Dentro dos arquivos do FBI sobre MJ com Charles Thomson
Dentro dos Arquivos
do FBI Sobre Jackson com
Charles Thomson
Postado por Joie e Willa em 4 de
outubro de 2012
Traduzido por Daniela Ferreira
para o blog The Untold Side of the Story
Willa: Joie e eu estamos emocionadas porque, esta semana, se juntou a nós o
jornalista Charles Thomson, que
tem escrito numerosos artigos e posts
sobre Michael Jackson, as acusações contra ele, e a maneira como essas
acusações foram tratadas na
mídia. Na verdade, ele é o autor
de "Um dos Episódios Mais Vergonhosos da História Jornalística",
o melhor artigo que
eu li sobre a cobertura do julgamento
de 2005. Ele também contribuiu
para duas biografias best-seller sobre Michael Jackson e apareceu na
TV e no rádio para discutir
sobre ele e como ele foi retratado.
Então, Charles, como um repórter investigativo, você é treinado para ser
cético quanto ao que você ouve e ser cauteloso quanto a conclusões. Por essa
razão, a oficial posição da maioria dos estabelimento credíveis da mídia – ao
contrário dos tablóides – é: "nós nunca saberemos ao certo" se as
acusações são verdadeiras ou não, apesar das reportagens delas, muitas vezes,
revelar um preconceito de que elas acreditam que Michael Jackson era culpado de
alguma coisa, se não os extaos crimes dos quais ele foi acusado. No entanto,
você parece convencido de que Michael Jackson era inocente, e estou curiosa: o
que exatamente o convenceu?
Charles: Eu acredito sinceramente no princípio
de que um homem é inocente até
que seja provado culpado. Com muita frequência, você vê especialisas de direita fazendo comentários
como: "Não culpado não
é o mesmo que inocente". Bem, eu discordo. Esse
é o ponto de todo o nosso sistema
jurídico. Um homem é inocente até que seja declarado culpado por um júri de seus pares. Michael Jackson foi
considerado inocente, logo, à letra
da lei, ele era inocente. Para começar, fazer comentários como: "Só porque ele não foi considerado culpado, isso não
significa que ele era inocente", faz uma paródia de todo o sistema jurídico.
Pareceu-me que a mídia estava
apenas detestando aceitar a possibilidade de que Jackson poderia ser inocente. A maioria dos repórteres parecia já estar convencida
da culpa de Jackson porque pensavam
que ele era um estranho. Aphrodite Jones escreveu sobre isso no livro dela. Eu não era um jornalista no momento do julgamento de Michael Jackson – Eu ainda estava em formação
– mas eu sempre tive a mesma
mentalidade: eu gosto de ver a
prova antes de acreditar em algo.
O que ficou evidente durante o julgamento de Jackson efoi que a prova
não era o ponto forte da acusação. Por toda a arrogância deles, eles não
conseguiram produzir uma única peça de evidência tangível conectando Jackson a
qualquer crime. Tudo o que houve realmente foi um desfile de testemunhas,
metade das quais entraram em colapso sob o interrogatório da defesa, e a outra
metade acabou ajudando a defesa, invez de os promotores.
O caso de Jackson foi
um no qual a promotoria teve
todas as vantagens. Eles saquearam a casa de Jackson sem aviso prévio, enquanto ele estava a
quilômetros de distância, em Las Vegas.
Eles tiveram o benefício da cobertura da mídia mundial e, publicaemte,
pediram por outras vítimas. Eles
foram a áreas não abrangidas pelo
mandado de busca, roubaram documentos da defesa da casa da assistente particula de
Jackson e ilegalmente invadiram o escritório do investigador particular que trabalhava para a defesa – o que lhes deu uma vantagem injusta.
Apesar de tudo isso, eles ainda foram incapazes de inventar algo que se aproxime de um caso forte. Eu
acompanhei o julgamento na época e lembro-me de ter ficado chocado com o desvio entre as
transcrições e a cobertura da mídia.
