Conspiracy, capítulo 13 "Livin' Off The Wall"
“Livin’ Off The Wall”
Enquanto o Papa João Paulo II continuava deteriorando, incapaz de atender a Easter Vigil Mass, em Roma, o pessoal da mídia agora começava a sair de Santa Maria. Deixando um enorme buraco na frente do tribunal, os membros da mídia tinham começado a jornada deles ao Vaticano, ansiosos por capturar os pensamentos e preocupações sobre o Papa João Paulo II, por que o mundo inteiro estava orando.
De volta à corte de Santa Maria, com menos mídia cobrindo o julgamento de Jackson, as orações dos fãs por Jackson se tornaram mais importantes que nunca. Olhando para o rosto de Michael, ele varria a multidão, o supertar precisava ver solidariedade. Jackson esteve sob ataque durante muito tempo. Tornou-se dolorosamente óbvio que ele precisava de pessoas ao lado dele. A ideia de que se cercava de bonecos em casa, a noção de que Michael era incapaz de se relacionar com pessoas “reais”, certamente não tem qualquer relação com a enorme necessidade de Michael de se sentir amado. O pop star estendia a mão para os fãs dele todos os dias, sorrindo e fazendo um sinal de vitória para eles.
Quando o julgamento criminal prosseguiu, Michael começou a sofrer um sutil colapso físico. Os fãs deram e ele um senso de esperança enquanto ele lutava através de uma tempestade legal. Mas a remanescente mídia continuava a espancar Jackson, focando na possibilidade de que o testemunho do acusador do passado poderia ser permitido no julgamento. Mais que nunca, Michael precisava sentir a energia das pessoas que se preocupavam com ele. Parecia que os fãs eram tão importantes para ele quanto a família dele e ambos os grupos estavam ultrajados pela humilhação pública de Michael. Os fãs dele, até mais que a família, estavam revoltados por Michael estar sendo julgado tão duramente.
No meio do caos, Michael pareceu se tornar mais próximo dos fãs dele do que ninguém jamais imaginou. Ele certamente dependia de Mesereau e do time de defesa dele, mas, no fim, a força de Michael vinha das pessoas que o amavam e admiravam o trabalho dele.
Fãs obstinados, pessoas acampadas do lado de fora da cerca do tribunal, pessoas que estavam acampadas do lado de fora dos portões de Neverland, tornaram-se enormemente importantes para o estado mental de Michael. Eles eram estranhos, verdade, mas para Michael, eles eram as pessoas que o sustentaram durante a vida dele. O palco era tudo que ele realmente tinha conhecido.
Fãs ficaram ao lado de Michael durante a pior provação pública dele.
Os cartazes deles forravam as ruas e as caixas de sons deles tocavam a música de Michael. Músicas do álbum “HIStory”, músicas do álbum “Thriller” podiam ser ouvidas todos os dias, portanto, mesmo no meio de todo a confusão, a música de Michael prevaleceu. Muitos dos fãs estavam acompanhando a estória da acusação de abusos sexual contra Michael desde a época que a estória de 1993 surgiu pela primeira vez e sentiam que foi tirado vantagem de Michael, por tabloides, por rumores, por “pessoas do mal” que estavam em busca de dinheiro. Muitos tinham recortes de notícias sobre as acusações de 1993 e trouxe-as para o tribunal, para argumentar como a mídia tinha sido injusta com Michael por décadas. Havia fãs que tentavam convencer a mídia de que Michael foi vítima de conspiração, que tabloides e “pessoas que se vendem por dinheiro” tinham conspirado com a Sony para destruir Jackson, muito antes do julgamento em Santa Maria ter começado.
Nenhum outro artista poderia ter atraído tão diferentes pessoas: todos os credos, raça e nacionalidades estavam representadas. Pessoas de todas as idades e orientações religiosas tinham vindo voando e tinham se dedicado a Michael. Os fãs que estavam lá tinham criado uma sinergia que era inegável. Mas a mídia pensava que os fãs de Jackson eram completamente lunáticos.
