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Conspiracy, Capítulo 5 "Wanna Be Startin' Something"

“Wanna Be Startin’ Something”




Quando o documentário terminou, com Tom Sneddon não tendo mais nenhuma pergunta para fazer ao jornalista britânico, foi a vez de Tom Mesereau interrogar Bashir e o advogado de defesa parecia pronto para duelar.
“Senhor Bashir, com o intuito de produzir o programa que acabamos de assistir, o senhor teve uma conversa com o senhor Jackson, não é verdade? Mesereau perguntou, soando uma tanto quanto amigável.
“Correto.” Bashir disse.
“Senhor Bashir, você teve Michael Jackson assinando um acordo sem a presença de um advogado, não é verdade?”
“O senhor Jackson assinou dois acordos, nos quais ele não impôs nenhuma condição, qualquer que fosse, e concordou que eu estava livre para fazer o filme com ele”, Bashir disse.
Quando Mesereau começou sua lista de perguntas, ficou óbvio que ele tinha feito o dever de casa. Mesereau queria saber por que Bashir tinha sido denunciado na Inglaterra por “desonestas” práticas jornalísticas em três ocasiões distintas.
“Senhor Bashir, o senhor sofreu uma sanção pela Broadcast Complaints Comission? Mesereau perguntou.
“A resposta a essa pergunta é que três reclamações foram feitas contra mim”, Bashir assegurou. “Duas das reclamações chave foram inteiramente rejeitadas, eles agiram com equilíbrio e equidade. Uma das três foi mantida. Portanto, eu posso explicar para que as pessoas entendam?”
“Certamente.”
A British Standards Commission, não é uma organização legal”, Bashir disse aos jurados, “e não tem um mérito particular em uma definição legal.”
“De qualquer forma, uma reclamação contra você como um jornalista foi mantida, verdade?”
“Como eu disse, três reclamações foram feitas. As duas reclamações chave foram inteiramente rejeitadas. Uma das três reclamações foi mantida”. Bashir testemunhou.
Para Mesereau Bashir tinha admitido que foi acusado de “desonestidade” e “violar um acordo”. Bashir testemunhou que, enquanto duas das reclamações forma “rejeitadas”, a terceira reclamação foi a causa da sanção que sofreu. A reclamação alegava que Bashir não tinha sido equilibrado na reportagem dele, que ele “não estava apresentando todo o conjunto” do tema. A mesma alegação que Michael Jackson faria contra Bashir.
Quando Mesereau perguntou sobre o plano de fundo problemático do jornalista, ficou óbvio que não esperava que alguém soubesse detalhes poucos lisonjeiros do passado dele. Bashir tentou minimizar isso, mas os observadores do tribunal puderam ver que a menção à prática jornalística “desonesta” deixou Bashir muito desconfortável.
Mesereau fez perguntas sobre a representação de Bashir a Jackson, sobre muitas promessas que Bashir fez a Jackson, as quais foram usadas para atrair Jackson a uma total e irrestrita cooperação ao projeto de Bashir. Embora Mesereau se encontrasse bloqueado pelo poderoso advogado de Bashir, Theodore Boutrous, um homem que representava a rede ABC, Mesereau continuou com a linha de perguntas dele. Sempre as objeções eram sustentadas, porque Bashir estava protegido pela California Shield Law, a qual estabelece que jornalistas não podem ser forçados a testemunhar sobre coisas que ele soube enquanto trabalhavam em uma estória.
O advogado de Bashir, Theodore Boutrous, era visto com um “acessório” em casos de grande perfil e os observadores da mídia não estavam surpresos por vê-lo aparecer para ajudar Martin Bashir e a ABC News. A ABC não somente era a atual empregadora de Bashir, a rede ABC tinha transmitido o documentário de Bashir poucos dias após ser transmitido na Inglaterra e agora Boutrous estava no tribunal para proteger Bashir e a ABC news. Boutrous era um peso-pesado e ele estava no julgamento de Jackson, não apenas para representar a ABC News, mas para representar também os interesses da NBC Universal, CBS Broadcasting, FOX News e a rede Cable News, dentre outros.
