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Livro Michael Jackson Conspiracy, Capítulo 33 " Moonwalk"


“Moonwalk”




Depois do comparecimento de Chris Tucker, a defesa encerrou o caso deles. Quando Mesereau sentou atrás da mesa da defesa, ele pôde ver o sangue fugindo da face de Sneddon. Sneddon tinha pedido para mostrar a gravação da entrevista policial de Gavin e o juiz garantiu o efeito direto da tréplica do Estado. Sneddon e o time dele tinham esperado por meses, certos de que a entrevista policial de Gavin Arvizo provaria ser o grande dia de testemunho no julgamento. Para a promotoria, o momento mais crítico deles tinha chegado.
Nos bastidores, Tom Mesereau tinha arguido que a entrevista policial era um inadmissível boato, mas o juiz Melville decidiu que o júri poder examiná-la, não como evidência, mas para mostrar o comportamento de Gavin. Com isso, Mesereau requereu que a família Arvizo fosse levada de volta a Santa Maria. Mesereau insistiu que os Arvizos estivessem presentes para ser questionados na tréplica, uma opção que a defesa raramente reclama.
Tom Sneddon exultou, quando ele mostrou aos jurados a entrevista policial e as pessoas assistiram atenciosamente, enquanto o menino dava uma sequência cronológica do tempo que ele passou com Jackson. As pessoas estavam simpáticas enquanto elas assistiam Gavin falar sobre o câncer dele. Gavin disse que ele ficou pela primeira vez no quarto de Michael, quando ele não tinha cabelo na cabeça. Gavin parecia fascinado por Jackson e disse aos detetives que durante anos ele tentou manter contato com o pop star, mas Jackson sempre tinha novos números de telefone e era difícil de ser encontrado. Gavin se lembrou de que uma vez visitou Jackson no Universal Hilton, em Burbank, tendo sido levado lá, pelos pais dele, quando ele ainda estava recebendo tratamento contra o câncer.
Em setembro de 2002, Gavin disse que ele recebeu uma ligação de Jackson, pedindo a ele que viesse para Neverland para gravar um vídeo sobre o câncer dele ter sido curado. Depois da entrevista com Bashir ir ao ar, Gavin disse que ele ficou chateado por ver o nome dele nos noticiários. A CNN mencionou o nome dele muitas vezes e Gavin alegou que ele foi solicitado a voar para Miami para fazer uma coletiva de imprensa com Jackson. Gavin disse aos detetives que ele ficou bêbado em Miami, que Jackson tinha dado vinho a ele, então ele poderia “relaxar”.
Para grande desgosto dos jurados, Gavin foi vago, quanto aos detalhes dos alegados atos de assédio que ele disse que aconteceram “quatro ou cinco vezes”. O menino estava sendo evasivo.  Enquanto os jurados observavam Gavin alegar que ele tinha sido inapropriadamente tocado pelo senhor Jackson, alguns deles tinham expressões confusas nos rostos deles. Muitas das coisas que ele disse parecia orquestradas. O garoto parecia estar escolhendo as palavras dele, quase interpretando. Contudo, era difícil dizer o quanto Gavin estava sendo manipulado pela polícia.
“Gavin, amiguinho, você tem sido realmente corajoso”, um oficial disse a ele.
“Gavin, nós queremos que você faça isto. Você está fazendo a coisa certa”, o oficial encorajou.
O aluno de oitava série disse ao policial que ele tinha bebido álcool em Neverland, frequentemente, insistindo que, depois que ele voltou de Miami, ele tinha bebido vinho ou licor com Jackson todos os dias. Ainda, Gavin alegou que Jackson lambeu o cabelo dele no voo de Miami para Santa Bárbara, algo que ele nunca mencionou enquanto estava no banco de testemunhas.
Gavin disse aos detetives que “tudo aconteceu depois de Miami”, mas ele não tinha um lampejo de tremor na voz dele enquanto ele falava. Gavin, sem expressão, disse que ele nunca viu as partes íntimas de Jackson, que ele não tinha certeza sobre o que aconteceu durante os alegados atos sexuais e que ele não tinha certeza do que era uma ejaculação. Algumas pessoas se perguntavam como um garoto de treze anos poderia não ter certeza de algo assim.
No entanto, a mainstream mídia pensou que a gravação policial era impactante. Eles correram para as tendas de notícias para relatar as alegações do acusador, neste momento, escolhendo as palavras dele cuidadosamente. Depois de assistir a gravação policial a mainstream mídia sentiu que os conservadores jurados de Santa Maria condenariam Jackson. Algumas pessoas reportaram que o time de defesa de Jackson estava afundado.
