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"Michael Jackson Foi Vítima De Conspiração? " 1º parte


Michael Jackson Foi Vítima de uma Conspiração?

 


Por Mary Fischer

Fonte: GQ Magazine, 1994

Créditos a MJ Beats

Traduzido por Ghost

Revisado por Niemand


Antes de O.J. Simpson foi Michael Jackson – outra amada celebridade negra aparentemente derrubada por alegações de escândalos em sua vida pessoal. Aquelas alegações – de que Jackson tinha molestado um garoto de 13 anos – resultaram em um processo multimilionário, investigações de dois grandes-júris e um circo na mídia inescrupulosa. Jackson, por sua vez, apresentou acusações de extorsão contra alguns de seus acusadores. Em última instância, a ação foi resolvida fora dos tribunais por uma soma que foi estimada em US $ 20 milhões; nenhuma acusação criminal foi registrada contra Jackson por parte da polícia ou os júris. Em agosto passado, Jackson estava nos noticiários outra vez, quando Lisa Marie Presley, filha de Elvis, anunciou que ela e o cantor haviam se casado.

À medida que a poeira assenta sobre um dos piores episódios de excesso de mídia da nação, uma coisa é clara: O público americano nunca ouviu uma defesa de Michael Jackson. Até agora.

É, naturalmente, impossível provar uma negativa – isto é, provar que algo não aconteceu. Mas é possível analisar mais profundamente as pessoas que fizeram as acusações contra Jackson e, assim, ter um insight quanto a seu caráter e motivações. O que emerge dessa análise, baseada em documentos judiciais, registros de negócios e dezenas de entrevistas, é um argumento convincente de que Jackson não molestou ninguém e que ele pode ter sido vítima de um plano bem concebido para extorquir dinheiro dele.

Mais do que isso, a história que surge a partir desse território anteriormente inexplorado é radicalmente diferente do conto que tem sido promovido por tabloides e até mesmo jornalistas dos grandes órgãos de mídia. É uma história de ganância, ambição, equívocos por parte da polícia e da promotoria, uma mídia preguiçosa em busca de sensacionalismo e do uso de uma droga hipnótica poderosa. Pode ser também uma história sobre como um caso foi simplesmente inventado.

Nem Michael Jackson nem seus atuais advogados de defesa concordaram em ser entrevistados para este artigo. Se tivessem decidido enfrentar as acusações civis e irem a julgamento, o que se segue poderia ter servido como o núcleo da defesa de Jackson - bem como a base para continuar as acusações de extorsão contra seus próprios acusadores, o que poderia muito bem ter absolvido o cantor.

Os problemas de Jackson começaram quando seu carro quebrou na Wilshire Boulevard, em Los Angeles, em maio de 1992. Encalhado no meio da rua com muito trânsito, Jackson foi visto pela esposa de Mel Green, um funcionário da Rent-A-Wreck, uma agência não convencional de aluguel de carros, a uma milha de distância. Green foi resgatá-lo. Quando Dave Schwartz, o proprietário da companhia de aluguel de carros, soube que Green estava levando Jackson ao local, chamou sua esposa, June, e disse-lhe para vir com sua filha de 6 anos de idade e seu filho de seu casamento anterior. O menino, então com 12, era um grande fã de Jackson. Ao chegar, June Chandler Schwartz contou a Jackson sobre quando seu filho havia enviado a ele um desenho depois que o cabelo do cantor pegou fogo durante a filmagem de um comercial da Pepsi. Então, ela deu a Jackson número de sua casa.

"Era quase como se ela estivesse jogando [o menino] para cima dele", lembra Green. "Acho que Michael achou que devia algo ao menino, e foi aí que tudo começou."

Certos fatos sobre o relacionamento não se discutem. Jackson começou a ligar para o menino, e uma amizade se desenvolveu. Depois que Jackson retornou de uma turnê promocional, três meses mais tarde, June Schwartz Chandler e seu filho e filha tornaram-se convidados frequentes de Neverland, rancho de Jackson no Condado de Santa Barbara. Durante o ano seguinte, Jackson cobriu o menino e sua família de atenção e presentes, incluindo videogames, relógios, uma farra de compras depois do expediente na Toys "R" Us e viagens ao redor do mundo - desde Las Vegas e Disney World até Mônaco e Paris.

Em março de 1993, Jackson e o menino estavam juntos frequentemente e as “festinhas do pijama” começaram. June Chandler Schwartz também havia se tornado próxima a Jackson "e gostava demais dele", diz um amigo. "Ele era o homem mais gentil que ela já tinha encontrado". Excentricidades pessoais Jackson - desde suas tentativas de refazer seu rosto através de cirurgias plásticas até sua preferência pela companhia de crianças - têm sido amplamente relatadas. E, embora possa ser incomum um homem de 35 anos ter festas do pijama com uma criança de 13 anos de idade, a mãe do menino e outras pessoas próximas a Jackson nunca acharam estranho. O comportamento de Jackson é mais bem compreendido quando ele é colocado no contexto de sua própria infância.

"Ao contrário do que se poderia pensar, a vida de Michael não foi um passeio no parque", diz um dos seus advogados. A infância de Jackson foi essencialmente interrompida - e sua vida nada ortodoxa começou – quando ele tinha 5 anos, vivendo em Gary, Indiana. Michael passou a juventude em estúdios de ensaio, nos palcos se apresentando diante de milhões de estranhos e dormindo em uma sequência interminável de quartos de hotel. Exceto por seus oito irmãos e irmãs, Jackson foi cercado por adultos que pressionaram incansavelmente, em particular, seu pai, Joe Jackson - um homem rigoroso, sem afeição e que, segundo relatos, espancava seus filhos.

As primeiras experiências de Jackson se traduziram em um tipo de desenvolvimento contido, muitos dizem, e ele se tornou uma criança no corpo de um homem. "Ele nunca teve uma infância", diz Bert Fields, ex-advogado de Jackson. "Ele está tendo uma agora. Seus companheiros são meninos de 12 anos. Eles fazem brigas de travesseiros e guerra de comida”. O interesse de Jackson por crianças também se traduziu em esforços humanitários. Ao longo dos anos, ele doou milhões para causas beneficentes, incluindo a sua própria Heal The World Foundation.

Mas há um outro contexto: o que tem a ver com os tempos em que vivemos - em que a maioria dos observadores avalia o comportamento de Jackson. "Dada a atual confusão e histeria sobre abuso sexual de crianças", diz o Dr. Phillip Resnick, um conhecido psiquiatra de Cleveland, “qualquer contato físico ou duradouro com uma criança pode ser visto como suspeito, e o adulto pode muito bem ser acusado de má conduta sexual".