Durante o testemunho de Bashir, Boutrous interrompeu o procedimento objetando porque as perguntas de Mesereau violavam a Shield Law e o direito de Bashir à Primeira Emenda. Mesereau estava bem ciente de que Martin Bashir não queria testemunhar nesse caso contra Jackson, ele estava consciente de que Bashir não queria ser interrogado, porque apenas semanas antes do julgamento, Bashir ajuizou uma moção pedindo ao juiz Melville que negasse a requisição da promotoria para ter o testemunho dele. Mas a moção de Bashir foi rejeitada.
É claro, Bashir não queria ser sujeitado a questionamentos. Em vez disso, Bashir quis que a rede ABC testificasse o documentário dele, e assim, deixasse o documentário falar por si mesmo. Bashir esperava evitar enfrentar Michael Jackson, completamente. De qualquer forma, o juiz Melville exigiu que Martin Bashir se apresentasse no tribunal. Então, lá estava ele, mantendo seus olhos afastados de Jackson, sendo protegido pelo advogado da ABC, negando-se a responder a maioria das perguntas colocadas por Mesereau, com o argumento de que violavam o direito dele como jornalista.
“Senhor Bashir, no programa que você preparou, ao qual acabamos de ver, o senhor Jackson fez declarações a respeito de que nada sexual aconteceu no quarto dele, correto?” Mesereau perguntou.
“Correto.” Bashir testemunhou.
“Para obter aquela entrevista que o senhor teve com o senhor Jackson, quando ele fez aquela declaração, você disse a ele que ele era desvalorizado, verdade?”
Aquela pergunta em particular, assim como muitas outras antes, foi objetada pelo advogado da ABC sob a Shield Law, mas o juiz Melville rejeitou a objeção, pedindo a Bashir que respondesse. O júri estava chocado por ver Bashir se negar a responder, dizendo ao tribunal, “Estou sob privilégios jornalísticos e a Shield Law, Excelência.”
“Senhor Bashir, o senhor escreveu para o assistente do senhor Jackson e disse que você gostaria muito de filmar Michael com um grande grupo de crianças, cerca de cinquenta, recebendo-as e compartilhando com elas a extraordinária casa dele, de modo que, por um dia, a vida delas poderiam ser enriquecida, correto?” Mesereau perguntou.
“Objeção”, arguiu Boutrous.
“Senhor Bashir, você pediu a Michael Jackson que levasse Macaulay Culkin para que você pudesse filmá-lo em Neverland?”
“Objeção, Shield Law, Primeira Emenda”, Boutrous disse.
“No processo de preparar esse filme, senhor Bashir, você escreveu para o assistente de Michael Jackson e disse que você queria filmar a linda paisagem, encorajando todos nós a nos tornar uma criancinha de novo?”
“Objeção, Shield Law, Primeira Emenda”, Boutrous repetiu.
Isso foi muito irritante, cada pergunta que Mesereau fazia era objetada por Boutrous e a objeção era sustentada. Em poucas ocasiões, quando Mesereau formulava uma pergunta de tal maneira que não pudesse ser objetada, Martin Bashir não se prontificava a responder.
Bashir não respondia e ele deixava o júri saber que tinha esse direito como jornalista. Enquanto o não-testemunho continuava a frustrar o time de defesa, todo mundo no tribunal ficou irritado, incluindo Michael, que assistia a Bashir esquivar-se de dar qualquer resposta.
“Senhor Bashir, no programa sobre Michael Jackson, o senhor Jackson disse que nada sexual aconteceu na cama dele. Para obter essa declaração o senhor disse ao senhor Jackson que seu desenvolvimento romântico foi parcialmente moldado pelas gravações dele, verdade?”
“Objeção, Excelência. Mesma razão, Primeira Emenda, Shield Law.”
“Você deseja responder a essa pergunta?” O juiz Melville perguntou.
“Não, Excelência”, Bashir disse.
E assim foi.
