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Michael Jackson Foi Vítima de Conspiração" 3º parte

Michael Jackson Foi Vítima de uma Conspiração? Terceira Parte

Título original: "Was Michael Jackson Framed?"


Por Mary Fischer


Fonte: GQ Magazine, 1994


Créditos a MJ Beats


Traduzido por Ghost


Revisado por Niemand

A natureza da conduta profissional de Torbiner parece tê-la tornado muito bem sucedida. "Ele se gaba de ter US$ 100,00 em despesas e US$ 40.000 de lucro por mês", diz Nylla Jones, uma ex-paciente. Torbiner não tem um consultório para atender os pacientes, mas ele viaja para vários consultórios em torno da cidade, onde ele administra anestesia durante os procedimentos.

Esta revista (GQ) tomou conhecimento de que o Conselho Nacional de Administração de Medicamentos está sondando um outro aspecto da conduta profissional de Torbiner: Ele faz visitas domésticas para administrar drogas - principalmente Morfina e Demerol - não apenas no pós-operatório para seus pacientes odontológicos, mas também, ao que parece, a aqueles que sofrem de dor cuja origem não tem nada a ver com algum procedimento odontológico. Ele chega à casa de seus clientes - alguns deles celebridades – com um tipo de caixa de pesca que contém drogas e seringas. Ao mesmo tempo, na placa de seu Jaguar se lê "SLPYDOC" [nota da revisora: corruptela de “sleepy doctor”, algo como, “doutor de quem está com sono”]. Segundo Jones, Torbiner cobra US$ 350,00 para uma visita básica de dez a vinte minutos. No que Jones descreve como prática padrão, quando não está claro quanto tempo será necessário que Torbiner fique, o cliente, antecipando o estupor que logo chegará, deixa um cheque em branco para que Torbiner preencha com a quantia adequada.

Torbiner nem sempre foi bem sucedido. Em 1989, ele foi pego em uma mentira e foi convidado a se retirar da UCLA, onde ele era um professor assistente na Faculdade de Odontologia. Torbiner pediu para ter um meio-dia de folga para que ele pudesse celebrar um feriado religioso, mas, em vez disso, foi encontrado mais tarde trabalhando em um consultório odontológico.

Uma análise das credenciais de Torbiner com o Conselho de Examinadores Odontológicos indica que ele está restrito por lei à administração de medicamentos exclusivamente relacionados a procedimentos odontológicos. Mas há provas claras de que ele não tem honrado essas limitações. Na verdade, pelo menos em oito ocasiões, Torbiner administrou um anestésico geral em Barry Rothman, durante procedimentos de transplante de cabelo. Embora normalmente uma anestesia local seja aplicada no couro cabeludo, "Barry tem tanto medo de dor", diz o Dr. James De Yarman, médico de San Diego que realizou os transplantes em Rothman, "que [ele] queria apagar completamente." De Yarman disse que ficou "espantado" ao saber que Torbiner é um dentista, tendo pensado o tempo todo que ele era um médico.

Em outra ocasião, Torbiner foi até a casa de Nylla Jones, segundo ela, e aplicou nela Demerol para ajudar a aliviar a dor que ela sentia após fazer uma cirurgia de apêndice.

Em 16 de agosto, três dias depois de Chandler e Rothman terem recusado o acordo para um roteiro de US$350.000,00 a situação chegou ao seu limite. Em nome de June Chandler Schwartz, Michael Freeman comunicou a Rothman que entraria com uma ação na manhã seguinte para forçar Chandler a devolver o menino. Reagindo rapidamente, Chandler levou seu filho até Mathis Abrams, o psiquiatra que enviou a Rothman sua avaliação da situação hipotética de abuso sexual infantil. Durante uma sessão de três horas, o rapaz alegou que Jackson havia tido relação sexual com ele. Ele falou de masturbação, beijos, carícias dos mamilos e sexo oral.

O próximo passo era inevitável. Abrams, que é obrigado por lei a relatar qualquer acusação para as autoridades, ligou para uma assistente social do Departamento de Serviços para Crianças, que por sua vez, contatou a polícia. A investigação completa de Michael Jackson estava prestes a começar.