J. Randy Taraborrelli tinha
contado uma história antes sobre o
julgamento. Ele e o resto do
pacote de imprensa faziam fila para os ingressos deles. Um repórter bem conhecido de uma revista feminina grande tornou-se
cada vez mais agitado na indignidade de ter que esperar na fila (o horror!) e, de repente, explodiu: “ALGUÉM aqui, além de taraborrelli,
acredita que Michael Jackson é inocente?!”
Essa história resume muito a atitude dos meios de comunicação sobre o
julgamento: "Nós sabemos que ele é culpado. Isto é uma perda de tempo.
Eles devem apenas prendê-lo agora." Isso manchou as reportagens deles,
conscientemente ou não.
Joie: Isso absolutamente contaminou as reportagens deles e eu penso que é
inacreditável que eles, unilateralmente, contaram a história que eles queriam
contar – em todos os sentidos. Você sabe, eu recentemente emprestei a minha mãe
a minha cópia de Michael Jackson Conspiracy, de Afrodite Jones, e depois que
ela o tinha lido, ela estava completamente chocada, porque tudo o que ela
realmente sabia sobre o julgamento era que Michael Jackson tinha aparecido ao
tribunal de pijama. E quando ela disse isso, no começo, eu tive uma espécie de
raiva, mas uma vez que eu pensei sobre isso eu percebi: é claro que é tudo o
que ela sabia.
É tudo o que a maior parte do mundo
sabe, porque é tudo que a
imprensa lhes disse. Ninguém sabe realmente que todas
as testemunhas de acusação foram
aniquiladas sob interrogatório
da defesa, porque a mídia não relatou nada
sobre o que a defesa tinha a dizer.
Eles relataram apenas o lado da promotoria das coisas.
Charles: Eu ftenho um jornalista trabalhando há cinco anos, e passei muito tempo no tribunal, cobrindo casos para jornais locais
e nacionais. Passar todo esse
tempo em processos judiciai – incluindo casos de abuso infantil – só consolidou minha convicção de que acusação de Michael Jackson
foi uma farsa.
Willa: Isso é uma condenação muito
forte, Charles. Então, o que exatamente
é diferente entre esse caso e os
outros casos que você relatou?
Charles: Muita
coisa no julgamento de Michael Jackson foi diferente
de outros julgamentos de abuso infantil que eu acompanhei. Em primeiro lugar,
embora eu tenha participado de alguns processos incompetentes no passado, eu
nunca vi algo que se aproxime à estupidez da acusação de Michael Jackson. Era
como se o caso tivesse sido elaborado por Mr. Bean. Cada testemunha acabou por
ser inútil.
Não havia nenhuma evidência para apoiar qualquer das acusações. Os
promotores se comportaram como palhaços, às vezes, tentando de reescrever o
todo o caso deles, na hora, porque as testemunhas não tinham arrasado como eles
esperavam. Não teve jeito. O escritório da promotoria de Santa Bárbara deve
agradecer, todas as noites, às estrelas da sorte deles, por Michael Jackson não
ter movido uma ação judicial por acusação maliciosa.
Quanto às diferenças entre o caso de Michael Jackson e outros casos de
abuso infantil que eu acompanhei, nada realmente se casa. Michael Jackson não
se encaixava no perfil de um pedófilo predatório em nenhum sentido. As vítimas,
nesses casos, geralmente estão devastadas, rompendo-se em lágrimas no banco de
testemunhas quando elas contam o abuso a que foram sujeitadas, enquanto (Gavin)
Arvizo estava contando piadas.
Elas estão, geralmente, traumatizadas pelo abuso, a tal ponto que é como
uma memória flashbulb – as lembranças
são vívidas e consistentes –, enquanto as lembranças, no caso de Jackson, eram
totalmente inconsistentes.
