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O Sonho Americano tem que morrer com Michael Jackson?


Traduzido por Caroline MJ para o blog The Untold Side of the Story. Se reproduzir, colocar créditos.

- O público americano exige jornalismo honesto -
Por Forbes Everett Landis

Você acha que é uma boa ideia ficar em silêncio sobre os ataques contra um dos empreendedores de maior visibilidade do Sonho Americano? Não estamos privando o futuro de nossas crianças nas mãos de bullies? Não é hora de falarmos sobre o estrago que o jornalismo oportunista tem feito à nossa cultura? --

Ano passado, as notícias sobre a morte prematura do super astro do Pop Michael Jackson chocaram o mundo. Por ser um fã de música clássica, não um conhecedor de música pop de nenhuma de suas estrelas, a morte de Jackson não evocou nenhuma emoção em particular em mim. Simplesmente, deixei pra lá.

Mas conforme os dias se passavam, e eu passivamente ficava de molho em mais e mais notícias sobre a morte de Jackson, comecei a me sentir cada vez mais desconfortável. Um homem tinha falecido: Que necessidade tinha a mídia mostrar de maneira tão ansiosa imagens humilhantes de como Jackson estaria em seu leito de morte? Eu estava instigado a investigar o caso mais minuciosamente.

Depois de um ano, mesmo não sendo eu um fã de Michael Jackson, em uma inspeção mais próxima, passei a admirar sua grande escala de contribuições e mensagens humanitárias adotadas em músicas dele. E apesar de minha visão cética até aqui de comentários frenéticos feitos pelos seguidores hardcore de Jackson, sinto a necessidade de dizer isso:
Para manter o Sonho Americano vivo para nossas crianças, devemos parar de abusar dos nossos espíritos talentosos e criativos por causa de inveja e falta de entendimento.

Jackson teve que lidar com a mídia condenando-o como um estranho, esquisito, e até rotulando-o como bizarro, tanto figurativamente como literalmente. Minha opinião sobre isso é clara: Apesar de, às vezes, a olhos individuais, Jackson possa ter parecido "diferente", metade dessa excentricidade era devido ao fato de que ele nasceu para ser um artista inevitavelmente diferente dos outros por causa de sua natureza imaginativa e criativa, e a outra metade era porque ele era forçado a ser tão não-convencional por um grau de pressão da mídia e da fama que poucos, se é que alguém vivenciou. Ser diferente dos outros não é a mesma coisa que ser prejudicial aos outros. Desde que a pessoa não viole os direitos humanos dos outros, ela tem o direito de ser ela mesma. Em uma sociedade que prioriza direitos humanos e liberdade, não encontro justificativa para ataques dolorosos a pessoas que são consideradas "diferentes". Esses tipos de ataques são especialmente sórdidos quando envolvem a difusão de rumores intencionalmente falsos para ganho financeiro. Depois que Jackson foi declarado inocente das acusações relacionadas a um menor, em 2005, alguns jornalistas, como Aphrodite Jones, deram um passo à frente para confessar que a maior parte da mídia intencionalmente colocava a objetividade de lado na cobertura do caso Michael Jackson, fragmentando os fatos divulgados no tribunal e apresentando apenas relatos anti-Jackson.

A raça humana frequentemente deve seu progresso artístico ou científico aos "esquisitos" e aos "excêntricos". Vamos considerar, por exemplo, Galileu Galilei, que foi acusado por discutir abertamente a teoria de Copérnico, um conceito visto como pecaminoso e inteiramente condenado naquela época. Mais tarde, claro, essa teoria acabou se tornando o padrão aceito do entendimento científico do universo. Também devemos parar e considerar quão traidora a ideia de democracia já foi, e quão perigosa a aristocracia a achava. Mais tarde, a democracia se tornou filosofia política predominante. Também podemos lembrar que o conceito de igualdade entre homens e mulheres, diferentes etnias, ou religiões diferentes era ridicularizado quando surgiu. Se ela não tivesse pensado de maneira diferente dos outros, teria Madre Teresa viajado para as favelas da Índia e arriscado sua vida pela humanidade?

Mantendo a história dessas histórias e pessoas excepcionais em mente, posso quase garantir que se alguém tivesse matado todos os "bizarros" dentre nossos ancestrais australopitecíneos há 3.5 milhões de anos, nossa espécie talvez não tivesse chegado ao século XXI. Poderíamos muito bem ter continuado como uma espécie bem mais primitiva, uma que não usasse o fogo e a roda, sem falar de uma orquestra, ou democracia, ou computadores. Não é, afinal, a diversidade que permite a evolução?

