Conspiracy, capítulo 15 "We Are Here To Change The World"
“We Are Here To Change The World”
Quando o julgamento se desenvolveu completamente, a briga sobre permitir testemunhos referentes às acusações anteriores contra Michael Jackson tornou-se uma questão legal, sobre a qual, especialistas não podiam entrar em um consenso. As régras pareciam ser gerais e uma audiência especial foi realizada sem a presença do júri. O time de defesa arguiu que as acusações anteriores contra Michael eram irrelevantes, que o acusador anterior não tinha credibilidade.
Mas a promotoria queria que o juiz admitisse que o testemunho fosse dado no tribunal, como uma prova de “má conduta similar”. Se o juiz Melville determinasse que as alegações anteriores tinham relevância para as acusações atuais, ele poderia autorizar o testemunho pelo valor probatório. O time de defesa de Jackson estava ultrajado pelo estratagema da promotoria, arguindo que qualquer acusação anterior seria usada apenas para envergonhar e humilhar Michael Jackson.
Especialistas legais acreditavam que se as alegações de má-conduta anteriores fossem introduzidas no registro, o júri poderia decidir focar nas alegações anteriores e, assim, ignorar algumas das “imprecisões” do testemunho de Gavin Arvizo. O time de defesa repetidamente arguiu que as alegações feitas pelo acusador de Jackson, em 1993, foram motivadas pelo acordo financeiro que a família Chandler desejava e lutou veementemente para desacreditar as alegações de Jordie Chandler, insistindo que o menino Chandler, que aparentemente tinha conseguido um acordo de 20 milhões de dólares em nome da família Chandler, tinha apresentado uma estória cheia de buracos.
Do lado de fora do tribunal, o empresário de longa data de Jackson, Frank Dileo, afirmaria que Michael Jackson tinha prometido a Jordie Chandler uma carreira no cinema, dizendo aos membros de mídia que quando a carreira de Jordie não se materializou, as acusações de abuso sexual emergiram, de repente. Tem havido alegações de que Chandler admitiu que eles queriam dinheiro, tem havido alegações de que os Chandlers queriam que Jackson os impulsionasse para a fama, mas ninguém na imprensa relatava nada sobre isso.
Diante do juiz Melville, Tom Mesereau não apenas arguiu contra a validade da estória da família Chandler, ele também arguiu contra a validade das acusações feitas pelos acusadores anteriores de Michael, prometendo que ele tinha evidências o bastante para desacreditar cada um deles. O advogado de defesa disse a Melville que “a promotoria está tentando apoiar um caso fraco” trazendo meninos cujas estórias são “cheias de problemas”. Mesereau arguiu que as testemunhas que a promotoria planejava chamar, sobre os alegados atos anteriores, estiveram envolvidas nos próprios processos civis contra Michael e eram pessoas que tinham “desejo de vingança”.
“Por que permitir que eles tragam empregados descontentes que perderam o processo deles?” Mesereau disse em relação ao testemunho de terceiros, sobre àquelas alegadas acusações. Mas os argumentos dele não foram ouvidos.
No final da audiência especial, o juiz Rodney Melville decidiu em favor da promotoria, tomando a decisão de permitir que fossem apresentados testemunhos sobre alegados atos sexuais anteriores, não apenas dos acusadores, mas dos ex-empregados de Neverland que afirmavam ter testemunhado certas atitudes como terceira parte.
Isso foi considerado a maior “vitória” para a promotoria. O juiz Rodney Melville decidiu que ele permitiria que o júri em Santa Maria escutasse os testemunhos sobre a amizade anterior de Michael com outros cinco garotos, e nesta lista estava o ator Macaulay Culkin.
Mas Macaulay Culkin, além de dois outros garotos que foram intimados, iria, eventualmente, cooperar com a defesa ao negar qualquer mau ato de Michael Jackson. A única pessoa na lista que concordou em cooperar com a promotoria foi Jason Francia, o filho da ex-arrumadeira, que tinha recebido 2 milhões em um acordo por alegar que o pop star tinha feito “cócegas” nele.
