição do que ele disse no julgamento de Michael em 2005, citado por Aphrodite Jones no livro dela:




Segundo Tucker os Arvizos quiseram ir direto para cobertura para dizer olá a Michael. Nos dias que se seguiram, a família desfrutou do conforto proporcionado por Michael Jackson e puderam descansar e esquecer a perseguição que estavam sofrendo. Eles retornaram a Los Angeles em um jato particular fretado por Michael e se instalaram em Neverland.

Em Miami, ficou decidido que uma entrevista seria gravada com a família Arvizo em resposta ao doc de Bashir e essa entrevista faria parte do Take 2. Naquele tempo, Janet Arvizo não mais vivia com David Arvizo, mas namorava o major Jay Jackson (Sem parentesco com Michael), e a entrevista foi gravada no apartamento dele. Na dita entrevista, Janet se queixa da forma como a imprensa e, sobretudo, Bashir tinha deturpado toda a relação linda e fraternal que Michael tinha com os três filhos dela e de forma dramática conta com a vida deles eram antes de conhecerem Michael Jackson.

Janet e os filhos se referiam a Michael como um homem de família, um pai, alguém que ensinou a eles o que era amor, bondade, dignidade e fé. Alegremente, a mulher e os três adolescentes contam sobre a amizade com o astro e parecendo muito sinceros falam do amor que sentiam por Michael. Em suma, a família Arvizo, endeusou Michael Jackson, deixando claro que ele apenas havia feito o bem. Essa entrevista, contudo, veio a se tornar a principal prova da promotoria no caso contra Michael Jackson.

Agora você ficou confuso, não? Mas vamos tentar elucidar toda a história.

Os Arvizos se instalaram em Neverland depois que voltaram de Miami, mas já sentiam que Michael estava distante. E com razão ele estava, pois todos já tinham notado que a família Arvizo era um bando de golpistas, porém, Michael se sentia mal pelo que tinha acontecido com Gavin e, assim, permitiu que ficassem em sua casa. Sem prazo. Mas ele mesmo, pouco esteve em Neverland durante a estadia deles. Segundo os empregados que testemunharam no julgamento, Michael passava mais tempo na casa da família Cascio.

Sabe-se lá por que razão Janet Arvizo saiu de Neverland e para lá regressou em três ocasiões, depois de toda a confusão. Sendo que, em uma das ocasiões, ela foi até o mordomo e, parecendo desesperada, pediu a ele os levassem para casa. O mordomo, Jesus Salas, pegou o Rolls Royce de Michael e levou os Arvizos para casa. Mas eles regressaram cerca de uma semana depois. E depois voltaram a pedir-lhe que os levassem para casa, mas dessa vez ele não pode fazer pessoalmente, porém chamou uma limusine para leva-los. Mas os Arvizos retornaram cerca de uma semana depois. Ficaram por duas semanas e saíram de Neverland por volta da meia noite, para nunca mias voltar. E acusaram Michael Jackson de abuso sexual, sequestro, cárcere privado, fornecer álcool às crianças e planejar enviá-los para o Brasil, com passagem só de ida, em um balão.



Não entendeu nada? Ok, vamos por partes.

A família Arvizo queria dinheiro. Lógico. Eles não deram a entrevista em defesa de Michael sem interesse financeiro e passaram a cobrar isso. Mas Michael já tinha dado muito aos Arvizos e, além do mais, o que eles disseram na entrevista era verdade, não era? Pelo menos era o que eles diziam a todo mundo a quem tinha oportunidade, inclusive disseram às assistentes sociais.

Janet sempre foi instável, ora, ela foi considerada esquizofrênica pelo psiquiatra no caso JC Penny. Que outra razão levaria a mulher a pedir para ser levada para fora de Neverland, demostrando desespero, sem nenhuma razão, e voltar para lá uma semana depois, para tornar a pedir para sair, da mesma forma maluca, aparentando desespero sem motivo e tornar a voltar, para depois sair de lá, pela terceira vez; e nessa, já altas horas da noite?

