Relato do Caso Arvizo


Verdades e Mentiras



Caso Arvizo



Antes de iniciarmos esta narrativa sobre o caso Arvizo é necessário falar um pouco sobre estas cinco pessoas que compõem a família Arvizo. Se bem que seria mais adequado dizer “a quadrilha Arvizo.”

Descendentes de mexicanos, os Arvizos são David, o pai, Janet, a mãe, Davellin, a filha mais velha, Gavin, o filho do meio e Star, o caçula.  Os pais de Janet Arvizo estão envolvidos no caso, mas pouco se sabe sobre o casal mexicano que, segundo Larry Feldman, mal falava inglês, coitadinhos.

David Arvizo, à época em que a família conheceu Michael Jackson, trabalhava como carregador para uma empresa atacadista e o pouco dinheiro que ganhava era o suficiente apenas para pagar um apartamento de cômodo único, numa área pobre de Los Angeles, onde a família vivia de forma desconfortável, sendo que os “quartos” eram divididos com lençóis.

A mãe, Janet, aparentemente não trabalhava, pelo menos, em todo o desenrolar dessa história, nunca se soube se ela alguma vez esteve empregada.

As crianças Arvizo eram aficionadas por comédia, razão pela qual se envolveram com o grupo de comédia Laugh Factory, que pertence ao comediante Jamie Masada. Masada desenvolve um projeto assistencial que entre outras coisas, leva crianças pobres para acampamentos, onde são ensinadas as técnicas de comédia e interpretação. Masada também procura colocar outras celebridades em contato com as famílias carentes, para que as ajudem.

Se pararmos para pensar, Masada, através de seu grupo de comédia tem colocado celebridades à mercê de pessoas em busca de dinheiro fácil. Ah, as boas intenções...

Não! Esqueçam o que eu disse. Não podemos culpar uma alma nobre pela podridão que existe naqueles a quem ela tenta ajudar, não é mesmo?

Uma das celebridades com quem os Arvizos tiveram a oportunidade de se relacionar foi o comediante George Lopez, que durante algumas semanas deu aulas de comédias aos três garotos Arvizo. George Lopez acabou se envolvendo muito mais do que pretendia com a família Arvizo, quando a mãe, Janet, ligou-lhe, em prantos, para dizer que Gavin tinha sido diagnosticado com um tipo desconhecido de câncer. Ele tinha acabado de deixar o acampamento de comédia.  Assim como George Lopez, muitas outras pessoas se comoveram com situação.

Os meninos Arvizo sabiam cativar quando queriam. De acordo com George Lopez, eles eram gentis, educados, “ótimas crianças”. Além de que conseguiam fazer piadas de suas próprias vidas miseráveis, o que encantava os comediantes que os estavam treinando naquela arte.

Não é de se espantar, portanto, que todos ficassem mortificados com a notícia de que o “adorável” garotinho Gavin estava com câncer.

Janet Arvizo também sabia conquistar. George Lopez fala sobre ela ser gentil e até mesmo deixar no Laugh Factory um presentinho para ele, em agradecimento por ter ensinado comédia aos filhos dela. O presente singelo era um chaveiro contendo uma semente de mostrada.

Gavin teve um tipo grave de câncer, que os médicos desconheciam e isso quase o levou à morte. Perdeu um rim, parte do baço, muitas células de defesa foram mortas em razão da violenta quimioterapia. O câncer também atingiu o pulmão e um tumor de sete quilos foi retirado do corpo dele.

Da forma como os Arvizos mentem, eu até poderia pensar que eles inventaram a doença. Mas não. Gavin realmente teve câncer. E não morreu por muito pouco. “Um milagre”, dizem.

Janet Arvizo disse não em uma única ocasião, que os médicos lhe disseram que Gavin estava morrendo, “Se o câncer não matá-lo, a quimioterapia vai matar”, ela citou um dos médicos em uma entrevista. Janet e a filha Davellin afirmavam que os médicos sugeriram que começassem a preparar o funeral, pois não havia mais o que fazer. Gavin estava recebendo doses adultas de quimioterapia, vomitava ácido, vomitava sangue, conforme disso o menino em entrevista.

Todos podem pensar que, uma doença tão terrível deixou a família devastada. E é natural que pensemos assim. Afinal, tratava-se de uma criança sendo devorada por uma doença implacável. Mas a verdade chocante é que o câncer de Gavin serviu (e eu sei que é horrível falar assim) para os propósitos da família Arvizo. Era hora de sair da miséria e o câncer de Gavin era o bilhete de embarque deles para uma nova vida.

Quando souberam que Gavin estava com câncer, aquelas celebridades que o conheciam, com Masada e Lopez, bem como outras, passaram a fazer doações para custear o tratamento do menino e também o visitavam no hospital e lhe davam presentes e atenção. De astros do esporte a atores de cinema, Gavin recebeu visitas de dúzias de famosos, que deixavam na “caixinha” dinheiro e presentes.

George Lopez afirmou que o pai, David Arvizo, sempre pedia dinheiro e Lopez deu a ele pequenas quantias que estava em sua carteira, inúmeras ocasiões. Não ficaram por aí, também foram organizados eventos beneficente para arrecadar dinheiro para custear o tratamento, sendo que, a pedido de David, George Lopez tomou a dianteira da organização de um acampamento que tinha como propósito arrecadar dinheiro para Gavin.

Mas Lopez percebeu que a fome de dinheiro da família Arvizo era insaciável. Não era o bem de Gavin que os motivava, mas a ganância. Lopez acabou se desentendo com David Arvizo que o estava perseguindo, cobrando a realização do evento, sempre querendo saber o quanto poderiam ganhar. Um dia, quando Lopez saia de um restaurante onde tinha se apresentado, David o abordou no estacionamento, os dois homens discutiram violentamente.  George Lopez decidiu cortar definitivamente o contato depois que David ligou para sua casa e insultou a esposa de Lopez, chamando-a “puta maldita”.

Porém, quando soube que Gavin tinha melhorado, Lopez voltou a se envolver com a família, convidando os Arvizos para visitar a casa dele e levou os três, David, Gavin e Star, para almoçar e fazer compras. Segundo o comediante, os meninos pediram tudo que viram pela frente, coisas caras e o pai nada fez quanto a isso. Não bastasse, a carteira de Gavin foi “esquecida” no topo de uma lareira na casa de Lopez, em um lugar onde ninguém tinha permissão de entrar. Lopez encontrou cinquenta dólares na carteira, ligou para Gavin e combinou de deixa-la no Laugh Factory e assim o fez. Mas quando David Arvizo foi resgatar a carteira do filho, alegou que havia 350 dólares na carteira e que Lopez tinha “perdido” US$ 300,00, de alguma forma. Jamie Masada deu a David os 300 dólares e isso irritou Lopez, que sabia muito bem que a alegação de David era uma mentira deslavada. Mas Masada disse que apenas não queria problemas com os Arvizos. Pelo que parece, Masada já havia percebido que a família era um problema.

Outra celebridade que foi contatada pelos Arvizo, o comediante Jay Leno, disse não gostar da forma como Gavin o abordou no telefone, endeusando-o como se ele fosse um super-herói. Leno considerou a fala de Gavin muito roteirizada. “Não parecia uma criança falando”, ele disse em seu testemunho no julgamento de Jackson. As ligações de Gavin foram tão insistentes que Leno pediu a uma colega de trabalho que desse um jeito de aquilo parar.

Cris Tucker também não escapou dessa. O ator se envolveu profundamente com a família Arvizo. Segundo ele, após a realização de um evento para arrecadar fundos para o tratamento de Gavin, o menino lhe ligou dizendo que não havia conseguido o bastante e Chris acabou por doar o dinheiro que precisavam. E não para por aí. Chris Tucker levou os Arvizos para fazer compras, os levou para lugares incríveis, os recebeu nos sets de filmagem e pagou hospedagens para eles em hotéis de luxo. Mas nunca algo feito por quem quer que fosse parecia suficiente.

