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Férias inesquecíveis nas Bermudas transformadas em algo sinistro...pela promotoria

Férias de família nas Bermudas foram transformadas por Michael Jackson

By Tamara Jones, escritora do Washington Post
Traduzido por Daniela Ferreira



Depois de apresentar um show privado no fim da noite,
showgirls e artistas posam com, da esquerda para direita,
Michael Jackson, Macaulay Culkin e Brock Goldstein,
em 1991. (Foto de família)


Alan Goldstein e a eposa dele, Lynn, lembram-se que eles estavam ocupados se preparando para tirar agradáveis férias em famílial com o filho mais novo, Brock, e o melhor amigo dele, Mac, quando ouviram Brock no telefone com o Mac, dizendo algo no sentido de sim, claro, levá-lo junto também.

Foi assim que o pop superstar Michael Jackson apareceu no hotel deles, nas Bermudas com um curativo no nariz, um sorriso tímido no rosto famoso, e um baú cheio de pistolas de água, carros de corrida e bombas de fedor, na cama dele, na suíte VIP.

Prazer em conhecê-lo, os Goldsteins disseram, ou algo nesse sentido.

Quatorze anos se passaram, mas como alguns cartões postais da época, as férias do Goldsteins estão, agora, sob o escrutínio de um júri de 12 estranhos na Califórnia.

E mais uma vez, Michael Jackson estourou na vida de um executivo de hotel; a esposa dele, professora; e o filho, agora um barman de 24 anos de idade, que acha tudo “tão louco”.

Mas o que o júri no julgamento de abuso sexual infantil de Jackson ouviu recentemente sobre essa semana nas Bermudas e o que os Goldsteins lembram revelam duas histórias completamente diferentes: uma evoca a imagem de um predador assustador usando um Rolex de ouro para atrair uma criança deslumbrada; a outra, a de uma celebridade solitária tentando recuperar uma infância abandonada, arremessando balões de água aos turistas.

O surreal idílio na ilha começou quando Brock Goldstein, um ator esporádico em Orlando, reuniu-se a Macaulay Culkin em um set de filmagem e as duas crianças de 10 anos de idade se tornaram amigas. Depois que sucesso dele, "Home Alone", foi lançado naquele ano, Mac Culkin fez outro novo amigo, também: Michael Jackson.

"Isso parece divertido. Se importaria se eu fosse junto?" Culkin se lembraria de Jackson dizendo quando ele mencionou a próxima viagem para as Bermudas com seu amigo Brock.

Embora, mais tarde, os promotores sugerissem que Jackson estragou a festa, Alan Goldstein recorda que a família estava nas Bermudas por alguns dias e tinham acabado de desligar os seus ciclomotores quando o hotel transmitiu uma mensagem para dar boas vindas ao “Senhor M. Jackson”.

A voz mais bem vendida do mundo veio na outra linha. “Bem, eu só preciso de uma pausa”, explicou Jackson. “Você se importaria?” Goldstein, que cresceu em Wheaton, começou a lutar para encontrar quartos adequados, até que Jackson, chamando de volta, disse que tinha tudo arranjado: duas suites de luxo no Hamilton Princess. Goldstein engoliu em seco.

“Eu não posso pagar isso”, ele admitiu.

Não se preocupe”, Jackson assegurou-lhe, “tudo está por minha conta”.

Ele apareceu no dia seguinte em “seu padrão de camisa vermelha, calça preta, meias amarelas e chapéu de abas largas”, Goldstein, agora com 60 anos, lembrou-se, em entrevista por telefone, de sua casa em Las Vegas.

Jackson convidou o grupo para ir até a suíte dele.

“Ele trouxe aquele enorme baú. Ele o jogou na cama e o abriu”, diz Goldstein. “Parecia que ele tinha invadido uma Toys-R-Us. Ele tinha pistolas de água, carros de corrida, goma de mascar que fez a boca dele ficar preta, bombinhas-de-salão...”

Enquanto Lynn Goldstein se efregava atrás deles com toalhas turcas, os dois homens crescidos e dois meninos pequenos correram ao redor da suíte em uma guerra de metralahdoras de água.

Foi muito divertido, Goldstein agora relembra.

Foi um pesadelo” é como Lynn coloca, de bom-humor.

Jackson chegou às Bermudas sozinho, e o papel do gerente-substituto caiu para Lynn, que assegurou que as refeições da estrela fossem vegetarianas e que a gestão do hotel mantivesse os fãs afastados. A viagem de Jackson fez a imprensa local e, então, a mídia internacional.

Por quase duas semanas, em primeiro lugar nas Bermudas e, em seguida, de volta a Orlando, na Disney World, os Goldsteins viram-se imersos no outro mundo do estrelato com um benfeitor que consideram tanto estranho quanto maravilhoso.

Mas com Jackson a bordo, os sonhos de dias ensolarados na praia desaparecerame todos eles se tornaram Veranistas da Noite, aventurando-se nas primeiras horas para proteger Jackson e Culkin de serem assediados. Isso significava mergulhos às duas da manhã na piscina do hotel, serviço de quarto, em vez de restaurantes, viagens de compras realizadas após as lojas estarem fechadas ao público.

Jackson tentou compensar os inconvenientes.

Nós estávamos falando sobre como seria divertido ir tentar mergulhar um dia”, Alan Goldstein disse, “e a próxima coisa que você sabe é que nós temos um barco de mergulho só para nós, com alguns mestres de mergulho para nos ensinar.”