Enquanto milhões de pessoas no mundo todo estavam se perguntando se Michael era culpado, os fãs dele, em frente ao tribunal, tinham raiva nos olhos quando eles escutavam sobre a pornografia que tinha sido introduzida pela promotoria para tentar manchar o pop star. Eles estavam distribuindo camisetas em apoio a Michael, celebrando Michael por usar imagens do superstar estampadas nas costas deles, recitando as mensagens impressas:
“Ei, ei, nós estamos aqui para ficar. Nós não seremos movidos... por toda esta mídia negativa... Ei, ei, hipocrisia nunca foi minha amiga. Você comercializa para vitimar, enganando as mentes.” As pessoas cantaram. “América deveria ser... a terra do leite e mel, transbordante de igualdade. Michael Jackson devia ser tratado com dignidade. Ele é parte da humanidade... Carne e sangue como você e eu... Você precisa parar de ser ganancioso, usar Michael como uma mercadoria, tentando vender sua filosofia.”
Enquanto os fãs se tornavam mais vocais, os oficiais que cercavam o tribunal aumentavam a segurança. Ainda assim, um conjunto de armas e táticas não puderam evitar que Michael tivesse um grupo unido de fãs, pessoal novo que continuava a achegar todas as semanas, ondulando bandeiras dos países do mundo todo.
A cada dia, o superstar emergiria da SUV dele, vestindo um terno acentuado e gravata, ostentando um colete chamativo e braçadeira combinando. Sem falhas, a presença de Jackson fazia os fãs gritarem com alegria. Algumas das fãs femininas dele abertamente agradeciam a Deus por terem a chance de ver que Michael estava realmente bem. Outros pareciam intoxicados, muito eufóricos, apenas pela proximidade deles com o por star.
Mas então, em certos momentos, fãs perceberiam que Michael que o caminhar de Michael não tinha energia. Não havia nenhum daqueles gestos otimistas que as pessoas estavam acostumadas verem. As poucas pessoas que ganhavam um assento na loteria, para ficar dentro do tribunal, ficavam perturbadas por verem que Michael estava sempre trêmulo, segurando um lenço contra or rosto, lutando contra as lágrimas.
Alguns dias, os irmãos de Michael ajudariam a escoltá-lo para dentro do tribunal e houve vezes que parecia que Michael estava prestes a desmaiar, como se ele não pudesse ficar de pé. Era difícil para o por star retornar ao tribunal, cada dia, para assistir ao desfile de pessoas lançando acusações contra ele.
Enquanto o julgamento procedia, os irmãos dele, Jackie Tito, Jermaine, Randy e Marlon estavam se revezando durante os difíceis testemunhos. La Toya e Rebbie apareceriam em turnos, também, embora não sempre. Por alguma razão, Janet apareceu no tribunal apenas duas vezes: para a moção preventiva, quando toda a família usou branco e, então, no dia dos vereditos. De qualquer forma, fontes confirmam que toda a família Jackson estava em um sistema de muito conforto e apoio para Michael durante o julgamento, ajudando-o, trabalhando nos bastidores.
De todos os irmãos, porém, Randy foi quem tomou parte mais ativa na defesa de Michael. Foi Randy quem trabalhou com Johnnie Cochran, quem trouxe Tom Mesereau para bordo, como substituto de Mark Geragos, no momento em que Michael precisava de um advogado muito competente que pudesse focar inteiramente nele.
É claros, Joe Jackson estava lá por Michael, talvez mesmo mais do que qualquer um poderia esperar que ele estivesse, dado que ele continuava viajando para lugares distantes, como o Japão. Joe não esteve no tribunal em todos os dias, mas ele apareceria e ficaria por semanas em um dado momento, normalmente para ouvir os testemunhos mais importantes.