Para entrar em todos os detalhes de como o caso de
Michael Jackson foi diferente dos
outros que eu cobri eu poderia
escrever um ensaio de 5000 palavras sobre isso. Mas para resumir:
Eu participei de vários julgamentos
nos quais verdadeiras vítimas de abuso
testemunharam contra os agressores delas.
Não vi semelhanças no comportamento das vítimas ou dos acusados; nenhuma
semelhança no testemunho, nenhuma semelhanças nos processos – e eu também nunca
vi um molestador real, nem dentro de quinhentas milhas de distância, apresentar
a defesa incrivelmente forte que Jackson foi capaz de apresentar. As
transcrições do caso Arvizzo mostram uma paródia extremamente imprudente de um
real julgamento de abuso sexual infantil.
Willa: O
que leva
de volta à pergunta que eu lhe fiz no início. Houve uma determinada peça de evidência que foi especialmente interessante para você, ou foi apenas um acúmulo de evidências por que, depois
de um tempo, você chegou a um ponto de inflexão e se convenceu da inocência de Michael Jackson?
Charles: Para responder a isso, vou voltar para a primeira linha
da minha resposta: Eu acredito sinceramente
no princípio de que um homem é
inocente até que seja provado
culpado. Os promotores do julgamento de Michael Jackson não chegaram nem perto
de fazer isso.
Michael Jackson foi absolvido por uma combinação de completa incapacidade
da acusação de produzir qualquer prova convincente da culpa de Jackson e a capacidade de defesa de
apresentar uma abundância de evidências convincentes da inocência de Jackson. Absolvendo Michael Jackson,
de acordo com a lei, eles o declararam inocente.
Aqui está apenas um curto exemplo do que, eu sinto, demonstra claramente
por que a defesa ganhou esse caso. A acusação chamou vários ex-funcionários de
Jackson que supostamente presenciaram o abuso sexual de três meninos: Brett
Barnes, Wade Robson e Macaulay Culkin. Exceto pelo testemunho extremamente
instável desses ex-empregados – todos completamente destruídos sob
interrogatório da defesa – a acusação não tinha nenhuma evidência de qualquer
abuso.
A defesa chamou Barnes, Robson e
Culkin no início do
caso dela. Todos os três disseram
aos jurados, em termos inequívocos, que nunca foram molestados e eles se ressentiam essa implicação.
Enquanto interrogava Robson,
o promotor Ron Zonen fez uma tentativa desesperada de angariar alguma aparência de credibilidade à ideia de que esses meninos poderiam ter sido molestados. Ao fazê-lo, ele realmente inventou um cenário absurdamente ilógico, no qual ele parecia
aceitar que as próprias
testemunhas de acusação tinham
mentido, mas tentou insinuar que Robson poderia ter sido
molestado de qualquer maneira. O testemunho dos ex-empregados para o júri foi de que Robson havia
sido acordado quando ele foi
molestado, mas Zonen acabou
praticamente implorando ao júri a considerar que,
talvez, Robson tivesse sido
molestado em outras ocasiões, enquanto ele estava
dormindo, então ele não teria sabido sobre isso!
Willa: Isso é realmente muito chocante – fala sobre induzir uma testemunha – e
realmente ilustra como a Promotoria aborfou esse caso desde o início, eu penso.
Eles não conduziram uma investigação para descobrir o que aconteceu. Em vez
disso, eles apressaram um julgamento sobre o que aconteceu, e depois tentaram
reunir provas para provar isso. O julgamento deles de que ele era culpado veio
antes da investigação, não depois.
Charles: Isso é uma espécie de microcosmo de todo o processo. A versão da
promotoria sobre os eventos foi como uma casa construída sobre bases fracas.
Eles começaram com uma premissa extremamente fraca – um testemunho muito tênue
ou uma peça sem sentido de "evidência" – depois, construíram enormes
torres de conspiração em cima. A defesa continuou chegando e chutando as bases
e derrubando-as.