A princípio, o envolvimento de Jackson com o garoto foi bem recebido por todos os adultos na vida do jovem - sua mãe, seu padrasto e até mesmo seu pai biológico, Evan Chandler (que também se recusou a ser entrevistado para este artigo). Evan Robert Charmatz, nascido no Bronx em 1944, Chandler relutantemente tinha seguido os passos de seu pai e irmãos e se tornado um dentista. "Ele odiava ser um dentista", diz um amigo da família. "Ele sempre quis ser um escritor". Depois de se mudar em 1973 para West Palm Beach para exercer a profissão de dentista, ele mudou seu sobrenome, achava que Charmatz “soava muito judaico", diz um ex-colega. Na esperança de alguma forma se tornar um roteirista, Chandler se mudou para Los Angeles nos anos setenta, com sua esposa, June Wong, uma euroasiática atraente que havia trabalhado brevemente como modelo.

A carreira odontológica de Chandler teve seus momentos precários. Em dezembro de 1978, enquanto trabalhava para o Crenshaw Family Dental Center, uma clínica em uma área de baixa renda de L.A., Chandler fez restauração em dezesseis dentes de um paciente durante uma única visita. Em uma avaliação do trabalho, o Conselho de Examinadores Odontológicos, revelou "a ignorância e/ou ineficiência" em sua profissão. O conselho revogou sua licença, no entanto, a revogação foi suspensa, e o conselho, em vez disso, o suspendeu por noventa dias e o colocou em observação por dois anos e meio. Devastado, Chandler foi para a cidade de New York. Ele escreveu um roteiro de cinema, mas não conseguia vendê-lo.

Meses mais tarde, Chandler retornou a Los Angeles com sua esposa e realizou uma série de trabalhos de odontologia. Em 1980, quando seu filho nasceu, o casamento do casal estava em apuros. "Uma das razões para June deixar Evan foi seu temperamento", diz um amigo da família. Eles se divorciaram em 1985. O tribunal deu a custódia do menino para a mãe e ordenou que Chandler pagasse US$ 500,00 por mês em pensão alimentícia, mas uma análise dos documentos revela que, em 1993, quando surgiu o escândalo envolvendo Jackson, Chandler devia a sua ex-mulher US$68.000 Uma dívida que ela acabou perdoando.

Um ano antes de Jackson entrar na vida de seu filho, Chandler teve um segundo problema sério em sua profissão. Um de seus pacientes, uma modelo, processou-o por negligência odontológica depois que Chandler restaurou alguns de seus dentes. Chandler alegou que a mulher havia assinado um termo de consentimento em que ela reconhecia os riscos envolvidos. Mas quando Edwin Zinman, advogado dela, pediu para ver os registros originais, Chandler disse que haviam sido roubados do porta-malas de seu Jaguar. Ele forneceu um conjunto de cópias. Zinman, suspeitando, não pôde confirmar a autenticidade dos registros. "Que coincidência extraordinária eles serem roubados", diz Zinman. "Isso é como dizer 'O cachorro comeu meu dever de casa'". O processo acabou sendo resolvido fora do tribunal por uma quantia não revelada.

Apesar desses revezes, Chandler até então, tinha uma profissão bem sucedida em Beverly Hills. E ele teve sua primeira chance em Hollywood em 1992 quando ele co-escreveu o filme de Mel Brooks, Robin Hood: Men in Tights. Até que Michael Jackson entrasse na vida de seu filho, Chandler não tinha demonstrado muito interesse pelo menino. "Ele prometeu lhe comprar um computador para que eles pudessem trabalhar em roteiros juntos, mas ele nunca cumpriu", disse Michael Freeman, um ex-advogado de June Chandler Schwartz. A profissão de Chandler como dentista o mantinha ocupado, e ele tinha começado uma nova família, com duas crianças pequenas com sua segunda esposa, uma advogada do setor corporativo.

A princípio, Chandler recebeu bem e incentivou o relacionamento do seu filho com Michael Jackson, gabando-se dele para amigos e sócios. Quando Jackson e o menino ficaram com Chandler em maio de 1993, Chandler insistiu que Michael passasse mais tempo com seu filho em sua casa. Segundo algumas fontes, Chandler chegou a sugerir que Jackson ampliasse sua casa, assim, o cantor poderia ficar lá. Depois de ligar para o departamento de zoneamento e descobrir que isso não poderia ser feito, Chandler fez outra sugestão - que Jackson simplesmente lhe construísse uma casa nova.

Naquele mesmo mês, o menino, sua mãe e Jackson voaram para Mônaco para o World Music Awards. "Evan começou a ficar com ciúmes do envolvimento deles e sentiu-se deixado de lado", diz Freeman. Ao retornarem, Jackson e o menino ficaram novamente com Chandler, o que lhe agradou – foi uma visita de cinco dias, durante a qual eles dormiram em um quarto com o meio irmão do jovem. Embora Chandler tenha admitido que Jackson e o menino sempre estavam vestidos quando ele os via juntos na cama, ele alegou que foi nessa época que as suas suspeitas de abusos sexuais foram desencadeadas. Em nenhum momento Chandler alegou ter testemunhado qualquer má conduta sexual por parte de Jackson.

Chandler ficou cada vez mais instável, fazendo ameaças que afastavam Jackson, Dave Schwartz e June Chandler Schwartz. No início de julho de 1993, Dave Schwartz, que tinha sido amigável com Chandler até então, gravou secretamente uma longa conversa telefônica que ele teve com Chandler. Durante a conversa, Chandler falou de sua preocupação com seu filho e sua raiva de Jackson e de sua ex-mulher, a quem descreveu como "fria e insensível". Quando Chandler tentou "obter a sua atenção" para discutir as suas suspeitas sobre Jackson, diz ele na fita, ela lhe disse: "Vai se f****".

"Eu tinha uma boa comunicação com Michael", Chandler disse a Schwartz. "Nós éramos amigos. Eu gostava dele e o respeitava e tudo mais pelo que ele é. Não havia nenhuma razão para ele parar de me ligar. Eu me sentei na sala um dia e conversei com Michael e disse-lhe exatamente o que eu quero que deixe de acontecer nessa relação toda. O que eu quero."

Admitindo a Schwartz, que ele havia “sido preparado” sobre o que dizer e o que não dizer, Chandler nunca mencionou dinheiro durante a conversa. Quando Schwartz perguntou o que Jackson havia feito que deixou Chandler tão aborrecido, Chandler alegou apenas que "ele afastou a família. [O menino] foi seduzido pelo poder e pelo dinheiro desse cara".

Ambos repreenderam a si mesmos repetidamente, como maus pais para o garoto.

Em outra parte da fita, Chandler deixou claro que ele estava preparado para agir contra Jackson: "Já está definido", Chandler disse a Schwartz. "Há outras pessoas envolvidas que estão esperando pelo meu telefonema e que estão em determinadas posições. Eu paguei a elas para fazerem isso. Tudo está acontecendo de acordo com um certo plano que não é só meu. Uma vez que eu faça esta ligação, este cara [seu advogado, Barry K. Rothman, presumidamente] vai destruir todo mundo que estiver à vista de qualquer forma desonesta, canalha e cruel que ele puder. E eu dei-lhe plena autoridade para fazer isso."