Quando ele sentava no tribunal, Joe Jackson era austero e parecia muito um estadista. Ele assistia às várias pessoas que estavam tentando colocar o filho dele atrás das grades e o caráter forte dele e figura impositiva parecia fornecer uma espinha dorsal para a família.
Observando-o sentando ao lado da esposa, parecia que Joe guardava Katherine no fundo do coração. É claro, eles estavam longe de serem uns pombinhos, mas eles certamente apresentaram uma frente unida. Eles estavam muito preocupados com o bem estar do filho deles e não permitiria que ninguém ou nada os distraíssem de apoiar Michael.
Nem Joe nem Katherine pareciam gostar das multidões que cercavam a família Jackson. Eles toleravam os fãs de Michael, mas eles certamente não gostavam da mídia. Na maioria das vezes, os pais de Jackson pareceriam cansados dos holofotes, ansiosos pelo fim daquelas feias acusações criminais contra Michael.
O peso do mundo estava na família Jackson e, perto do fim do julgamento, Joe inadvertidamente causou comoção na mídia, chegando ao tribunal durante a deliberação de júri, perguntando às pessoas se elas tinham visto Michael. Pensando que Joe Jackson sabia alguma coisa sobre os vereditos, perguntando-se por que Joe Jackson estava vagando em torno do terreno do tribunal, a mídia cercou Joe, praticamente derrubando uns aos outros no intuito de segui-lo. Aquele foi um dos momentos quando a mídia parecia ir para todos os lados, desesperados por uma estória, em completo pânico e agitação. Isso acabou rapidamente quando o coordenador da mídia foi capaz de esclarecer a confusão. Mas, naquele momento, Joe Jackson deixou o terreno do tribunal com o desgosto pela mídia mais solidificado.
E, então, havia Katherine também, quem no jeito quieto e elegante dela, trouxe ordem ao caos que cercava Michael. Sempre presente no tribunal, não importava qual era o testemunho, não importava quão feias as coisas se tornassem; Katherine raramente perdia o foco, ela raramente fazia alguma expressão que permitiria as pessoas verem como ela se sentia quanto àquelas intrusivas acusações. Katherine era uma mulher, de quem a força, Michael claramente não poderia viver sem.
Quando as semanas viraram meses, houve momentos quando Michael parecia despenteado enquanto estava no tribunal. Houve momentos, cedo pela manhã, quando Michael pareceria tão incrivelmente fraco, que ele seria levado até a mesa do time de defesa por um dos guarda-costas dele. Porém, um piscar de olhos e um sorriso de Katherine colocariam Michael sentado com as costas eretas. Um gesto de Katherine, que olharia para o júri com olhos penetrantes, parecia penetrar a alma de Michael. Não importava o quão horrível ele se sentisse, a presença de Katherine era tudo que Michael precisava para se compor, cada dia, enquanto ele se preparava para uma nova batalha.
Pela manhã, foi pedido a um psicólogo, especialista em abuso infantil, que testemunhasse em nome da promotoria, um cavalheiro de nome Anthony Urquizo, que disse aos jurados que ele tinha trabalhado com crianças abusadas desde o fim dos anos 70. O homem tinha feito anos de trabalho clínico, ele tinha o PhD dele em psicologia clínica e ele foi trazido para dentro, não para falar sobre as específicas alegações feitas no caso, mas antes, para dar ao júri um entendimento sobre o “ato de preparação” que é comum em pedófilos.
Dr. Urquizo explicaria que ele tinha visto predadores que começariam tendo um relacionamento com a criança que era amigável, então o predador iria gradualmente inserir “conteúdos sexuais menores” dentro da mistura, talvez uma piada suja ou um comentários sobre os seus de uma garota, pequenas coisas que introduziriam sexualidade. Enquanto Dr. Urquizo explicava o processo de preparação, ele disse aos jurados que isso era algo que acontecia todas às vezes. Primeiro, filmes de conteúdo adulto seriam introduzidos, então material obsceno seria adicionado, daí, talvez uma massagem nas costas ou alguma coisa nesta linha, tudo o que eventualmente levaria a algo mais sexual, em última análise, envolvendo penetração sexual.