Segundo ela e os filhos, eles foram para Neverland porque estavam sofrendo ameaças de morte e saíram de lá porque estavam com muito medo. Da mesma forma que foram a Miami porque estavam sendo ameaçados. Ela alegou que Michael a ligou dizendo que pessoas muito más queriam matá-la e aos filhos dela e que ela deveria ir a Mimai.

 Não seria melhor ir á polícia? Se havia alguém querendo mata-los a melhor coisa a fazer não seria procurar a delegacia mais próxima? E quem, em nome de Deus, iria querer matar os insignificantes Arvizos? Por que motivo? E em que ir a Mimai ajudaria?

Mas, lembra-se que Tucker revelou no testemunho dele que a família Arvizo o implorou para encontrar MJ e leva-los até ele? Tucker tinha as chamas telefônicas registradas para provar. Eram diversas ligações da família para Tucker, não o contrário. Eles não sabiam onde Michael estava, fez Tucker encontra-lo, alugar um jato e ir até ele. Portanto, como é que ela podia alegar que Michael foi quem ligou e disse para ela ir se encontrar com ele?

Ao voltar de Miami, Janet procurou um escritório de advocacia com o intuito de processar Martin Bashir e a rede de TV que produziu o documentário. Ela procurou diversos advogados, mas todos recusaram a causa. Porém um deles viu nisso uma grande oportunidade e elevou a família para ver Larry Feldman, o mesmo advogado que representou os Chandlers em 1993. Feldman, por sua vez, encaminhou os Arvizos a Stanley Katz, o mesmo psiquiatra que apoiou as acusações de Jordan Chandler, em 1993 e depois de diversas conversas com Katz, Feldman decidiu que havia um caso grande em mãos. Um caso de abuso sexual contra Michael Jackson, novamente.

Durante esse vai e volta do escritório de Feldman, Janet Arvizo e os filhos estavam em Neverland, de onde saíam e voltavam quando bem desejavam. Os seguranças do rancho testemunharam que a família tinha liberdade para sair quando bem quisessem e até fizeram viagens curtas á cidades próximas. O livro de registro na portaria de Neverland confirma isso. Eles também saíam frequentemente para fazer compras, ir ao dentista e dar pequenos passeios pela cidade. Foi o motorista de Michael que a levou ao escritório de Feldman em algumas ocasiões. Mal ele sabia que ela estava tramando contra Michael.



O famoso jornalista Larry King testemunhou em audiência provada que naquela época ele e Larry Feldman tiveram dois encontros, pois Feldman desejava ser convidado permanente no programa Larry King Live para falar sobre a investigação contra Michael Jackson. Segundo King, no primeiro encontro, Larry Feldman lhe disse a mãe (Janet Arvizo) era uma louca, em quem não se podia acreditar. E que, por isso, ele Feldman, não iria pegar o caso. Conforme King, Feldman disse que em 1993 ele tinha um grande caso, mas aquela mãe (Janet) era uma maluca. King não foi autorizado a testemunhar diante do grande júri, no entanto, porque o juiz Melville “entendeu” que o que ele tinha a dizer era irrelevante. Bem, como o juiz pode considerar irrelevante a revelação de que o advogado de Janet Arvizo a considerava maluca e mentirosa pode ser um dado irrelevante é coisa que nunca conseguirei entender. Ou melhor, todos sabemos bem o motivo da decisão injusta de Melville.

King não foi aceito como testemunha, embora ele seja uma pessoa respeitada e tenha escutado da boca do próprio Feldman aquelas declarações. Eram informações de primeira mão, mas o juiz dispensou King como testemunha. No entanto, ele aceitou que depusessem pessoas como Ralph Chacon e Adrian McManus, ex-empregados de Neverland que venderam histórias sobre Michael a tabloides, que processaram Michael alegando terem sido despedidos injustamente e acabaram condenados por difamação, furto e processo malicioso.