Quanto a Jordie Chandler, o rapaz não desejava testemunhar e parecia que a promotoria não conseguia localizá-lo. De acordo com pessoal interno, Sneddon não poderia forçá-lo a sentar no banco de testemunhas. Em substituição à presença de Jordie, como testemunho de parte terceira tinha sido admitido, a promotoria ofereceu o testemunho da mãe dele, June Chandler, uma decisão que os especialistas legais pensaram que seria “devastadora” para a defesa.
A maioria dos comentaristas de TV previa que a decisão de permitir as anteriores alegações de abuso sexual seria um grande contratempo para a defesa, um que eles não poderiam ultrapassar. Ansioso, Tom Sneddon anunciou que ele apresentaria testemunhas do alegado incidente anterior dentro de duas semanas e jornalistas prometeram aos espectadores que ao júri de Santa Maria seria permitido escutar evidências sobre cinco garotos que o promotor alegava terem sido “aliciados” ou molestados por Jackson.
Era curioso que ninguém na mídia especulasse sobre a estratégia do time de defesa em relação àquelas alegações anteriores. Mesereau estava sistematicamente desenvolvendo uma lista de testemunhas que mostrariam que os dois garotos que aceitaram dinheiro de Jackson, Jordie Chandler e Jason Francia, tinham interesses financeiros no coração e tinham contratados advogados para ajuizar processos civis. No caso de Jason Francia, a mãe dele admitiu, no banco de testemunhas, que ela vendeu a estória do filho dela aos tabloides.
Para a imprensa, Tom Mesereau uma vez disse que a única razão para o senhor Jackson ter feito uma acordo nas duas primeiras acusações feitas contra ele foi porque os parceiros de negócios dele aconselharam-no a “pagar dinheiro em vez de enfrentar as alegações”. O advogado de defesa disse à mídia que Michael Jackson “agora se arrepende de ter feito aqueles pagamentos e percebeu que os conselhos que ele recebeu estavam errados”.
Fora da presença do júri, Mesereau confidenciaria que na época da acusação de Chandler, bilhões de dólares estavam em jogo para todos em volta da “maquina Jackson”.
Para uma pessoa comum, 20 milhões de dólares pareceriam um absurdo, talvez uma quantia obscena a pagar a alguém que, Jackson alegou em defesa própria, estava tentando extorquir dinheiro. Mas, para Jackson, cuja fortuna era estimada em 700 milhões de dólares naquele tempo, que tinha dúzias de corporações com ele, lucrando quantias enormes através dele, incluindo Sony, FOX e PepsiCo, 20 milhões de dólares não parecia muito. As corporações em torno de Michael Jackson queriam manter o nome dele limpo. Ele era, acima de tudo, o artista mais famoso do mundo.
Com o caso seguindo em frente em passo acelerado, a promotoria chamou uma estrela de TV, o comediante George Lopez ao banco de testemunhas. Lopez estava lá para falar sobre o relacionamento dele com a família Arvizo, com quem ele tinha formado um laço nos dias quando Gavin foi diagnosticado com câncer, nos dias quando os meninos Arvizos estavam envolvidos com o acampamento de comédia Laugh Factory.
Vestido de forma conservadora em terno azul-escuro, usando uma camisa branca engomada com uma gravata listrada, a estrela de televisão disse aos jurados que ele e a esposa tinham tentado organizar campanhas beneficentes em nome de Gavin Arvizo e disse que eles visitaram Gavin no hospital em inúmeras ocasiões. Quando George Lopez começou a explicar a natureza do relacionamento dele com a família Arvizo, parecia que o comediante tinha uma “afeição” pela desprovida família latina. Lopez estava certamente fazendo um caso por eles tentando mostrar porque ele simpatizava-se tanto com aquelas pessoas.