Chandler então antecipou o que de fato aconteceria seis semanas mais tarde: "E se eu continuar com isso, vou ganhar muito. Não há como eu perder. Eu verifiquei todos os aspectos. Eu vou conseguir tudo que eu quero, e eles serão destruídos para sempre. June perderá [a guarda do filho...] e a carreira de Michael estará acabada”.

Isso ajuda [o menino]? perguntou Schwartz.

“Isso é irrelevante pra mim”, respondeu Chandler. “Isso vai ser maior do que nós todos juntos. A coisa toda vai afetar e destruir todo mundo que esteja pelo caminho. Vai ser um massacre se eu não conseguir o que eu quero”.

Em vez de ir à polícia, aparentemente a ação mais adequada em uma situação de suspeita de abuso sexual infantil, Chandler recorreu a um advogado. E não a qualquer advogado. Ele recorreu a Barry Rothman.

"Este advogado que eu encontrei, eu escolhi o filho da p*** mais sujo que eu poderia encontrar", Chandler disse na conversa gravada com Schwartz. "Tudo o que ele quer fazer é levar isso a público o mais rápido possível e da forma mais alarmante possível e humilhar tantas pessoas quanto puder. Ele é safado, ele é mau, ele é muito esperto, e ele está com fome de publicidade". (Através de seu advogado, Wylie Aitken, Rothman recusou-se a ser entrevistado para este artigo. Aitken concordou em responder perguntas gerais limitadas ao caso de Jackson, e, depois, apenas sobre aspectos que não envolviam Chandler ou o garoto).


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Um Dos Mais Vergonhosos Episódios Da História do Jornalismo

O Texto que se segue é um artigo escrito pelo jornalista, Charles Thompson, em 13 de junho de 2010, com algumas notas minhas.

O Mais Vergonhoso Episódio da História do Jornalismo

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Hoje faze cinco anos que doze jurados, por unanimidade, absolveram Michael Jackson de várias acusações de abuso sexual infantil, conspiração e fornecer álcool a um menor. É difícil saber como a história vai se lembrar do julgamento de Michael Jackson. Talvez como o epítome da obsessão de celebridades ocidentais. Talvez como um linchamento do século 21. Pessoalmente, eu acho que vai ser lembrado como um dos episódios mais vergonhosos da história jornalística.

Não é, até você se encontre escavando os arquivos de jornais e assistindo novamente a todas as horas de cobertura televisiva, aí você realmente compreende a magnitude das falhas da mídia. Era de toda a indústria. Sem dúvida, houve alguns repórteres e até mesmo certas publicações e emissoras de TV que favoreceram abertamente a acusação, mas muitas das deficiências dos meios de comunicação foram institucionais. Em uma mídia obcecada com soundbites, como você reduz oito horas de depoimento em duas frases e eles permanecem precisos? Em uma era de notícias circulantes e "blogagens" instantâneas, como você resisti à tentação de correr para fora da sala do tribunal, na primeira oportunidade, para dar furos de notícias das últimas alegações obscenas, mesmo que isso signifique perder uma fatia do depoimento do dia?

Foi 18 de novembro de 2003, que 70 delegados mergulharam em Neverland Ranch, de Michael Jackson. Assim que a notícia do ataque saiu, canais de notícias abandonaram seus horários e mudaram para uma cobertura de 24 horas. Quando se soube que Jackson foi acusado de molestar o jovem sobrevivente de câncer, Gavin Arvizo, o menino que ficou famoso por segurar a mão do cantor em "Living With Michael Jackson" de Martin Bashir, a mídia entrou em pane. As redes ficaram tão obcecadas pelo escândalo de Jackson que um ataque terrorista na Turquia foi quase inteiramente não relatado, com apenas a CNN se preocupando em transmitir a conferência conjunta de imprensa sobre o desastre.

Olhando para trás sobre o julgamento de Michael Jackson, eu vejo uma mídia fora de controle. A enorme quantidade de propaganda, parcialidade, distorção e desinformação é quase além da compreensão. Lendo as transcrições do tribunal e comparando-as com os recortes de jornal, o julgamento que foi transmitido para nós nem sequer lembra o julgamento que estava acontecendo dentro do tribunal. As transcrições mostram um desfile interminável de sórdidas testemunhas de acusação cometendo perjúrio em uma base quase de hora em hora e desmoronando sob interrogatório. Os recortes de jornais e os noticiários de TV transmitiram, dia após dia, detalhes de acusações hediondas e insinuações sinistras.

Todas as três grandes redes imediatamente começaram a produzir um especial de uma hora de duração sobre o caso Jackson, aparentemente sem se intimidar pelo fato de que nada sabiam ainda sobre as alegações e os promotores não estavam respondendo às perguntas. A CBS dedicou um episódio de 48 horas, chamado "Investigação Sobre a Prisão", enquanto a Dateline da NBC e a ABC 20/20 também apresentaram especiais sobre Jackson. Dentro de dois dias desde a incursão em Neverland, e antes mesmo que Jackson fosse preso, a VH1 anunciou um documentário de meia hora chamado "O Escândalo Sexual de Michael Jackson".

O Daily Variety descreveu a história de Jackson como "uma dádiva de Deus para os meios de comunicação, particularmente canais de notícias por cabo e estações locais olhando para bombear números Nielsen na última semana da toda-importante varredura de novembro."

Nota da tradutora: Números Nielsen é um sistema que mede a audiência de um programa. O final de cada mês é o período de avaliação, os dados coletados durante a varredura são usados para direcionar a programação, a publicidade, etc. (Fonte Wikipedia)

O Daily Variety estava certo. A notícia do Celebrity-oriented mostra que houve picos quando a estória de Jackson foi transmitida. Os Índices de audiência para o Access Hollywood foram até 10% sobre a semana anterior. Entertainment Tonight e Extra ambos alcançaram os números mais altos de audiência da temporada e Celebrity Justice também teve um aumento de 8%.

Jornais reagiram tão histericamente quanto as estações de TV. "Tarado!", gritou o New York Daily News. "Jacko: Agora Saia Desta", provocou o New York Post.

The Sun, o maior jornal da Grã-Bretanha, publicou um artigo intitulado "Ele é Mau, ele é Perigoso, ele é História". A peça marca Jackson como um "ex-negro", um "ex-superstar", uma "aberração" e um "indivíduo torto" e apelou para filhos dele tomarem cuidado. "Se ele não fosse um ídolo pop, com pilhas de dinheiro para se esconder atrás", disse, "ele teria sido pego anos atrás."

Incentivados pelo estimulo da audiência que o escândalo de Jackson tinha produzido, meios de comunicação fizeram disso a missão deles, esmiuçar o caso tanto quanto eles podiam. Tom Sinclair, do Entertainment Weekly, escreveu: "Gurus da mídia, vindo das mais pegajosas reportagens de tabloides, as mais importantes âncoras ne redes de notícias, estão em uma corrida acelerada, lutando para preencher centímetros de coluna e tempo de transmissão com furos de reportagens sobre Jacko e cabeças falantes".

