Conspiracy, Capítulo 17 "Be Careful Who You Love"
“Be Careful Who You Love”
Jesus Salas, empregado por Michael Jackson por vinte anos, como o mordomo dele, era um homem humilde. Testemunhando em nome da promotoria, o senhor Salas raramente olhava na direção de Michael. O cavalheiro parecia desconfortável no tribunal. Como muitas das testemunhas que vieram antes dele, o senhor Salas parecia ansioso em responder às questões, para terminar a provação pública, tão rápido quanto possível.
Para começar, o mordomo falou sobre crianças sendo frequentemente convidadas à casa de Michael. O senhor Salas disse aos jurados que Michael esperava “o melhor” para todos os convidados que visitavam Neverland, que os jovens convidados dele recebiam tudo que eles queriam. Se crianças queriam doces, eles recebiam doces. Se crianças quisessem que o jantar delas fosse servido na estação de trem, estava ótimo. Se elas queriam comer na casa principal, estava ótimo, também.
Crianças tinham constante acesso a toda a valiosa propriedade de Michael, incluindo todos os brinquedos e jogos, uma videoteca alfabetizada, dois zoológicos separados e um cinema que ficava aberto 24 horas, 7 dias por semana. Salas testemunhou que Michael tinha um cinema em tamanho natural, onde ele mantinha um pessoal para servir aos convidados doces e sorvete de graça. Ao júri foi mostrada uma foto do cinema, que tinha acentos de veludo e duas salas no térreo, cada sala equipada com camas de hospital, então, as crianças poderiam deitar e assistir aos filmes, se elas preferissem. As crianças não tinham permissão para dirigir 4-rodas sem autorização e eles eram monitorados para onde quer que eles dirigissem os carrinhos de golf, Quadrunners e lambretas, coisas de qualquer natureza.
Quanto à segurança de Neverland, Salas testemunhou que a todos os convidados de Michael eram dadas as combinações da casa principal, assim todos os convidados de Neverland poderiam entrar nos prédios principais na propriedade, livremente, incluindo a família Arvizo, que foi convidada por Michael, na primavera de 2003.
Jesus Salas relembrou de buscar os Arvizos no aeroporto de Santa Bárbara e disse que a família ficou em Neverland por cerca de duas semanas, então, partiu por um tempo e voltou a Neverland por outras duas semanas. Salas disse que houve um momento quando ele foi pedido para levar a família Arvizo para Los Angeles, o que ele fez; e testemunhou que os Arvizos retornaram a Neverland pela terceira vez, permanecendo por cerca de uma semana. Durante essas três visitas, Salas disse, Michael não estava “na propriedade” a maior parte do tempo.
O senhor Salas confirmou que havia dois homens alemães na propriedade, a quem ele se referiu como “Deiter” e “Ronald” e disse que aqueles homens estavam tendo “reuniões” co Michael durante o tempo em que os Arvizos estiveram em Neverland. Salas testemunhou que ele não tinha ideia sobre o que era as reuniões, explicando que ele não tinha conhecimento sobre a conexão de Deiter e Ronald com Michael Jackson. Salas disse aos jurados que Frank Cascio era também um convidado regular de Neverland, quando os Arvizos estiveram lá, afirmando que Frank estava “praticamente vivendo lá”.
Quando questionado sobre os arranjos para os Arvizos dormirem, o mordomo disse que houve vezes em que os meninos Arvizo dormiram nas unidades de hóspedes próximos à mãe deles e à irmã e outras vezes em que dormiram no quarto de Michael. Salas testemunhou que durante anos ele tinha visto “outras crianças” dormir no quarto de Michael, tanto no térreo quanto no primeiro andar na suíte duplex de Michael.
Salas disse que era usual ver crianças no quatro de Michael, explicando que Michael brincaria com os próprios filhos e com outras crianças, todas as quais podiam se juntar a Michael nos aposentos dele, sempre que ele tivesse tempo livre. Salas disse que Michael também entreteria adultos no suíte máster dele, dizendo aos jurados que ele tinha visto adultos serem servidos comida e álcool no andar inferior da suíte, que tinha uma sala de estar, um grandioso piano e uma grande lareira.