Dr. Urquizo explicou que um predador sexual normalmente começaria mostrando as crianças coisas inócuas, um filme sexual, um revista pornográfica, assim dessensibilizando a criança sobre sexualidade, no intuito de deixar a criança pronta para o sexo.
Porém, quando Mesereau questionou o especialista, o júri soube que Dr. Urquizo foi pago para testemunhar (90 por cento naquele momento) pela promotoria. Embora ele nunca tenha trabalhado com o promotor de Santa Barbara antes, Dr. Urquizo disse ao júri que ele tinha extensa experiência testemunhando em casos criminais por todo o norte da Califórnia e disse que a maior parte do trabalho dele consistia em avaliar crianças e famílias como um acadêmico da Universidade da Califórnia, em Davis.
“Você publicou muitos artigos sobre os aspectos da psicologia clínica, correto?” Mesereau perguntou.
“A maioria relacionado ao maltrato de crianças”, Dr. Urquizo testemunhou.
“Você concordaria que falsas alegações de abuso sexual são feitas por crianças?”
“Certamente.”
“E nenhum desses artigos que você escreveu trada desse assunto, correto?”
“Correto. Esta não é a área da pesquisa que eu faço”, o especialista disse.
Mesereau queria esclarecer que, ao contrário de Dr. Urquizo, havia muitas pessoas na profissão de psicólogo infantil que tinha escrito extensivamente sobre falsas alegações de abuso sexual feitas por crianças. O advogado de defesa mencionou alguns casos criminais de grande perfil na Califórnia, que envolveu crianças fazendo falsas alegações de abuso sexual. Mesereau especificamente descreveu um caso em Bakersfield, onde crianças tinham testemunhado que elas foram abusadas sexualmente, onde adultos foram condenados e então, anos depois, as mesmas crianças vieram a admitir que as alegações delas eram falsas.
Mesereau também citou o caso da Pré Escola McMartin, um famoso caso de Los Angeles que envolveu crianças que fizeram acusações de abusos sexuais, e que mais tarde foi publicamente exposto. Mas Dr. Urquizo disse que ele não era familiarizado com os exatos detalhes daqueles casos, o que era chocante, dado que ele foi chamado para testemunhar como um especialista naquele campo.
“A Pré Escola McMartin” era uma frase da moda para psicólogos infantis.
Quando Mesereau perguntou ao Dr. Urquizo, o júri soube que o especialista não tinha muita experiência realmente em relação a crianças fazendo falsas acusações. Urquizo testemunhou que ele estava hesitante em falar sobre por que uma criança poderia inventar alguma coisa que era sexual.
Dr. Anthony Urquizo insistiu que ele era um médico que avaliava crianças quanto à saúde mental, não alguém que determinava se a criança tinha sido abusada ou não. O especialista tentou afastar o assunto de falsas alegações, mas Mesereau queria ir ao que interessa. Se Mesereau tivesse que extrair dentes para receber uma resposta, o advogado de defesa estava pronto para realizar uma extração.
“Agora, você fez um comentários de que pais podem colocar os filhos deles para mentir sobre abuso sexual, correto” Mesereau pressionou.
“Eu penso que eu fiz isso como parte de um exemplo”, Dr. Urquizo admitiu.
“E você certamente poderia concordar que pais podem encorajar ou induzir as crianças a fazer falsas acusações de abuso sexual, correto?”
“Agora, eu odeio ir a absolutismos”, Urquizo disse, “embora seja possível que uma criança seja apoiada em uma alegação falsa pelos pais delas.”