Não apenas pessoas famosas, mas pessoas comuns doaram dinheiro para o tratamento de Gavin, campanhas foram organizadas por editores de jornais, por policias e todos que se comoveram com o sofrimento do pobre garotinho com câncer.

Mas o que eles não sabiam, é que a família nunca precisou de doações para pagar o tratamento, uma vez que o plano de saúde de David Arvizo o custeava inteiramente.

O que os Arvizos fazia com o dinheiro recebido em doação para pagar as infindáveis cirurgias de Gavin?

Pelo que contam alguns, o dinheiro foi gasto em aparelhos eletrônicos, tratamentos de beleza, roupas, etc. George Lopes disse em seu testemunho no julgamento de Michael, que o quarto de Gavin na casa da avó dele estava repleto de aparelhos eletrônicos caros, quando ele foi visita-lo, ao saber que ele tinha melhorado.

Janet Arvizo chegou a negociar a compra de um carro, mas desistiu da compra na última hora. Porém, ela torrou o dinheiro em outras coisas. Nunca no tratamento de Gavin, porém. Já que para isso havia o seguro.

Ah, mas eles eram tão pobres, coitadinhos. Eles estão aproveitando a oportunidade. Não é tão errado assim usar o dinheiro que as pessoas, tanto as celebridades milionárias, quanto as pessoas comuns, dão a eles para tentar curar o menino, em tratamento de beleza, aparelhos eletrônicos de ultima geração e roupas. Ou é?

Talvez fosse perdoável, se os deslizes da família Arvizo se restringissem a um “desvio” de verbas.

Em 2000, Gavin Arvizo foi pego furtando a loja JC Penny. Os seguranças da loja os abordaram quando os três, Janet, Gavin e Star estavam no estacionamento. Eles tentaram dizer que não era um furto, que apenas era uma brincadeira, pois Gavin gostava de pregar peças. Também disseram que eram modelos da loja e que tinham permissão para pegar as roupas. Mas não colou.

A polícia foi chamada e os pais, David, que não estava no estacionamento, e Janet foram levados para a delegacia, onde foram fichados, fotografados e prestaram depoimento. Na ocasião, os policiais perguntaram a Janet se ela precisava de um médico, ao que ela disse “Não. Estou muito bem.”

Contudo, dias depois, Janet Arvizo foi até um escritório de advocacia com fotografias onde aparecia coberta de hematomas e alegou ter sido agredida pelos seguranças da JC Penny, no estacionamento, no dia do incidente. Segundo ela, os seguranças vieram em sua direção desferindo palavrões contra ela e seus filhos, a derrubou no chão e a socou com uma algema, como se a tal algema fosse um “soco inglês”.

Um processo foi aberto contra a JC Penny de quem se pedia uma indenização de 2 milhões de dólares. Note-se, porém, que as fotografias tiradas de Janet na delegacia não mostram nem um sequer arranhão; e quando ela foi levada pela polícia, não havia nem mesmo um fio de cabelo fora do lugar.

Como uma pessoa golpeada por um homem usando uma algema em sua mão, como se fosse um “soco inglês” poderia apresentar uma aparência intacta em fotografias tiradas logo depois? Lembrem-se de que ela afirmou não precisar de um médico quando questionada pelos policiais (uma pergunta padrão). Mas dias depois ela aparece cheia de hematomas alegando ter sido socada pelos seguranças da loja na ocasião do incidente.

Algo está errado nesta história. Janet deveria estar completamente ensanguentada quando foi levada do estacionamento da JC Penny. Um golpe desferido com “um soco inglês” deveria ter deixado hematomas graves no rosto dela, quebrado dentes e sabe-se lá mais o quê. No entanto, ela estava linda e serena quando chegou à delegacia.

No curso do processo, foi questionado se a surra não teria sido dada pelo marido. Mas ela negou, afirmando que David era o melhor marido do mundo e jamais a agrediria. Anote bem isso, você vai precisar se lembrar mais tarde: Ela disse que David jamais a agrediria.



A história parecia sem pé nem cabeça, mas as crianças confirmaram tudo o que a mãe disse e ainda acrescentaram suas próprias ideias. Star disse, “Depois que ele saiu de cima de minha mãe eu fui até ela e coloquei o seio dela de volta no sutiã.” Gavin, que àquela altura estava recebendo tratamento quimioterápico, também confirmou a suposta agressão. E a JC Penny acabou fazendo um acordo com os Arvizos, pagando a Janet cerca de 150 mil dólares.

Mas há alguns pontos que merecem atenção:

1. A advogada de Janet naquele processo revelou mais tarde que no dia agendado para fazer o exame de corpo de delito, Janet Arvizo caiu no chão da clínica gritando que todos que lá estavam eram demônios e que queriam matá-la. Foi convidada a se retirar. Desconfiada a advogada disse a ela que não poderiam mentir sobe as agressões no que Janet disse: “Você vai fazer exatamente o que eu quero, porque meu primo é da máfia mexicana e ele sabe onde você mora.”

2. A mesma advogada também disse que Janet ficou enfurecida porque o delegado não permitiu que ela presenciasse os depoimentos dos filhos. Segundo a advogada, Janet disse “Eu estou tranquila quanto a Gavin, ele sabe o que dizer, mas Star pode se confundir.”

3. A advogada também revelou que Janet confidenciou a ela ter colocado os filhos em aulas de teatro para que eles fossem mais convincentes ao mentir.

4. No caso JC Penny os meninos testemunharam conforme um roteiro escrito por Janet e decorado por eles. O referido roteiro foi parar nas mãos do advogado de Michael e revelado no julgamento.

5. O psiquiatra contratado pela JC Penny diagnosticou Janet como esquizofrênica e disse que ela manipulava as crianças, totalmente.

6. Dois anos após o início do processo, do nada, sem nem mesmo avisar aos advogados, Janet Arvizo decidiu apresentar mais uma acusação contra a JC Penny, dessa vez, alegando que os seguranças acariciaram os seios e os genitais dela por 15 minutos, na frente das crianças. Mas não convenceu.



Mas ela conseguiu o que queria, recebeu o dinheiro da JC Penny e, adivinhem, depositou-o na conta bancária da mãe dela. Ela queria ajudar a mãe? Nada disso, ela precisava escondê-lo, pois ela pretendia receber ajuda governamental e assim foi.



Janet Arvizo se inscreveu no programa assistencial e passou a receber ajuda da cidade de Los Angeles, embora tivesse 150 mil dólares na conta bancária.



Mas ela parou de pedir doações, não é? Pelo menos isso? Não!!!



Mesmo após receber essa alta quantia da JC Penny e os benefícios do governo, Janet continuava a receber doações para pagar o tratamento de Gavin que na verdade era pago pelo seguro de saúde.



Um dia, dois policiais pegaram os meninos faltando aula e quando os abordaram, os dois começaram a chorar e disseram que estavam a caminho do hospital, pois a mãe tinha sido operada. Comovidos, os policiais ofereceram carona e no caminho Star e Gavin contaram que Gavin estava em tratamento contra o câncer e que tinha perdido um rim e que tinham tirado um tumor enorme dele.



Os meninos Arvizo aprenderam desde cedo que podiam conseguir dinheiro mentindo e a usar a condição de Gavin para comover as pessoas. Os policiais, então, organizaram uma campanha. Era Natal, e os Arvizos receberam desde peru a presentes caros. E tudo isso estando com os cofres cheios.



Não para por aí. A editora de um jornal local revelou que o jornal organizou uma campanha para ajudar Gavin e que Janet exigiu que o dinheiro doado fosse para conta dela, o que a editora considerou inapropriado. Ela também disse que o custo de uma cirurgia era de 1000 dólares, mas quando ela leu no jornal, estava 10 mil dólares. Ela pensou ter sio um erro, mas quando foi apurar, lhe informaram que o valor 10 mil dólares tinha sido o fornecido pela senhora Arvizo.



Uma senhora que doou um enorme peru de Natal disse que quase lhe bateram com aporta na cara. Os Arvizos não queriam peru, ora bolas, queriam dinheiro.