Martin Bashir, que tinha uma expressão vazia a cada vez que se declinava de responder a uma pergunta, pegou todas as oportunidades de se esconder publicamente. Para o júri, o número de objeções e recusas de Bashir em responder era vertiginoso. Era difícil para qualquer um, sem conhecimento legal, acompanhar o descomunal disparate técnico.
O júri de doze cidadãos comuns parecia confuso.
“Senhor Bashir, no seu programa, o senhor Jackson disse que nada sexual ocorreu no quarto dele. Para obter essa declaração dele, o senhor disse que acreditava na visão dele de um Feriado Internacional das Crianças, correto?”
“Mesmas objeções, Excelência”, Boutrous disse.
“Negada”, Melville disse. “Você quer responder a essa pergunta?”
“Eu não quero, Excelência” Bashir disse ao tribunal.
Mas Mesereau não podia afrouxar. Ele repetiu as perguntas para Bashir, formulando-as tão específica quanto possível e o júri assistiu a Bashir recusar-se a testemunhar sobre qualquer coisa.
“Senhor Bashir, no processo de fazer contato com o senhor Jackson, para que então o senhor pudesse fazer este filme, mentiu que iriam juntos em uma viagem à África, para visitar crianças doentes?” Mesereau Perguntou.
“Objeção”, Boutrous disse.
“Senhor Bashir, o senhor elogiou o senhor Jackson, pelo que ele fez por crianças carentes, do gueto, verdade?”
“Objeção, Primeira Emenda.”
“Senhor Bashir, o senhor entrevistou o senhor Jackson e repetidamente fez perguntas sobre o desejo dele por um feriado internacional das crianças, correto?”
“Mesma objeção.”
“Senhor Bashir, com o intuito de conseguir do senhor Jackson, a declaração de que nada sexual acontecia no quarto dele com crianças”, Mesereau continuou, “o senhor disse a ele que arranjaria um encontro com Kofi Annan, o secretário geral das Nações Unidas, e planejaria uma viagem à África, como senhor Jackson e Kofi Annan, para ajudar crianças com AIDS, verdade?”
“Mesmas objeções, Excelência”, Boutrous arguiu.
Estava dolorosamente claro que, embora algumas objeções fossem negadas, Bashir não testemunharia sobre as promessas que tinha feito a Jackson, ou sobre a técnica que ele usou para conseguir que o superstar cooperasse na realização do filme britânico, de graça. Mesereau finalmente decidiu perguntar a Bashir, terminantemente, se ele responderia a alguma pergunta sobre como ele conseguiu ficar “frente a frente” com Michael Jackson e, novamente, o jornalista televisivo olhou para o advogado da ABC, procurando por uma deixa.
Neste ponto, o todo poderoso advogado Theodore Boutrous, interrompeu o procedimento dizendo ao tribunal que Bashir não daria uma resposta a Mesereau. Bashir tinha direitos, como jornalista.
Mesereau experimentou todos os possíveis ângulos que pôde. Ele usou cada veia do corpo para encontrar um jeito de fazer Bashir contar alguma coisa ao júri, algum tipo de verdade. Mas, no fim, a testemunha foi dispensada, sujeita a ser chamada novamente.
Durante o intervalo da tarde, na sessão daquele dia, quando questionado pela mídia sobre como estava se sentindo Michael disse, suavemente “Eu estou com raiva.” Essa seria uma das últimas vezes que ele se dirigiria a um membro da imprensa durante o julgamento.
Embora Bashir nunca tenha sido chamado de volta, Mesereau tinha enviado a mensagem dele ao júri. Bashir tinha fingido para conseguir uma entrevista com Michael Jackson. Ele não precisava testemunhar sobre especificidades. Através das perguntas bem elaboradas de Mesereau, o júri entendeu que Bashir tinha feito tudo para ganhar Jackson. Bashir se aproveitou da “amizade” dele com a princesa Diana. Bashir lisonjeou Jackson pela competência dele como pai. Bashir expressou amor pelas músicas de Jackson, indicou melodias e brincou com o pop star. E mais que qualquer outra coisa, Bashir elogiou Jackson pelo trabalho de caridade, por todo o tempo e dinheiro que o Jackson doou para ajudar crianças do mundo todo.