Melville recusou King como testemunha, embora fosse consistente o que ele tinha dizer, mas permitiu que pessoas condenadas por difamação contra Michael Jackson, que deviam milhões em indenizações ao cantor, que o tinham furtado e que venderam histórias sórdidas, comprovadamente farsas contra ele, testemunhasse em benefício da promotoria.

Como uma pessoa que difamou alguém no passado, que a furtou e processou maliciosamente, pode ser considerada inidônea para testemunhar contra ela em um processo criminal? Evidente que Chacon e McManus tinham motivos pessoais para testemunharem contra Michael. Eles queriam se vingar. Mas Melville tomou decisões absurdas incontáveis vezes. Seria preciso um livro para tratar de todas elas.

King ainda disse que após aquele encontro Larry Feldman desapareceu e que os dois voltaram a se encontrar muito tempo depois. Já naquele momento, Feldman tinha mudado de ideia sobre participar do programa. King soube dias depois que Feldman tinha decidido processar Michael Jackson.

O que fez Feldman mudar de ideia? Ele considerava Janet Arvizo uma maluca, em quem não se podia confiar, mas decidiu pegar o caso e processar Michael. Por quê?

O envolvimento de Katz fez muita diferença. Mas não só isso.

Como psiquiatra, a opinião de Katz era muito importante e ele deu “parecer” dizendo que havia indícios de que um abuso sexual tinha ocorrido. Era o que Feldman precisava.

Um processo contra Martin Bashir e a rede de TV que produziu o documentário poderia não resultar em nada. Mas um segundo processo contra Michael Jackson poderia significar mais vinte milhões em indenizações. Talvez mais. Lembrem-se de que desses vinte milhões, seis couberam a Feldman.

Até aquele momento, até falar com Feldman e o doutor Katz a família Arvizo apenas demonstraram intenção de processar Martin Bashir e a rede de TV. Mas depois de sucessivos encontros com o advogado e o psiquiatra eles decidiram processar Jackson. Foi nessa ocasião que Janet Arvizo deixou Neverland de uma vez por todas, vindo a alegar, mais tarde, que tinha fugido do rancho, porque se sentia em perigo.

A verdade é que Janet saiu do rancho de uma vez por todas, porque ela estava determinada a arruinar Michael por dinheiro. Antes de tomar a decisão final, ela vinha e ia de Neverland quando bem lhe interessava.

Mas o que não se soube até o julgamento de Michael, em 2005, é que Feldman e Katz tinha um lucrativo acordo. Feldman enviava a Katz pacientes e recebia de volta clientes com histórias de abuso sexual. Um processo com pedido de indenização se seguia, sendo que, dez por cento que Feldman ganhava cabia a Katz. Muito interessante, não?

A polícia descobriu nas anotações de Katz, a seguinte observação: “Eu disse ao menino (Gavin) que se a família dele prossegui no processo contra Michael Jackson, eles ganharão muito dinheiro.”

Podemos dizer que é no mínimo incoerente um psiquiatra sugerir ao seu paciente que ele deva processar um suposto agressor por dinheiro.

Outra informação importante sobre Katz é o envolvimento dele com o detetive Brad Miller, o detetive particular que trabalhava para Mark Geragos, advogado de Michael no início do caso. Miller era, também, paciente de Katz.

Esse envolvimento é importante porque, a principal peça da acusação consistia em uma fita de vídeo retirada, ilegalmente, importante que se frise, do escritório de Miller. O vídeo da entrevista da família Arvizo defendendo Michael Jackson.

Katz não foi forçado a testemunhas obre isso, porque o juiz Melville, novamente decidindo em favor da promotoria, considerou que isso violaria o sigilo cliente advogado, embora não houvesse necessidade de Katz falar nada sobre a ficha médica de Miller, apenas confirmar se o conhecia ou não e se tinha conhecimento da fita.

A questão da fita de vídeo retirada ilicitamente do escritório de Miller levou a uma discussão ferrenha entre defesa e acusação. O promotor Tom Sneddon negava que tivesse ciência de que Miller trabalhava para Geragos, quando testemunhou no julgamento. (Sim Sneddon teve que sentar no banco de testemunhas para se explicar), mas ele havia dito que sabia que era Miller durante o procedimento do grande júri. Portanto, Em uma das ocasiões, ele cometeu perjúrio.