Em outras palavras, "esquisitice" é, às vezes, o resultado inevitável de uma capacidade imaginativa excepcional que não vê fronteiras na busca por todas as possibilidades criativas. Já que tais indivíduos não nos causam danos, devemos deixá-los em paz. É nosso dever sermos respeitosos com aqueles que são diferentes não apenas porque todo ser humano tem o direito à liberdade, mas também porque diversidade é a raiz da sobrevivência humana; diversidade ou "diferença" é que permite novos modos de ver as coisas e, de fato, que ocorram inovação e progresso.

Para aqueles que acham que a voz falada de Jackson é peculiar, eu diria que não vejo importância nisso. A voz falada não pode ser desconectada da voz cantada que tantos enaltecem. Também pode ser de grande ajuda considerar essa informação para que se amplie o entendimento do contexto global: há países em que as pessoas respeitam aqueles que falam suavemente, de maneira calma e não agressiva. O padrão americano, onde uma voz alta é aparentemente necessária para firmeza, não é o único padrão no mundo. Para aqueles que criticam o Rei do Pop por comprar Neverland, apresento a seguinte pergunta: Você teria sobrevivido sem comprar uma propriedade residencial do tamanho de Neverland se, na realidade, você nunca pudesse explorar nenhum lugar sozinho, sem que fosse cercado por uma mídia subsequente e por um frenesi público cada vez que desse um passo pra fora da porta? Uma residência enorme com um jardim imenso pode ter sido o único jeito possível pra que esse mega-astro global pudesse relaxar e aproveitar um pouco de ar fresco sem a intrusão constante do público. Em conversas como a que teve com a ativista pelo bem-estar animal Drª Jane Goodall, ele falou sobre seu amor e preocupação com os animais e com a natureza, pelos quais ele gostava de estar rodeado em seu retiro pessoal. Afinal, Jackson ganhava seu dinheiro através de seu incrível trabalho duro e de sua ética no trabalho perfeccionista. À luz de seu recorde no Guinness por ajudar nada menos que 39 instituições de caridade, deve ser muito hipócrita criticar seus gastos. Vale a pena notar que Jackson regularmente doava sua parte nos lucros dos shows para caridade, e durante sua carreira, ele doou mais de 300 milhões de dólares a esforços filantrópicos.                                           
                                                                                  Rascunho de "Innocent Man"
(Unrealized) by Michael Jackson

Tendo demonstrado que não há nada inerentemente errado com viver de maneira não convencional, a questão se vira para se Jackson já causou danos a alguém com seu comportamento. Aqui, discutirei alegações contra ele relacionadas a crianças.

Ao discutir as duas ocasiões de alegações que Jackson enfrentou, gostaria de focar minha atenção principalmente no caso de 1993, já que as acusações mais recentes (2003-2005) terminaram com Jackson sendo totalmente inocentado em todas, sendo a extrema baixa credibilidade da mãe do acusador um dos fatores nessa defesa. Em outras palavras, Jackson foi considerado inocente, então creio que devemos excluir esse caso.

Considerando que as leis da maioria dos estados dos EUA dão o direito de processar qualquer um sem que se seja processado de volta apenas em retribuição ao processo de alguém, ser processado é algo relativamente fácil. Portanto, a extorsão de pessoas populares e ricas é uma manobra cada vez mais atraente para aqueles que procuram dinheiro fácil. Dinheiro fácil e rápido pode ter sido uma vez preço pessoal, tendo esse saído da comunidade de alguém. Mas, com as cidades crescendo e se tornando mais impessoais, a importância da reputação local do indivíduo está encolhendo, resultando em mais espaço para roubalheira. Para algumas mentes travessas, o risco de exposição como chantagista talvez pareça pouco quando comparado com os enormes benefícios financeiros potenciais de uma fraude. Como resultado, um milionário, especialmente aqueles cujo valor profissional é enormemente amplificado pela fama, está mais vulnerável do que nunca. De acordo com o National Center For Child Abuse And Neglect, em 1998, 71% dos relatos de abuso eram falsos e infundados. A taxa de falsas acusações aumenta em mais de 90% quando uma batalha de custódia e dinheiro está envolvida (assim como era o caso entre os pais do acusador das alegações de 1993 contra Jackson, que era amigo da mãe da criança). No caso de 1993, as acusações nunca foram a julgamento, mas foram resolvidas fora do tribunal.

O relatório ilustra que o pai do acusador com problemas financeiros tinha se aproximado de representantes de Jackson anteriormente com um pedido monetário bem antes de processá-lo por suposto abuso sexual, demonstrando que ele teria não aberto um processo em troca de dinheiro. Algum pai que se importasse de verdade com justiça e com o bem-estar de sues filhos faria esse acordo?