“Deixe-me dar a você uma questão hipotética”, Mesereau perguntou. “Você tem uma mãe e três crianças. Não há figura paterna presente. Houve um traumático divórcio recentemente. Por alguma razão, a mãe e os filhos dela escolhem alguém e adotam essa pessoa como uma figura paterna. Eles se referem a essa pessoa como “Papai” e a mãe encoraja as crianças a se referirem à pessoa dessa forma.”
Enquanto Mesereau falava, enquanto ele apresentava o hipotético cenário, ele perguntava o que aconteceria, se uma mãe e os filhos dela, de repente, vissem o adotado pai substituto deles, como alguém que estava “fugindo deles”, perguntando se Urquizo poderia imaginar uma situação, onde a mãe poderia encorajar os filhos dela a fazer alegações sexuais contra o “ex-pai substituto”.
Com todos os olhos sobre ele, Dr. Urquizo teve que admitir que ele pudesse imaginar algo assim: que uma mãe poderia encorajar os filhos dela a fazer falsas alegações sexuais. Dr. Urquizo queria qualificar estabelecer, porém, que os casos nos quais isso pode acontecer eram muito, muito, raros.
“Vamos assumir, hipoteticamente, que a mãe e o filho tenham se envolvido em um litígio anterior, onde o filho, com pouca idade, testemunhou sob juramente para apoiar a mãe?” Mesereau perguntou. “Vamos assumir que advogados foram mantidos. A mãe e o filho têm experiência com advogados, têm experiência em fazer alegações de ataque sexuais e obter dinheiro no processo”.
Mesereau estava em um discurso retórico. Ele tinha permissão para usar uma hipótese, o juiz tinha lido o estatuto que apoiava a habilidade de Mesereau a fazer isso. E agora o advogado de defesa estava indo para o ataque mortal.
Para Dr. Urquizo, e para os membros do júri, o advogado de defesa colocou isso em inglês muito simples: uma família que se referia a alguém como “Papai”, que tinha decidido que a figura paterna deles era uma pessoa que sempre cuidaria deles, de repente se sentem ofendidos quando a figura paterna não está mais por perto. Daí, essa família vai ver advogados, não a polícia; hipoteticamente, em busca de ganho financeiro.
“Dado o que eu disse a você nesta situação hipotética, você certamente pode visionar a possibilidade de falsas alegações de abuso sexual, correto?” Mesereau perguntou.
Mas o especialista em psicologia infantil tinha “dificuldade” em responder à questão hipotética de Mesereau. O PhD, pela Universidade da Califórnia em Davis, testemunhou que ele não tinha feito uma pesquisa que riria combinar com a equação hipotética do advogado.
“Tudo bem. Agora, você concordaria que crianças irão, às vezes, exagerar acusações de que elas foram abusadas, verdade?” Mesereau perguntou.
“Eu não sei o que você quer dizer com a palavra exagerar. Eu sei o uso ordinário do termo exagerar, mas você parece ter um mais específico relacionado a abuso sexual”, Urquizo disse.
“Bem, você sabe o que a palavra exagerar significa, certo?”
“Isto é o que estou dizendo, em uma espécie de termo comum”, Urquizo testemunhou. “Mas eu acho que estou perguntando se você poderia ser mais específico.”
“Bem, certamente você concordaria que crianças podem ser tocadas por alguém e, em dado momento, exagerar que o toque seja alguma coisa em termos de assédio ou toque inapropriado, quando não é?”
“Certamente que seria possível.”
Tom Mesereau continuou o questionamento dele até Dr. Urquizo admitir duas coisas muito importantes: 1) a possibilidades de pura falsidade, na qual crianças podem dizer que abuso sexual aconteceu, quando elas jamais foram tocadas e 2) a possibilidade de exagero, onde uma criança é tocada, não inapropriadamente, mas depois alega que o toque foi inapropriado.