Nota: "Cabeças falantes" é uma expressão usada para se referir aos jornalistas, os "experts" que aparecem em telejornais apenas da cintura para cima. Normalmente é usada de forma pejorativa, significando que a pessoa, a "cabeça falante", está falando sobre o que não sabe, mas tenta parecer que sabe.

"A pressão sobre as pessoas de notícias é enorme", disse o advogado Harland Braun a Sinclair. "Então, os advogados de quem você nunca ouviu falar, aparecem na televisão falando sobre casos com os quais não têm nenhuma conexão."

Sinclair acrescentou: "E não apenas advogados. Todos, desde os médicos, escritores e psiquiatras a balconistas de lojas de conveniência que uma vez atendeu Jackson está passando na TV e na imprensa." Enquanto a mídia estava ocupada recebendo charlatães e os muito conhecidos pontos de vista deles sobre o escândalo, a equipe de promotores, por trás do caso mais recente de Jackson, estava envolvida em algum comportamento altamente questionável, mas a mídia não parece se importar.

Durante a invasão de Neverland, o promotor Tom Sneddon (o promotor que sem sucesso perseguido Jackson em 1993) e os oficiais dele, violaram os termos de seu próprio mandado de busca, por entrar no escritório de Jackson e apreender valiosos ou irrelevantes documentos comerciais. Eles também invadiram ilegalmente o escritório de um investigador particular que trabalha para a defesa de Jackson e levaram documentos de defesa da casa da assistente pessoal do cantor.

Nota da tradutora: Um mandado de busca é específico quanto ao que e em que locais deve-se procurar. O mandado não abrangia o escritório de Michael, nem os quartos dos filhos dele, mas foi violado pelos policiais, que disseram a Jesus Salas, mordomo de Neverland, que se ele não abrisse a porta "nós arrombaremos". Durante o julgamento os policiais alegaram que não sabiam que tais portas davam acesso ao escritório nem aos quartos das crianças, mas era uma mentira deslavada, pois Salas não apenas os informaram sobre isso como se colocou à frente das portas. Os setenta policiais reduziram o quarto de Michael a escombros. Os advogados de Michael estavam nos portões do rancho, mas foram impedidos de entrar. No entanto, a imprensa pode entrar e acompanhar a busca.
Sneddon também apareceu adulterando elementos fundamentais do caso, quando veio à tona a evidência que prejudicava as reivindicações da família Arvizo. Por exemplo, quando o promotor descobriu que cerca de duas entrevistas gravadas em que toda a família Arvizo cantou louvores a Jackson e negou qualquer abuso, ele introduziu uma acusação de conspiração e afirmou que tinham sido forçados a mentir contra a vontade deles.

Em um exemplo semelhante, o advogado de Jackson, Mark Geragos, apareceu na NBC, em janeiro de 2004, e anunciou que o cantor tinha um "concreto e irrefutável álibi" para as datas nos documentos de acusação. No momento em que Jackson foi re-indiciado, em abril, pela acusação de conspiração, a data do abuso sexual tinha sido aletrada por quase duas semanas.

Nota da tradutora: Mark Geragos cometeu um erro crasso ao revelar o álibi de Michael entes da hora. Como Michael não estava em Neverland no período que a família alegava que o abuso tinha ocorrido, restava claro que os Arvizos estavam mentindo. Mas por Geragos ter revelado esse álibi antes da hora, a data foi alterada. E voltaria a ser alterada mais três vezes! Sempre que a defesa provava que Michael não estava em Neverland no período fixado. Tom Sneddon chegou a apresentar uma moção exigindo que os advogados dissessem onde Michael estava e quando, para que a promotoria pudesse fixar uma data para a prática do suposto abuso! Em um lampejo de lucidez, o juiz Melville disse a Sneddon que a defesa não tinha que colaborar com a acusação.

Sneddon foi apanhado mais tarde, aparentemente, tentando plantar provas de impressão digitais contra Jackson, permitindo que o acusador, Gavin Arvizo, manipulasse revistas para adultos durante as audiências do grande júri, em seguida, ensacou-as e as enviou para a análise de impressões digitais.

Não só a maioria dos meios de comunicação ignorou esta enxurrada de atividades questionáveis e, ocasionalmente, ilegal por parte do Ministério Público, isso parecia ser o conteúdo perfeito para perpetuar a propaganda condenatórias em nome da promotoria, apesar de uma completa falta de evidências mais contundentes. Por exemplo, Diane Dimond apareceu no Larry King Live, dias após a prisão de Jackson, e falou repetidamente sobre uma "pilha de cartas de amor" que a estrela tinha supostamente escrito para Gavin Arvizo.

"Alguém aqui sabe da existência dessas cartas?" perguntou King.
Com certeza", respondeu Dimond. Eu sei. Eu com certeza sei da existência delas ! "
"Diane, você as leu?"
"Não, eu não as li."

Dimond admitiu que ela nunca tinha visto as cartas, e muito menos as leu, mas disse que ela sabia sobre elas de "fontes policiais". Mas nunca as cartas de amor se materializaram. Dimond quando disse que ela "sabia muito bem" de da existência delas, mas estava baseando os comentários dela apenas em palavras ditas por fontes policiais. Na melhor das hipóteses, as fontes policiais estavam repetindo as alegações do Arvizos "de boa fé. Na pior das hipóteses, eles inventaram a história para sujar nome de Jackson. De qualquer maneira, a estória deu a volta ao mundo sem nem um traço de evidência para apoiá-la. De qualquer modo, as tais cartas nunca se materializaram.

Foi mais de um ano entre a prisão de Jackson e o início do julgamento dele; e os meios de comunicação foram forçados a tentar preencher a estória tanto tempo quanto podiam nesse ínterim. Conscientes de que Jackson estava impedido por uma ordem de silêncio e, portanto, incapaz de responder, simpatizantes da promotoria começaram a vazar documentos como a declaração de Jordan Chandler à polícia, em 1993. A mídia, com fome de escândalo e sensacionalismo, se atirou sobre eles.

Nota da tradutora: Hoje sabemos muito bem que o autor do "vazamento" foi Larry Feldman, o advogado que representou os Chandlers em 1993, após a demissão de Glória Alred e que também foi procurado pelos Arvizos em 2003. Feldman, então, indicou que procurassem o psiquiatra Stanley Katz. Dessa forma, os personagens desse esquema sórdido se repetiram.

Ao mesmo tempo, as alegações vendidas para programas sensacionalistas de TV por ex-funcionários na década de 90 eram constantemente re-apresentados e transmitidos como notícias. Pequenos detalhes das alegações da família Arvizo também periodicamente vazaram.

Enquanto a maioria dos meios de comunicação relataram essas estórias como alegações e não fatos, a enorme quantidade e frequência de estórias ligando Jackson ao feio abuso sexual, juntamente com a incapacidade dele de refutá-los, teve um efeito devastador sobre a imagem pública da estrela.