Como evidência para minha posição, apresento a conversa telefônica gravada, em que se ouve o pai do acusador dizer que tudo está indo "de acordo com um certo plano," que ele iria "se dar bem" e que Jackson estaria "arruinado para sempre"... se ele não conseguisse o que queria. Na mesma conversa, ao ser perguntado como isso afetaria seu filho, o pai respondeu: "Isso é irrelevante para mim..." Isso soa mais como as palavras de um mercenário do que as de um pai preocupado com justiça para seu filho.

Geraldine Hughes, que trabalhou no gabinete da promotoria no caso de 1993 contra Jackson, revela o que realmente aconteceu nos bastidores, com todos os detalhes que a mídia fracassou em admitir e relatar, sobre como o pai do garoto muito antes havia ido até Jackson exigindo 20 milhões de dólares para um contrato de filme, do contrário, ele faria alegações de abuso. Quando Jackson negou-se, o pai do menino não foi à polícia, mas sim para um advogado civil e as alegações, não muito tempo depois, vazaram para a mídia. Foi apenas depois da cobertura da história estourar que Jackson foi fortemente aconselhado por seus advogados a fazer um acordo no processo civil e o assentamento foi pago pelo seguro da carreira do cantor. As preocupações que levaram a esse conselho para estabelecer um acordo foi a violação do direito de Jackson na Quinta Emenda de não depor contra si mesmo em um caso criminal, o estrago que uma implacável cobertura unilateral da mídia sobre as acusações estava causando à sua reputação e carreira, sua saúde rapidamente em declínio devido ao estresse durante o período, e a potencial parcialidade do júri. Também se deve notar que estatísticas mostram que cerca de 95% dos processos civis terminam em acordos fora do tribunal e, de maneira pertinente, acordos civis não podem ser interpretados como admissão de culpa.

Depois do assentamento do processo civil, Jackson estava preparado para lutar no corte criminal. Em qualquer situação, um caso criminal não pode ser resolvido fora do tribunal. Depois que o acordo foi acertado, entretanto, nenhuma acusação criminal foi aberta pelo pai do garoto, e o garoto de 13 anos no centro das alegações negou-se a testemunhar em um caso criminal. Deve-se enfatizar que Jackson nunca foi indiciado mesmo depois de uma investigação intensiva de 13 meses, incluindo interrogatórios de mais de 400 testemunhas de dentro e de fora do país, uma extensiva busca em suas propriedades residenciais, e até uma revista corporal completa de 25 minutos. Dois Grandes Júris negaram-se a acusar o cantor por falta de provas, e, nos 6 anos antes de a prescrição penal expirar, nenhuma acusação criminal foi aberta.

O FBI, que investigou o cantor durante as acusações de 1993 e 2003, também não encontrou nenhuma evidência contra ele, como foi revelado quando o arquivo do FBI de Jackson veio a público depois de sua morte.

Julgamento pela mídia
Tendo discutido a má caracterização de Jackson como o que as pessoas podem dispensar como "esquisito", e tendo deixado clara a falsidade das alegações feitas contra Jackson, acusações que a meu ver parecem suspeitosamente extorsivas, como destacado acima. Agora, eu gostaria de considerar a conduta moral de Jackson com referência à caricatura dele apresentada:


No que se trata de integridade, o estilo de vida e os feitos de Jackson, exceto as histórias fabricadas pela mídia, mantiveram-se inocentes e apropriados. Na verdade, sua decência o fez parecer quase antiquado, mesmo quando era jovem, quando comparado ao deleite de muitos artistas ao sexo, álcool ou drogas. Em entrevistas, Jackson demonstrava que achava extremamente inapropriado comentar publicamente sua vida sexual. Isso me revela como um exemplo de sua dignidade e modéstia. Entretanto, essa reserva pode ter, ironicamente, alimentado mais especulações sem base sobre a orientação sexual de Jackson. Quero perguntar: será que questionar publicamente a vida sexual de alguém não é muito mais inapropriado do que a escolha dessa pessoa de silenciar-se, como desejo de privacidade quanto a isso? O fato de Jackson não ter se envolvido em uma multidão de escândalos sexuais com mulheres, um fato que normalmente deveria atrair respeito, parece injustamente ter sido justificativa para que a mídia criasse uma doença para Jackson. Vai além do ridículo usar a falta de lascívia e escândalos como sendo ela própria escandalosa e suspeita.