Cinco dias depois de Abrams ligar para as autoridades, a mídia ficou sabendo da investigação. Na manhã de domingo, 22 de agosto, Don Ray, jornalista free-lance em Burbank, estava dormindo quando seu telefone tocou. O autor da chamada, um de seus informantes, disse que tinham sido emitidos mandados de busca para o rancho e o condomínio de Jackson. Ray vendeu a história para a KNBC LA-TV, que deu o furo de reportagem às 4 da tarde do dia seguinte.

Depois disso, Ray "assistiu esta história ir longe, como um trem de carga", diz ele. Dentro de vinte e quatro horas, Jackson foi o assunto principal em setenta e três noticiários só na área de Los Angeles e estava na primeira página de todos os jornais britânicos. A história de Michael Jackson e o garoto de 13 anos se tornou um frenesi de exageros e rumores infundados, com a linha que separa a imprensa séria dos tabloide praticamente eliminada.

A extensão das alegações contra Jackson não foram conhecidas até 25 de agosto. Uma pessoa de dentro do Departamento de Serviços para a Criança ilegalmente vazou uma cópia do relato de abuso para Diane Dimond do Hard Copy [nota do tradutor: Programa de notícias tabloidianas dos EUA]. Poucas horas depois, o escritório de uma agência de notícias britânica em Los Angeles também obteve o relato e começou a vender cópias para qualquer repórter disposto a pagar US$ 750,00. No dia seguinte, o mundo todo conhecia os detalhes explícitos contidos no relato. "Enquanto estavam deitados um ao lado do outro na cama, Jackson colocou a mão dentro das calças [da criança]", escreveu a assistente social. A partir daí, a cobertura da imprensa logo demonstrou que valia tudo sobre Jackson.

“A concorrência entre as agências de notícias tornou-se tão acirrada”, diz o repórter da KNBC, Conan Nolan, que "as histórias não estavam sendo verificadas. Foi uma coisa muito infeliz." O The National Enquirer [nota da revisora: tablóide britânico] colocou vinte repórteres e editores no caso. Uma equipe bateu em 500 portas em Brentwood tentando encontrar Evan Chandler e seu filho. Utilizando os registros de propriedade, eles finalmente conseguiram, avistaram Chandler em sua Mercedes preta. “Ele não ficou feliz. Mas eu fiquei”, diz Andy O’Brien, fotógrafo de um tabloide.

Em seguida vieram os acusadores - ex-empregados de Jackson. Primeiro, Stella e Philippe Lemarque, ex-governantas de Jackson, tentaram vender sua história para os tabloides com a ajuda do intermediário Paul Barresi, uma ex-estrela pornô. Eles pediram meio milhão de dólares, mas acabaram vendendo uma entrevista ao The Globe da Grã-Bretanha por US$15.000,00. Os Quindoys, um casal filipino que havia trabalhado em Neverland, fizeram o mesmo. Quando o preço era de US$100.000,00, eles disseram que "a mão estava por cima da calça do garoto", Barresi disse a um produtor do Frontline, um programa de TV. "Assim que o preço subiu para US$500.000,00, a mão foi para dentro da calça. Então qual é, né?" A promotoria de Los Angeles concluiu que ambos os casais eram inúteis como testemunhas.

Depois vieram os guarda-costas. Pretendendo subir na carreira jornalística, Diane Dimond do Hard Copy disse ao Frontline no início de novembro do ano passado que seu programa era "honesto sobre este assunto. Nós não pagamos dinheiro por essa história toda". Mas duas semanas mais tarde, como revela um contrato do Hard Copy, o show estava negociando um pagamento de US$ 100.000,00 para cinco ex-seguranças de Jackson que estavam planejando entrar com um processo de US$ 10.000.000,00 alegando que foram demitidos injustamente.

No dia 1 de dezembro, com o acordo feito, dois dos seguranças apareceram no programa, eles haviam sido demitidos, Dimond disse aos telespectadores, porque "sabiam demais sobre a estranha relação de Michael Jackson com meninos". Na realidade, como seus depoimentos sob juramento três meses depois revelaram, era claro que eles nunca haviam realmente visto Jackson fazendo nada impróprio com o filho de Chandler ou com qualquer outra criança:

“Então você não sabe nada sobre o Sr. Jackson e o garoto, não é?” Perguntou um dos advogados de Jackson ao ex-segurança Morris Williams que estava sob juramento.

“Tudo o que eu sei é de documentos que contêm o juramento de outras pessoas”.

"Mas, além do que outra pessoa possa ter dito, você não tem conhecimento de primeira mão sobre o Sr. Jackson e [o menino], não é?"