Em suma, está além da minha compreensão que alguém, depois de ter estudado
o caso em qualquer profundidade, possa fazer a pergunta: "Os
promotores não provaram o caso deles para além de uma dúvida razoável?",
e responder honestamente que eles
provaram.
Joie: Ah, eu não sei como
alguém poderia fazer um argumento para a acusação aqui.
Então Charles, você estava envolvido na requisição dos arquivos do FBI sobre Michael Jackson sob o Freedom of Information Act (FOIA). Estou curiosa, o que o levou a solicitá-los e o que exatamente você estava esperando encontrar nesses arquivos?
Charles: Eu não tinha certeza do que iria encontrar nesses arquivos, ou mesmo se ele teria um arquivo. Fiz a solicitação de Liberdade de Informação na chance.
Liberdade de Informação é uma brilhante
peça da legislação que permite
que os cidadãos exijam informação oculta que as agências governamentais possuem.
Você pode exigir saber o quanto o governo local gasta cada ano em biscoitos
para a sala de pessoal, ou obter informações sobre quantas acusações de
brutalidade da polícia foram feitas na sua estação de polícia local no ano
passado, ou a demanda de correspondência entre os departamentos governamentais
sobre questões controversas.
Eu tinha usado isso com o FBI algumas vezes antes. Eu tinha adquirido o
arquivo de James Brown, por exemplo. Lá, encontrei uma versão elucidativa sobre
a suposta perseguição policial em razão da qual ele foi preso e encarcerado na
década de 80, que relacionava acontecimentos de uma forma muito diferente da
história da polícia na época. Em arquivos de outras celebridades, há memorandos
sobre o FBI monitorando-os durante os anos 60, porque eles achavam que eles eram
comunistas.
Michael Jackson tinha sido
monitorado pelo FBI em razão do
poder, que ele poderia ser
julgado ter, sobre o público dele?
Eles investigaram a, então, chamada “conspiração” financeira
contra ele, prova do que Raymone Bain disse
que estava sendo enviada para a
Procuradoria Geral, por volta de
2006/7? Eles se envolveram nas investigações
de abuso sexual infantil? Essas eram o tipo de perguntas que eu estava me fazendo.
Eu não estava muito feliz com a forma como o FBI lidou
com a liberação, como deixei
claro em meus blogs sobre o assunto e na passagem que escrevi sobre os arquivos para o livro de J. Randy Taraborrelli. Em vez de liberar os arquivos diretamente para aqueles que os
tinham solicitado – eu não sei quantos
outros tinham pedido por eles – o
FBI anunciou que iria enviar os arquivos para o site dele, em um particular momento, para qualquer um e todos lerem.
Joie: Sim, isso é surpreendente. Você
não esperaria que o FBI operasse dessa forma.
Charles: O que isto essencialmente provocou foi um livre-para-tudo, com todas as
organizações de notícias do mundo todo lutando para fgazer o download, ler superficialmente e
informar sobre os arquivos mais rápido do que qualquer outra pessoa. Isso levou
a alguns relatórios de extrema má qualidade sobre o conteúdo dos arquivos. Eu
escrevi sobre a cobertura caótica da mídia sobre os documentos em meu blog.
Eu também escrevi um blog sobre como os arquivos revelou que Tom
Sneddon, o promotor que perseguiu Jackson, tentou fazer com que o FBI processasseJackson sob a Lei de Mann. A Lei de Mann é uma lei intrinsecamente racista,
que foi amplamente utilizada, após a introdução dela, para punir os homens
negros que convivem com mulheres brancas. A noção de relações inter-raciais era,
naquele tempo, considerada "imoral". Como tal, todos os homens negros
pegos viajando com as amigas brancas poderiam se encontrar processados sob a
Lei de Mann por "transporte de
uma mulher para além da fronteira de um estado para fins imorais".