No tribunal, embora Michael Jackson estivesse escondido por trás dos óculos dele, o pop star estava escutando atenciosamente o comediante. Michael estava estudando George Lopez, talvez se perguntando como Lopez, que estava sentado a poucos metros à frente dele, tinha se tornado a primeira pessoa famosa a ser atraída pela família Arvizo. De certa forma, foi George Lopez quem guiou os Arvizos ao longo do caminhou que acabou por terminar em Neverland.
Jackson tentou mostrar pouca emoção, mas era óbvio que ele estava interessado em escutar sobre a experiência de Lopez. O pop star estava imóvel, como se eles estivesse escutando o testemunho a distancia, mas na verdade, ele estava captando cada palavra.
Quando ele se dirigiu ao júri, o senhor Lopez falou em um tom agradável, um sorriso luminoso iluminando o rosto dele. O comediante parecia gostar dos Arvizos e Lopez falou sobre o “acampamento de comédia” no Laugh Factory, descrevendo-o como um programa para crianças desprivilegiadas. Lopez explicou que participar do grupo de comédia Laugh Factory, era uma chance para ele ser mentor de crianças que estavam “em risco”.
George Lopez disse ao júri que ele se envolveu com o acampamento de comédia em 1990, na época em que ele conheceu as crianças Arvizos e, primeiramente, Lopez não tinha nada além de coisas legais para dizer sobre a família Arvizo. Ele descreveu as três crianças como sendo “boas crianças” e mencionou que a mãe deles, Janet, parecia ser bem ativa no crescimento e desenvolvimento dos filhos dela. Ele considerava Janet uma mãe dedicada e ficou impressionado por ela estar disposta a pegar um ônibus no leste de Los Angeles para que os filhos dela tivessem a chance de trabalhar com grandes talentos.
Lopez tinha uma opinião elevada sobre as três crianças Arvizos, a quem ele chamava “corajosos”. Ele gostava do fato das crianças Arvizos conseguirem fazer piadas da própria pobreza como uma forma de descobrir o humor. Aparentemente, usar a pobreza como uma forma de criar humor foi um traço que o próprio Lopez adotou.
George Lopez, a estrela do próprio show na ABC, testemunhou que ele tinha sido um comediante stand-up por vinte e cinco anos e disse que ele tinha se apresentado no Laugh Factory, no Sunset Boulevard por cerca de quinze anos. Ele descreveu o relacionamento dele com o dono do clube de comédia, Jamie Masada, como sendo uma amizade e ele respeitava Masada por ter interesse em crianças do subúrbio, tornando o popular clube dele disponível aqueles garotos durante o dia, permitindo que crianças do subúrbio estudassem comédia com profissionais, sem ter de pagar um centavo.
Lopez se lembrou de que Jamie Masada tinha ligado para ele para falar sobre um “uma especial família latina” que era desprivilegiada, que tinha pedido para trabalhar com Lopez especificamente. O comediante disse que trabalhou com Davellin, Star e Gavin Arvizo no fim de 1999, encontrando-se com eles para uma sessão de duas horas por um período de aproximadamente sete semanas.
O comediante disse aos jurados que cerca de seis semanas depois que o acampamento de comédia acabou, Janet Arvizo ligou para ele no celular dele e estava “completamente perturbada” sobre as condições do filho dela. Janet estava chorando porque Gavin tinha sido diagnosticado com um câncer desconhecido. Quando Lopez descobriu quão doente Gavin estava, que o garoto estava mal conseguindo se agarrar à vida, ele visitou Gavin no hospital e considerou que o garoto estava em “condição desesperadora”.