De todas as inconsistências que Mesereau mencionou, a coisa mais tangível que se tornaria a mais vital para a defensoria, era a parte cortada das filmagens do documentário de Bashir, que viria a ser mais tarde a uma das evidências do caso principal deles.
Durante a gravação do documentário de Bashir, Michael Jackson tinha pedido por seu próprio vídeo-documentarista para registrar a gravação o tempo todo. A “filmagem nunca vista” existia e desde que o juiz permitiu o documentário de Bashir como evidência, a parte cortada também foi permitida.
Porque Michael tinha fornecido toda a filmagem de Bashir para a defesa, o júri pôde, eventualmente, ver a filmagem crua de Jackson, a versão “sem cortes” do que Jackson realmente tinha dito a Bashir. O time de defesa de Jackson provaria mais tarde o quão vulnerável e crédulo Michael Jackson tinha sido durante os meses em que gravava com Martin Bashir.
A filmagem não usada de Bashir mostraria ao júri os aspectos “fora do contexto” do infame documentário de Bashir. Michael, uma pessoa extremamente sincera e verdadeira, ofereceria um poderoso conhecimento ao júri. Com base nas duas horas e meia de Jackson falando direto do coração dele, as pessoas ficaram capazes de tirar suas próprias conclusões sobre a mentalidade do Rei do Pop. Certos membros do júri depois confidenciaram que o que eles escutaram da voz do próprio Jackson, ajudou-lhes a responder às próprias perguntas sobre por que o pop star preferia a companhia de crianças.
Depois de Bashir, o promotor assistente, Gordon Auchincloss chamou Ann Marie Kite, uma profissional de relações públicas que trabalhou com o time de “controle de crises” de Jackson após o documentário de Bashir. A senhorita Kite estava lá para apoiar as acusações da promotoria de que Michael Jackson e os associados dele tinham conspirado para manter a família Arvizo sob rígido controle em Neverland, alegando que os Arvizos foram mantidos cativos por Jackson e o “pessoal” dele. De acordo com Gordon Auchincloss os Arvizos foram levados contra a vontade deles e forçados a fazer um vídeo-resposta que verteria uma luz positiva sobre o relacionamento de Jackson com Gavin.
A testemunha, Ann Kite, era uma bela loira, uma senhorita de voz macia, que disse ter sido contratada pelo time de Jackson em 9 de fevereiro de 2003. O objetivo inicial dela era “ressuscitar” a carreira de Jackson depois da transmição do documentário Living With Michael Jackson. É claro, o fato de que a senhora Kite não tinha nenhuma experiência em Relações Públicas, parecia um pouco incomum. Quando ela tentou explicar a situação o júri entendeu que a senhora Kite foi eliminada do emprego de “Relações Públicas de Jackson”, em seis dias.
Durante o testemunho de Kite, tornou-se evidente que, na sequência do documentário de Bashir, Jackson não estava envolvido com nenhuma manipulação de problema de relações públicas. Não foi o que Michael fez, e parecia que o pop star não estava nem um pouco preocupado sobre um pesadelo de relações públicas, como talvez, ele deveria ter estado. Em vez de pensar que tinha feito alguma coisa errada, Michael deixava que todos os outros lidassem com o que eles consideravam uma crise. Portanto, Ann Kite, a namorada, naquele tempo, de um dos advogados de Michael, encontrou-se dentro de uma circunstância de grande perfil. E ela estava enlouquecida.
O júri soube que Ann Kite foi contratada quando o ex-namorado dela, David LeGrand, pediu a ela que o ajudasse com a “administração da imagem” de Michael. A senhorita Kite testemunhou que estava pronta a combater toda a imprensa negativa lançada por Bashir, criando positivas reações públicas para Jackson. Kite alegou que estava se reportando diretamente ao time de Jackson, Ronald Konitzer, Marc Shaffel e Mark Geragos, quem, alegadamente, tomava decisões sobre os próximos movimentos de relações públicas de Jackson. Ela disse ao júri que ela e o ex-namorado, LeGrand, viviam em Las Vegas e admitiu que LeGrand tinha pagado a ela $10,000 antecipadamente do que seria um contrato de $20,000 por um mês.