O livro fenomenal, Unforgivable Blackness: The Rise and Fall of Jack
Johnson, conta como Johnson, o primeiro negro campeão Peso Pesado de Boxe do Mundo,
foi uma das motivações por trás da introdução da lei. O governo não gostou da
maneira como Johnson “ostentava a riqueza dele" (leia-se: carros
comprados) e namorava mulheres brancas. Ele foi preso pelo o ato de viajar com
uma amante branca. A lei também foi usada para processar Chuck Berry, por
supostamente se consorciar com uma menina de 14 anos de idade, no mesmo ano em
que Elvis Presley começou a namorar Priscilla Beaulieu – a futura esposa dele.
Ela tinha 14 anos na época. Elvis não foi processado.
Joie: Uau. Eu sabia, é claro, que Priscila tinha apenas 14 anos quando começou a namorar Elvis, mas eu não tinha ideia de que Chuck Berry
foi processado por fazer exatamente a mesma coisa que Elvis estava fazendo no exato
mesmo ano. Falando sobre
"Negritude Imperdoável”. Isso é inacreditável.
Charles: Chuck Berry, para o registro, negou a acusação de que ele tinha dormido
com a garota. Ele disse que ela era uma carona a quem ele tinha dado um
trabalho no clube dele, em seguida, demitiu, e que ela tinha inventado as
alegações para irritá-lo. Durante todo o julgamento, o juiz que presidia fez
comentários repetidos sobre raça dele. Ele foi condenado.
Willa: Oh, há um padrão duplo.
Jerry Lee Lewis se
casou com uma menina de 13 anos – e depois se defendeu dizendo
que pensava que ela tinha 15 anos, como se isso fizesse toda a diferença. E isso foi apenas um ano ou dois antes de Chuck Berry ser preso,
assim, naquele momento, Chuck Berry
estava sendo processado por supostamente
consorciar-se com uma adolescente de 14 anos, Elvis estava namorando
uma adolescente de 14 anos e
Jerry Lee Lewis estava casado com
uma adolescente de 14 anos de idade.
Um fator interessante é que o FBI liberou somente 333
páginas do arquivo de 673 páginas de Jackson – menos de metade. Eles nunca deram uma explicação de por que o restante havia sido retido, mesmo que
eles sejam legalmente obrigados pela
Lei de Liberdade de Informação a fazer.
Durante o escândalo de
1993, Johnnie Cochran anunciou
que tinha enviado arquivos ao FBI
e pediu-lhes que iniciassem uma
investigação de extorsão contra
os Chandlers. Nenhum documento
referente a isso foi liberado do arquivo
de Jackson. Eu pedi os arquivos de Cochran e
eles não estavam lá também.
Eu desafiei isso e o FBI alegou que não
conseguiu localizar tais documentos. Se isso é ou não verdade, quem sabe? Eles também afirmaram não manter um arquivo sobre Hunter S. Thompson, mesmo ele tendo detalhado, pelo menos, dois encontros com o FBI nos escritos dele ao
longo dos anos.
Joie: Isso é interessante, não é? E apenas 333 de 673
páginas lançadas. Que possível motivo poderia
eles terpara manter mais da metade do arquivo em segredo?
Charles: Talvez o FBI não queira liberar os documentos de extorsão porque a investigação
deles foi tímida, ou mesmo inexistente. Outras razões pode ser que as páginas
incluem referências a outras pessoas que ainda estão vivas ou se refiram a agentes
que ainda estão ativos, embora não seja uma desculpa especialmente legítima,
dado que esses detalhes poderiam simplesmente ser redigidos.
Willa: Embora, legalmente, eles não estejam autorizados a reter documentos
apenas para cobrir má gestão deles de um caso, certo? De acordo com a lei, eles
só podem reter informações por motivos legítimos: porque liberá-los seria uma
ameaça à segurança, ou colocar em risco agentes ativos, ou violar a privacidade
de cidadãos que ainda estão vivos, como você diz.