A cunhada de Janet afirma que, quando ela doou sangue a Gavin, Janet lhe ligou e disse: “Não preciso da porra do seu sangue, mas de seu dinheiro.”



É pouco? Então toma mais.



Janet Arvizo e os filhos forjaram um acidente em um supermercado e processaram o supermercado buscando uma alta indenização. Dessa vez, ela não levou. Quando se viu em situação constrangedora ela culpou o marido, afirmando que ele a espancava, espancava os filhos, espancava o cachorro, espancava até as sombras deles, o homem era um monstro!



Tá eu sei que você leu que ela disse que ele era o melhor homem do mundo e que jamais a agrediria. É isso mesmo, ela mudou o marido de anjo para demônio quando lhe foi conveniente. Interessante que ela só se livrou de David depois que recebeu o dinheiro da JC Penny, não?





Janet Arvizo se separou de David e ganhou uma ordem de restrição contra ele. David não podia chegar perto dela, dos filhos, nem do cachorro.



Depois de deixar David, ela passou a namorar o major Jay Jackson. Com quem veio a se casar. Pois é, que loucura, ela virou Janet Jackson. Com 150 mil da JC Penny, doações, o salário de Jay Jackson ela ainda recebia benefícios do governo!!!



Janet Arvizo continuaria a fazer campanhas pedindo dinheiro para o tratamento de Gavin mesmo depois da cura do câncer. Enquanto ela pedia dinheiro, chorando, em um programa de TV, Gavin fazia testes e físicos em uma base do exército, já completamente curado.



Mas a esta altura você deve estar se perguntando, e onde Michael Jackson entra nesta história toda. Bem, vamos voltar um pouco no tempo:



Quando Gavin estava com o pé na cova, ele fez uma lista de últimos desejos. E os desejos do moribundo era conhecer algumas celebridades entre elas, Jim Carrey, Adam Sandler e Michael Jackson. O terceiro da lista. Acontece que Michael, embora o homem mais famoso do mundo, mais ocupado e mais rico que os outros dois, era bem mais acessível.



Michael não visitou Gavin no hospital, pois estava viajando, mas ligou para o quarto dele e passaram a se falar frequentemente. Gavin afirmou ter o telefone pessoal de Michael e permissão para ligar a qualquer hora que quisesse. Michael sempre falava com ele, estivesse onde estivesse.



Michael queria ajudar Gavin e se empenhou nisso mais que qualquer outra pessoa. Ele disse a Gavin para imaginar que as células saudáveis estavam comendo as células doentes, como no jogo de Pacman, uma forma de dar ao menino uma visualização menos dramática da doença e encorajá-lo a lutar.



 Claro que a família foi convidada a ir a Neverland e assim fizeram. A primeira vez que lá estiveram, Michael os recebeu, mas não pôde ficar com eles muito tempo, pois estava ocupado. A família voltaria a Neverland inúmeras vezes, com ou sem a presença de Michael Jackson na propriedade. Em muitas ocasiões foram até lá na companhia de Chris Tucker, que acabou se tornando muito amigo de Michael em razão da ligação dos dois com a família Arvizo.



Os Arvizos eram tratados como reis em Neverland. Tinham liberdade para ir onde quiseram e ocupavam suítes de hóspedes normalmente ocupadas por Elisabeth Taylor e Marlon Brando. Claro que Michael Jackson também passou a doar dinheiro para o tratamento de Gavin, assim como deu um carro a eles, pagou viagens, hospedagens, alimentação, diversão e tudo mais que eles quisessem. Também organizou campanhas para doação de sangue, garantindo assim que Gavin nunca mais precisaria se preocupar com as transfusões.



Quando os médicos diziam que Gavin estava morrendo, Michael não aceitava. Ele falava “não, ele não vai morrer, tenham fé.” Janet Arvizo disse que Michael Jackson os tratava como eles jamais foram tratados, que ele era um pai para os filhos dela, que ele os ensinou o que era amor, dignidade e fé. E Gavin afirmou que a fé que Michael o ensinou a ter seria primordial para ele no pior momento e sua vida.



Milagrosamente Gavin foi curado. Eles atribuíram o milagre a um santo de homem Michael. Sim, eles disseram que foi graças a Michael que Gavin foi curado. Não porque ele doou dinheiro, pois esse dinheiro não foi empregado no tratamento, como deveria ter sido, mas porque a sua amizade deu ao menino a força que ele precisava.



E eu fui irônica ao dizer “santo” Michael, porque é muito irônico, que os Arvizos tenham retratado Michael como uma criatura doce, bondosa, generosa, um pai, uma pessoa incapaz de fazer mal e, pouco depois, o retratasse como a pessoa mais sórdida do mundo, capaz do mais vil dos crimes.



Mas o que levou a essa mudança dão radical?



Bem, não é tão difícil entender quando você recapitula o que já foi dito:



1.             Janet Arvizo foi diagnosticada como esquizofrênica;

2.             Ela age por interesse, é movida pela ganância. Veja como ela santificava o marido, mas não pensou duas fezes antes de se livrar dele, depois que recebeu a indenização da JC Penny. Não quero fazer a defesa de David Arvizo, longe disso. Mas eles eram mais que um casal, era uma dupla de golpistas, cumplices. Janet permaneceu com David mesmo com todas as surras enquanto ele serviu aos interesses dela. Depois, ela o acusou até mesmo de molestar a filha deles, quando ela tinha 4 anos de idade. (Perceba que acusações de abuso sexual era uma predileção dela.).

3.             Mentiras fazem parte da vida dos Arvizos, sempre fizeram. Eles viviam de golpes. Foram inúmeros. Contra a JC Penny, contra o supermercado, contra George Lopez. Michael Jackson foi apenas mais uma vítima.  O advogado da JC Penny chamou a acusação contra Michael de “O golpe, parte 2”.



O revoltante, é que muitas pessoas sabiam que os Arvizos causariam problemas a Michael e não o avisaram. George Lopez e Masada já tinha percebido que os Arvizos não eram confiáveis. Lopez afirmou no seu testemunho que os Arvizos ficaram enlouquecidos quando conheceram Michael Jackson, passando a esnobar as outras pessoas e sempre se gabando de ser amigos de Michael Jackson, frequentar Neverland e viajar com o astro.

Os Arvizos encontrara em Michael uma generosidade não vista em mais ninguém. Ele não só pagava diversas coisas de que precisavam, como mantinha as portas de sua casa sempre abertas para a família. E ainda dedicava tempo a eles. Levando-se em conta a agenda cheia que um astro como Michael tinha, isso era muito.

Um fato interessante aqui: Gavin reclamou em sua conversa com os detetives de Los Angeles e repetiu a mesma queixa, durante o testemunho em 2005, de que, certa vez, fora-lhe informado que Michael não estava na propriedade, mas ele veio a se esbarrar com o cantor. Gavin ficou muito magoado por Michael ter mandado dizer que não estava, pois queria brincar com ele. Ele não conseguia entender que Michael estava ocupado demais e apenas não quis chateá-los dizendo que estava em casa, mas não disponível. Gavin não foi capaz de perdoar a mentirinha de Michael. Isso é risível, levando-se em conta que mentira era algo familiar ao menino.

Mas o mais importante nesse incidente é que ele demonstra como Gavin, assim como o resto de sua família. Sempre queria mais, nunca ficavam satisfeitos. Não importava o quanto Michael Jackson tinha feito por eles. Eles queriam mais e mais. Queriam tudo.

Chegou a hora de ir embora e isso não era algo fácil. Ninguém quer sair da vida de um astro milionário. Mas Gavin estava curado e não havia razão para continuarem instalados em Neverland. Ainda mais que, àquela altura, todos já tinham percebido que havia algo de errado com os Arvizos. Os empregados os detestavam. Eles eram rudes, exigentes. Tratavam a criadagem como se eles fossem donos da casa. Pior. Tratavam os empregados de forma como Michael jamais tratou.

Segundo os empegados de Neverland, Michael era sempre gentil e respeitoso, assim como os filhos dele. Mas os Arvizos reclamavam do cardápio, davam ordens com agressividade e aprontavam muito.