Quando o estado acabou de apresentar o caso deles, a família Arvizo já tinha chegado a Santa Maria. Eles estavam sendo apresentados em uma casa secreta e pessoas de dentro souberam que os Arvizos tinham sido preparados pela promotoria na noite anterior e estavam prontos para se dirigir ao júri, novamente.
O pessoal da mídia estava ansioso por escutar Mesereau questionando os Arvizos pela última vez. As pessoas estavam se provocando, dizendo como eles pareciam ansiosos por escutar mais uma versão do “Arvizo show”. Mas no último minuto, a defesa mudou de ideia. Quando Sneddon terminou a tréplica dele, encerrando o caso contra Michael Jackson, Tom Mesereau anunciou, “A defesa encerrou.”
Com estas palavras, Tom Sneddon ficou branco. O promotor parecia estupefato e encarou o juiz Melville. Parecia que o homem estava tentando, com dificuldade, compor-se. Sneddon não podia acreditar que Mesereau tinha desistido dos Arvizos. Mesereau tinha aplicado o soco final dele na promotoria.
O promotor estava devastado por ter perdido a oportunidade de interrogar a família Arvizo novamente. A promotoria precisava mudar a percepção sobre os Arvizos e o promotor poderia ter feito isto, permitindo aos Arvizos que explicassem novamente as coisas, por ter os Arvizos preenchendo as lacunas e buracos no testemunho anterior deles. Se Sneddon pudesse transformar os Arvizos em testemunhas credíveis, ele parecia pensar que ele conseguiria algum veredito de culpado, fosse de conspiração, por servir álcool a um menor, ou por atos lascivos.
Mesmo sem os Arvizos, era claro que o promotor Sneddon e o time dele sentiam que o júri condenaria Jackson por alguma acusação. Eles estavam ansiosos por ver Jackson passar um tempo na prisão e eles tiveram uma particular celebração de vitória dias antes do veredito. Sneddon sabia que se ele vencesse o julgamento, ele e o time dele seriam conhecidos no mundo inteiro. Todos eles se tornariam instantaneamente famosos.

Durante os argumentos finais, apresentados primeiramente pela promotoria e depois pelo time de defesa e, novamente, pela promotoria, a mídia estava ocupada se preocupando com posições sobre os vereditos, tentando predeterminar quanto tempo o júri a iria deliberar. Havia específicos lugares estabelecidos para as “análises” dos argumentos finais. O coordenador da mídia, Peter Shaplen, queria evitar o tumulto da mídia, como evidenciado no veredito de Marta Stewart, e ele estava lidando com centenas de pessoas da imprensa que estavam competindo pelos limites dos assentos da mídia no tribunal. Mesmo na sala de escuta, com o fechado circuito de TV, estava ficando lotado e não tinha espaço para permitir que todos os cabos, jornais, rádios e estações de TV transmitissem o roll de acusações.
Enquanto os jurados deliberavam, o pessoal da mídia ficou frenético. Eles não estavam realmente preocupados com Jackson, eles estavam preocupados com o estrondo e com as filmagens. A mídia tinha que lidar com segurança reforçada, o que incluía a polícia de Santa Maria, os xerifes de Santa Bárbara, a Força de Campo Móvel de Santa Bárbara, o time da SWAT, e cães farejadores. Para os vereditos, segurança adicional foi fornecida por caminhões e engrenagens do lado de fora das baias da mídia, tudo o que pareciam mais complicações para jornalistas e produtores cansados.
Havia muitas régras a seguir, havia muito trabalho para a mídia pegar qualquer coisa próxima ao tribunal, as pessoas estavam alteradas. Havia muitas instruções específicas sobre “credenciais” e todos os membros da mídia tinham que mostrar credenciais oficiais do tribunal, uma regra que era reforçada pelos oficiais o tempo todo.
 Todo o pessoal da mídia foi sujeitado à revista por armas e dispositivos de gravação e a tensão estava alta. Nenhum membro da mídia tinha permissão para ultrapassar os trilhos que separavam a galeria do tribunal, da área de litígio, portanto não havia chance de se aproximar de Jackson ou nenhuma dos personagens principais. A lista de procedimentos e regulamentos era surpreendente e as régras tinham tirado os nervos de todo mudo.