Pessoas que conheciam o artista comentaram que era raro ver Jackson falar palavrões, especialmente quando era mais novo. Apenas depois de sofrer inúmeras campanhas de ódio baseadas em falsidades, ele inseriu uma quantia bem pequena de obscenidade em suas músicas como resposta a um mundo que o havia traído tão profundamente. Ainda assim, seu uso de obscenidade ficava longe de ataques mordazes, mas vinham mais como expressão artística de uma angústia profunda em músicas que descreviam sua frustração com a situação. Por exemplo, músicas como "Scream" ou "Tabloid Junkie", ambas do álbum HIStory. Alguns versos de "Tabloid Junkie" são assim:

"É calúnia com as palavras que você usa

...Assassinar e mutilar
Como a mídia perseguidora em histeria

...Você diz que não é pecado
Mas com sua caneta tortura homens
Então por que ficamos nos enganando

Só porque você lê em uma revista
Ou vê na tela da TV
Não tome como verdade..."

Jackson também enfrentou muitas acusações relativas à sua aparência e tom de pele mudado. Mas, virando pelo outro lado, o que isso poderia sugerir sobre aqueles que tanto examinaram a aparência dele? O que isso diz sobre suas próprias propensões e preconceitos? E quanto às pessoas que alegavam saber detalhes sobre cada procedimento cirúrgico pelos quais Jackson supostamente passou, chamando-o de aberração sem sequer tê-lo visto pessoalmente? Ou aqueles que se recusaram a admitir a doença destruidora de pigmentos, Vitiligo, da qual ele era um portador?

Depois das acusações de 2003, a mídia repetidamente exibiu fotos de Jackson parecendo esgotado sem falar sobre seu bem-estar, mas aparentemente apenas para zombar dele. Enquanto Jackson começava a parecer bem abatido durante o julgamento, pegar a aparência física cansada de alguém como evidência direta de anormalidade interna não apenas revela nossa própria superficialidade? Talvez, apenas talvez, qualquer um teria ficado igualmente fatigado se tivesse sofrido a angústia de incansavelmente lutar contra alegações cruéis e falsas enquanto era condenado no tribunal da opinião pública mesmo antes de ser considerado culpado pelo sistema jurídico. Ao passo que sob a lei, todos são considerados inocentes até que sejam verdadeiramente considerados culpados.
Julgamento pela imprensa

No tópico da moral: O que é mais admirável? Dar a pessoas esperança visitando e doando a hospitais e orfanatos regularmente, ou contar histórias escandalosas baseadas em especulações e mentiras? O que é mais desprezível? Buscar uma dedicação excepcionalmente rigorosa no aperfeiçoamento artístico, ou ceder à inveja e à cobiça para destruir um artista? A imprensa tabloidiana, claro, usa essa estratégia com a maioria das celebridades e figuras públicas. Alguém pode argumentar que Michael Jackson aprendeu a usar a imprensa tão cinicamente quanto ela o usou; que ele, principalmente, no início, acreditou que "toda publicidade é boa publicidade". Alguém pode até ir mais longe e dizer que Jackson ostentava suas excentricidades de propósito para gerar mídia e, em troca, vendas de álbuns. Ele tinha, afinal, uma percepção artística refinada do dramático. Talvez sim, mas isso só parece verdade apenas a esse ponto: pode ser o caso em que sendo uma manchete internacional, ele não poderia escapar dos tablóides em lugar algum que fosse, então tentou fazer dos limões uma limonada. Aqui, minha questão é em que o tratamento de Jackson pela mídia se desenvolveu, no fim, devorando-o. E o que isso diz sobre as normas e ética da sociedade.

Nessa questão, críticos sugerem que Jackson não se opôs a falsas informações de maneira suficientemente determinada. Ao refletir sobre essa acusação, suspeito que por ter sido abusado pela intromissão da mídia desde seus primeiros dias sob os holofotes, Jackson pode ter passado a se sentir vulnerável e vitimado. Ele relatou sentir-se desconfortável ao dar entrevistas à imprensa já que suas palavras eram frequentemente tiradas de contexto e até citadas erroneamente. De maneira conformada, ele confidenciou a um associado que a imprensa não daria destaque a coisas boas porque, para ela, notícias boas não vendem. Não importa o que ele fez ou alcançou. Ao contrário, o destaque era sempre na sensacionalização até do trivial, fazendo-o ter que lidar com uma equação em que visitar a unidade de queimados de um hospital para onde havia feito doações, e onde casualmente inspecionava o equipamento, foi traduzido em manchetes estranhas em que "Wacko Jacko" bizarramente estava dormindo em uma câmara de oxigênio. Falando realisticamente, se Jackson tivesse tentado lutar contra cada rumor relatado ou impresso sobre ele, ele não teria tempo ou até mesmo recursos para fazer qualquer outra coisa. Em lugar disso, ele declarou ter que "correr a corrida da resistência" para aguentar todas as agressões feitas contra seu nome durante sua carreira. No final, temos que perguntar a nós mesmo, o que é mais leal e verdadeiro. Rotular alguém como aberração sem ter sequer encontrado-o pessoalmente e sem possuir nenhuma evidência de transgressões feitas por aquela pessoa, ou mostrar coragem na face da hostilidade e simplesmente expressar quem realmente é deixando seu trabalho falar por si mesmo?