Quando foram perguntadas questões específicas sobre álcool, Salas disse que ele acreditava que Michael bebesse vinho e vodka. Salas testemunhou que, na opinião dele. Michael apresentava os efeitos da bebida regularmente, mas pontuou que ele nunca viu Michael tomar uma bebida alcoólica de verdade. Salas confirmou também que Michael teve, uma vez, problema com drogas prescritas, o qual surgiu porque Michael foi queimado gravemente durante a filmagem de um comercial da Pepsi. Salas testemunhou que ele foi informado de que Michael tinha passado por um “tratamento” para aquele problema, mas também percebeu que Michel tinha um problema nas costas e também tinha quebrado a perna dele, em 2003, testemunhando que Michael, tinha ido ver médicos e estava sob medicamentos prescritos, naquele tempo.
Em vinte anos que ele tinha servido como mordomo de Michael Jackson, cuidando da casa de Michael, Jesus Salas disse que ele não testemunhou o artista bebendo álcool na frente de crianças, nunca. Salas foi perguntado especificidades sobre Gavin, quem Salas pensou, estivesse agindo como bêbado, em uma noite, porém, Salas disse ao jurados, que Michael não estava com Gavin aquela noite. Além disso, Salas disse que ele nem mesmo tinha certeza se Gavin estava intoxicado.
O senhor Salas também foi perguntado sobre um grupo de garotos locais, de Los Olivos, que também foram pegos vindo da adega na árcade, causando um problema em Neverland, no outono de 2003. Salas descreveu o incidente com os meninos de Los Olivos e disse ao júri que os garotos locais eram convidados de Michael, que tinham passado muitos dias se divertindo em Neverland. Sala se lembrou de ter visto aqueles garotos se esgueirando da adega de vinhos, mas insistiu que Michael não estava com eles.
Jesus Salas disse que era política de Michael não permitir crianças dentro da adega de vinhos. Ele disso ao júri que os meninos de Los Olivos eram vizinhos que frequentavam Neverland sempre, mesmo quando Michael não estava em casa. Ele disse que os garotos eram jovens adolescentes que tinham tomado liberdades em Neverland, brincando de esconde na casa, sendo pegos em salas que estavam fora dos limites. Salas disse que os garotos eram “conhecidos” pelo pessoal de Neverland, porque eles sempre se metiam em problemas. Quanto às alegações que os meninos Arvizo fizeram, dizendo que eles estiveram sempre intoxicados em Neverland, o promotor perguntou sobre uma noite em particular, quando os meninos Arvizo estavam no quarto de Michael com Frank Cascio e os irmãos dele, perguntando se Michael Jackson tinha pedido uma garrafa de vinho para ser entregue no quarto com quatro taças.
Para os jurados, Salas confirmou que Michael tinha realmente feito um pedido por vinho naquela noite em questão. Mas quando o mordomo pensou sobre aquela noite em particular, Salas, inadvertidamente, acrescentou que Michael tinha também pedido refrigerantes comuns para serem entregues além do vinho aquela noite, o que fez as pessoas no júri rolarem os olhos delas.
Foi um golpe para a promotoria, porque Salas era testemunha deles e o homem foi muito sincero nas respostas dele. Ele estava sendo honesto sobre coisas como ele se lembrava delas e quando Salas disse ao júri que ele se lembrava de refrigerantes sendo entregues no quarto, para os meninos Arvizo, enquanto nos testemunhos dos Arvizos, eles alegaram, ambos, que eles tinham bebido álcool com Michael no quarto dele todas as noites, os fatos não estavam batendo de jeito nenhum.
Jesus Salas foi uma testemunha credível e as respostas dele eram honestas. Quando repetidamente perguntado sobre álcool servido em Neverland, Salas recordou apenas outra ocasião quando Michael pediu vinho com os meninos Arvizo presentes, e disse ao júri que Michael pediu apenas uma taça.
