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"Michael Jackson Foi Vítima De Conspiração? " 1º parte


Michael Jackson Foi Vítima de uma Conspiração?

 


Por Mary Fischer

Fonte: GQ Magazine, 1994

Créditos a MJ Beats

Traduzido por Ghost

Revisado por Niemand


Antes de O.J. Simpson foi Michael Jackson – outra amada celebridade negra aparentemente derrubada por alegações de escândalos em sua vida pessoal. Aquelas alegações – de que Jackson tinha molestado um garoto de 13 anos – resultaram em um processo multimilionário, investigações de dois grandes-júris e um circo na mídia inescrupulosa. Jackson, por sua vez, apresentou acusações de extorsão contra alguns de seus acusadores. Em última instância, a ação foi resolvida fora dos tribunais por uma soma que foi estimada em US $ 20 milhões; nenhuma acusação criminal foi registrada contra Jackson por parte da polícia ou os júris. Em agosto passado, Jackson estava nos noticiários outra vez, quando Lisa Marie Presley, filha de Elvis, anunciou que ela e o cantor haviam se casado.

À medida que a poeira assenta sobre um dos piores episódios de excesso de mídia da nação, uma coisa é clara: O público americano nunca ouviu uma defesa de Michael Jackson. Até agora.

É, naturalmente, impossível provar uma negativa – isto é, provar que algo não aconteceu. Mas é possível analisar mais profundamente as pessoas que fizeram as acusações contra Jackson e, assim, ter um insight quanto a seu caráter e motivações. O que emerge dessa análise, baseada em documentos judiciais, registros de negócios e dezenas de entrevistas, é um argumento convincente de que Jackson não molestou ninguém e que ele pode ter sido vítima de um plano bem concebido para extorquir dinheiro dele.

Mais do que isso, a história que surge a partir desse território anteriormente inexplorado é radicalmente diferente do conto que tem sido promovido por tabloides e até mesmo jornalistas dos grandes órgãos de mídia. É uma história de ganância, ambição, equívocos por parte da polícia e da promotoria, uma mídia preguiçosa em busca de sensacionalismo e do uso de uma droga hipnótica poderosa. Pode ser também uma história sobre como um caso foi simplesmente inventado.

Nem Michael Jackson nem seus atuais advogados de defesa concordaram em ser entrevistados para este artigo. Se tivessem decidido enfrentar as acusações civis e irem a julgamento, o que se segue poderia ter servido como o núcleo da defesa de Jackson - bem como a base para continuar as acusações de extorsão contra seus próprios acusadores, o que poderia muito bem ter absolvido o cantor.

Os problemas de Jackson começaram quando seu carro quebrou na Wilshire Boulevard, em Los Angeles, em maio de 1992. Encalhado no meio da rua com muito trânsito, Jackson foi visto pela esposa de Mel Green, um funcionário da Rent-A-Wreck, uma agência não convencional de aluguel de carros, a uma milha de distância. Green foi resgatá-lo. Quando Dave Schwartz, o proprietário da companhia de aluguel de carros, soube que Green estava levando Jackson ao local, chamou sua esposa, June, e disse-lhe para vir com sua filha de 6 anos de idade e seu filho de seu casamento anterior. O menino, então com 12, era um grande fã de Jackson. Ao chegar, June Chandler Schwartz contou a Jackson sobre quando seu filho havia enviado a ele um desenho depois que o cabelo do cantor pegou fogo durante a filmagem de um comercial da Pepsi. Então, ela deu a Jackson número de sua casa.

"Era quase como se ela estivesse jogando [o menino] para cima dele", lembra Green. "Acho que Michael achou que devia algo ao menino, e foi aí que tudo começou."