Durante o tempo em que estava no hospital, George Lopez conheceu o pai de Gavin, pela primeira vez. Lopez disse que ele e a esposa tinham ido ver Gavin no hospital em várias ocasiões e disse que ele também visitou Gavin na casa dos avós dele, em El Monte, a qual Lopez descreveu com uma “casa padrão” uma típica moradia de baixa renda com plásticos cobrindo a mobília e plásticos pelo chão, uma casa que o remetia à própria casa da infância dele. George Lopez relembrou-se de que a modesta casa era organizada e limpa e falou sobre um quarto especial que tinha sido preparado para Gavin, um ambiente estéril, onde Lopez disse que tinha que “vestir uma túnica” para entrar.
Enquanto George Lopez continuava a responde às perguntas do promotor, o comediante tentou deixar claro que ele estava feliz por ter ajudado os Arvizo e disse que Janet Arvizo nunca tinha se aproximado dele por dinheiro. Lopez testemunhou que ele não estava certo sobre o que Janet fazia para viver. Ele pensava que Janet era uma garçonete. Porém, quando o testemunho dele se tornou mais detalhado, ficou aparente que George Lopez não sabia realmente muito sobre Janet Arvizo, de forma nenhuma, o contato dele com ela tinha se limitado a poucas conversas breves no Laugh Factory. Lopez parecia pensar que Janet Arvizo era uma boa mulher, mas ele não poderia basear a opinião dele em nada específico.
Sob o questionamento da defesa, Lopez disse ao júri que em fevereiro e março de 2000, quando Gavin ficou muito doente, ele e a esposa dele foram visitar Gavin e David Arvizo frequentemente no hospital. Enquanto ele era sondado sobre os pontos específicos, o comediante tentou se manter calmo, mas os observadores no tribunal podiam ver que Lopez estava se tornando um pouco desconfortável com a linha do questionamento. Quando foi pedido a ele que contasse ao júri sobre as preocupações de David Arvizo sobre dinheiro, o comediante disse que o senhor Arvizo “fez saber que ele estava precisando de dinheiro”.
“Você considerou estranho nunca ter visto Janet no hospital?”, Mesereau perguntou.
“Bem, você sabe, eu sabia que ela era garçonete, pelo menos eu pensava”, Lopez disse. “Eu não estava lá todo o tempo, mas muitas vezes eu fui e ela não estava lá, então eu apenas imaginei que ela estivesse trabalhando.”
“Você não sabe se ela estava trabalhando realmente, sabe?”
“Eu não sei.”
“Está bem. E você pode ter pensado que ela era uma garçonete, mas você não sabe realmente se ela estava servindo mesas, certo?”
“Ela nunca me serviu”, Lopez disse, fazendo o júri sorrir.
“Está bem. Está bem. Agora, quão agressivo foi David Arvizo em pedir dinheiro?” Mesereau perguntou.
“Você sabe, foi muito agressivo”, Lopez disse. “Quando vocês estão conversando, os dois caras, e o assunto sempre surge, você sabe, você meio que cai fora disso. Toda vez que ele falava, era sempre sobre...realmente sobre dinheiro.”
“E ele sempre disse que ele não tinha meios de pagar as contas da família, certo?” Mesereau perguntou.
“Está correto.”
“E você deu a ele pequena quantia de dinheiro que você tinha no bolso naquele momento?”
“Sim. Eu tinha apenas um pouco naquele momento.”
“Ele sempre queria dinheiro, não queria?”
“Ele queria”, Lopez disse. “Eu literalmente dei aquele cara tudo que tinha na minha carteira e creio que dei mais depois.”
Lopez disse que ele tinha regularmente entregado a David Arvizo somas de 40 dólares, maços de dinheiro com pequenas quantias de até 80 dólares. Ele testemunhou que David Arvizo lhe pediu que participasse de uma arrecadação de fundos para Gavin ser levado à Casa de Gelo, um clube de comédia em Pasadena e disse que ele ficou mais que feliz por participar daquele projeto. Porém, quando ele teve a impressão de que aquela arrecadação de fundos “não era mais por Gavin”, George Lopez disse que ele mudou de ideia.