Janet Arvizo também havia dito, diante do grande júri que conhecia Miller, mas negou isso no testemunho durante o julgamento. Não há razão para eles afirmarem que sabiam quem era Miller, se não sabiam. Portanto, só posso crer que ambos mentiram quando disseram que não sabiam. Sneddon sabia quem era Miller, porque Janet ou Katz lhe disseram, talvez ambos e ele sabia exatamente o que procurar no escritório do detetive: a fita da entrevista da família Arvizo.

Ora, você deve estar se perguntando, por que diabos Sneddon queria uma fita em que a família defende Michael Jackson e como tal fita pôde vir a se tornar principal prova da acusação?

Bem, realmente na dita entrevista a família Arvizo elogia Michael Jackson até o oitavo céu, se referindo a ele como um pai, como a melhor pessoa do mundo e negando qualquer ato censurável da parte dele. Então como ela poderia servir de prova à acusação?

Vamos tentar pensar como Sneddon. Tomamos ciência de que a família de acusadores gravou uma entrevista contando sobre a linda amizade que ela tem com o agressor, nessa entrevista eles afirmam que ele, o suposto agressor nunca fez nada de erado, ao contrário, é uma pessoa maravilhosa, que os ensinou o que é amor, fé, solidariedade. Assim, como você poderia pegar essa mesma família e coloca-las diante de um júri e tentar convencê-lo de que ela foi vítima da mesma pessoa a quem elas se referram como o melhor homem do mundo, um pai?

Bem, se você é uma pessoa ética e honesta, provavelmente tomaria a decisão lógica: descartar a possibilidade de ter havido qualquer agressão. Mas estamos falando de Tom Sneddon, portanto, esqueça ética, honestidade e, sobretudo, esqueça a lógica, porque esse homem desconhece a tudo isso.

Ao saber da existência da tal fita, que seria, sim, uma prova da defesa, Sneddon invadiu o escritório de Miller e a retirou de lá, violando o sigilo cliente-advogado, mais um direito de Michael que o promotor violou sem a menor cerimônia.

Agora com fita em mãos, Sneddon precisava reverter a situação, criando uma absurda teoria de conspiração, em que ele alegava que Michael Jackson sequestrou a família Arvizo e a forçou a gravar a tal entrevista, defendendo-o. E isso porque a vida profissional e pessoal dele estavam correndo o riso de ir para o espaço, devido ao escândalo provocado pelo documentário.

A falta de lógica disso gritante, por isso não é de se admirar que não consigam compreender a manobra de Seneddon de imediato. Vamos tentar explanar da melhor forma possível. Para tanto vamos recapitular alguns fatos.

Os Arvizos, família de golpistas que se aproveitaram de uma doença terrível para explorar pessoas que deles se apiedavam, principalmente celebridades, dentre elas Michael Jackson, não queria perder a mordomia encontrada na casa do astro. O documentário de Martin Bashir foi a chance que eles tanto precisavam para retornar ao rancho, à vida de Michael.

Após o documentário Living With Michael Jackson, uma professora fez uma denuncia de que poderia estar ocorrendo abuso sexual infantil ao DSCF de Santa Bárbara. Assistentes sociais entrevistaram a família Arvizo, que negou tudo. O promotor de Santa Bárbara, Tom Sneddon, arquivou o caso com base no relatório da DSCF.

Michael, ocupado com as manobras de contenção de danos viajou com a equipe dele para Miami. Enquanto isso, a família Arvizo estava em Los Angeles fugindo de jornalistas ávidos por uma história sórdida.

É claro que eles queriam alguma recompensa pelo que correu. Gavin e os irmãos apareceram no documentário sem a autorização de Janet e ela queria uma indenização por isso, mas a ideia inicial era processar Bashir e a TV Granada, que produziu o documentário.