Charles: Isso está absolutamente correto, mas quem
está policiando o FBI? Enquanto Liberdade de Informação é uma brilhante peça da legislação, ela tem suas falhas. As agências podem rejeitar os pedidos por razões frágeis, sabendo que o processo de apelação é extremamente prolixo, e muitas pessoas não têm tempo ou recursos para
ajuizá-lo.
Recentemente, tive um pedido de Liberdade de Informação rejeitada pela
polícia na mais frágil das bases. Eu tenho sentado em uma série de audiências
sobre uma operação policial disfarçada – toda publicamente registrada, porque
está sendo discutido em audiência pública – mas quando eu mandei um pedido de
Liberdade de Informação à polícia para mais informações sobre essa operação,
eles se recusaram a cumprir, alegando que econhecendo a existência da operação
colocaria em risco a segurança nacional, ou alguns rabiscos assim.
Então,
isso pode ser
discutido em
audiência pública, onde qualquer membro do público
pode entrar e ouvir,
mas ter conhecimento da existência
disso sob a lei de Liberdade de Informação é uma ameaça
para a segurança nacional? É um
claro absurdo.
Assim, as organizações estão constantemente desrespeitando a lei de
Liberdade de Informação no conhecimento de que o processo de apelação é lento,
trabalhoso e muitas vezes ineficaz. O serviço prisão uma vez disse a um colega
meu que a liberação do custo do café da manhã de um preso para o contribuinte era
uma ameaça à segurança nacional. Ele levou isso a recurso e ganhou, mas isso
levou quase um ano.
Joie: Oh bem. Talvez em alguns anos sejamos
capazes de ver um pouco mais
do que eles têm sobre Michael Jackson.
Joie: Então Charles, vamos falar sobre o que estava naquelas 333 páginas. Basicamente,
os arquivos revelaram que o FBI manteve controle sobre Michael
Jackson por cerca de 10 anos e nunca havia encontrado
qualquer evidência de abuso sexual
infantil. Isso está correto?
Por exemplo, muitos meios de comunicação erroneamente alegaram que o FBI
investigou Jackson por molestar dois meninos mexicanos em 1980.
O que o arquivo realmente diz é que um escritor contatou o FBI para
dizer que eles tinham ouvido um boato de que o FBI investigou o assunto. O FBI
procurou os registros disso, não encontrou nenhuma evidência para sugerir que
tivesse conduzido qualquer investigação do tipo, mas anotou o telefonema. Esta
nota foi erroneamente citada por jornalistas – por preguiça ou maliciosamente –
como prova de que o FBI investigou o assunto, quando, na verdade, ele disse
exatamente o oposto.
Willa: Isso é loucura! É como se
mídia e o FBI estivessem presos em um ciclo de realimentação. Um escritor ouve
um boato de que o FBI está investigando Michael Jackson e os contata para ver
se é verdade, o FBI realiza uma investigação interna e descobre que isso não é
verdade, e, então, os meios de comunicação relatam que o FBI está realizando
uma investigação. Portanto, neste caso, os meios de comunicação não apenas
relataram a notícia – ela as criou.
Joie: Sim, parece que a criação da "notícia"
é algo que a mídia faz um bocado nestes dias.
Charles: Incluído no arquivo estava
uma completa análise do FBI
de todos os computadores apreendidos em Neverland
durante a invasão de 2003. Os arquivos claramente determinam que nada incriminador foi encontrado em nenhum dos computadores, mas numerosas emissoras afirmaram que os arquivos não incluiem
os resultados dos exames do FBI!
O FBI uma vez analisou uma fita de vídeo para ver se ela continha
pornografia infantil. Não há nenhuma sugestão nos arquivos de que ela já tenha
sido de propriedade de Michael Jackson. O nome dele, simplesmente, estva em uma
etiqueta presa à fita de vídeo. Também não existe qualquer sugestão de que a
fita que contivesse qualquer pornografia infantil. Mas vários meios de comunicação
informaram que Jackson havia sido investigado por posse de pornografia
infantil.