Ann Kite testemunhou que ela queria formular um “claro plano de ataque” contra toda a imprensa negativa, que ela queria colocar um ponto final no “redemoinho” que o documentário de Martin Bashir tinha produzido. Kite disse que estava preocupada com documentos que tinham sido disponibilizados na internete, os quais acarretaram ainda mais danos à imagem de Michael. Aparentemente, o site da Court TV, themoskinggun.com, tinha postado documentos pertinentes ao acordo Jordie Chandler, detalhando as explícitas alegações sobre abuso sexual feitas pelo acusador de 1993.
Ann Kite contou ao tribunal que ela estava tentando lutar contra a mídia que estava atacando a personalidade de Jackson e explicou que havia muita imprensa negativa, ela sentia que a mídia tinha extrapolado. Kite relembrou que até mesmo pediatras estavam ponderando na TV, preocupados com qual tipo de fórmula de bebê que Michael tinha sido visto alimentando o bebê dele. Questionando as habilidades de Michael como pai.
A senhora Kite sentia que Michael deveria ser proativo em matéria de publicidade. Ela sentia que Jackson deveria “sair para o mundo” fazendo declarações ele mesmo. Aparentemente, Michael Jackson não tinha intenção de fazer isso e, ao contrário, tinha alistado a Fire Mountain Corporation, incluindo o produtor Marc Shaffel, para produzir um filme-resposta sobre ele que foi transmitido pela FOX.
De acordo com a senhora Kite, a rede FOX tinha concordado a dar Marc Shaffel um “nível de controle criativo” para fazer o filme. Ela testemunhou que a FOX fez uma oferta superior a ABC para o direito de transmitir a produção, The Michael Jackson Interview: The Footage You Were Never Meant To See. Isso incluiria réplicas de pessoas como Debbie Rowe, a família Arvizo e as declarações originais feitas a Bashir pelo próprio Michael Jackson.
Mas Ann Kite sentia que o vídeo-resposta, o qual não iria ao ar por semanas ou meses, não era o bastante para combater as setenta e duas horas de publicidade adversa que o documentário de Bashir já tinha gerado. Ela sabia que Jackson estava prestes a enfrentar outra barreira de publicidade negativa e disse aos conselheiros de Jackson que o problema precisava ser manejado imediatamente.
Ann Kite disse que ela começou a missão dela de “salvar” Michael Jackson no Valentines’s Day, 14 de fevereiro de 2003. Antes dessa data, ela testemunhou que tinha visto um pronunciamento de Bell Yard na Inglaterra, alguma coisa em relação à Janet Arvizo, a qual seria apresentada à mídia em uma data futura.
Quando o promotor assistente, Auchincloss, fez as perguntas, o júri entendeu que Ann Kite estava testemunhando em apoio à acusação de conspiração contra Michael Jackson e a senhorita Kite foi questionada sobre uma ligação que recebeu se Marc Shaffel, em 13 de fevereiro, de 2003. Kite contou aos jurados que Marc Shaffel estava “extremamente agitado” quando ele ligou para informar que Janet Arvizo tinha pegado as crianças dela e deixado o Rancho Neverland e relembrou que, algum tempo depois, Sheffel ligou novamente para informar que a situação tinha sido “contida”. Sheffel, alegadamente, disse a Kite que dentro de doze horas, a família Arvizo tinha sido levada de volta a Neverland.
Ann Kite contou ao promotor assistente que Shaffel usou a palavra “contida”, isso a fez se sentir muito desconfortável. A senhora Kite parecia um pouco avoada quando ela falhou em lembrar certos nomes e documentos pertinentes ao testemunho dela, mas a declaração dela, de qualquer modo, pareceu ajudar a estabelecer uma razão para a acusação de conspiração contra Jackson.