O psicólogo infantil não gostou da forma como as questões foram formuladas e Dr. Urquizo quis deixar claro que o número era pequeno, dizendo aos jurados que apenas seis por cento das crianças que faziam alegações sexuais, faziam alegações que eram falsas. O psicólogo infantil ainda queria registrar que ele, pessoalmente, não tinha consciência de nenhuma alegação falsa feita por crianças com o propósito de ganho financeiro, mas ficou claro que o testemunho dele era parcial. Como todos os especialistas, Dr. Urquizo tinha sido comprado e pago pelo testemunho.
Mesereau citou o número de casos de divórcios que, nos últimos quinze anos, tinha crescido com acusações de abuso sexual infantil, se verdadeiras ou não. Porém Dr. Urquizo disse que ele não tinha conhecimento de literatura sobre aquele tema e não poderia dar nenhum exemplo, ele não poderia verificar as estatísticas. Mesereau trouxe o conceito de “auto-sugestão”, onde crianças são, na verdade, induzidas pelos pais a evocar falsas memórias de abuso. E, de novo, o especialista não tinha familiaridade com aquele aspecto do campo dele.
O advogado de defesa ficou surpreso, dado que muitas estórias tinham sido noticiadas sobre “lembranças” de abusos passados que depois foram provados falsos. Ele considerou chocante que Dr. Urquizo fosse incapaz de abordar aquela questão, mas Mesereau mudou para um tópico mais pertinente, fazendo perguntas sobre pais terem a habilidade de influenciar os filhos deles. Ele queria saber se crianças que eram constantemente expostas a pais que eram perpetuamente mentirosos, poderia aceitar o ponto de vista de que mentir era aceitável.
Naquele ponto, Dr. Urquizo parecia concordar, dizendo a Mesereau que crianças poderiam ter um senso sobre mentir que poderiam ter aprendido dos pais delas. O especialista estava desconfortável em dar aquela declaração, mas teve que admiti-la, mesmo assim.
Em relação a crianças e falsidade, Dr. Urquizo contou aos jurados sobre níveis de “revelação”, explicando que algumas vítimas de abuso sexual nunca revelam isso, outros esperam por períodos de tempo antes de revelar isso, e por aí vai. Dr. Urquizo queria que o júri soubesse que só porque uma criança poder ter variado estórias sobre alegado abuso sexual, não significa que a criança é uma completa mentirosa. O psicólogo infantil queria que todo mundo entendesse que crianças não eram perfeitas, que era comum que crianças que foram abusadas, incluíssem enganos, erros, “apenas para florear alguns detalhes”.
E Tom Mesereau entendeu isso.
Mas, ao mesmo tempo, o advogado de defesa queria deixar claro aos jurados que ser incerto quanto aos detalhes, mudar datas e ocasiões, poderia também significar que a criança estava mentindo. Além disso, Mesereau queria que o júri entendesse que não havia nenhum meio científico de determinar se uma criança tinha sido sexualmente abusada, ou se a crianças estava mentindo sobre isso.
“Ninguém pode determinar que uma criança tenha sido sexualmente abusada apenas baseado no que a crianças disse, correto?” Mesereau perguntou.
“Eu não sei como responder isso. Eu quero dizer, eu poderia apenas dizer que seria uma coisa difícil de fazer”, Urquizo respondeu.
O advogado de defesa perguntou ao especialista sobre a literatura, os jornais científicos, os jornais profissionais, sobre abuso sexual, perguntando sobre os estudos e pesquisas. Dr. Urquizo respondeu e Mesereau foi capaz de provar outra importante coisa: Dr. Urquizo não tinha falado pessoalmente com nenhuma vítima de abuso sexual.
A realidade foi que, as questões de Mesereau provaram que o especialista do estado estava tratando de “estudos” teóricos. No final do questionamento de Anthony Urquizo pela defesa, o júri percebeu que aquele especialista estava falando de abuso sexual a partir da experiência dele com livros didáticos, não da vida real.
Volta: http://theuntoldsideofthestorymj.blogspot.com/2011/11/conspiracy-capitulo-12-got-to-be-there.html
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