A única coisa no arquivo que poderia – se alguém estiver particularmente
desesperado para encontrar algo – ser considerado remotamente incriminador seria
o indicidente da Lei Mann – e mesmo
isso é um verdadeiro exagero. Alguém contatou o FBI e disse ter visto Michael
Jackson, em plena vista de outros passageiros, em um trem público, entrar em
uma cabine com um jovem companheiro. Eles não tinham ideia do que, se alguma
coisa, ocorreu na sala. O FBI determinou que não havia base para uma
investigação.
Willa: E você sabe, eu acho que
chega a uma das questões que
estão no centro da cobertura da mídia sobre Michael Jackson: como
a mídia relata em uma "ausência" de provas incriminatórias? Isso viola a definição de notícia. Um boato é notícia, porque
é "algo" para relatar. Mas
páginas após páginas de arquivos do FBI
com a palavra "NADA", escrito nelas – porque o FBI investigou
e não encontrou nada – não é notícia, porque
é “nada”. Como você relata "nada”?
Você tocou sobre isso em seu blog sobre os arquivos do FBI quando você
escreveu:
Em um nível mais geral, os arquivos revelam que não foi apenas a força policial de Los Angeles que perseguiu Jackson por mais de uma década e não conseguiu produzir um pingo de informações para conectar a estrela a qualquer crime – foi o FBI também. Que a vida de Jackson tenha sido dissecada e o comportamento dele investigado, por mais de 10 anos, por duas importantes agências de aplicação da lei e nenhuma peça de evidência jamais tenha sido produzida para indicar a culpa significa muito.
Em um nível mais geral, os arquivos revelam que não foi apenas a força policial de Los Angeles que perseguiu Jackson por mais de uma década e não conseguiu produzir um pingo de informações para conectar a estrela a qualquer crime – foi o FBI também. Que a vida de Jackson tenha sido dissecada e o comportamento dele investigado, por mais de 10 anos, por duas importantes agências de aplicação da lei e nenhuma peça de evidência jamais tenha sido produzida para indicar a culpa significa muito.
Em geral, a
mídia, no entanto, não fala sobre isso nestes termos.
Sabe, parece-me que, se há uma estrela do rock que podemos dizer com segurança que não era um pedófilo é Michael Jackson. Quem mais foi analisado tão completamente quanto ele tem sido? No entanto, essa não é a percepção do público, pois a "ausência" esmagadora de qualquer evidência contra ele não foi relatada.
Charles: Enquanto os arquivos do FBI afirmam que nada foi encontrado no
computador de Jackson é, apesar de muitos jornalistas e, na verdade, leitores /
espectadores estejam preocupados, não estão tão interessados como estariam se
tivessem encontrado alguma coisa, eu acredito que é ainda uma história. É
apenas uma história positiva – e histórias positivas sobre Michael Jackson não
algo em que a mídia está, geralmente, interessada em relatar. Então, eu não
acredito que a mídia considerou isso difícil de relatar, por exemplo, sobre
esse segmento dos arquivos. Acho que a mídia escolheu não relatar, porque não
interessa aos propósits dela.
Há um elemento de cobertura idiota envolvido também, é claro. Quando você passou anos relatando de forma extremamente injusta sobre Michael Jackson,
fazendo tudo ao seu alcance para convencer o público de que ele devia ser culpado,
informar com precisão sobre o
conteúdo desses arquivos vai
parecer um enorme recuo.
Joie: E, para mim, isso parece como uma paródia
de justiça. Por anos a mídia teve uma mão em
destruir a carreira deste homem
e o carater dele e assim fizeram com grande prazer – relatando rumores e insinuações vis
como se fossem fatos. Mas o relatório sobre algo que poderia realmente provar que o homem era inocente... isso, por
alguma razão, está fora de
questão! É completamente criminoso.