Eles foram embora e Michael se afastou. Mas Gavin insistia em manter contato, sempre tentando descobrir o novo telefone de Michael. Michael lhe dava o novo número, mas em seguida mudava-o. Então Gavin lhe enviava cartas, onde implorava para voltar a Neverland e onde ele dizia ao astro que sentia a falta dele e que ele era como um pai. As cartas, por sinal, foram anexadas como provas ao processo criminal em 2005.

Mas talvez tudo tivesse terminado bem. Com Michael sentindo que tinha cumprido sua missão e ajudado Gavin, mesmo tendo percebido que a família tinha uma sede enorme por dinheiro. Talvez ele ficasse em paz com sua consciência e feliz porque o menino foi curado, embora a família fosse um bando de golpistas. E seria tudo.

Porém, o destino novamente tinha uma armadilha muito bem preparada para o cantor. E essa armadilha atende pelo nome de Martin Bashir.

O jornalista britânico, Martin Bashir, ficou famoso após realizar uma entrevista com a Princesa Diana, onde ela assumiu um relacionamento extraconjugal. Não vou me delongar na biografia de Bashir, você pode encontrar isso no Wikipédia, basta saber como ele chegou a Michael Jackson.

Bashir era amigo do sensitivo (leia entortador de garfos) Uri Geller. Geller por sua vez é mais um dos tantos “amigos” entre aspas de Michael Jackson. Michael confiava em Uri e ele o convenceu de que atender ao pedido de Bashir por uma entrevista seria ótimo. Bashir seduziu Michael com paciência, assim como uma ave fazendo a dança do acasalamento, exibindo sua bela plumagem. A bela plumagem de Bashir era a falsa admiração que ele fingia ter por Michael. Ele levou muito tempo bajulando o cantor, tentando convencê-lo de que faria um trabalho honesto, digno e benéfico a Michael. Bashir soube usar a vaidade de Michael para pegá-lo. Ele o elogiava ao oitavo céu e fingia compreendê-lo e apoiar suas ideias. Michael caiu feito um patinho.

É chocante a existência do documentário Living With Michael Jackson, se pararmos para pensar que ele foi feito com umas das pessoas mais reservadas que já existiu. Por que Michael Jackson, que se recusava a dar entrevistas, que detestava falar de sua vida pessoal, decidiu se abrir para um jornalista, um membro da classe que ele tanto desprezava; um representante da classe que o perseguia e humilhava a cada oportunidade?

Porque, infelizmente, Bashir é inteligente, astuto, malicioso e Michael, por outro lado, era ingênuo e vaidoso. Bashir prometeu fazer um documentário para mostrar ao mundo a grandiosidade de Michael não apenas como artista, mas como ser humano. Ele queria mais que tudo mostrar o homem generoso, humanitário, engajado em causas sociais e ambientais. O homem que doava fortunas para tratamento de pessoas com câncer, para custear estudos de jovens negros, para preservação ambiental. Um Michael Jackson que a mídia inescrupulosa (o próprio Bashir assim se referia aos colegas) fazia questão de esconder.

Michael concordou em fazer o documentário, mas, pior que isso, ele concordou em não participar da edição, tal era a confiança que Bashir conquistou. Michael também não queria dinheiro. O doc geraria milhões, mas o que lhe caberia seria doado a uma instituição de caridade na Inglaterra.

Michael Jackson abriu as portas de Neverland para Bashir, abriu seu coração, baixou a guarda e levou a mais covarde apunhalada nas costas que se poderia imaginar.

Antes de começar as entrevistas, Martin Bashir convenceu Michael de que o apoiava, prometendo conseguir uma reunião com Koffi Annan, presidente da ONU, para discutirem sobre um projeto para ajudar as crianças africanas. Bashir convenceu Michael de que apoiava o projeto dele de instituição de um Feriado Internacional das Crianças. E muito mais. Como uma rã incauta hipnotizada pelo chocalho da cascavel, Michael se atirou em direção às presas venenosas de Bashir e isso quase lhe custou a vida. Ou será que eu deveria retirar esse “quase”?

Bashir tinha um plano, isso está óbvio hoje. Ele fez o possível para ganhar a confiança de Michael Jackson, para ter acesso ao mundo dele, mas nunca teve a intenção de fazer um documentário positivo. Isso não venderia. O que ele queria era apanhar alguns deslizes, algumas situações que gerassem controvérsias, alguma declaração que causasse desconfiança, que pudesse ser mal interpretada, manipulada, deturpada. E ele fez o possível para chegar a esse objetivo.

Uma das medidas de Bashir foi pedir aos assessores de Michael que levassem crianças para Neverland, pois ele queria filmar Michael interagindo com as crianças, um grupo de pelo menos 50. Ele queria mostrar ao mundo como Michael Jackson se comportava com crianças. Claro, que Bashir deu a entender que queria colocar a questão em uma perspectiva positiva. Mas não foi o que ele fez, muito ao contrário.

Ele também pediu que o astro Macaulay Culkin estivesse presente em algum dos encontros em Neverland. Mas Macaulay não pôde comparecer. Graças a Deus! Eu nem quero imaginar o que Bashir poderia ter armado.

Ele pediu pra acompanhar Michael às compras e assim, ele pintou um retrato do astro como um sujeito pródigo, absolutamente sem limites, que torrava uma fortuna em poucos minutos, ao filmar Michael em um antiquário apontado peças de milhares de dólares e dizendo “Eu comprei este”, “Comprei aquele”, criando a equivocada ideia de que ele estava comprando sem nem mesmo questionar o preço. Mas na verdade, os artigos já tinham sido comprados dias antes, ele apenas estava mostrando o que estava reservado para ele. Além de que, não creio que os gastos de Michael mereça muita atenção. A ideia de que ele estava falido é absurda, mas isso é discussão para outro tópico, que não cabe aqui. O importante é que se frise é a intenção de Bashir em sempre colocar Michael em uma situação que provocaria um mau julgamento do telespectador. Fosse acerca do caráter de Michael, fosse da sanidade mental dele, ou de sua capacidade de julgamento.

Durante todo o documentário Martin Bashir faz questionamentos sobre o caráter de Michael e leva o telespectador a pensar em Michael como um louco que vive de forma perdulária, um pervertido recluso, que não tem capacidade mental para criar os filhos e que é perigoso para crianças.

Mas nas partes cortadas da entrevista, que viemos a conhecer graças ao doc apelidado de Take 2, mas com o nome verdadeiro de The Michael Jackson Interview: The Footage You Never Meant To See. E também graças às partes mostradas em julgamento, que Aphrodite Jones descreve no livro dela, Michael Jackson Conspiracy (http://theuntoldsideofthestorymj.blogspot.com/2012/01/conspiracy-capitulo-29-ask-me-how-i.html), Martin Bashir elogiava o comportamento de Michael, a bondade, a generosidade, a genialidade dele como cantor, dançarino e compositor e até mesmo disse que sentiu lágrimas nos olhos ao ver a forma tão natural com que Michael lidava com os filhos. Bashir diz a Michael que o mundo o julga mal porque não o conhece. Que as pessoas deveriam ir a Neverland ver como era. Que não era nada menos que espiritual.

No doc Living With Michael Jackson, os comentários de Bashir vão, absolutamente, em sentido contrário. Além de que as entrevistas foram cortadas e editadas de forma a mostrar Michael da pior forma possível.

O mais relevante em tudo isso, o cerne do problema: Bashir pediu para filmar uma criança que Michael tinha ajudado. E foi graças a esse pedido que os Arvizos voltaram à vida de Michael Jackson, dessa vez, para destruí-la.

Havia outra pessoa em Neverland, a quem Michael ajudou, disposto a dar entrevista, o homem conhecido como Dave Dave. Dave Rothenberg, que foi queimado pelo próprio pai e que tinha uma amizade profunda com Michael Jackson, que lhe deu apoio naquele momento terrível de sua vida. Mas Bashir não se interessou por Dave Dave. Afinal, ele já não era mais criança, e era é muito deformado em razão do crime horrendo do qual foi vítima.