O julgamento começou no início de 2005 com a seleção do júri. Perguntado pela NBC sobre as táticas de seleção do júri pela acusação e pela defesa, Diane Dimond disse que a diferença era que o Ministério Público estaria procurando os jurados que tinham um sentido de "bem contra o mal" e "certo e errado".

Tão logo os jurados foram selecionados, o Newsweek estava tentando prejudicá-los, alegando que um júri de classe média não seria capaz de julgar de forma justa uma família de acusadores de classe baixa. Em um artigo intitulado "Playing the Classe Card" a revista disse: " O julgamento de Michael Jackson pode depender de algo diferente de raça. E não me refiro à evidência."

Como o julgamento retrocedeu na engrenagem, tornou-se rapidamente claro que o caso estava cheio de buracos. As "provas" da acusação eram apenas uma pilha de revistas pornô, heterossexual, e um par de livros de arte, legal. Thomas Mesereau escreveu em uma moção ao tribunal, "O esforço para testar o Sr. Jackson por ter uma das maiores bibliotecas privadas no mundo é alarmante. Não desde o dia escuro de quase três quartos de um século atrás, ninguém tem assistido a uma promotoria que afirmava que a posse de livros de artistas bem conhecidos são evidências de um crime contra o Estado."

O irmão de Gavin Arvizo, Star, assumiu o posto no início do julgamento e alegou ter presenciado dois atos específicos de abuso sexual, mas o depoimento dele foi completamente inconsistente. A respeito de um suposto ato, ele alegou no tribunal que Jackson tinha feito carícias em Gavin, mas em uma descrição anterior do mesmo incidente, ele contou uma estória completamente diferente, alegando que Jackson havia esfregando o pênis contra as nádegas de Gavin. Ele também contou duas estórias diferentes sobre outros supostos atos em dois dias consecutivos no tribunal.

Durante o interrogatório, o advogado de Jackson, Thomas Mesereau, mostrou ao menino uma cópia de Barely Legal e repetidamente perguntou se era a edição específica que Jackson mostrara a ele e ao irmão dele. O rapaz insistiu que era, apenas para Mesereau revelar que a revista foi publicado em agosto de 2003, cinco meses após a família Arvizo ter deixado Neverland. Mas essa informação foi quase inteiramente não declarada, a mídia estava focada nas alegações do menino e não no interrogatório que as destruíram. Alegações fazem bom estardalhaço. Interrogatório complexo, não.

Quando Gavin Arvizo sentou no banco de testemunhas, ele afirmou que Jackson tinha iniciado o primeiro ato de abuso, dizendo-lhe que todos os meninos tinham de se masturbar ou então eles iriam se transformar em estupradores. Mas Mesereau mostrou em interrogatório que o menino tinha admitido anteriormente que a avó dele fez esse comentário, não Jackson. O que significa que toda a estória de abuso sexual foi baseada em uma mentira.

Sob interrogatório o menino severamente prejudicou a acusação de conspiração feita pela promotoria, alegando que ele nunca sentiu medo em Neverland e ele nunca quis ir embora. O relato dele sobre o alegado abuso também diferenciava da versão do irmão dele.

Infelizmente, para Jackson,o interrogatório de Gavin Arvizo foi completamente ignorado, pois os jornais riam e fofocavam sobre o que ficou conhecido como "dia de pijama".

No primeiro dia de exame direto do menino, Jackson escorregou no chuveiro, machucando o pulmão e foi levado às pressas para o hospital. Quando o juiz Rodney Melville ordenou um mandado de condução para a prisão de Jackson, a menos que ele chegasse dentro de uma hora, o cantor correu para o tribunal vestindo a calça do pijama que ele estava usando quando foi levado às pressas para o hospital.

As fotografias de Jackson de pijama correram o mundo todo, sempre sem mencionar que Jackson se feriu ou a razão de ele estar vestindo o pijama. Muitos jornalistas acusaram Jackson de inventar todo o evento, a fim de ganhar a simpatia, apesar de simpatia ser a última palavra que você usaria para descrever a reação da mídia.

O incidente não impediu a mídia de espalhar as alegações sensacionalistas de Gavin Arvizo por todo mundo, no dia seguinte. Algumas reportagens até mesmo abordaram o testemunho do menino como um fato e não conjectura. "Ele disse que se Meninos Não Fizerem Isso, Eles Podem Se Tornar Estupradores: O Menino com Câncer, Gavin, Conta ao Tribunal Sobre Sexo Com Jacko", escreveu o The Mirror.

Mas o interrogatório do garoto foi outra estória. Ele passou quase completamente ignorado. Em vez de estórias sobre as mentiras que Gavin Arvizo e as alegações contraditórias dos dois irmãos, as páginas dos jornais estavam cheias de matérias com sarcásticas opiniões sobre o pijama de Jackson, embora o "dia do pijama" tivesse ocorrido dias antes. Milhares de palavras foram direcionadas a questionar se Jackson usava ou não uma peruca e até mesmo o The Sun publicou um artigo atacando Jackson pelos acessórios que ele colocava nos coletes dele, a cada dia. Parecia que a imprensa iria escrever qualquer coisa para evitar discutir o interrogatório do rapaz, o qual prejudicou gravemente caso da promotoria.

Este hábito de relatar as sinistras alegações, mas ignorar o interrogatório que as desacreditavam se tornou uma tendência distinta ao longo do julgamento de Jackson. Em primeiro de abril de 2005, em uma entrevista com Matt Drudge, o colunista Roger Friedman , da Fox explicou: "O que não dizem é que a inquirição dessas testemunhas é geralmente fatal para eles." Ele acrescentou que sempre que alguém disse algo obsceno ou dramático sobre Jackson, a mídia "saiu correndo para fora para relatar isso" e perdeu o interrogatório subsequente.

Drudge concordou, acrescentando: "Você não está ouvindo sobre como testemunha após testemunha está se desintegrando na tribuna. Não há uma testemunha, pelo menos até agora, que não tenha admitido cometer perjúrio em processos anteriores, ou neste caso, ou em algum outro caso.”

"Esta tendência de ignorar o interrogatório foi talvez mais evidente na cobertura pela mídia do depoimento Kiki Fournier. Sob exame direto pela acusação, Fournier, uma empregada de Neverland, testemunhou que quando em Neverland, as crianças, muitas vezes, tornavam-se incontroláveis e ela tinha visto, algumas vezes, crianças tão hiperativas que elas poderiam, possivelmente, estar intoxicadas. A mídia correu para fora para relatar essa aparente notícia bombástica e perdeu uma das peças mais significativas do testemunho em todo o julgamento.”

Sob o interrogatório de Thomas Mesereau, Fournier disse que durante as semanas finais da família Arvizo em Neverland (o período durante o qual o abuso sexual supostamente aconteceu) o quarto de hóspedes ocupado pelos dois rapazes tinham estado constantemente desarrumado, levando-a a acreditar que tinham dormido no próprio quarto o tempo todo, não no quarto de Michael Jackson.