Quando a família quis ver um show de variedades em um dos hoteis-resorts da ilha, o elenco foi colocado em uma apresentação privada à uma da manhã em um auditório vazio, Goldstein disse. “Houve um imitador de Michael Jackson, que foi um pouco estranho, mas Michael não se importou com isso”, diz Alan Goldstein.

Brock Goldstein se lembra da emoção “única na vida dele” de sua estrela musical favorita, de repente, tornando-se um parceiro na brincadeira. Ele lembra Jackson tirando um pequeno laser e levando os meninos para a varanda para iluminar os banhistas desnorteados.

“Nós tentávamos levá-los a seguir o laser”, lembra Brock. “Nós estaríamos chamando: ‘Siga a luuuuuz vermelha, siga a luuuuuz vermelha. A luz vermelha tem um presente para você! Olha, é um balão vermelho !’”  Os três, então, lançavam balões de água em seus alvos, encolhendo-se atrás do balcão, morrendo de rir.

Os turistas voltaram para Orlando, onde os Goldsteins, então, viviam, e esconderam-se em suítes separadas, em um hotel na Disney World, para desfrutar do parque temático durante uma semana.

Verão após verão se passaram. O Goldsteins guardaram seus álbuns de fotos e perderam o contato com ambos, Jackson e Culkin.

Eles voltaram das férias nesta semana para encontrar uma mensagem de telefone de um investigador de Santa Barbara. O que ele quer, eles não têm certeza. Mas seus nomes já se tornaram parte do expediente judicial no caso O Povo v. Michael Joe Jackson.

O Ministério Público – permitido pela lei da Califórnia para apresentar alegações não comprovadas do passado de Michael Jackson para reforçar as acusações atuais de que ele acariciava um sobrevivente de câncer de 13 anos de idade – interrogou Culkin na semana passada. Ele dormiu na cama de Michael Jackson? Ele tinha passado horas sozinho com Jackson no rancho Neverland? E o que eles queriam saber, sobre a viagem para Bermudas? Tudo perfeitamente inocente, afirma Culkin.

A equipe de acusação sugere em suas perguntas a Culkin que os Goldsteins tenham sido cautelosos com Jackson. Eles não o confrontaram com a inadequação de dar à criança um Rolex quando ele cumprimentou Culkin com uma inscrição “De Michael Jackson”? Culkin deixou sem resposta.

Então, o que dizem os Goldsteins?

Nem mesmo eles concordam com o retrato que a acusação fez deles, colocando como se eles tivessem sido omissos em relação a Michael participar da viagem às Bermudas. “Isso nunca aconteceu”, declara Lynn Goldstein, de 61 anos, a opinião dela espelhando as do marido, do filho e de Culkin, quando assumiu o banco das testemunhas. Além disso, os Goldsteins reclamam, ninguém se preocupou em perguntar a eles o que aconteceu, antes de fazer das férias deles uma nota de rodapé em um Julgamento Criminal.

Os investigadores fizeram perguntas que remontavam a 1993, eles disseram, depois das alegações de que Jackson havia molestado um menino.

“Eles disseram, 'Nós temos uma vítima, acreditamos nele, e nós vamos conseguir pegar[Jackson]. Ele se encaixa no perfil.’”

“Eu não gostei disso. Eu queria saber que prova eles tinham”, Lynn Goldstein lembra. Disse-lhes, então, o que ela repete hoje: Nada impróprio jamais aconteceu, as crianças dormiam no próprio quarto na suíte dos Goldstein em um andar separado de Jackson; e Jackson “nunca, nem uma vez, tentou ficar sozinho com os meninos. Os rapazes teriam uma espécie de rivalidade, como entre irmãos, sobre a atenção dele; e Michael é o único que iria apaziguar e dizer ‘não, estamos fazendo as coisas juntos, todos nós’.”

Como uma professora em Laurel High School, e depois na Flórida, Lynn Goldstein perceberia, ela saberia os sinais de aviso de abuso infantil, e "Eu tiria mesmo que denunciá-lo na ocasião." Ela sentiu pena de Jackson, não assustada.

Durante uma conversa nas Bermudas, ela lembrou, Jackson virou-se para ela e disse melancolicamente: “Você sabe, as crianças são diferentes dos adultos. Crianças são honestas com você. Você pode confiar nelas. Eu não conheço um adulto que tenha sido meu amigo sem acabar querendo algo de mim.”

“Ele era como um de nós”, diz Brock Goldstein sobre Jackson, agora com 46 anos, e das travessuras infantis dele nas Bermudas. “Faz todo o sentido para mim, porque ele nunca teve uma infância. Obviamente ele não é normal. Ele teve uma educação torcida.”
Como os pais dele, ele odeia as perguntas sinistras que estão sendo levantadas, agora, sobre uma lembrança terna. “Eu gostaria de acabar com isso, mas ao mesmo tempo, se as pessoas estão dizendo coisas que não precisamos dizer, isso precisa ser esclarecido”, diz Brock. Ele calcula que nada vai superar aquele verão mágico quando ele saiu com a maior estrela pop do mundo.

“Quero dizer, aonde você vai depois disso?” Ele se pergunta.
 E mais ao ponto: quem vem junto?

Nota da tradutora: quando questionado sobre o Rolex, Macaulay Culkin disse que o presente não foi nada de mais. E quanto aos Godstein, ele disse não poder dizer o que eles sentiam. O juiz censurou o promotor Tom Sneddon por perguntar à testemunha sobre os sentimentos dos Goldstein. Algo sobre o que, obviamente, ele não podia responder.

Veja parte do testemunho de Macaulay:




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