Certos fatos sobre o relacionamento não se discutem. Jackson começou a ligar para o menino, e uma amizade se desenvolveu. Depois que Jackson retornou de uma turnê promocional, três meses mais tarde, June Schwartz Chandler e seu filho e filha tornaram-se convidados frequentes de Neverland, rancho de Jackson no Condado de Santa Barbara. Durante o ano seguinte, Jackson cobriu o menino e sua família de atenção e presentes, incluindo videogames, relógios, uma farra de compras depois do expediente na Toys "R" Us e viagens ao redor do mundo - desde Las Vegas e Disney World até Mônaco e Paris.

Em março de 1993, Jackson e o menino estavam juntos frequentemente e as “festinhas do pijama” começaram. June Chandler Schwartz também havia se tornado próxima a Jackson "e gostava demais dele", diz um amigo. "Ele era o homem mais gentil que ela já tinha encontrado". Excentricidades pessoais Jackson - desde suas tentativas de refazer seu rosto através de cirurgias plásticas até sua preferência pela companhia de crianças - têm sido amplamente relatadas. E, embora possa ser incomum um homem de 35 anos ter festas do pijama com uma criança de 13 anos de idade, a mãe do menino e outras pessoas próximas a Jackson nunca acharam estranho. O comportamento de Jackson é mais bem compreendido quando ele é colocado no contexto de sua própria infância.

"Ao contrário do que se poderia pensar, a vida de Michael não foi um passeio no parque", diz um dos seus advogados. A infância de Jackson foi essencialmente interrompida - e sua vida nada ortodoxa começou – quando ele tinha 5 anos, vivendo em Gary, Indiana. Michael passou a juventude em estúdios de ensaio, nos palcos se apresentando diante de milhões de estranhos e dormindo em uma sequência interminável de quartos de hotel. Exceto por seus oito irmãos e irmãs, Jackson foi cercado por adultos que pressionaram incansavelmente, em particular, seu pai, Joe Jackson - um homem rigoroso, sem afeição e que, segundo relatos, espancava seus filhos.

As primeiras experiências de Jackson se traduziram em um tipo de desenvolvimento contido, muitos dizem, e ele se tornou uma criança no corpo de um homem. "Ele nunca teve uma infância", diz Bert Fields, ex-advogado de Jackson. "Ele está tendo uma agora. Seus companheiros são meninos de 12 anos. Eles fazem brigas de travesseiros e guerra de comida”. O interesse de Jackson por crianças também se traduziu em esforços humanitários. Ao longo dos anos, ele doou milhões para causas beneficentes, incluindo a sua própria Heal The World Foundation.

Mas há um outro contexto: o que tem a ver com os tempos em que vivemos - em que a maioria dos observadores avalia o comportamento de Jackson. "Dada a atual confusão e histeria sobre abuso sexual de crianças", diz o Dr. Phillip Resnick, um conhecido psiquiatra de Cleveland, “qualquer contato físico ou duradouro com uma criança pode ser visto como suspeito, e o adulto pode muito bem ser acusado de má conduta sexual".

A princípio, o envolvimento de Jackson com o garoto foi bem recebido por todos os adultos na vida do jovem - sua mãe, seu padrasto e até mesmo seu pai biológico, Evan Chandler (que também se recusou a ser entrevistado para este artigo). Evan Robert Charmatz, nascido no Bronx em 1944, Chandler relutantemente tinha seguido os passos de seu pai e irmãos e se tornado um dentista. "Ele odiava ser um dentista", diz um amigo da família. "Ele sempre quis ser um escritor". Depois de se mudar em 1973 para West Palm Beach para exercer a profissão de dentista, ele mudou seu sobrenome, achava que Charmatz “soava muito judaico", diz um ex-colega. Na esperança de alguma forma se tornar um roteirista, Chandler se mudou para Los Angeles nos anos setenta, com sua esposa, June Wong, uma euroasiática atraente que havia trabalhado brevemente como modelo.