Mas Gavin, já curado do câncer, era um galalau forte (não entendo por que a imprensa insiste em se referir a ele como pobre menino com câncer, como criancinha) e de boa aparência. Antes de entrevistar Gavin, Bashir conversou com os irmãos dele que repetiram a história de que a amizade de Michael curou Gavin, que os médicos disseram para preparem o funeral, mas Michael nunca desistiu e Gavin foi curado.

A entrevista com Gavin é o ponto mais crítico de todo o documentário.

Induzido por Bashir, que dava instruções de como queria que ele se portasse, Gavin deitou a cabeça no ombro de Michael e a pedido do jornalista, segurou as mãos do cantor. Bashir dizia querer mostrar como eles eram próximos, que tinham um amor fraterno entre eles. Janet Arvizo disse em sua entrevista, mais tarde, que Gavin segurou a mão de Michael como um filho segura a mão de um pai. E que ela gostaria de perguntar àqueles que eram pais, se eles não seguram as mãos de seus filhos.

Mas a cena não provocou esse tipo de concepção. Muito ao contrário.

As pessoas, em sua maioria, não viram com bons olhos a forma como Gavin estava agindo e logo passaram a questionar se aquele envolvimento era adequado. Principalmente porque Bashir, desde antes da entrevista, anunciou que ficou desconfortável e preocupado quando conheceu o “garotinho”. Também, desde o início Bashir vinha insinuando que Michael se comportava mal com crianças, dizendo que Neverland era um local perigoso para “crianças em situação desfavorável”. Embora ele tenha afirmado que nunca viu nada in apropriado acontecer.

Lembrem-se de que foi o próprio Bashir que pediu pela presença das crianças. É notável como o jornalista, absolutamente sem ética, agiu, desde o início, com o propósito de colocar Michael em situações desfavoráveis. Bashir manipulou Michael Jackson com facilidade, uma vez que tinha conquistado a confiança dele, por fingir que o entendia e respeitava.

Até mesmo para muitos fãs a cena não foi agradável. Afinal, estavam vendo aonde Bashir queria chegar. Era gritante a intenção do jornalista e os fãs de Michael que estavam vendo o documentário, pela primeira vez, começaram a sentir um frio no estômago. Era o prenúncio de que uma tempestade nos atingiria com toda a força violenta de que é capaz.

Gavin fez de tudo para mostrar seu afeto por Michael. Importante que se leve em conta que ele não via o cantor há algum tempo, que ele vinha pedindo permissão para voltar a Neverland e que o convite para ir até lá chegou de repente. Era a chance que ele tinha para mostrar a Michael que ele realmente estava sentindo sua falta, que ele era realmente como “um pai.”.

Gavin tratou de elogiar Michael, chamando-o de muito legal. E para provar como Michael era legal, ele disse a Bashir:

“Ele é tão legal! Eu pedi para dormir no quarto dele e ele deixou. Eu disse ‘Você pode ficar com a cama’, mas ele disse ‘Não você fica com a cama’, e eu falei, ‘Não, você fica, eu durmo no chão, mas ele disse ‘Se você me ama, você fica com a cama, eu durmo no chão. ’”

NO CHÃO! Preste bem atenção a isso. Michael não sugeriu que Gavin dormisse ao seu lado na cama. Ele cedeu a cama ao menino. Mas isso é convenientemente ignorado quando a imprensa relata o caso.

Também importante que se frise que eles não estavam sós. Também estavam lá o irmão de Gavin, Star, Frank Cascio e os filhos de Michael. Todos dormiram no quarto de Michael, que é do tamanho de um apartamento duplex.

Michael, então, confirmou que tinha permitido que Gavin dormisse no quarto dele, explicando que fez uma cama no chão com cobertores. Bashir questionou Michael dizendo, “Isso é adequado, Michael? Ele tem 13 anos, você tem 44.” Mas antes que Michael respondesse, Gavin disse que Michael não tinha 44 anos, mas 4, e abraçou o cantor de forma afetuosa. Em seguida Gavin disse a Bashir que não importava a idade que as pessoas diziam que você tem, mas o que havia em seu coração. Bashir continuou dizendo que não estava certo. Essa cena chega ao fim, mas Bashir continuou questionando o comportamento de Michael Jackson durante a narrativa. Insinuando que algo errado estava acontecendo. Em outra cena do doc, Bashir volta ao tema e pergunta a Michael se alguma vez ele dormiu na cama com Gavin, ao que Michael responde “não”.

Porém, Michael afirmou ter dormido com outras crianças e que isso não era errado, pois ele não era um psicopata. Bashir e Michael discutem sobre ser ou não adequado um adulto ter crianças em sua cama e Michael insiste que era pura a relação dele com crianças, que elas pediam para ficar no quarto dele e que ele permitia porque queria ser gentil. Michael se irrita por Bashir dizer que ele dormia com garotos, corrigindo-o ao esclarecer que ele permitia crianças em seu quarto, meninos e meninas, não apenas meninos. Essa cena foi uma das mais tensas de todo o doc, pois Bashir deixou Michael visivelmente chateado, pois do assunto dormir com crianças passou às surras e cirurgia plástica. Bashir ainda viria a mostrar o incidente em Berlim em que Michael mostra o bebê aos fãs, do balcão de seu quarto no hotel. Um erro que foi elevado à décima potência por se tratar de Michael Jackson.

Não serei hipócrita de dizer que considero correto o que Michael fez naquela ocasião, nem que foi algo banal. O que critico aqui é a forma como isso foi escandalizado. Mostrado ad nausean. Seria assim se tratasse de outra pessoa? Você já viu alguém criticar Steve Irvin por alimentar um crocodilo enquanto segurava o filho dele, de poucos meses, em uma das mãos? Você viu alguém chamar Irvin de louco e dizer que ele não tinha condições mentais de criar os filhos, como fizeram com Michael? Você, pelo menos, sabia que isso tinha acontecido? Aliás, você sabe quem é Steve Irvin, o caçador de crocodilos?

Eu aposto que sua resposta para todas essas perguntas é um redondo NÂO.

Mas voltemos aos Arvizos.

Depois que o documentário foi lançado, a imprensa ficou enlouquecida tentando conseguir uma entrevista com Michael e com a família Arvizo. Os telefones de Neverland não paravam de gritar. A família Arvizo foi perseguida por jornalistas em busca de uma história sensacionalista.

Enquanto isso, uma professora fez uma denúncia ao Departamento de Serviço à Criança e à Família de Santa Barbara, sobre uma suspeita de abuso sexual infantil. As assistentes sociais entrevistaram a família Arvizo e concluíram que NÃO HAVIA FUNDAMENTO PARA A DENÚNICA, pois a família negou qualquer mau comportamento por parte do artista, a quem consideravam um pai.



Veja o relatório das assistentes sociais aqui:


Com base nesse relatório o DSCF arquivou o caso e a promotoria de Santa Barbara fez o mesmo, com base no mesmo relatório.

Tentando conter os estragos que o documentário poderia causar em sua imagem, Michael contratou uma empresa de Relações Públicas, que traçou um plano de contenção de danos. Logo eles perceberam que havia filmagens suficientes para um documentário resposta, que veio a ser o Take 2. 

Antes que o doc citado fosse realizado, porém, a família Arvizo pediu proteção a Michael Jackson, afirmando estar cansada da perseguição dos jornalistas e também afirmaram que Gavin estava sendo provocado por colegas de escola.

Segundo revelou Chris Tucker no testemunho dele em 2005, os Arvizos o ligaram procurando por Michael, chorando e dizendo que não conseguiam localizá-lo. Michael estava em Miami. Chris fez de tudo para encontrar o astro, comovido com o desespero da família que o implorou para leva-los até Michael. Anote isso. OS ARVIZOS IMPLORARAM A CHRIS TUCKER QUE OS LEVASSEM ATÉ MICHAEL JACKSON. Tucker fretou um jato e os levou a Miami para se encontrar com Michael. Mas àquela altura, Chris já temia por Michael, pois tinha percebido que os Arvizos não eram boas pessoas. Algo que ele se recusou a ver durante muito tempo, pois tinha pena de Gavin. Mas Tucker tinha muitos motivos para desconfiar dos Arvizos e ele tentou alertar Michael.