“Não era sobre como Gavin estava e como Gavin estava se sentindo”, Lopez testemunhou. “Não era sobre dinheiro para Gavin. Pareceu para mim que David Arvizo estava mais interessado em dinheiro que no filho dele.”
George Lopez disse ao júri que por que David Arvizo indicou que a família dele não tinha seguro de saúde (o que mais tarde foi provado ser falsidade) e nenhum dinheiro para pagar as despesas médicas, ele concordou em participar da arrecadação de fundos, planejando usar o programa de rádio dele, em Los Angeles, para atrair uma multidão. O comediante lembrou-se de que quando ele se atrasou em termos de reservar outros talentos, ele percebeu que David Arvizo, de repente, se tornou “muito agressivo” sobre a programação do evento, fazendo perguntas sobre quanto dinheiro ele achava que Lopez arrecadaria.
“Em certo ponto, você pensou que David estava extremamente interessado em dinheiro e posses, certo?” Mesereau perguntou.
“Está correto.”
“Porque quando você visitou o quarto em El Monte, ele mostrou esse quarto com DVD e tudo o resto, correto?”
“Correto”, Lopez disse.
“Você alguma vez soube quem pagou para renovar aquele quarto?”
“Não.”
“Tudo bem. David alguma vez falou sobre como aquele quarto se tornou tão legal?” Mesereau perguntou.
“Não. Eu assumi que foi Jamie Masada quem arranjou aquilo.”
“Agora, você disse ao xerife, senhor Lopez, que você pensou que David Arvizo estava particularmente apaixonado com a grande tela de televisão e o Nintendo, correto?”
“Sim.”
“Você disse que percebeu isso, em menor nível, com as crianças também, correto?”
“Sim.”
“Tudo bem. E você disse ao xerife que tudo sobre David parece ser sobre dinheiro, correto?”
“Sim.”
George Lopez testemunhou com integridade e graça, algumas vezes sendo engraçado e sempre sendo gentil. O comediante contou ao júri que em 2000, ele estava vivendo em uma casa em Sherman Oaks e disse que quando ele soube que câncer de Gavin tinha entrado em remissão, ele convidou a família Arvizo para passar um tempo com ele na casa dele em uma tarde particular.
Lopez relembrou que ele tinha dirigido até El Monte para buscar David, além de Gavin e Star e os levou para casa deles, “então os garotos puderam brincar no quintal por um tempo.” Lopez disse que ele levou os garotos à Pizza Hut, os levou a um shopping e os levou de volta para casa dele por mais um pouco de tempo e mais tarde os deixou em El Monte.
O comediante testemunhou que Gavin parecia frágil naquele tempo, mas parecia mais enérgico do que ele tinha sido antes. Ele disse que sentiu que o comportamento de Gavin Arvizo tinha sido um pouco incomum no shopping, explicando que Gavin apontava todos os tipos de itens, pedindo por “tudo” que ele via diante dos olhos. George Lopez pensou que era estranho que David Arvizo continuasse “visivelmente ignorando” enquanto o filho dele, Gavin, pedia a Lopez que comprasse itens caros. O comediante considerou estranho que David Arvizo nunca tenha falado, nem uma vez, para impor qualquer tipo de controle na farra de compras de Gavin.
Lopez disse que guando voltou para casa, mais tarde naquele dia, depois de deixar os Arvizos em El Monte, ele olhou em volta da sala de estar, um lugar que ele adorava descrever como “uma sala que é muito popular com Mexicanos, uma sala onde ninguém tem permissão de ficar, onde tudo está arrumado.” Lopez disse ao júri que no retorno para casa, ele olhou para o topo da lareira e viu uma carteira lá, que não pertencia a ele, na qual estava a identidade de Gavin e uma nota de 50 dólares.