A senhora Kite testemunhou que quando falou com David LeGrand, ele confirmou que Janet Arvizo tinha deixado o rancho Neverland, mas, então, tinha voltado a Neverland, vindo de Los Angeles. Julgando o tom de voz dela, parecia que a senhora Kite estava preocupada com o que estava acontecendo com os Arvizos.
“Não me faça acreditar que essas pessoas foram caçadas como cães e levadas de volta ao rancho”, Kite mais tarde perguntou a LeGrand.
“Eu não posso discutir isso agora”, LeGrand, alegadamente, disse a ela.
Em outra conversa com LeGrand, Kite testemunhou que LeGrand mencionou o plano do time para destruir o nome da mãe Arvizo: “Ele disse que eles não se preocupariam com (Janet Arvizo) porque eles a tinham em uma fita e eles a fariam parecer uma prostituta imunda.”
A senhora Kite ainda testemunhou que depois da conversa dela com LeGrand, ela também falou com Ronald Konitzer, que era o homem  “responsável” pelo time de controle de danos de Jackson. Quando ela perguntou a Konitzer sobre a família Arvizo, ele disse a ela que a “situação tinha sido resolvida”.
Aparentemente, a resposta de Konitzer fez com que ela se sentisse mais nervosa.
Kite testemunhou que ela tinha feito um contrato de ir ao programa Acess Hollywood, preparada para fazer um pronunciamento pró-Jackson no Valentines’Day. Kite disse ao tribunal que ela, na verdade, estava com o microfone e pronta, sentada no set com Pat O’Brien quando, de repente, Mark Geragos ligou para o set do Hollywood e insistiu que a entrevista deveria ser cancelada.
Ann Kite disse que enquanto estava no set do Acess Hollywood, ela falou com Geragos, pelo telefone e foi instruída a ficar em Los Angeles a noite toda e ir visitar Geragos & Geragos escritórios, na manhã seguinte. Quando Kite chegou lá, o advogado Mark Geragos alegadamente pediu a ela que assinasse um termo de confidencialidade o que ela se negou a fazer. Ela disse ao tribunal “Eu acredito que isso era para me calar.”
Kite testemunhou que mais tarde ela foi demitida, por e-mail, sem motivo.
No interrogatório, Mesereau rapidamente estabeleceu que o acordo de relações públicas de Ann Kite não era com Michael Jackson, que ela nunca encontrou ou falou com Michael Jackson, nem falou com a família Arvizo, neste caso. A senhora Kite nunca esteve em Neverland e apenas trabalhou com o “time de Michael” por menos de uma semana. Além do mais, a júri soube que Ann Kite tinha outro cliente enquanto trabalhava para o time de Jackson e esse era por contra própria.
Kite descreveu o trabalho dela como presidente da Webcaster Alliance, a companhia dela, que estava trabalhando para conseguir que fosse aprovada a legislação que permitiria as Webcasters colocar música na internete. Além de trabalhar na própria companhia, a senhora Kite não aprecia ter algo mais acontecendo na vida profissional dela. Ela certamente não era versada nos modos das celebridades. Ela não parecia ter experiência na indústria da música. Quando Mesereau a interrogou, o júri descobriu que a senhora Kite era uma escolha muito estranha para representar o Rei do Pop em uma “crise de publicidade”, ficou claro que Ann Kite nunca tinha representado uma celebridade como Relações Públicas, de qualquer forma, o que fez o júri se perguntar o quanto Jackson sabia sobre os “controladores” dele.
“Eu estou pedindo a você que responda uma pergunta”, Disse Mesereau. “Você não era realmente experiente em lidar com administração de uma crise midiática para celebridades antes de se juntar a este time, certo?”
“Acredito que eu era”, Kite testemunhou.
“Por que você representou uma?”
“Porque eu tenho visto muitas.”
“Eu não estou perguntado o que você tem visto”, Mesereau disse. “Eu estou perguntando o que você tem feito, certo?”