Laia aqui a transcrição do que ele disse no julgamento de Michael em 2005, citado por Aphrodite Jones no livro dela:




Segundo Tucker os Arvizos quiseram ir direto para cobertura para dizer olá a Michael. Nos dias que se seguiram, a família desfrutou do conforto proporcionado por Michael Jackson e puderam descansar e esquecer a perseguição que estavam sofrendo. Eles retornaram a Los Angeles em um jato particular fretado por Michael e se instalaram em Neverland.

Em Miami, ficou decidido que uma entrevista seria gravada com a família Arvizo em resposta ao doc de Bashir e essa entrevista faria parte do Take 2. Naquele tempo, Janet Arvizo não mais vivia com David Arvizo, mas namorava o major Jay Jackson (Sem parentesco com Michael), e a entrevista foi gravada no apartamento dele. Na dita entrevista, Janet se queixa da forma como a imprensa e, sobretudo, Bashir tinha deturpado toda a relação linda e fraternal que Michael tinha com os três filhos dela e de forma dramática conta com a vida deles eram antes de conhecerem Michael Jackson.

Janet e os filhos se referiam a Michael como um homem de família, um pai, alguém que ensinou a eles o que era amor, bondade, dignidade e fé. Alegremente, a mulher e os três adolescentes contam sobre a amizade com o astro e parecendo muito sinceros falam do amor que sentiam por Michael. Em suma, a família Arvizo, endeusou Michael Jackson, deixando claro que ele apenas havia feito o bem. Essa entrevista, contudo, veio a se tornar a principal prova da promotoria no caso contra Michael Jackson.

Agora você ficou confuso, não? Mas vamos tentar elucidar toda a história.

Os Arvizos se instalaram em Neverland depois que voltaram de Miami, mas já sentiam que Michael estava distante. E com razão ele estava, pois todos já tinham notado que a família Arvizo era um bando de golpistas, porém, Michael se sentia mal pelo que tinha acontecido com Gavin e, assim, permitiu que ficassem em sua casa. Sem prazo. Mas ele mesmo, pouco esteve em Neverland durante a estadia deles. Segundo os empregados que testemunharam no julgamento, Michael passava mais tempo na casa da família Cascio.

Sabe-se lá por que razão Janet Arvizo saiu de Neverland e para lá regressou em três ocasiões, depois de toda a confusão. Sendo que, em uma das ocasiões, ela foi até o mordomo e, parecendo desesperada, pediu a ele os levassem para casa. O mordomo, Jesus Salas, pegou o Rolls Royce de Michael e levou os Arvizos para casa. Mas eles regressaram cerca de uma semana depois. E depois voltaram a pedir-lhe que os levassem para casa, mas dessa vez ele não pode fazer pessoalmente, porém chamou uma limusine para leva-los. Mas os Arvizos retornaram cerca de uma semana depois. Ficaram por duas semanas e saíram de Neverland por volta da meia noite, para nunca mias voltar. E acusaram Michael Jackson de abuso sexual, sequestro, cárcere privado, fornecer álcool às crianças e planejar enviá-los para o Brasil, com passagem só de ida, em um balão.



Não entendeu nada? Ok, vamos por partes.

A família Arvizo queria dinheiro. Lógico. Eles não deram a entrevista em defesa de Michael sem interesse financeiro e passaram a cobrar isso. Mas Michael já tinha dado muito aos Arvizos e, além do mais, o que eles disseram na entrevista era verdade, não era? Pelo menos era o que eles diziam a todo mundo a quem tinha oportunidade, inclusive disseram às assistentes sociais.

Janet sempre foi instável, ora, ela foi considerada esquizofrênica pelo psiquiatra no caso JC Penny. Que outra razão levaria a mulher a pedir para ser levada para fora de Neverland, demostrando desespero, sem nenhuma razão, e voltar para lá uma semana depois, para tornar a pedir para sair, da mesma forma maluca, aparentando desespero sem motivo e tornar a voltar, para depois sair de lá, pela terceira vez; e nessa, já altas horas da noite?

Segundo ela e os filhos, eles foram para Neverland porque estavam sofrendo ameaças de morte e saíram de lá porque estavam com muito medo. Da mesma forma que foram a Miami porque estavam sendo ameaçados. Ela alegou que Michael a ligou dizendo que pessoas muito más queriam matá-la e aos filhos dela e que ela deveria ir a Mimai.

 Não seria melhor ir á polícia? Se havia alguém querendo mata-los a melhor coisa a fazer não seria procurar a delegacia mais próxima? E quem, em nome de Deus, iria querer matar os insignificantes Arvizos? Por que motivo? E em que ir a Mimai ajudaria?

Mas, lembra-se que Tucker revelou no testemunho dele que a família Arvizo o implorou para encontrar MJ e leva-los até ele? Tucker tinha as chamas telefônicas registradas para provar. Eram diversas ligações da família para Tucker, não o contrário. Eles não sabiam onde Michael estava, fez Tucker encontra-lo, alugar um jato e ir até ele. Portanto, como é que ela podia alegar que Michael foi quem ligou e disse para ela ir se encontrar com ele?

Ao voltar de Miami, Janet procurou um escritório de advocacia com o intuito de processar Martin Bashir e a rede de TV que produziu o documentário. Ela procurou diversos advogados, mas todos recusaram a causa. Porém um deles viu nisso uma grande oportunidade e elevou a família para ver Larry Feldman, o mesmo advogado que representou os Chandlers em 1993. Feldman, por sua vez, encaminhou os Arvizos a Stanley Katz, o mesmo psiquiatra que apoiou as acusações de Jordan Chandler, em 1993 e depois de diversas conversas com Katz, Feldman decidiu que havia um caso grande em mãos. Um caso de abuso sexual contra Michael Jackson, novamente.

Durante esse vai e volta do escritório de Feldman, Janet Arvizo e os filhos estavam em Neverland, de onde saíam e voltavam quando bem desejavam. Os seguranças do rancho testemunharam que a família tinha liberdade para sair quando bem quisessem e até fizeram viagens curtas á cidades próximas. O livro de registro na portaria de Neverland confirma isso. Eles também saíam frequentemente para fazer compras, ir ao dentista e dar pequenos passeios pela cidade. Foi o motorista de Michael que a levou ao escritório de Feldman em algumas ocasiões. Mal ele sabia que ela estava tramando contra Michael.



O famoso jornalista Larry King testemunhou em audiência provada que naquela época ele e Larry Feldman tiveram dois encontros, pois Feldman desejava ser convidado permanente no programa Larry King Live para falar sobre a investigação contra Michael Jackson. Segundo King, no primeiro encontro, Larry Feldman lhe disse a mãe (Janet Arvizo) era uma louca, em quem não se podia acreditar. E que, por isso, ele Feldman, não iria pegar o caso. Conforme King, Feldman disse que em 1993 ele tinha um grande caso, mas aquela mãe (Janet) era uma maluca. King não foi autorizado a testemunhar diante do grande júri, no entanto, porque o juiz Melville “entendeu” que o que ele tinha a dizer era irrelevante. Bem, como o juiz pode considerar irrelevante a revelação de que o advogado de Janet Arvizo a considerava maluca e mentirosa pode ser um dado irrelevante é coisa que nunca conseguirei entender. Ou melhor, todos sabemos bem o motivo da decisão injusta de Melville.

King não foi aceito como testemunha, embora ele seja uma pessoa respeitada e tenha escutado da boca do próprio Feldman aquelas declarações. Eram informações de primeira mão, mas o juiz dispensou King como testemunha. No entanto, ele aceitou que depusessem pessoas como Ralph Chacon e Adrian McManus, ex-empregados de Neverland que venderam histórias sobre Michael a tabloides, que processaram Michael alegando terem sido despedidos injustamente e acabaram condenados por difamação, furto e processo malicioso.