A carreira odontológica de Chandler teve seus momentos precários. Em dezembro de 1978, enquanto trabalhava para o Crenshaw Family Dental Center, uma clínica em uma área de baixa renda de L.A., Chandler fez restauração em dezesseis dentes de um paciente durante uma única visita. Em uma avaliação do trabalho, o Conselho de Examinadores Odontológicos, revelou "a ignorância e/ou ineficiência" em sua profissão. O conselho revogou sua licença, no entanto, a revogação foi suspensa, e o conselho, em vez disso, o suspendeu por noventa dias e o colocou em observação por dois anos e meio. Devastado, Chandler foi para a cidade de New York. Ele escreveu um roteiro de cinema, mas não conseguia vendê-lo.

Meses mais tarde, Chandler retornou a Los Angeles com sua esposa e realizou uma série de trabalhos de odontologia. Em 1980, quando seu filho nasceu, o casamento do casal estava em apuros. "Uma das razões para June deixar Evan foi seu temperamento", diz um amigo da família. Eles se divorciaram em 1985. O tribunal deu a custódia do menino para a mãe e ordenou que Chandler pagasse US$ 500,00 por mês em pensão alimentícia, mas uma análise dos documentos revela que, em 1993, quando surgiu o escândalo envolvendo Jackson, Chandler devia a sua ex-mulher US$68.000 Uma dívida que ela acabou perdoando.

Um ano antes de Jackson entrar na vida de seu filho, Chandler teve um segundo problema sério em sua profissão. Um de seus pacientes, uma modelo, processou-o por negligência odontológica depois que Chandler restaurou alguns de seus dentes. Chandler alegou que a mulher havia assinado um termo de consentimento em que ela reconhecia os riscos envolvidos. Mas quando Edwin Zinman, advogado dela, pediu para ver os registros originais, Chandler disse que haviam sido roubados do porta-malas de seu Jaguar. Ele forneceu um conjunto de cópias. Zinman, suspeitando, não pôde confirmar a autenticidade dos registros. "Que coincidência extraordinária eles serem roubados", diz Zinman. "Isso é como dizer 'O cachorro comeu meu dever de casa'". O processo acabou sendo resolvido fora do tribunal por uma quantia não revelada.

Apesar desses revezes, Chandler até então, tinha uma profissão bem sucedida em Beverly Hills. E ele teve sua primeira chance em Hollywood em 1992 quando ele co-escreveu o filme de Mel Brooks, Robin Hood: Men in Tights. Até que Michael Jackson entrasse na vida de seu filho, Chandler não tinha demonstrado muito interesse pelo menino. "Ele prometeu lhe comprar um computador para que eles pudessem trabalhar em roteiros juntos, mas ele nunca cumpriu", disse Michael Freeman, um ex-advogado de June Chandler Schwartz. A profissão de Chandler como dentista o mantinha ocupado, e ele tinha começado uma nova família, com duas crianças pequenas com sua segunda esposa, uma advogada do setor corporativo.

A princípio, Chandler recebeu bem e incentivou o relacionamento do seu filho com Michael Jackson, gabando-se dele para amigos e sócios. Quando Jackson e o menino ficaram com Chandler em maio de 1993, Chandler insistiu que Michael passasse mais tempo com seu filho em sua casa. Segundo algumas fontes, Chandler chegou a sugerir que Jackson ampliasse sua casa, assim, o cantor poderia ficar lá. Depois de ligar para o departamento de zoneamento e descobrir que isso não poderia ser feito, Chandler fez outra sugestão - que Jackson simplesmente lhe construísse uma casa nova.

Naquele mesmo mês, o menino, sua mãe e Jackson voaram para Mônaco para o World Music Awards. "Evan começou a ficar com ciúmes do envolvimento deles e sentiu-se deixado de lado", diz Freeman. Ao retornarem, Jackson e o menino ficaram novamente com Chandler, o que lhe agradou – foi uma visita de cinco dias, durante a qual eles dormiram em um quarto com o meio irmão do jovem. Embora Chandler tenha admitido que Jackson e o menino sempre estavam vestidos quando ele os via juntos na cama, ele alegou que foi nessa época que as suas suspeitas de abusos sexuais foram desencadeadas. Em nenhum momento Chandler alegou ter testemunhado qualquer má conduta sexual por parte de Jackson.