Alegando que estavam cansados do assédio dos jornalistas e que Gavin estava sofrendo bulling na escola, Janet Arvizo ligou insistentemente para Chris Tucker para que ele localizasse Michael e os levassem até ele. Chis fretou um jato e levou os Arvizos para Miami. Já àquela altura Chris Tucker desconfiava das intenções dos Arvizos e tentou avisar Michael de que algo não estava certo.

Os Arvizos desfrutaram de alguns dias no luxuoso hotel, na companhia de Michael Jackson, os filhos do cantor e os irmãos Marie Nicole e Aldo Cascio, além de assessores de Michael, que estavam com ele. Regressaram a Los Angeles em um jato da companhia extrajet, fretado pelo astro. Estavam no jato, Michael, os três filhos, Janet Arvizo, Gavin. Star e Davellin, Marie Nicole e Aldo Cascio, além de assessores de Michael e a tripulação.

A família Arvizo se hospedou em Neverland por mais de uma semana e de lá saiu, como já foi dito antes, levados por Jesus Salas, o mordomo.

A pedido da empresa de Relações Públicas, a família gravou uma entrevista na qual contavam a verdade sobre o relacionamento delas com Michael Jackson. Nessa entrevista eles negam qualquer conduta reprovável por parte do astro. A entrevista foi conduzida por um produtor alemão, que em nenhum momento coagiu os Arvizos a dizer o que eles não queriam, ao contrário, deixou-os a vontade para falar sobre qualquer coisa, conforme comprova a parte em “off” da entrevista.

Vejam aqui, em um trecho do livro Michael Jackson Conspiracy, de Aphrodite Jones, o que a família Arvizo falou naquela entrevista: http://theuntoldsideofthestorymj.blogspot.com/2011/12/conspiracy-capitulo-21-shes-out-of-my_19.html




Como já referido, a entrevista foi gravada no apartamento do major Jay Jackson, que estava presente, embora não apareça no vídeo. Os Arvizos, como você pode ver no vídeo acima, estavam contentes e muito tranquilos durante toda a entrevista. Estavam sorridentes ao falar de Michael Jackson e ficaram bravos apenas ao falar sobre como a imprensa tinha manipulado tudo, transformando uma linda amizade em algo sórdido.

Mas algo mudou a cabeça de Janet. Ou ela apenas decidiu que era melhor tentar arrancar dinheiro de Michael Jackson que ser amiga dele. Assim, a entrevista não foi incluída no documentário, mas ficou guarda no escritório de Brad Miller, que trabalhava para o advogado Mark Geragos. Conforme testemunho de Geragos em 2005, ele não confiava nos Arvizos e por isso colocou Miller de olho neles. Geragos sentia que a família estava tramando algo e ele tinha razão.

Durante a estadia Janet em Neverland, depois da viagem a Miami, ela visitou o escritório de diversos advogados, incluindo Feldman. Feldman enviou a família a Katz, em pelo menos duas ocasiões e Katz informou a Larry Feldman que havia indícios de que um abuso sexual tinha ocorrido. Feldman, que não acreditava nos Arvizos e considerava Janet uma maluca, mudou de ideia quanto a representa-los. Então, ele ajuizou uma ação civil contra Michael Jackson, alegando abuso sexual e pedindo uma indenização milionária, assim como fizera no caso Chandler.

Porém, revelou-se mais tarde, que a família Arvizo também teve encontros furtivos com o promotor Tom Sneddon, que continuava a investigar e a tramar contra Michael Jackson, às escondidas. Feldman também teve suas conversas com o promotor de Santa Barbara e dessa relação com Sneddon resultou o arquivamento do processo civil contra Michael.

Por quê?

Ora, a história dos Arvizos não tinha sentido e havia a entrevista com as assistentes sociais, na qual eles negaram qualquer abuso e também a entrevista gravada que deveria ter feito parte do documentário resposta e ainda uma entrevista com detetives onde, novamente, eles afirmaram, sob juramento, nunca ter ocorrido nada de errado entre eles e Michael Jackson.