Melville recusou King como testemunha, embora fosse consistente o que ele tinha dizer, mas permitiu que pessoas condenadas por difamação contra Michael Jackson, que deviam milhões em indenizações ao cantor, que o tinham furtado e que venderam histórias sórdidas, comprovadamente farsas contra ele, testemunhasse em benefício da promotoria.

Como uma pessoa que difamou alguém no passado, que a furtou e processou maliciosamente, pode ser considerada inidônea para testemunhar contra ela em um processo criminal? Evidente que Chacon e McManus tinham motivos pessoais para testemunharem contra Michael. Eles queriam se vingar. Mas Melville tomou decisões absurdas incontáveis vezes. Seria preciso um livro para tratar de todas elas.

King ainda disse que após aquele encontro Larry Feldman desapareceu e que os dois voltaram a se encontrar muito tempo depois. Já naquele momento, Feldman tinha mudado de ideia sobre participar do programa. King soube dias depois que Feldman tinha decidido processar Michael Jackson.

O que fez Feldman mudar de ideia? Ele considerava Janet Arvizo uma maluca, em quem não se podia confiar, mas decidiu pegar o caso e processar Michael. Por quê?

O envolvimento de Katz fez muita diferença. Mas não só isso.

Como psiquiatra, a opinião de Katz era muito importante e ele deu “parecer” dizendo que havia indícios de que um abuso sexual tinha ocorrido. Era o que Feldman precisava.

Um processo contra Martin Bashir e a rede de TV que produziu o documentário poderia não resultar em nada. Mas um segundo processo contra Michael Jackson poderia significar mais vinte milhões em indenizações. Talvez mais. Lembrem-se de que desses vinte milhões, seis couberam a Feldman.

Até aquele momento, até falar com Feldman e o doutor Katz a família Arvizo apenas demonstraram intenção de processar Martin Bashir e a rede de TV. Mas depois de sucessivos encontros com o advogado e o psiquiatra eles decidiram processar Jackson. Foi nessa ocasião que Janet Arvizo deixou Neverland de uma vez por todas, vindo a alegar, mais tarde, que tinha fugido do rancho, porque se sentia em perigo.

A verdade é que Janet saiu do rancho de uma vez por todas, porque ela estava determinada a arruinar Michael por dinheiro. Antes de tomar a decisão final, ela vinha e ia de Neverland quando bem lhe interessava.

Mas o que não se soube até o julgamento de Michael, em 2005, é que Feldman e Katz tinha um lucrativo acordo. Feldman enviava a Katz pacientes e recebia de volta clientes com histórias de abuso sexual. Um processo com pedido de indenização se seguia, sendo que, dez por cento que Feldman ganhava cabia a Katz. Muito interessante, não?

A polícia descobriu nas anotações de Katz, a seguinte observação: “Eu disse ao menino (Gavin) que se a família dele prossegui no processo contra Michael Jackson, eles ganharão muito dinheiro.”

Podemos dizer que é no mínimo incoerente um psiquiatra sugerir ao seu paciente que ele deva processar um suposto agressor por dinheiro.

Outra informação importante sobre Katz é o envolvimento dele com o detetive Brad Miller, o detetive particular que trabalhava para Mark Geragos, advogado de Michael no início do caso. Miller era, também, paciente de Katz.

Esse envolvimento é importante porque, a principal peça da acusação consistia em uma fita de vídeo retirada, ilegalmente, importante que se frise, do escritório de Miller. O vídeo da entrevista da família Arvizo defendendo Michael Jackson.

Katz não foi forçado a testemunhas obre isso, porque o juiz Melville, novamente decidindo em favor da promotoria, considerou que isso violaria o sigilo cliente advogado, embora não houvesse necessidade de Katz falar nada sobre a ficha médica de Miller, apenas confirmar se o conhecia ou não e se tinha conhecimento da fita.

A questão da fita de vídeo retirada ilicitamente do escritório de Miller levou a uma discussão ferrenha entre defesa e acusação. O promotor Tom Sneddon negava que tivesse ciência de que Miller trabalhava para Geragos, quando testemunhou no julgamento. (Sim Sneddon teve que sentar no banco de testemunhas para se explicar), mas ele havia dito que sabia que era Miller durante o procedimento do grande júri. Portanto, Em uma das ocasiões, ele cometeu perjúrio.

Janet Arvizo também havia dito, diante do grande júri que conhecia Miller, mas negou isso no testemunho durante o julgamento. Não há razão para eles afirmarem que sabiam quem era Miller, se não sabiam. Portanto, só posso crer que ambos mentiram quando disseram que não sabiam. Sneddon sabia quem era Miller, porque Janet ou Katz lhe disseram, talvez ambos e ele sabia exatamente o que procurar no escritório do detetive: a fita da entrevista da família Arvizo.

Ora, você deve estar se perguntando, por que diabos Sneddon queria uma fita em que a família defende Michael Jackson e como tal fita pôde vir a se tornar principal prova da acusação?

Bem, realmente na dita entrevista a família Arvizo elogia Michael Jackson até o oitavo céu, se referindo a ele como um pai, como a melhor pessoa do mundo e negando qualquer ato censurável da parte dele. Então como ela poderia servir de prova à acusação?

Vamos tentar pensar como Sneddon. Tomamos ciência de que a família de acusadores gravou uma entrevista contando sobre a linda amizade que ela tem com o agressor, nessa entrevista eles afirmam que ele, o suposto agressor nunca fez nada de erado, ao contrário, é uma pessoa maravilhosa, que os ensinou o que é amor, fé, solidariedade. Assim, como você poderia pegar essa mesma família e coloca-las diante de um júri e tentar convencê-lo de que ela foi vítima da mesma pessoa a quem elas se referram como o melhor homem do mundo, um pai?

Bem, se você é uma pessoa ética e honesta, provavelmente tomaria a decisão lógica: descartar a possibilidade de ter havido qualquer agressão. Mas estamos falando de Tom Sneddon, portanto, esqueça ética, honestidade e, sobretudo, esqueça a lógica, porque esse homem desconhece a tudo isso.

Ao saber da existência da tal fita, que seria, sim, uma prova da defesa, Sneddon invadiu o escritório de Miller e a retirou de lá, violando o sigilo cliente-advogado, mais um direito de Michael que o promotor violou sem a menor cerimônia.

Agora com fita em mãos, Sneddon precisava reverter a situação, criando uma absurda teoria de conspiração, em que ele alegava que Michael Jackson sequestrou a família Arvizo e a forçou a gravar a tal entrevista, defendendo-o. E isso porque a vida profissional e pessoal dele estavam correndo o riso de ir para o espaço, devido ao escândalo provocado pelo documentário.

A falta de lógica disso gritante, por isso não é de se admirar que não consigam compreender a manobra de Seneddon de imediato. Vamos tentar explanar da melhor forma possível. Para tanto vamos recapitular alguns fatos.

Os Arvizos, família de golpistas que se aproveitaram de uma doença terrível para explorar pessoas que deles se apiedavam, principalmente celebridades, dentre elas Michael Jackson, não queria perder a mordomia encontrada na casa do astro. O documentário de Martin Bashir foi a chance que eles tanto precisavam para retornar ao rancho, à vida de Michael.

Após o documentário Living With Michael Jackson, uma professora fez uma denuncia de que poderia estar ocorrendo abuso sexual infantil ao DSCF de Santa Bárbara. Assistentes sociais entrevistaram a família Arvizo, que negou tudo. O promotor de Santa Bárbara, Tom Sneddon, arquivou o caso com base no relatório da DSCF.

Michael, ocupado com as manobras de contenção de danos viajou com a equipe dele para Miami. Enquanto isso, a família Arvizo estava em Los Angeles fugindo de jornalistas ávidos por uma história sórdida.

É claro que eles queriam alguma recompensa pelo que correu. Gavin e os irmãos apareceram no documentário sem a autorização de Janet e ela queria uma indenização por isso, mas a ideia inicial era processar Bashir e a TV Granada, que produziu o documentário.