Quando ele pegou a carteira, George chamou a esposa dele, Ann, e entregou a carteira a ela. Lopez testemunhou que imediatamente ligou para Gavin para dizer ao garoto que ele tinha encontrado a carteira dele e fez planos de levá-la de volta ao Laugh Factory, onde os Arvizos poderiam pegá-la com o dono do clube, Jamie Masada.
Tom Mesereau queria saber mais detalhes sobre o comportamento dos Arvizos naquela ocasião e a George Lopez foi pedido que falasse sobre os eventos específicos naquele dia de “compras” com os Arvizos. Para o júri, Lopez descreveu a aventura dele com os Arvizos, em San Fernando Valley, culminando com a misteriosa aparição da carteira de Gavin.
“Você disse ao xerife que David pareceu ficar intencionalmente de fora e não tentar controlar os pedidos de Gavin?” Mesereau perguntou, referindo-se à farra de compras.
“Está correto.”
“Você pensou que aquilo era estranho, correto?”
“Parecia estranho.”
“Você os levou para almoçar aquele dia?”
“Sim, senhor.”
“E você os levou para almoçar em algum outro dia que você saiba?”
“Não.”
“Tudo bem. Agora, onde você viu a carteira?” Mesereau perguntou.
“A carteira estava no topo da lareira, em minha casa. Era a única coisa no topo”, Lopez disse.
“E quando você a viu, como você pensou que ela tinha ido parar lá?”
“Você sabe, nunca me ocorreu como ela foi parar lá”, Lopez disse. “Porque ninguém brinca naquela sala, então era meio estranho que uma carteira tivesse ido parar lá, no topo.”
“E quão alto era o topo?”
“Você sabe, na altura dos ombros.”
“Mais alto que Gavin, correto”
“Naquela época, talvez.”
“Então pareceu peculiar para você que, de repente, uma carteira estivesse lá?”
“Bem, sim, naquela sala, sim. Realmente, nada deveria estar lá.”
“Você viu Gavin ou David lá?”
“Não.”
George Lopez disse ao júri que alguns dias depois, ele soube saber que David Arvizo reclamou a Jamie Masada que havia 350 dólares na carteira de Gavin. Ele testemunhou que quando David Arvizo foi reaver a carteira com Masada, o pai Arvizo sugeriu a Masada que George Lopez de alguma forma “perdeu” 300 dólares da carteira de Gavin.
Essa foi uma acusação que Lopez não apreciou, especialmente quando ele descobriu que Jamie Masada se dispôs a “repor” os 300 dólares, ele mesmo, sem consultá-lo sobre aquilo. O comediante disse que ele reclamou a Masada sobre repor dinheiro que “supostamente” tinha sido perdido, mas Masada insistiu que ele apenas quis manter a paz com os Arvizos.
Enquanto o comediante contava a estória, as orelhas dos jurados ficaram em pé. Embora as estrela de TV estivesse tentando minimizar o comportamento estranho dos Arvizos, para observadores no tribunal, a família Arvizo tinha começado a parecer uma família de vigaristas. A intenção dos Arvizos pareceu muito pior quando Lopez descreveu as constantes ligações de David Arvizo, afirmando que David Arvizo estava perseguindo-o, estava pressionando-o, agressivamente, tentando conseguir que a arrecadação de fundos fosse organizada.
Lopez contou ao júri que David Arvizo estava ligando frequentemente para a estação de rádio onde ele trabalhava, sempre fazendo perguntas sobre dinheiro. As ligações foram tão agressivas que Lopez pensou que talvez o evento para arrecadação de fundos devesse ser cancelado. George Lopez explicou que a mulher dele, Ann, tinha participado de uma campanha para doar sangue para Gavin no Laugh Factory e disse que nos meses que se seguiram ela ainda estava disposta a ajudar Gavin Arvizo, até o incidente no estacionamento que o colocou “fora do alcance”.