Quando a mídia soube que o juiz Melville tinha dedicado dois dias para as instruções do júri, as pessoas fizeram ansiosas súplicas para que fossem permitidas câmeras no tribunal para transmitir o veredito, ao vivo. No momento mais importante, quatro equipes de câmeras foram colocadas no caminho do tribunal, cinquenta e duas câmeras posicionadas estavam mapeadas para a audiência da TV, e cinquenta câmeras em posição imóvel estavam alocadas em faixas, dando à mídia que tinha pagado por um “Taxa de Impacto Municipal”, pelo privilégio de cobri o julgamento. Havia preparativos para uma conferencia de notícias do júri, da promotoria e conferências de notícias da defesa, de um helicóptero e da prisão. Se aplicada.
No dia em que o juiz Melville leu para o júri um complexo de instruções estabelecidas, Melville releu as específicas acusações contra Jackson, explicando as específicas leis que deviam ser seguidas. O juiz Melville disse aos jurados que eles poderiam considerar alegados atos anteriores apenas se eles tendessem “a mostrar intenção” da parte de Jackson, em relação a crimes com os quais Jackson estava sendo atualmente acusado.
Jackson poderia receber sentenças concomitantes e especialistas legais estavam prevendo que, se o pop star de quarenta e seis anos fosse condenado por todas as alegações, Jackson estaria enfrentando uma possível sentença de prisão de dezoito anos e oito meses. Isso era sério e, dependo das circunstancias agravantes, o montante total do tempo de Michael Jackson estaria enfrentando atrás das grades poderia ser igual a uma sentença de morte, somando cinquenta e seis anos. Para os telespectadores, os especialistas de TV descreviam as exatas acusações que Jackson estava enfrentando, a sentença que cada acusação carregava:
Acusação Um: Conspiração envolvendo sequestro de criança, cárcere privado e extorsão. A acusação carregava uma sentença mínima de dois anos, uma máxima de quatro anos e multa de 10 mil dólares.
Acusação Dois a Cinco: Ato lascivo com uma criança abaixo da idade de quatorze anos. Cada acusação era punível com uma obrigatória sentença de prisão de três a oito anos.
Acusação Seis: Tentativa de ter uma criança abaixo dos quatorze anos de idade cometendo atos lascivos com o senhor Jackson. A acusação apresentava uma sentença de prisão de três a oito anos.
Acusação Sete a Dez: Administração de um agente intoxicante, álcool, para ajudar na prática de atos lascivos com uma criança. Cada acusação apresentava uma sentença de prisão de dezesseis meses a três anos de prisão.
Os especialistas da TV explicaram que o juiz Melville também deu aos jurados a opção, em relação às últimas acusações criminais, de condenar Jackson de quatro infrações menos graves, por fornecer álcool a um menor, que é uma contravenção.

No dia em que Michael Jackson foi julgando “inocente” quatorze vezes. Muitas pessoas estavam chorando em silencio no tribunal. Houve uma onda de choque que bateu todo mundo e o pessoal da mídia que esperava um veredito de culpado parecia estar em um estado de incredulidade, de queixos caídos.
Depois que Jackson e a família dele deixaram o recinto, depois que o público espectador saiu em ordem, a mídia saiu e viu o mundo por uma nova perspectiva. Os fãs estavam exalando alegria e amor, abraçando e beijando uns aos outros e pulando. O mundo parecia colorido, com banners e buzinando, com centenas de pessoas dançando nas ruas.
Quanto à mídia, muitos dela tinham previsto um veredito de culpado, as pessoas perceberam que eles tinham gastado meses reportando apenas um lado da estória e tiveram que admitir que eles estavam errados.
Assim que a ordem de mordaça foi retirada, a mídia quis escutar o júri, e uma pequena conferencia de imprensa foi realizada no tribunal de Santa Maria.
Identificados apenas por números, o júri, entre a idade de vinte nove a setenta anos, tinham testemunhado um julgamento cheio de testemunhos obscenos, momentos dramáticos e abundância de celebridades. Quando as oito mulheres e quatro homens falaram com os repórteres, eles tentaram explicar por que eles consideram Michael Jackson “inocente” de todas as acusações.