Alegando que estavam cansados do assédio dos jornalistas e que Gavin estava sofrendo bulling na escola, Janet Arvizo ligou insistentemente para Chris Tucker para que ele localizasse Michael e os levassem até ele. Chis fretou um jato e levou os Arvizos para Miami. Já àquela altura Chris Tucker desconfiava das intenções dos Arvizos e tentou avisar Michael de que algo não estava certo.

Os Arvizos desfrutaram de alguns dias no luxuoso hotel, na companhia de Michael Jackson, os filhos do cantor e os irmãos Marie Nicole e Aldo Cascio, além de assessores de Michael, que estavam com ele. Regressaram a Los Angeles em um jato da companhia extrajet, fretado pelo astro. Estavam no jato, Michael, os três filhos, Janet Arvizo, Gavin. Star e Davellin, Marie Nicole e Aldo Cascio, além de assessores de Michael e a tripulação.

A família Arvizo se hospedou em Neverland por mais de uma semana e de lá saiu, como já foi dito antes, levados por Jesus Salas, o mordomo.

A pedido da empresa de Relações Públicas, a família gravou uma entrevista na qual contavam a verdade sobre o relacionamento delas com Michael Jackson. Nessa entrevista eles negam qualquer conduta reprovável por parte do astro. A entrevista foi conduzida por um produtor alemão, que em nenhum momento coagiu os Arvizos a dizer o que eles não queriam, ao contrário, deixou-os a vontade para falar sobre qualquer coisa, conforme comprova a parte em “off” da entrevista.

Vejam aqui, em um trecho do livro Michael Jackson Conspiracy, de Aphrodite Jones, o que a família Arvizo falou naquela entrevista: http://theuntoldsideofthestorymj.blogspot.com/2011/12/conspiracy-capitulo-21-shes-out-of-my_19.html




Como já referido, a entrevista foi gravada no apartamento do major Jay Jackson, que estava presente, embora não apareça no vídeo. Os Arvizos, como você pode ver no vídeo acima, estavam contentes e muito tranquilos durante toda a entrevista. Estavam sorridentes ao falar de Michael Jackson e ficaram bravos apenas ao falar sobre como a imprensa tinha manipulado tudo, transformando uma linda amizade em algo sórdido.

Mas algo mudou a cabeça de Janet. Ou ela apenas decidiu que era melhor tentar arrancar dinheiro de Michael Jackson que ser amiga dele. Assim, a entrevista não foi incluída no documentário, mas ficou guarda no escritório de Brad Miller, que trabalhava para o advogado Mark Geragos. Conforme testemunho de Geragos em 2005, ele não confiava nos Arvizos e por isso colocou Miller de olho neles. Geragos sentia que a família estava tramando algo e ele tinha razão.

Durante a estadia Janet em Neverland, depois da viagem a Miami, ela visitou o escritório de diversos advogados, incluindo Feldman. Feldman enviou a família a Katz, em pelo menos duas ocasiões e Katz informou a Larry Feldman que havia indícios de que um abuso sexual tinha ocorrido. Feldman, que não acreditava nos Arvizos e considerava Janet uma maluca, mudou de ideia quanto a representa-los. Então, ele ajuizou uma ação civil contra Michael Jackson, alegando abuso sexual e pedindo uma indenização milionária, assim como fizera no caso Chandler.

Porém, revelou-se mais tarde, que a família Arvizo também teve encontros furtivos com o promotor Tom Sneddon, que continuava a investigar e a tramar contra Michael Jackson, às escondidas. Feldman também teve suas conversas com o promotor de Santa Barbara e dessa relação com Sneddon resultou o arquivamento do processo civil contra Michael.

Por quê?

Ora, a história dos Arvizos não tinha sentido e havia a entrevista com as assistentes sociais, na qual eles negaram qualquer abuso e também a entrevista gravada que deveria ter feito parte do documentário resposta e ainda uma entrevista com detetives onde, novamente, eles afirmaram, sob juramento, nunca ter ocorrido nada de errado entre eles e Michael Jackson.

Como lidar com isso? Como convencer um júri de que a mesma família que, em diversas ocasiões distintas, tinha defendido Michael era, na verdade, vítima dele?

Certamente não seria fácil e Feldman não é burro, ele não entrava em um jogo para perder. Um advogado renomado e com o prestígio dele não arriscaria sua carreira em um caso perdido. Mas Feldman sabe como reverter um jogo a seu favor. Pode lhe faltar ética e decência, mas certamente não lhe falta inteligência.

Feldman não correria o risco de continuar em um processo contra Michael Jackson tendo uma história tão fraca e testemunhas de caráter duvidoso em suas mãos. O ganho poderia ser alto, se vencessem, mas o prejuízo também poderia ser enorme e os Arvizos não tinham muitos recursos, apesar de todos os golpes que aplicaram.

Assim, Feldman entrou em contato com Sneddon e obviamente o promotor tinha uma ideia brilhante que serviria a todos. Seria perfeito para que o promotor se vingasse de Jackson, alavancasse sua carreira e para Feldman, Katz e os Arvizos ganharem muito dinheiro. Essa solução perfeita era um processo criminal contra Michael.

Sneddon tinha certeza de uma coisa: um processo civil contra Michael passaria a ideia de que tudo tinha sido por dinheiro. Ele não queria que isso acontecesse. Feldman, por seu turno, sabia que os Arvizos não eram confiáveis e que o processo seria de alto risco. Portanto melhor seria abandonar o processo civil, temporariamente, para que Michael passasse por um julgamento na esfera criminal e, se condenado, enfrentasse uma ação civil, agora, já derrotado antes do jogo.

Uma ação criminal pouparia dinheiro a Feldman e a família Arvizo, pois ficariam na conta do estado, os gastos com investigações e processos, além de que, uma vez condenado na esfera criminal, o dever de indenizar é certo, Portanto, bastaria, na esfera civil, reclamar um valor, sem haver necessidade de se provar a culpa, pois esta já restaria provada.

Realmente era a melhor solução, pois assim o estado pagaria por aquilo que Feldman teria que pagar e se não chegassem aonde queriam, o prejuízo seria dos contribuintes, não deles. Feldman e Sneddon nada perderiam.

Sneddon, aliás, estava esperando por aquela oportunidade há dez anos. Dez anos o promotor esperou pela chance de colocar as garras em Michael Jackson. E ele não ficou quieto durante todo esse tempo. Nada disso. Ele sempre o esteve investigando, sempre o perseguiu, ainda que de forma velada e não oficial. Seneddon conseguiu que três leis fossem promulgadas para que ele conseguisse atingir seu propósito de jogar Michael na cadeia para o resto da vida dele. O promotor de Santa Bárbara usando de sua influência foi até o legislativo com propostas de leis que tinham Michael como alvo.

Uma dessas leis diz que em uma alegação de abuso sexual, para que ocorra o indiciamento, não é preciso indícios de culpa, basta, simplesmente, a palavra da vítima. Também foi promulgada uma lei que diz que uma suposta vítima de abuso sexual pode ser forçada a depor. Assim se evitaria o que ocorreu em 1993, quando Jordan Chandler se recusou a testemunhar contra no caso criminal. Por fim, foi promulgada uma lei que permitia que alegações do passado fossem usadas em um caso atual. Perceba, antes dessa lei, nem mesmo provas de um caso passado poderiam ser usadas em um caso atual e tudo isso foi alterado porque Sneddon usou o poder que ele tinha para influenciar o legislativo e, quem sabe assim, conseguir jogar Michael em uma prisão fétida para sempre.

Mas como levar Michael a julgamento com uma história tão absurda, em que supostas vítimas aparecem em, pelo menos, três ocasiões distintas negando qualquer abuso sexual?

Simples. Você cria uma teria de conspiração envolvendo sequestro, ameaças de morte, uso de entorpecentes, síndromes que não lhe permite saber o que é bom ou ruim para você e cria uma sequência cronológica surreal.




















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