Para o júri o comediante detalhou uma noite, em maio de 2000, relembrando que David Arvizo estava esperando por ele do lado de fora de um restaurante onde ele esteve se apresentando. Lopez disse que quando ele saiu para o estacionamento às 10h00min da noite, aquela noite, David Arvizo estava esperando por ele e David começou a ficar irritado, e extremamente agressivo, sobre o evento para arrecadação de fundos. Lopez contou ao júri que os dois “discutiram” naquele momento e disse que depois da breve discussão, ele nunca mais quis ver David Arvizo de novo.
Lopez disse ao júri que ele chamou David Arvizo de “extorsionário” na cara dele e fez uma pequena piada sobre usar “aquele palavrão”, mas ninguém no júri estava rindo.
Com Tom Mesereau ainda questionando-o, George Lopez descreveu ter sido agressivamente perseguido pelo “papai Arvizo” por dinheiro. Quando Lopez soube que David Arvizo tinha ligado para casa dele e falado com a esposa dele. Ann, chamando-a de “puta maldita” e outros nomes feios, ele basicamente cortou laços com o resto dos Arvizos, também.
Ao júri, George Lopez reiterou que ele teve uma “discussão muito odiosa” com David Arvizo, que fez o possível para tentar fazer o comediante se sentir culpado por não ajudar Gavin. Ele mencionou que seis meses depois de ele ter cortado os laços com os Arvizos, Janet aproximou-se dele, por algum meio, talvez através de Jamie Masada e enviou a ele um chaveiro de metal que tinha uma semente de mostarda embutida nele. Lopez sabia que o chaveiro era para significar um “obrigada” por Janet, mas então, ele não ficou realmente comovido por isso.
Para Tom Mesereau, George Lopez descreveu a família Arvizo como sendo “fascinada” por Michael Jackson. A estrela de TV lembrou-se de que David Arvizo vangloriava-se da visita dele a Neverland Ranch e indicou que David Arvizo começou a agir de forma um pouco estranha depois que a família estabeleceu uma base sólida com Jackson.
“Naquele ponto, David começou a fazer fanfarra sobre Neverland Ranch com você, não?” Mesereau perguntou.
“Sim.”
“E você pensou que a atitude dele mudou, correto?”
“Sim.”
“Você pensou que ele tinha se tornado meio pretensioso e esnobe, qual seria a palavra correta?”
“Apaixonado”, Lopez disse.
“Apaixonado. É como você descreve a atitude de David depois que ele contou a você que ele e a família tinham ido a Neverland Ranch?”
“Sim.”
“E ele disse a você que Michael Jackson tinha dado uma van para a família dele, correto?”
“Está correto.”
“Certo. E você o descreveu ao xerife como “fascinado” com a nova associação dele com Michael Jackson, correto?”
“Sim.”
Antes que a estrela de TV terminasse o testemunho dele, as pessoas não puderam deixar de se perguntar por que Michael Jackson não tinha enxergado quem eram aquela família. Claramente Lopez tinha decidido que eles eram “problema”, mas Michael não percebeu nada de estranho neles. Quando ele deixou o tribunal, Lopez olhou para Michael e fez um esforço para sorrir para o pop star.
Mas Jackson não achou graça.
Depois de presenciar o testemunho dado por George Lopez, o pop star pareceu ter percebido que ele, de todas as pessoas, deveria ter tido algum tipo de rede de segurança no lugar, deveria ter tido algum tipo de processo seletivo que o protegesse de vigaristas. Jackson foi levado a acreditar que muitas estrelas de TV e filme estiveram adotando aquela família latina de oprimidos que não era, de nenhuma forma, verdadeira.
Porém, nenhuma pessoa do Laugh Factory tinha informado a Jackson sobre nenhum problema ou “preocupação” com os Arvizos.
Volta: http://theuntoldsideofthestorymj.blogspot.com/2011/11/conspiracy-capitulo-14-little-bitty.html
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