Eles responderam incontáveis perguntas, muitas sobre o status de superstar de Jackson afetar o julgamento deles, o que apareceu insultá-los. Os jurados insistiram que eles não tinham tratado Jackson diferentemente porque ele é uma celebridade, dizendo que eles gastaram muito tempo estudando seriamente as evidências e olhando os testemunhos. Eles disseram à mídia que nenhuma peça de evidência superou nenhuma outra, alegando que eles consideraram todas as evidências igualmente “importantes”. Porém, o primeiro jurado Paul Rodriguez, mais tarde, confidenciou que a confissão de Gavin para a polícia foi crítica, dizendo que os jurados a assistiram inúmeras vezes.
Alguns jurados admitiram publicamente que eles consideraram a família Arvizo ser com artistas, que estavam tentando armar contra Michael Jackson. Outros sentiam que não havia prova cabal, que a promotoria simplesmente não tinha provado o caso deles. Ainda, a promotoria, sem evidências físicas, tinha sido capaz de humilhar Jackson publicamente, eles tiveram sucesso em fazer piadas com a pele dele, a sexualidade dele e o estilo de vida dele, tudo enquanto apresentavam um monte de evidências desprezível e falsos testemunhos.
Depois da conferência de imprensa, os jurados forma seguidos aos carros deles, cercados pela mídia que estava oferecendo transporte em limusines e passagens de avião para New York, implorando para que eles aparecessem em populares talk shows pela manhã. Mas a maioria dos jurados não estava interessada. Eles estavam exaustos e sobrecarregados e eles apenas queriam ir para casa. Os jurados tinham passado muitas noites sem dormir, ponderando o caso e eles pareciam não querer nada mais com o espetáculo público.
Mas dois meses depois, dois jurados rastejaram para fora da toca para tentar vender os próprios livros. Esperando por acordos de livros, eles apareceram na rede MSNBC e ambos os jurados publicamente afirmaram que eles se sentiram forçados a votar o veredito “inocente”, colocando uma nuvem negra sobre a veracidade do sistema do júri.
Telespectadores consideraram ultrajante que aqueles cidadãos americanos, que tinham prometido servir o país deles, tiveram audácia de vir à televisão alegar que eles foram forçados. As pessoas consideraram isso ofensivo que jurados estivessem tentando ganhar dinheiro em cima de Jackson, não dizendo a verdade, mas manchando o sistema de justiça americano.
O primeiro jurado, Rodriguez, mais tarde insistiria que as duas versões isoladas dos dois jurados sobre os eventos não era acurada. Rodriguez deixou claro que ninguém torceu os braços de ninguém, que atrás das portas fechadas cada membro do júri agiu de mente clara e chegaram ao veredito de “inocente” de livre vontade.
Dentro do tribunal, alguns membros da mídia fizeram tentativas de mascarar a surpresa deles sobre o desfecho do caso. Muitos repórteres não podiam acreditar que os vereditos eram verdadeiros, que Jackson era um homem livre e tinha escapulido do escrutínio público. É claro, na maior parte, a mídia ainda queria relatar sujeira e já estavam especulando que Jackson estava deixando o país.
Quando Tom Mesereau e o time dele saíram do tribunal, vitoriosos, eles inicialmente se recusaram a dar uma conferência de imprensa. Contudo, na manhã seguinte, Tom Mesereau concordou em aparecer em todos os três programas matutinos de TV, dizendo aos telespectadores que não havia nenhuma falsidade no caso da defesa, afirmando que havia “muita falsidade” no caso da promotoria. Naquela mesma noite, Mesereau daria uma entrevista a Larry King Live, oferecendo os pensamentos dele sobre o julgamento por uma hora inteira.
Mesereau apareceria mais tarde no The Tonight Show, dizendo a Jay Leno, “Se Você conhece a filosofia de vida de Michael, você sabe que ele nunca machucou uma criança.” Não muito depois do fim do julgamento, Mesereau foi aclamado como “uma das mais fascinantes pessoas do mundo” e ele gravou um segmento do prime-time com Barbara Walters, insistindo que o caso contra Jackson “foi construídos sobre a areia”.
Depois que tudo estava feito, depois das lágrimas, a alegria, as orações, e do adeus do público a Jackson, uma jornalista estudaria um obscuro elemento de uma exibição introduzida como evidência. Era uma nota escrita pelo superstar, gravado dentro de um dos livros dele. E foi esta gravação permanente, que capturaria para sempre a essência de Michael Jackson. No livro, o supertar tinha escrito as palavras:

“Olhe para o verdadeiro espírito de alegria e felicidade no rosto destes meninos, esse é o espírito da meninice, Uma vida que eu nunca tive e com a qual eu sempre sonharei.”

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