E isso me faz pensar se realmente sabemos a verdade sobre qualquer coisa, ou estamos apenas comendo qualquer pestiscos que mídia nos
oferece – independentemente de se há alguma verdade no que eles relatam ou não.
Willa: Essa é uma grande questão, Joie, e um muito importante. Afinal, há um
monte de gente nos EUA que ainda acredita que Iraque estava, de alguma forma,
envolvido no ataque contra o World Trade
Center. Isso é chocante, e reflete uma falta quase criminosa de cobertura
da mídia sobre as questões essenciais no cerne da Guerra do Iraque. E leva de
volta, mais uma vez, para a questão de como é que os meios de comunicação
informam sobre uma "ausência"? Como eles relatam sobre a falta de
qualquer evidência crível contra Michael Jackson? Como eles relatam sobre a
falta de qualquer evidência crível que ligue o Iraque ao 11 de Setembro? A
resposta parece ser que eles não relatam. Eles sabem como informar sobre
rumores, mas não sabem como voltar e informar que os rumores não são
verdadeiros – ou não querem.
Charles: Como alguém que trabalha nos meios de comunicação, é minha experiência
que estes jornalistas desonestos estão em minoria. Por todo o meu trabalho sobre
o escândalo de Michael Jackson, eu não sinto que é um indicativo da forma como
a mídia opera de modo geral. Se fosse, eu estaria escrevendo constantemente
sobre outros casos em que a mídia tem operado de forma semelhante. Há muitos,
muitos mais, é claro, mas eles ainda são a minoria.
A maioria dos jornalistas que conheci ou
com quem trabalhei é diligente, trabalhadora, apaixonada e ética – mesmo em jornais
que são impopulares com os fãs
de Michael Jackson pela maneira como eles o cobriam.
No entanto, existem estas enormes caricaturas de
jornalismo que vão em todos os tempos. Muito disso, penso eu, é atribuível a mentalidade embalada.
Os meios de comunicação sentem como se
todo mundo estivesse cobrindo uma grande história, que eles devem também ou eles estariam perdendo.
Nick
Davies escreve sobre isso de forma muito eloquente no livro dele Flat
Earth News.
Na verdade, se eu pudesse recomendar um livro para as pessoas que estão
interessadas na forma como a mídia opera e as razões por trás ds falhas dela,
seria Flat Earth News. Nele, Davies
examina as falhas do sistema que conduzem à imprecisão generalizada e
distorção. Eu diria que é uma leitura essencial para qualquer pessoa
interessada nesse tópico.
Joie: Obrigada por essa recomendação, Charles, soa
como um livro muito interessante.
E muito obrigado por
se juntar a nós. Esta é uma discussão que Willa e eu queriamos ter por
um longo tempo e aprecio você ter
tirado tempo para conversar conosco!
Em outra nota, Willa e eu
queremos tirar um minuto e compartilhar
duas informações importantes com
todos vocês. Willa, você quer ser
a primeira?
Willa: Nós adicionamos algumas páginas em branco para as faixas bonuns de Bad
25 para a Biblioteca de Letras. Elas estão em branco agora, porque as letras
não foram incluídas no encarte. Há espaço para comentários para cada música,
então, se você gostaria de postar suas ideias sobre as letras são, podemos
começar a compilá-las. Ah, e muito obrigado a Caro por sugerir isso algumas
semanas atrás!
Joie: Além disso, depois de muita discussão e busca da alma, Willa e eu
decidimos que é preciso mudar para um formato quinzenal para o blog. A fim de
continuar trazendo provocantes discussões bem pesquisadas para você, e ainda
cuidar de nós mesmas e de nossa família no processo, é necessário reestruturar
algumas coisas, agora postaremos na primeira e na terceira quintas-feira de
cada mê. Esperamos que todos compreendam e esperamos que isso não cause qualquer
inconveniente para qualquer um.
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