Ela também declarou que Star Arvizo já havia puxado uma faca para ela, na cozinha, explicando que ela não sentia que tinha sido concebido como uma piada e que ela pensava que ele estava "a tentar fazer valer algum tipo de autoridade".

Em um golpe devastador para a acusação, cada vez mais hilária, de conspiração feita pela promotoria, Fournier riu da ideia de que alguém pudesse ser preso em Neverland Ranch, dizendo aos jurados que não havia cerca alta em volta da propriedade e a família poderia ter saído a qualquer momento "com facilidade".

Quando a mãe de Gavin e Star, Janet Arvizo sentou no banco de testemunhas, Tom Sneddon foi visto com a cabeça entre as mãos. Ela alegou que uma fita de vídeo de si mesma e os filhos dela louvando Jackson foi roteirizada palavra por palavra por um homem alemão que mal falava Inglês. Sob juramento ela foi vista cantando louvores a Jackson e em seguida, olhando envergonhada e perguntando se ela estava sendo gravada. Ela disse que tinha sido um script, também.

Ela alegou que tinha sido mantida refém em Neverland apesar de os livros de registro e recibos mostrarem que ela tinha deixado a fazenda e retornado em três ocasiões, durante o período de "cativeiro". Tornou-se evidente que ela estava atualmente sob investigação por receber fraudulentamente ajuda assistencial e também tinha falsamente obtido dinheiro à custa da doença do filho dela, recebendo doações para pagar o tratamento de câncer quando isso já estava coberto pelo seguro de saúde.

Mesmo os defensores mais ardentes da promotoria teve que admitir que Janet Arvizo foi uma testemunha desastroso para o Estado. Exceto Diane Dimond, que, em março de 2005, pareceu usar a fraude por benefícios de Janet Arvizo (ela foi condenada na esteira do julgamento de Jackson) como prova indireta de culpa de Jackson, assinando um artigo do New York Post com a linha bate boca, "Pedófilos não alvejam crianças com Ozzie e Harriet como pais."

Vendo o caso deles desmoronar diante de seus olhos, a promotoria pediu ao juiz que permitisse a admissão de provas de "anteriores maus-atos". A permissão foi concedida. O Ministério Público disse ao júri que iria ouvir o depoimento de cinco ex-vítimas. Mas esses cinco casos anteriores acabaram por ser ainda mais risíveis que as alegações dos Arvizos.

Leia o testemunho de Culkin e uma entrevista dele a Larry King, nos links abaixo:





Um desfile de descontentes seguranças e empregadas domésticas tomou a posição de testemunhar que tinham presenciado abuso sexual, muitas delas realizadas em três meninos, Wade Robson, Brett Barnes e Macaulay Culkin. Mas aqueles três meninos foram as três primeiras testemunhas da defesa, cada um deles atestando que Jackson nunca os tinha tocado e eles ressentiam-se daquela acusação.

Além disso, foi revelado que cada um destes ex-funcionários haviam sido demitidos por Jackson para roubar da propriedade dele ou tinham perdido um processo por demissão injusta e acabaram devendo a Jackson enormes quantias de dinheiro. Eles também se esqueceram de dizer à polícia quando supostamente presenciou este abuso, mesmo quando questionado em relação às alegações de Jordy Chandler, em 1993, mas depois tentaram vender estórias para a imprensa. Algumas vezes com sucesso. Quanto mais dinheiro na mesa, mais obscenas as alegações se tornaram.

Roger Friedman reclamou em uma entrevista com Matt Drudge que a mídia estava ignorando a inquirição das testemunhas dos "anteriores maus atos", resultando em relatórios distorcidos. Ele disse: "Quando começou a quinta-feira, a primeira hora foi com esse cara, Ralph Chacon, que havia trabalhado na fazenda como um guarda de segurança. Ele contou a estória mais escandalosa. Foi tão gráfico. E, claro, todo mundo saiu correndo para fora para relatar sobre isso. Mas imediatamente 10 minutos antes da primeira pausa, na quinta-feira, Tom Mesereau levantou-se e interrogou esse cara e destruiu-o."

A quarta "vítima", Jason Francia, prestou depoimento e alegou que quando ele era criança, Jackson molestou-o em três ocasiões separadas. Empurrado para mais detalhes sobre o "abuso sexual", ele disse que Jackson o tinha acariciado três vezes, por fora da roupa dele e ele tinha precisado de anos de terapia para superar isso. O júri foi visto rolando os olhos, mas repórteres, incluindo Dan Abrams, anunciou-o como "convincente", prevendo que ele poderia ser o testemunho que colocaria Jackson atrás das grades.

A mídia repetidamente afirmava que as alegações de Francia tinha sido feitas em 1990, levando o público a acreditar que as alegações de Jordy Chandler foram posteriores. Na realidade, embora Jason Francia tenha alegado que os atos de abuso sexual ocorreram em 1990, ele não os relatou até depois da tempestade na mídia sobre as alegações de Chandler, ponto no qual, a mãe dele, Blanca Francia, uma empregada doméstica em Neverland , prontamente extraiu 20.000 dólares de Hard Copy por um entrevista com Diane Dimond e outros 2,4 milhões de dólares em um acordo com Jackson.
Além disso, transcrições de entrevistas da polícia mostraram que Francia repetidamente mudou a estória dele e tinha inicialmente insistido que ele nunca tinha sido molestado.

Transcrições também mostraram que ele só disse que foi molestado muito tempo depois que policiais ultrapassaram o limite durante as entrevistas. Oficiais repetidamente referiram-se a Jackson como um "predador". Em uma ocasião disseram ao menino que Jackson molestou Macaulay Culkin, alegando que a única maneira que poderiam resgatar Culkin era se Francia dissesse a eles que tinha sido abusado sexualmente pela estrela.

Transcrições mostraram, também, que Francia tinha dito anteriormente sobre a polícia, "Eles me fizeram aparecer com o material. Eles continuaram pressionando. Eu queria bater-lhes na cabeça."

A quinta "vítima" foi Jordy Chandler, que fugiu do país em vez de testemunhar contra seu ex-amigo. Thomas Mesereau disse em uma palestra em Harvard, no final daquele ano, "Os promotores tentaram convencê-lo a aparecer e ele não quis. Se ele tivesse aparecido, eu tinha testemunhas que estavam prontas para vir e dizer que ele lhes disse que isso nunca aconteceu e que ele nunca iria falar com os pais dele novamente porque o fizeram dizer aquilo. Acontece que ele tinha ido ao tribunal e obteve a emancipação legal dos pais."

Seminário de Harvard aqui:



June Chandler, a mãe de Jordy, depôs dizendo que ela não tinha falado com o filho dela, em 11 anos. Questionada sobre o caso de 1993, ela parecia sofrer de um grave caso de memória seletiva. Em um ponto ela alegou que ela não conseguia se lembrar de ter processado Michael Jackson e em outro ela disse que nunca tinha ouvido falar do próprio advogado dela. Ela também nunca presenciou qualquer abuso.