Para o júri, pediram a Salas que identificasse várias revistas “adultas” que Michael tinha no escritório dele, para identificar minúsculas bonecas S&M que Michael tinha no escritório dele, das quais, fotografias foram introduzidas como evidências e mostradas em uma grande tela, para que os espectadores no tribunal observassem. Foi muito embaraçoso, olhar para as figuras sado masoquistas piscando audaciosamente na tela. As pessoas depois se perguntaram o que aquilo tinha a ver com tudo. Não havia nenhum testemunho que ligasse aqueles obscuros objetos a Michael e crianças. Alguns observadores no tribunal sentiram que aquilo foi sem motivo. Outros acharam divertido que Michael tivesse objetos sexuais femininos.
Em relação à acusação de conspiração, pediram a Jesus Salas para falar da vez quando Janet o chamou e pediu a ele que a levasse para casa. Janet estava chorando, Salas se lembrava, e ela estava insistindo que ela queria deixar Neverland. Salas sentiu muito por Janet, então ele se encarregou de levar a família Arvizo para a casa deles, em Los Angeles, usando um dos carros de Michael, o Rolls Royce, para transportá-los. Salas disse ao júri que quando Janet fez a solicitação, era tarde da noite e explicou que antes de levar a família Arvizo para fora da propriedade, ele informou Chris Carter, um dos guarda-costas de Michael, sobre a situação, apenas para que alguém ficasse informado que ele estava escoltando a família Arvizo para fora de propriedade.
De acordo com Salas, foi o amigo de Michael, Frank Cascio, que ficou bravo porque os Arvizos foram embora. Salas disse aos jurados que pouco tempo depois que ele levou os Arvizos de volta a Los Angeles, talvez dentro de uma semana, os Arvizos retornaram a Neverland, embora ele não pudesse dizer por quê. Salas testemunhou que no retorno deles, Janet se aproximou dele uma segunda vez, talvez uma semana depois, e pediu para ser levada para Los Angeles novamente. Mas dessa vez, Salas disse a ela que ele não poderia dirigir. Poucos dias depois disso, Salas se lembrou, Janet e os filhos dela deixaram a propriedade para sempre, nunca mais seriam visto na casa de Michael, de novo.
Quando Tom Mesereau começou o interrogatório dele, a primeira coisa que ele perguntou a Salas foi sobre os arranjos para os meninos Arvizos dormirem. Os garotos alegaram que eles dormiram com Michael todo o tempo, mas Salas viu os Arvizos dormindo no piso térreo na suíte máster de Michael.
O senhor Salas falou sobre o serviço de primeira classe que foi dado a toda família Arvizo, que comia na cozinha ou na sala de jantar, quando eles estavam perto, que pediam serviços de quarto quando eles desejavam, que tinham serviço de comida disponível para eles a qualquer hora do dia ou da noite. Aos Arvizos, ele disse, era concedido “um serviço elegante” que todos os convidados de Michael desfrutavam. O senhor Salas disse que os meninos Arvizo percorriam o terreno de Neverland livremente, passando tempo nos brinquedos, jogando na árcade e assistindo a filmes no cinema. O senhor Salas disse que Janet gastava a maior parte do tempo dela no suíte de hóspedes dela. Ela não ficava fora com os filhos dela, não no trem, não nos brinquedos, não no zoológico. De acordo com Salas, as únicas vezes em que Janet apareceu foi para uma refeição na casa principal. Janet parecia preocupada, Salas se lembrou e ele testemunhou que ela sempre caminharia por Neverland sozinha.
O mordomo testemunhou que Janet Arvizo ficou no quarto mais bonito da propriedade, a mesma suíte de hóspedes que Elisabeth Taylor e Marlon Brandon sempre solicitavam. Salas disse que Janet recebeu o mesmo nível de serviço que Liz Taylor e Marlon Brandon receberam, dizendo ao júri que o cinema, a casa principal e todo o terreno estava disponível para ela.
Quanto à solicitação de Janet, de que alguém a tirasse da propriedade com os filhos dela, o senhor Salas explicou que ele levou os Arvizos para Los Angeles porque Janet parecia chateada naquele momento. Ele garantiu ao júri que Janet e os filhos dela nunca foram mantidos em Neverland à força, destruindo completamente a teoria de conspiração da promotoria.
“Não houve tempo em que Janet foi mantida em Neverland contra a vontade dela?” Mesereau perguntou.
“Isso é exatamente o que eu disse”, Salas testemunhou.