“Sim, eu tenho representado uma pessoa que é celebridade, senhor.”
“Certo, o nome dele é Sylver?” Mesereau quis confirmar.
“Marshal Sylver, sim, S.Y.L.V.E. R”, Kite respondeu.
“Que você saiba, ele tem estado muito na televisão?”
“Ele esteve um tempo. Eu não acredito que ele esteja mais.”
“Ele tem estado na televisão em qual capacidade.”
“Ele produz comerciais informativos.”
Quanto a passar a ser um mago de relações públicas, quanto a passar a ser uma especialista sobre qualquer coisa a fazer com Michael Jackson, a senhora Kite não era nada disso. Pra os observadores do tribunal, a idéia de que aquela mulher lidava com “o controle de crise” de Jackson, ainda que por um minuto, era incompreensível.
Portanto, quando Mesereau trouxe o assunto do relatório policial de Ann Kite que incluía uma sumária narrativa sobre o que ela tinha dito à polícia de Santa Bárbara,coisas mais incompreensíveis surgiram sobre as pessoas que “lidavam” com Michael Jackson ao tempo de crise dele. No relatório policial dela, Ann Kite disse ao delegado de Santa Bárbara que Mark Geragos “tinha a palavra final” sobre tudo a fazer para Michael Jackson, o que, como primeiro advogado criminal dele, era a única coisa que fazia sentido.
Mas enquanto Ann Kite estava sendo grelhada por Mesereau, o resto do testemunho dela se tornou frustrante para a promotoria. Por uma coisa, ela disse que ela tinha dito à polícia que “acreditava”, baseado no que David LeGrand tinha lhe contado, que Ronald Konitzer “tinha uma procuração de Michael Jackson” e tinha usado essa procuração par “roubar $ 980.000,00” de Jackson.
“Quando você foi entrevistada na delegacia de Santa Bárbara, você foi questionada pelo Detetive Zelis, se você sabia se Michael Jackson estava ciente sobre o que o time estava fazendo. Você se lembra disso?” Mesereau perguntou.
“Sim, senhor, eu me lembro”, Kite disse.
“E você disse ao detetive Zelis, que você não tinha ideia se Michael Jackson sabia o que o time dele estava fazendo, certo?”
“Está correto. Porque eu nunca falei com o senhor Jackson.”
O testemunho de Kite foi revelador, particularmente no interrogatório, durante aquele tempo, a desconhecida Relações Públicas mostrou aos jurados que Michael Jackson parecia não ter nenhuma pista sobre a pessoa que era “responsável” sobre o futuro bem-estar dele. Em certo ponto, Kite disse ao júri que ela começou a se preocupar com o que estava acontecendo em volta de Michael Jackson, que ela se sentiu compelida a ligar para o irmão dele, Jermaine.  Kite testemunhou que depois do encontro com Jermaine na casa de Encino, a procuração de Ronald Konitzer foi revogada.
Ann Kite disse ao júri que ela na verdade pediu a David LeGrand que investigasse o senhor Konitzer e o senhor Shaffel porque ela “não poderia permitir que a reputação do senhor Jackson fosse totalmente arruinada na imprensa.” Ela alegou que o senhor Shaffel disse a ela que ele estava preocupado que a mãe de Gavin Arvizo estava prestes a vender a estória dela para um tablóide britânico. Quanto a Michael Jackson, Kite afirmou que não tinha certeza da lealdade de ninguém.
Parecia que a senhorita Kite destruiu quase todos os envolvidos no “time de Michael.” Contudo, foi o ex-namorado dela, David LeGrand, quem acabou sendo demitido da “equipe de controle de danos” logo no início.
Marc Shaffel e Ron Konitzer, além de três outros homens, Deiter Wesiner, Frank Casio e Vinnie Amen, foram os cinco indivíduos indicados pela promotoria como os “não indiciados co-conspiradores” de Michael Jackson. Misteriosamente, nenhum dos cinco homens foi acusado.
Pelo menos, não ao tempo do julgamento.

















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