“Correto”.

“Você já falou com alguma criança que disse a você que o Sr. Jackson fez algo inapropriado com ela?”

“Não.”

Quando questionado pelo advogado de Jackson sobre a origem de suas impressões, Williams respondeu:

"Só pelo que eu tenho ouvido nos meios de comunicação e pelo que eu vi com meus próprios olhos".

“OK. Esse é o ponto. Você nunca viu nada com seus próprios olhos, certo?”

“Certo, nada”.

(O processo dos seguranças, apresentado em Março de 1994, ainda estava pendente quando este artigo foi para a imprensa).

Nota: o caso foi encerrado em Julho de 1995.

Em seguida veio a empregada. Em 15 de dezembro, o Hard Copy apresentou "O doloroso segredo da empregada que arrumava o quarto”. Blanca Francia disse a Dimond e a outros repórteres que tinha visto Jackson nu tomando banhos de chuveiro e em banheiras de hidromassagem com garotos. Ela também disse a Dimond que havia testemunhado o seu próprio filho em posições comprometedoras com Jackson - uma alegação em que os grandes júris, aparentemente, nunca acreditaram.

Uma cópia do depoimento sob juramento de Francia revela que o Hard Copy lhe pagou US$20.000,00, e que Dimond tinha verificado as alegações dela, e teria descoberto que eram falsas. Interrogada por um advogado de Jackson, Francia admitiu que nunca havia realmente visto Jackson no chuveiro com ninguém nem o tinha visto nu com os meninos em sua banheira. Eles sempre estavam com suas roupas de banho, ela reconheceu.

A cobertura da imprensa, disse Michael Levine, um assessor de imprensa de Jackson, “seguiu uma visão proctologista do mundo. O Hard Copy foi repugnante. O tratamento vicioso e vil desse homem na mídia se deu por motivos egoístas. Mesmo que você nunca tenha comprado um álbum do Michael Jackson, você deve ficar preocupado. A sociedade é construída sobre alguns poucos pilares. Um deles é a verdade. Quando você abandona isso, você vai ladeira abaixo”.

A investigação de Jackson, que em Outubro de 1993 viria a envolver pelo menos doze detetives do Condado de Santa Barbara e de Los Angeles, foi instigada, em parte, pelas percepções de um psiquiatra, Mathis Abrams, que não era um especialista em matéria de abuso sexual infantil. Abrams, observou o relatório da assistente social da DCS, "sente que a criança está dizendo a verdade." Em uma era de queixas generalizadas e muitas vezes falsas de abuso sexual infantil, a polícia e os promotores têm dado grande importância para o testemunho de psiquiatras, terapeutas e assistentes sociais.

A polícia apreendeu a agenda telefônica de Jackson durante as buscas em suas residências, em agosto, e questionou quase trinta crianças e suas famílias. Alguns, como Wade Robson e Brett Barnes, disseram que eles haviam compartilhado a cama com Jackson, mas, como todos os outros, deram a mesma resposta – Jackson não havia feito nada de errado. "As evidências eram muito boas para nós", diz um advogado que trabalhou na defesa de Jackson. "O outro lado não tinha nada, a não ser uma boca grande".

Apesar das evidências insignificantes apoiando a sua convicção de que Jackson era culpado, a polícia intensificou os seus esforços. Dois oficiais voaram para as Filipinas para tentar conferir a história da "mão nas calças" contada pelos Quindoys, mas aparentemente decidiram que ela não tinha credibilidade. A polícia também empregou técnicas agressivas de investigação – o que, supostamente, incluía contar mentiras – para pressionar crianças a fazerem acusações contra Jackson. De acordo com vários pais que se queixaram a Bert Fields, oficiais afirmavam categoricamente que seus filhos haviam sido molestados, apesar das crianças negarem aos pais que qualquer coisa ruim tivesse acontecido. A polícia, Fields queixou-se em uma carta ao chefe de polícia de Los Angeles, Willie Williams, "também assusta os jovens com mentiras ultrajantes, como 'Temos fotos de você nu'. Não existe, é claro, foto nenhuma”. Um oficial, Federico Sicard, disse ao advogado Michael Freeman que ele havia mentido para as crianças que ele tinha entrevistado, dizendo-lhes que ele próprio tinha sido molestado quando criança, disse Freeman. Sicard não respondeu aos pedidos de entrevista para este artigo.


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