Alguns podem argumentar que os ataques que Jackson teve que sofrer da mídia e dos consumidores pode ser justificado com um preço natural a se pagar por sua fama e fortuna. Não, eu digo. Esse é um preço muito alto pra ser cobrado de um ser humano. Aqueles que conheciam Jackson dizem que o julgamento de 2005 e sua cobertura tiveram um impacto devastador nele. Aqueles ataques, depois de certo ponto, excederam todos os limites justificáveis. Vivendo sob escrutínio tão áspero, qual tipo de danos emocionais e psicológicos pode ser infligido naquele que o sofre? Devo notar que ele não foi pago para resistir à dor, mas por seu esforço e dedicação incansáveis ao seu ofício.

A mídia americana desgraçou-se exibindo ao mundo o bullying de pré-escola contra uma alma talentosa e criativa com grandes conquistas. Agora, considere como esse bullying público de uma figura lendária pode apresentar-se à nova geração da juventude, como pode agir em suas mentes e afetar sua moral... Que esse tipo de bullying público não desencoraje os jovens de hoje a buscar sua própria criatividade, sua própria diversidade interna, por medo de serem eles a causar a si próprios tal abuso.

A cobertura da vida de Michael Jackson apresenta, entre outras coisas, essas questões para os Estados Unidos: Será que realizar o Sonho Americano exige que alguém se submeta à intrusão midiática sem fim, a mentiras sobre esse alguém para que jornais sejam vendidos, e onde uma acusação não provada seja suficiente para desfazer anos e anos de realizações e todo o trabalho duro e iniciativa que seriam necessariamente parte do processo? Vocês querem que nossos filhos vivam em um mundo onde buscar o Sonho Americano envolva riscos de um pesadelo de desconfianças e exploração?

Refiro-me novamente aos jornalistas que mais tarde confessaram seus relatos propositalmente distorcidos e tendenciosos na cobertura dos casos de abuso infantil de Michael Jackson. Se nos lembrarmos por um momento do número enorme de jornalistas que cercavam o tribunal do Distrito de Santa Bárbara, pode-se deduzir que o punhado de jornalistas que esclareceram suas trapaças é apenas uma minúscula fração dos envolvidos.

Suspeito que haja centenas mais que se mantiveram em silêncio e que intencionalmente esconderam a verdade para vender jornais e aumentar sua audiência. Também suponho que haja multidões de pessoas que, tendo recebido informações unilaterais, uma vez acreditaram que o eterno Jackson era nada mais que um criminoso excêntrico, mas que, depois de sua morte, sentiram-se persuadidos a correr atrás dos fatos por si mesmos, e que agora passaram a vê-lo simplesmente como um de nós, um ser humano sobrecarregado, um pai carinhoso, que também era um artista talentoso de maneira única e um filantropo, que se mantinha para muitos como um embaixador mundial. Talvez, esses membros do público agora melhor informados passaram a duvidar da veracidade da própria mídia, não apenas quando se trata de Michael Jackson, mas em geral.

Creio que haja um sentimento dominante de que é mais seguro não dizer nada quando se trata de Michael Jackson por medo de ser automaticamente estigmatizado. Porém precisamos falar sobre as implicações de tal comportamento silencioso. O que o nosso silêncio sobre ataques que um dos mais visíveis empreendedores do Sonho Americano diz? O que ele diz à luz da declaração na Constituição Americana sobre o inalienável direito à vida, à liberdade, e à busca pela felicidade? Se ficarmos na zona de conforto, estaremos privando o futuro de nossas crianças nas mãos dos bullies. É hora de falarmos sobre os estragos que o jornalismo oportunista está causando em nossa cultura. Como Edmund Burke escreveu uma vez: "Tudo o que o mal precisa para triunfar é que os homens bons não façam nada."







1 comentários »

  • Unknown said:  

    Excelente artigo. Contém informações que eu já sabia mutito bem, mas pe sempre bom ler a opinião de uma pessoa isenta e ver que basta um pouco de bom senso e ética para essa pessoa reconhecer que Michael foi vítmima de uma imprensa sórdida e caçadores de fortuna.

  • Sesini duyur!

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