Quando a acusação repousava, a mídia parecia perder o interesse no julgamento. Ao caso da defesa foi dado comparativamente pouco espaço nos jornais e relativamente pouco tempo no ar. O Hollywood Reporter, que estava diligentemente relatando o julgamento de Jackson, ficou de fora por duas semanas inteiras, durante o processo de defesa. A atitude parecia ser que, a menos que o testemunho fosse gráfico e obsceno, a menos que ele fizesse um bom estardalhaço, não interessava relatar.

A defesa chamou inúmeras testemunhas fantásticas, meninos e meninas que passaram tempo com Jackson e, novamente, nunca testemunharam qualquer ato inapropriado; empregados que testemunharam os garotos Arvizos que pegaram álcool por si mesmos, quando Jackson estava ausente e celebridades que tinham sido alvos de mendicância pelos acusadores. Mas pouco desses testemunhos foi apresentado ao público.

Quando o promotor Tom Sneddon se referiu ao comediante negro, Cris Tucker, como "garoto", durante o interrogatório dele, a mídia nem piscou.
Quando ambos os lados descansaram, os jurados disseram que se encontraram qualquer dúvida razoável, eles tinham que absolver. Qualquer pessoa que estava prestando atenção ao processo podia ver que a dúvida foi muito além de razoável, não era mesmo engraçado.

Quase todas as testemunhas de acusação ou cometeram perjúrio ou acabaram ajudando a defesa. Não havia um fragmento de evidência que ligasse Jackson a qualquer crime e não houve uma única testemunha credível conectando-o a um crime também.

Mas isso não impediu jornalistas e especialistas de fazerem previsões de vereditos de culpa, Nancy Grace, da CNN, liderando o caminho. O advogado de defesa, Robert Shapiro, que já representou a família Chandler, afirmou com certeza na CNN: "Ele vai ser condenado." O ex-procurador , Wendy Murphy, disse à Fox News, "Não há dúvida de que veremos condenações aqui."

A histeria dos fãs fora do tribunal foi espelhada pela dos repórteres que garantiram lugares dentro, que estavam tão excitados que o juiz Rodney Melville ordenou-lhes que "contivessem-se".

Thomas Mesereau comentou retrospectivamente, que a mídia esteve "quase salivando sobre ter [Jackson] levado para a cadeia."
Quando o júri entregou os 14 vereditos "não culpado", a mídia foi "humilhada", Mesereau disse em uma entrevista posterior.

O analista de mídia, Tim Rutten, comentou mais tarde: "Então o que aconteceu quando Jackson foi absolvido de todas as acusações? Faces vermelhas? Pensaram melhor? Um pouco de remorso, talvez? Talvez uma expressão de pesar pelo julgamento precipitado? Nãaaaaao. A reação, ao contrário, foi de raiva liberalmente atada com desprezo e estranhas expressões intrigadas. Os alvos deles eram os jurados... o inferno não tem fúria como uma âncora de rede a cabo tem desprezo. "

Em uma coletiva de imprensa após o veredicto, Sneddon continuou a se referir a Gavin Arvizo como uma "vítima" e disse que suspeitava que o "fator celebridade" tinha impedido o julgamento do júri , uma linha da qual os especialistas da mídia rapidamente se apropriaram, pois puseram-se a atacar os jurados e os veredictos deles.

Poucos minutos depois do anúncio, Nancy Grace apareceu na CourtTV alegando que os jurados tinham sido seduzidos pela fama de Jackson e bizarramente afirmou que o único ponto fraco da acusação tinha sido Janet Arvizo.

"Estou comendo um sanduíche de galinha agora", disse ela. "Não tem gosto muito bom. Mas você sabe o quê? Eu também não estou surpresa. Pensei que a celebridade fosse um fator muito grande. Quando você pensa que conhece alguém, quando você assistiu aos concertos deles, ouviu as gravações deles, leu as letras, acreditavam que estavam vindo do coração de alguém... Jackson é muito carismático, apesar de ele nunca sentar no banco de testemunhas. Isso tem um efeito sobre o júri. Eu não vou jogar uma pedra na mãe, embora eu pense que ela era o elo mais fraco no caso do estado, mas a realidade é que eu não estou surpresa. Eu pensei que o júri iria votar a favor de similares testemunhas de transação. Aparentemente, a defesa os oprimiu com o interrogatório da mãe. Eu penso que se resume a isso, pura e simplesmente. "

Grace mais tarde afirmou que Jackson "não foi culpado em razão da celebridade" e foi vista tentando forçar o primeiro jurado, Paul Rodriguez, a dizer que ele acreditava que Jackson molestou crianças.

Um dos convidados de Grace, a psicanalista Bethany Marshall, nivelou ataques pessoais a uma jurada do sexo feminino, dizendo: "Esta é uma mulher que não tem vida."

Na Fox News, Wendy Murphy chama Jackson "predador Teflon" e disse que os jurados precisavam de testes de QI. Mais tarde, ela acrescentou: "Eu realmente penso que é o fator celebridade, e não a prova. Eu não acho que nem mesmo os jurados entenderam como eles foram influenciados por quem Michael Jackson é... Eles basicamente colocaram alvos nas costas de todos, especialmente os altamente vulneráveis, as crianças que, agora, entrarão na vida de Michael Jackson."

O analista legal, Jeffrey Toobin, disse à CNN que achava que os testemunhos dos "anteriores maus atos" "tinham sido provas cabais", apesar de vários meninos terem, no centro do testemunho, subido na tribuna como testemunha de defesa e negado terem sido molestados. Ele também alegou que a defesa tinha ganho porque "eles puderam contar uma estória, e os júris, você sabe, sempre entendem estórias mais que fatos individuais."

Apenas Robert Shapiro foi digno em face das sentenças, dizendo aos espectadores que eles deveriam aceitar a decisão dos jurados, pois os jurados eram de "uma parte muito conservadora da Califórnia e se eles não tinham dúvida, nenhum de nós deve ter nenhuma dúvida."

No dia seguinte no programa Good Morning America, Diane Sawyer manteve a noção de que o veredicto havia sido influenciado pelo status de celebridade de Michael Jackson. "Você tem certeza?" ela suplicou. "Tem certeza que esse cara gigantescamente renomado, entrando na sala, não teve absolutamente nenhuma influência?"