Chandler ficou cada vez mais instável, fazendo ameaças que afastavam Jackson, Dave Schwartz e June Chandler Schwartz. No início de julho de 1993, Dave Schwartz, que tinha sido amigável com Chandler até então, gravou secretamente uma longa conversa telefônica que ele teve com Chandler. Durante a conversa, Chandler falou de sua preocupação com seu filho e sua raiva de Jackson e de sua ex-mulher, a quem descreveu como "fria e insensível". Quando Chandler tentou "obter a sua atenção" para discutir as suas suspeitas sobre Jackson, diz ele na fita, ela lhe disse: "Vai se f****".

"Eu tinha uma boa comunicação com Michael", Chandler disse a Schwartz. "Nós éramos amigos. Eu gostava dele e o respeitava e tudo mais pelo que ele é. Não havia nenhuma razão para ele parar de me ligar. Eu me sentei na sala um dia e conversei com Michael e disse-lhe exatamente o que eu quero que deixe de acontecer nessa relação toda. O que eu quero."

Admitindo a Schwartz, que ele havia “sido preparado” sobre o que dizer e o que não dizer, Chandler nunca mencionou dinheiro durante a conversa. Quando Schwartz perguntou o que Jackson havia feito que deixou Chandler tão aborrecido, Chandler alegou apenas que "ele afastou a família. [O menino] foi seduzido pelo poder e pelo dinheiro desse cara".

Ambos repreenderam a si mesmos repetidamente, como maus pais para o garoto.

Em outra parte da fita, Chandler deixou claro que ele estava preparado para agir contra Jackson: "Já está definido", Chandler disse a Schwartz. "Há outras pessoas envolvidas que estão esperando pelo meu telefonema e que estão em determinadas posições. Eu paguei a elas para fazerem isso. Tudo está acontecendo de acordo com um certo plano que não é só meu. Uma vez que eu faça esta ligação, este cara [seu advogado, Barry K. Rothman, presumidamente] vai destruir todo mundo que estiver à vista de qualquer forma desonesta, canalha e cruel que ele puder. E eu dei-lhe plena autoridade para fazer isso."

Chandler então antecipou o que de fato aconteceria seis semanas mais tarde: "E se eu continuar com isso, vou ganhar muito. Não há como eu perder. Eu verifiquei todos os aspectos. Eu vou conseguir tudo que eu quero, e eles serão destruídos para sempre. June perderá [a guarda do filho...] e a carreira de Michael estará acabada”.

Isso ajuda [o menino]? perguntou Schwartz.

“Isso é irrelevante pra mim”, respondeu Chandler. “Isso vai ser maior do que nós todos juntos. A coisa toda vai afetar e destruir todo mundo que esteja pelo caminho. Vai ser um massacre se eu não conseguir o que eu quero”.

Em vez de ir à polícia, aparentemente a ação mais adequada em uma situação de suspeita de abuso sexual infantil, Chandler recorreu a um advogado. E não a qualquer advogado. Ele recorreu a Barry Rothman.

"Este advogado que eu encontrei, eu escolhi o filho da p*** mais sujo que eu poderia encontrar", Chandler disse na conversa gravada com Schwartz. "Tudo o que ele quer fazer é levar isso a público o mais rápido possível e da forma mais alarmante possível e humilhar tantas pessoas quanto puder. Ele é safado, ele é mau, ele é muito esperto, e ele está com fome de publicidade". (Através de seu advogado, Wylie Aitken, Rothman recusou-se a ser entrevistado para este artigo. Aitken concordou em responder perguntas gerais limitadas ao caso de Jackson, e, depois, apenas sobre aspectos que não envolviam Chandler ou o garoto).


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