“Ela o chamou, chateada, e pediu ao senhor que a levasse e você, então, o fez, correto?”
“Sim.”
“Você mesmo a levou, está correto? Você se lembra em qual mês você a levou no Rolls Royce?”
“Era dezembro ou janeiro. Algo em torno disso. Sou ruin com datas”, Salas disse.
“Então, ela voltou, o que, em menos de uma semana?”
“Eu diria em duas semanas, por aí.”
“Ela voltou e, daí, poucas semanas depois queria ir embora de novo, correto?” Mesereau perguntou.
“Está correto.”
“E você arranjou transporte para ela partir novamente, correto?” Mesereau perguntou.
“Sim, eu tive que chamar uma limo.
Quando Mesereau questionou Jesus Salas, o júri soube que Janet Arvizo nunca reclamou sobre o jeito que ela foi tratada em Neverland, que os únicos comentários dela foram direcionados ao desgosto dela pelos dois homens alemães, Deiter e Ronald, assim como sobre o desgosto dela pela atenção midiática que a família dela se tornou objeto. Tudo por causa do documentário de Bashir.
Janet tinha apenas boas coisas a dizer a Salas sobre Jackson. Ela respeitava Jackson e gostava dele muitíssimo. E esta parecia ser a opinião de Jesus Salas sobre Michael, também. Salas disse que Michael era muito generoso com presentes e algumas vezes o enviou a Toy “R” Us, para comprar brinquedos no valor de 11 mil dólares para ser entregues às crianças em Neverland. Salas testemunhou que Michael, algumas vezes, providenciaria pessoalmente um ônibus cheio de crianças e os pais delas para a propriedade e daí os reunia em uma área, então os empregados poderiam entregar os brinquedos para eles. Sempre que possível, Michael viria para ver as crianças no meio da distribuição dos brinquedos e todas as crianças e os pais delas corriam para abraçar e beijar Michael, para agradecê-lo pelo ato gratuito de bondade.
Em vinte anos que Jesus Salas trabalhou lá, ele viu milhares de crianças chegar em ônibus lotados para visitar Neverland, muitas delas vindo de Los Angeles. Ele disse aos jurados que a propriedade de Michael era visitada por crianças de todo o globo e estimava que ele tenha visto centenas de milhares de crianças visitar Neverland, cada uma delas tendo o momento mais incrível da vida delas.
Jesus Salas disse sobre o “Dia da Família” em Neverland, no qual Michael preparava, pelo menos uma vez por ano, para todos os empregados dele. Era um grande evento que durava o dia todo e todos os outros grupos seriam mantidos fora da propriedade, assim, os empregados e os filhos deles poderiam aproveitar os brinquedos, o zoológico, toda a experiência de Neverland, onde todo mundo podia ser uma criança de novo e tudo era sempre “por conta da casa”.
Quando Mesereau saiu da conversa feliz, ele decidiu perguntar sobre a arteira situação em que crianças em Neverland foram pegas. Jesus Salas disse aos jurados que durante anos, crianças foram frequentemente pegas ultrapassando os limites. Algumas vezes crianças tentariam acessar armários e quartos de empregada. Às vezes elas eram pegas manuseando antiguidades caras e objetos de arte. Outras vezes, crianças eram pegas tentando acessar a adega trancada, um cômodo que já existia na propriedade quando Michael comprou Neverland.
Jesus Salas disse que tanto quanto Michael gostava de brincar e se divertir com crianças, o pop star frequentemente gostava de ser deixado sozinho no estúdio de dança dele ou no estúdio de gravação para trabalhar na música dele. Salas disse que Michael passaria “horas a fio” fazendo o trabalho criativo dele, deixando as operações do dia a dia em Neverland nas mãos dos empregados dele. Salas confirmou que Jackson deixava os empregados dele cuidar de duzentos e setenta acres de propriedade, mencionando que Michael tinha uma completa patrulha de segurança no terreno porque não havia cerca em volta de Neverland. Para registrar, Jesus Salas disse ao júri que, embora intrusos, por vezes, fossem pegos na propriedade, nenhuma das pessoas da segurança de Neverland carregava uma arma.
Michael não queria nem uma arma em Neverland.
Michael estava mais preocupado com a segurança das crianças.
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