O Washington Post, comentou: "Uma absolvição não limpa o nome dele, ela só turva a água." Tanto o New York Post e o New York Daily News trouxeram manchetes maliciosas, com o título "Caramba, Oh, Caramba! "

No artigo final dela no New York, sobre o julgamento, Diane Dimond lamentou o veredicto de inocência, dizendo que isso deixou Michael Jackson intocável. Ela escreveu: "Ele saiu do tribunal um homem livre, não é culpado de todas as acusações. Mas Michael Jackson é muito mais do que livre. Ele agora tem carta branca para viver vida dele do jeito que ele quer, com quem ele quer, porque quem tentará processará Michael Jackson agora? "

Nota da tradutora: Mas, não é esse um direito de uma pessoa livre e inocente? Viver como quer e com quem quer, sem sofrer processos maliciosos, sem ser acusados de crimes por golpistas em busca de ganho fácil quando não existe a mais ínfima prova contra ele ? Não é, enfim, direito de uma pessoa livre viver em paz? Parece que, na opinião da imprensa, se essa pessoa é Michael Jackson, a resposta é NÃO. E, como vimos, Michael teve de passar a o resto da vida se defendendo de acusações infundadas e ainda hoje, após a morte dele, ainda insistem em afirmando que ele era culpado de um crime que jamais cometeu.

No jornal britânico The Sun, a celebridade sabichona e extraordinária cabeça falante, Jane Moore, escreveu um artigo intitulado "Se o júri concordar que Janet Arvizo é uma mãe ruim (e ela É)... Como é que eles permitem que Jackson escape? "Começava assim: "Michael Jackson é inocente. Justiça tem sido feita. É no que os lunáticos reunidos do lado de fora do tribunal querem nos fazer crer..." Ela passou a questionar a capacidade mental dos jurados e descartar o sistema legal norte-americano como "os jurados meia-boca". "Nada e ninguém realmente emerge como um vencedor a partir desta lamentável bagunça", ela terminou, "muito menos do que eles ridiculamente chamam de "justiça americana."

O contribuinte do Sun, Ally Ross, dispensou os fãs de Jackson como "solitários sabichões". Outro artigo do Sun, escrito pela apresentadora vespertina de TV, Lorraine Kelly, intitulado “Não se esqueça de que as crianças ainda estão em risco... A própria gente de Jacko abertamente marcou Jackson como um homem culpado.”

Kelly, que nunca participou do julgamento de Jackson, lamentou o fato de Jackson ter conseguido "terminar com isso ", reclamando que " em vez de definhar na prisão, Jackson agora está de volta para casa em Neverland".Jackson, concluiu ela, era "um triste, doente perdedor, que usa a fama dele e dinheiro para deslumbrar os pais de crianças que ele vislumbra".

Após a indignação inicial, a história de Michael Jackson saiu das manchetes. Houve pouca análise dos veredictos de inocente e como eles foram alcançados. Uma absolvição foi considerada menos rentável do que uma condenação.

Na verdade, Thomas Mesereau disse anos mais tarde, que se Jackson tivesse sido condenado, teria criado uma "indústria" para a mídia, gerando uma estória por dia, para os próximos anos. Sagas de longa duração como a guarda dos filhos de Jackson, o controle do império financeiro dele, outras "vítimas" ajuizando processos civis e um tedioso processo de apelação teriam gerado, cada um, milhares de estórias durante meses, anos, talvez até mesmo, décadas.

A Prisão de Jackson teria criado uma fonte gratuita interminável de manchetes: Quem está visitando? Quem não está? Ele está em confinamento solitário? Se não, quem são os companheiros de cela dele? E quanto aos guardas da prisão? Será que ele tem uma namorada por correspondência na prisão? Podemos voar um helicóptero sobre o pátio da prisão e filmá-lo se exercitando? As possibilidades eram infinitas. A guerra de lances versava sobre quem iria receber as primeiras imagens vazadas de Jackson na cela, antes mesmo que o júri tivesse começado as deliberações.
Um veredicto de inocência não era tão lucrativo. Em entrevista à Newsweek, o chefe da CNN, Jonathan Klein, lembrou-se de assistir aos veredictos de inocente aparecendo e, em seguida, dizendo aos subordinados dele, "Nós temos uma história menos interessante agora."

O Hollywood Reporter observou que especiais de TV sobre a absolvição de Jackson foram foram mal realizados, às pressas e foram espancados na classificação por uma reapresentação de Nanny 911.

A história tinha acabado. Não houve pedidos de desculpas e não houve retratações. Não houve escrutínio, nem investigações. Ninguém foi responsabilizado por aquilo que foi feito a Michael Jackson. A mídia estava disposta a deixar que as pessoas insistissem em acreditar na versão fortemente distorcida e exageradamente fictícia deles sobre o julgamento. Foi isso.

Quando Michael Jackson morreu a mídia tornou-se desenfreada de novo. Quais drogas o mataram? A quanto tempo ele as usava? Quem as tinha prescrito? O que mais estava no sistema dele? Quanto ele pesa? Mas havia uma pergunta que ninguém parecia querer perguntar: Por quê?

Por que Michael Jackson estava tão estressado e tão paranoico que ele não poderia nem mesmo ter uma noite de sono decente, a menos que alguém prendesse um tubo cheio de anestésico no braço dele? Eu penso que a resposta pode ser encontrada nos resultados de várias pesquisas realizadas na sequência do julgamento de Michael Jackson.

Uma sondagem realizada pela Gallup nas primeiras horas após o veredito mostrou que 54% dos americanos brancos e 48% da população total discordavam da decisão do júri de "não culpado". A pesquisa também constatou que 62% das pessoas sentiram que o status de celebridade de Michael Jackson foi significativo no veredito. 34% disseram estar "entristecido" com o veredicto e 24% disseram estar "ultrajado". Em uma pesquisa da Fox News, 37 % dos votantes disseram que o veredicto foi "errado", enquanto um adicional de 25% disse "celebridades compram justiça". Uma pesquisa feita pelo People Weekly descobriu que um percentual de 88% dos leitores discordou da decisão do júri.

A mídia prejudicou os espectadores dela e prejudicou Jackson. Depois de lutar o caminho através de um exaustivo e horrível julgamento, cheio de acusações e hediondos assassinatos de caráter, Michael Jackson deveria ter se sentido vingado quando o júri entregou os14 unânime vereditos de não culpado. Mas a cobertura irresponsável da mídia sobre o julgamento tornou impossível para Jackson se sentir verdadeiramente justificado.

O sistema jurídico pode ter declarando-o inocente, mas o público, em geral, ainda pensava o contrário. Alegações que foram contestadas em tribunal não foram contestadas na imprensa. Testemunho instável foi apresentado como um fato. O caso da defesa foi absolutamente ignorado.
Quando questionados sobre quem duvidava dos veredictos, o júri respondeu: "Eles não viram o que vimos."

Eles estão certos. Nós não vimos. Mas deveríamos ter visto. E aqueles que se recusaram a dizer-nos permanecem nos empregos deles, inquestionados, impunes e livres para fazer exatamente a mesma coisa para qualquer um que desejem.
Isso é o que eu chamo de injustiça.

***

Charles Tompson é um premiado crítico musical que contribuiu para jornais como The Sun, The Guardian, MOJO e Wax poetic. Atualmente, Charles Thomson contribui regularmente para SAWF News.

Traduzido e comentado por Daniela Ferreira
Fonte:




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