Como lidar com isso? Como convencer um júri de que a mesma família que, em diversas ocasiões distintas, tinha defendido Michael era, na verdade, vítima dele?

Certamente não seria fácil e Feldman não é burro, ele não entrava em um jogo para perder. Um advogado renomado e com o prestígio dele não arriscaria sua carreira em um caso perdido. Mas Feldman sabe como reverter um jogo a seu favor. Pode lhe faltar ética e decência, mas certamente não lhe falta inteligência.

Feldman não correria o risco de continuar em um processo contra Michael Jackson tendo uma história tão fraca e testemunhas de caráter duvidoso em suas mãos. O ganho poderia ser alto, se vencessem, mas o prejuízo também poderia ser enorme e os Arvizos não tinham muitos recursos, apesar de todos os golpes que aplicaram.

Assim, Feldman entrou em contato com Sneddon e obviamente o promotor tinha uma ideia brilhante que serviria a todos. Seria perfeito para que o promotor se vingasse de Jackson, alavancasse sua carreira e para Feldman, Katz e os Arvizos ganharem muito dinheiro. Essa solução perfeita era um processo criminal contra Michael.

Sneddon tinha certeza de uma coisa: um processo civil contra Michael passaria a ideia de que tudo tinha sido por dinheiro. Ele não queria que isso acontecesse. Feldman, por seu turno, sabia que os Arvizos não eram confiáveis e que o processo seria de alto risco. Portanto melhor seria abandonar o processo civil, temporariamente, para que Michael passasse por um julgamento na esfera criminal e, se condenado, enfrentasse uma ação civil, agora, já derrotado antes do jogo.

Uma ação criminal pouparia dinheiro a Feldman e a família Arvizo, pois ficariam na conta do estado, os gastos com investigações e processos, além de que, uma vez condenado na esfera criminal, o dever de indenizar é certo, Portanto, bastaria, na esfera civil, reclamar um valor, sem haver necessidade de se provar a culpa, pois esta já restaria provada.

Realmente era a melhor solução, pois assim o estado pagaria por aquilo que Feldman teria que pagar e se não chegassem aonde queriam, o prejuízo seria dos contribuintes, não deles. Feldman e Sneddon nada perderiam.

Sneddon, aliás, estava esperando por aquela oportunidade há dez anos. Dez anos o promotor esperou pela chance de colocar as garras em Michael Jackson. E ele não ficou quieto durante todo esse tempo. Nada disso. Ele sempre o esteve investigando, sempre o perseguiu, ainda que de forma velada e não oficial. Seneddon conseguiu que três leis fossem promulgadas para que ele conseguisse atingir seu propósito de jogar Michael na cadeia para o resto da vida dele. O promotor de Santa Bárbara usando de sua influência foi até o legislativo com propostas de leis que tinham Michael como alvo.

Uma dessas leis diz que em uma alegação de abuso sexual, para que ocorra o indiciamento, não é preciso indícios de culpa, basta, simplesmente, a palavra da vítima. Também foi promulgada uma lei que diz que uma suposta vítima de abuso sexual pode ser forçada a depor. Assim se evitaria o que ocorreu em 1993, quando Jordan Chandler se recusou a testemunhar contra no caso criminal. Por fim, foi promulgada uma lei que permitia que alegações do passado fossem usadas em um caso atual. Perceba, antes dessa lei, nem mesmo provas de um caso passado poderiam ser usadas em um caso atual e tudo isso foi alterado porque Sneddon usou o poder que ele tinha para influenciar o legislativo e, quem sabe assim, conseguir jogar Michael em uma prisão fétida para sempre.

Mas como levar Michael a julgamento com uma história tão absurda, em que supostas vítimas aparecem em, pelo menos, três ocasiões distintas negando qualquer abuso sexual?

Simples. Você cria uma teria de conspiração envolvendo sequestro, ameaças de morte, uso de entorpecentes, síndromes que não lhe permite saber o que é bom ou ruim para você e cria uma sequência cronológica surreal.




















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